domingo, 14 de janeiro de 2018

2017 - OS MELHORES FILMES DOS LEITORES DO BLOG



Dunkirk, o melhor filme do ano para os cinéfilos do blog e face

Remanescentes de uma tradição de quase 40 anos em coluna de jornal (dos 43 vividos), hoje, leitores do Blog da Luzia e amigos/as do Facebook, enviaram suas listas de melhores filmes de 2017. Num tempo em que a internet se mostra um elo de aproximação com as pessoas, essa tecnologia deixa a desejar uma prática tão interessante de alguns anos que eram as cartinhas recebidas de cinéfilos. Hoje, os e-mails, “posts” e as mensagens das redes sociais resumem a proximidade que é possível evocar sobre o fenômeno afetivo que as cartas proporcionavam. Mas o avanço é para ficar, não há retorno nessa emblemática “modernidade” que aproxima e identifica os contatos.
Este ano, 13 cinéfilos, alguns já cativos desta promoção, enviaram suas listas. Convém avaliar a distribuição dos filmes escolhidos, com alguns títulos integrantes da lista geral e individual da crítica de Belém. Na oportunidade, agradeço a persistência em manterem essa tradição mesmo longe do jornal impresso, mas presentes nas redes sociais.



Preciso informar, antes de passar às Listas individuais, que um dos cinéfilos do face, Carlos Lira, encaminhou sua lista em tempo hábil, contudo, por alguma razão, a “limpeza” sistemática que o msg faz eliminou-o da contagem final desta primeira versão. Hoje incluo a sua lista individual e apresento a versão da Lista geral com essa contribuição, considerando a justeza das minhas atitudes. Pelo que se pode avaliar, houve uma reorganização dos títulos, mas não mudanças mais drásticas em relação à lista geral. 

LISTA GERAL  - 1 
1)      Dunkirk (Christopher Nolan) – 45 pts.
2)      La La Land (Damien Chazelle) – 41 pts
3)      Manchester À Beira-Mar (Kenneth Lonergan) – 39pts
4)      Eu, Daniel Blake (Ken Loach) – 36 pts
5)      Moonlight (Barry Jenkins) – 34 pts
6)      A Criada (Park-Chan-Wook) – 32 pts.
7)      Blade Runner 2049(Denis Villeneuve) – 31 pts
8)      Afterimage – (Andrzej Wadja) – 26 pts;  e
           Elle (Paul Verhoeven) – 26pts
9)      Frantz (François Ozon) – 25 pts.

LISTA GERAL - 2 

1. Manchester À Beira-Mar (Kenneth Lonergan) – 49 pts
2. Dunkirk (Christopher Nolan) – 47 pts.
3. La La Land (Damien Chazelle) – 41 pts
4. Blade Runner 2049(Denis Villeneuve) – 40 pts
5. A Criada (Park-Chan-Wook) – 37 pts
6. Eu, Daniel Blake (Ken Loach) – 36 pts
7. Moonlight (Barry Jenkins) – 34 pts
8. Frantz (François Ozon) – 28 pts.
9. Elle (Paul Verhoeven) – 27pts
10. Afterimage – (Andrzej Wadja) – 26 pts.

Cena de "Manchester a Beira Mar".

LISTAS INDIVIDUAIS

CARLOS LIRA

1. Manchester à beira-mar 
2. Blade Runner 2049
3. Split
4. Personal Shopper
5. Na Praia a noite sozinha
6. A Criada
7. Ritmo de fuga
8. Frantz
9. Dunkirk
10. Elle

VALESKA FALCÃO
1 - La La Land
2 - Moonlight
3 - A Criada
4 - Fragmentado
5 - Invisível
6 - Logan
7 - Afterimagem
8 - Eu Não Sou Seu Negro
9 - Frantz
10 - Eu, Daniel Blake

EDYR JOSÉ FALCÃO JUNIOR

1 - Afterimage
2 - Fragmentado
3 - La La Land
4 - A Criada
5 - Moonlight
6 - Invisível
7 - Logan
8 - Eu, Daniel Blake
9 - Eu Não Sou Seu Negro
10 – Frantz

NELSON ALEXANDRE JOHNSTON

1- Blade Ruuner 2049;
2- Dunkirk;
3- La La Land;
4- Mãe!
5- Manchester À Beira-Mar;
6- Eu Não Sou Seu Negro;
7- Afterimage;
8- O Filme Da Minha Vida
9- Como Nossos Pais
10- Z: A Cidade Perdida

Jeison Texican Castro Guimarães

1- Estrelas Além Do Tempo;
2- A Criada;
3- Lion: Uma Jornada Para Casa;
4- O Filme Da Minha Vida;
5- Entre Irmãs;
6- Divinas Divas;
7- Moonlight: Sob A Luz Do Luar;
8- La La Land;
9- Blade Runner 2049;
10- Star Wars: Os Últimos Jedi.

ALEX BARATA DA SILVA

1. Elle   
2.  La la  land,
3. Manchester  a beira mar,
4. Deboche,
5. Logan,
6.  O filme  da minha vida,
7. Nem céu e nem terra,
8.   Outsider
9. Extraordinário 
10.  Malasartes e o Duelo  da Morte

MARGARIDA MARIA XERFAN

1- Dunkirk  (Christopher Nolan
2 - Moonlight (Barry Jenkins
3 - EU, DANIEL BLAKE (Ken Loach
4 - Elle (Paul Verhoeven
5 Manchester a Beira Mar (Kenneth Lonergan
6 - O APARTAMENTO (Asghar Farhadi
7 - Blade Runner 2049 (Dennis Villeneuve 
8 - Roda Gigante (Woody Allen
9 - LA LA LAND (Damien Chazelle
10 - O Filme da Minha Vida (Selton Mello

PAULO PAMPLONA FRAZÃO

1  Manchester à beira mar - K . Lonergan
2 Eu não sou seu negro-R. Peck
3 Mãe - D. Aronofski
4  Eu, Daniel Blake - Ken Loach
5  Frantz - F. Ozon
6  Dunkirk - C . Nolan
7  De canção em canção - T. Mallick
8   Afterimage- A . Wajda
9  Blade Runner - D. Villeneuve
10  o Filme de minha vida- S. Mello

ALESSANDRO BAIA
 1- Eu, Daniel Blake (Ken Loach
  2- Frantz (François Ozon
  3- Blade Runner 2049 (Dennis Villeneuve
  4- Um Filme de Cinema (Walter Carvalho
  5- Columbus (Kokonada
  6- Dunkirk (Christopher Nolan
  7- Amanhã (Mélanie Laurent e Cyril Dion
  8- A Morte de Luís XIV (Albert Serra
  9- Corra! (Jordan Peele
10-  Eu Não Sou Seu Negro (Raoul Peck 

ORLANDO SERGIO

1.Mãe! (Darren Aronofsky)
2.Manchester à Beira Mar (Kenneth Lonergan)
3.A Criada (Chan-wook Park)
4.O Apartamento (Asghar Farhadi)
5.Moonlight (Barry Jenkins)
6.Blade Runner 2049 (Dennis Villeneuve)
7.Patterson (Jim Jarmusch)
8.Eu, Daniel Blake (Ken Loach)
9.Dunkirk (Christopher Nolan)
10.Frantz (François Ozon)

CARLOS COSTA JUNIOR

1.Paterson
2.Elle
3.Martirio
4.Corra
5.Frantz
6.Afterimage
7.Eu,Daniel Blake
8.Dunkirk
9.Na Praia a noite sozinha
10.Gabriel e a Montanha.

JOÃO LISBOA

1.      Corra!
2.      Na Praia a noite sozinha
3.      Como nossos pais
4.      Estrelas Além do Tempo
5.      Vida
6.      O Que Está Por Vir
7.      Star War: O último Jedi
8.      Bingo
9.      O Apartamento
10.    Dunkirk

ALFREDO LEÃO
1.Vida
2. O Filme da minha vida
3. Bingo
4. Star Wars: Os Últimos Jedi
5. Logan
6. Fragmentado
7. Eu não sou teu Negro
8. Invisível
9. Como nossos pais
10. Mãe!

PAULO JOSÉ VIANA
1.      Bingo
2.      Paterson
3.      Z: A Cidade Perdida
4.      A tartaruga Vermelha
5.      Como nossos pais
6.      Extraordinário
7.      Um filme  de cinema
8.      Mãe!
9.      Vida
10.    La La Land



sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

INGMAR BERGMAN E O CINEMA REFLEXIVO



Quando as Mulheres Esperam (Suécia, 1952) 

Nos anos sessenta conheci o cinema de Ingmar Bergman (1918-2007). Os primeiros filmes que assisti dele: “Quando as Mulheres Esperam” (Suécia, 1952), “No Limiar da Vida” (Suécia, 1958) e “O Silêncio” (Suécia, 1963). Nesses três filmes, o que emergia de suas imagens e da narrativa tão simples que ele traduzia em discussão de cotidianos de homens e mulheres em várias circunstâncias, chamou a minha atenção e me envolveu visceralmente. O resultado disso foi reconhecer que a cada filme desse diretor uma maneira singular de vida se produzia em meio a inúmeras circunstâncias. Isso me fez reconhecer que, ao longo de todas as suas fases criativas de imagens para o cinema uma parte significativa de suas versões se detinha na situação das mulheres. Não de todas, mas daquelas que se faziam próximas de si, as europeias, brancas, a maioria letrada e de classe social média ou alta, definida pela linha do enredo, e se da zona rural ou urbana.
A tradução dessa linha de convergência de sua argumentação mantinha-se, contudo, nas instituições, na forma de estas focarem questões fundantes da vida humana, favorecendo uma repercussão mundial. A exemplo, a sociedade, o casamento, a religião, o Estado, a família etc. Ou seja, tudo o que se detém em modelos instituídos. Nesses ele revolve e desfaz as certezas que possam estar subjacentes.
O imperativo de Bergman – para mim um fator dos mais importantes do processo reflexivo no cinema – é a transferência de cenas do cotidiano numa sensível mostra de incertezas, usando uma narrativa simples sem simbologias, mas direta. No cinema desse autor (daí a sua infinitude criativa) – o tom dramático e emocional de um enredo traduz-se numa argumentação que pode ser uma possibilidade ou não. Tratando de alguns desses vê-se a subjetivação movimentar a câmera e/ou manter-se num plano próximo, ou médio ou geral. Incidem sobre o que espera demonstrar a narrativa simples e direta.
É o caso de “Quando as Mulheres Esperam”, cujo o foco traduz-se em conversas entre quatro mulheres casadas com quatro irmãos, estes a caminho do local onde as famílias passarão as férias. Uma série de relatos individuais, com desabafo de fatos do cotidiano vão traçando formatos do relacionamento entre elas, expondo a maneira de organizarem a vida do jeito que então se mantêm naquela ambiência e parentesco. Casa de campo, paisagens da propriedade, com recortes em planos médios, mas utilizando, inicialmente, planos próximos para captar o contato entre as cunhadas, favorecem a construção psicológica das personagens, evidenciando esse movimento de câmera para que o espectador avalie, nas histórias contadas, os dramas matrimoniais, e se afaste e circule pela casa quando o filme finaliza em planos gerais não sem antes mostrar um momento de diversão com toda a família.
Bergman foca sobre as histórias de mulheres casadas expondo os sentimentos que emergem em versão conservadora ou mais liberal conferindo essa argumentação aos laços humanos entre elas e os maridos. São relatos internos que ao tempo em que escancaram a intimidade das vivências apontam um vazio existencial que as envolve num ciclo social opressivo, as vezes conveniente, intentando que a vida que levam seja mais suportável.
E Bergman segue seu ritmo como criador de uma outra história do cinema por sua maneira de ver as pessoas, as instituições opressoras e a arte convertida em possibilidade de fugir da opressão. Os conflitos que ele aponta a partir da linguagem que adota para mostrar, por exemplo, a simplicidade da trama que engendra para evidenciar o horror da religião sobre uma criança, ou uma mulher, ou um homem, ou alguém que busca conhecer a Morte, ganham importância no interior de cada filme seu. Quais conflitos? Como resolvê-los? Não há respostas visto que o gran finale de seus filmes repercute em divergências paradoxais em suas especificidades. É a irreverência. É a incerteza. Não há respostas. Só questionamentos.
Esse é o Ingmar Bergman que a cada obra inventa uma maneira de ver a vida. Esse é o maestro da reflexão. Seu cinema investiga com amor e simplicidade o comportamento humano.
Ingmar Bergman, 100 anos! Presente!