domingo, 31 de janeiro de 2010

ALMODOVAR E MUITOS EXTRAS NA SEMANA











A estréia mais promissora da semana cinematográfica que iniciou nesta sexta,29/01, no circuito comercial está nas salas Moviecom: “O Fim da Escuridão”, filme que marca a volta de Mel Gibson após um período expressivo fora das telas seja como ator seja como diretor. Está sendo exibido, ao que parece em caráter de pré-lançamento, em sessões noturnas, “Premonição 4”, possivelmente o fecho de uma franquia que objetiva assustar a platéia.

No plano especial, a ACCPA exibe no sábado,30,na Sessão Cult do Cine Libero Luxardo, o clássico “Cabaret” de Bob Fosse, sem dúvida um dos musicais mais inteligentes da história do cinema, veículo para Liza Minnelli se projetar na área em que brilhou Judy Garland, sua mãe e, também, seu pai, Vincente Minnelli, diretor de dramas e musicais que marcaram época como, respectivamente, “Assim Estava Escrito” (1952) e “Gigi” (1958).

Na Sessão Aventura do cinema Olympia, no domingo, 31, estará “A Bolha Assassina”, a ficção-cientifica versão de 1958, que entre outros méritos lançou o ator Steve McQueen e popularizou a canção-tema composta por Burt Bacharach, The Blob.

No Cine Clube Alexandrino Moreira (IAP), na 2ª feira, 01/02, será exibido o excelente documentário de Peter Davis “Corações e Mentes” (1974).

No Cine Libero Luxardo, em sessões normais (19h30) até 31/01, exibe-se “Paris” (2008), o elogiado filme de Cédric Kaplish. Depois, (de 4 a 7/02) a exibição é Abraços Partidos, de Pedro Almodovar.

E no Cine Olympia, até domingo, 31, às 18h30, o clássico “Fogo de Outono” (Dodsworth, 1936), de William Wyler, com Walter Huston e Mary Astor. Em seguida (terça feira) ém cartaz , “Grandes Esperanças” (Great Expectations, Inglaterra, 1942), dirigido por David Lean, com John Mills, Alec Guiness e Jean Simmons.

“O Fim da Escuridão” (Edge of Drakness/EUA, Ingl., 2009) tem a direção do neozelandês Martin Campbell e aborda a angústia do policial interpretado por Mel Gibson que testemunha o assassinato da filha ativista, na porta de sua casa, e sabe que o alvo era ele. Investigando o caso descobre uma teia de corrupção política envolvendo a indústria de armas, inclusive nucleares. O roteiro é de William Monahan e Andrew Bovell e se baseia numa série de TV de 1985, criada por Troy Kennedy-Martin.

“Premonição 4” (The Final Destination/EUA, 2009) segue as outras “premonições” que se iniciaram quando um jovem percebe que o avião em que viaja a sua turma de colégio vai cair. Os que atendem ao seu presságio e não viajam são mais tarde “cobrados” pela morte. Neste enfoque é predito um desastre grave numa prova automobilística. Como nas outras vezes, quem escapa é perseguido pela “ceifeira”. A direção é de David R. Ellis.

“Cabaret” (EUA/1980) é o filme mais aplaudido dirigido pelo coreógrafo Bob Fosse (mesmo contando com a Palma de Ouro em Cannes por “All That Jazz” que dividiu com “Kagemusha” de Kurosawa, em 1980). Liza Minnelli protagoniza uma cantora norte-americana que trabalha em um cabaré na Berlim de entre as duas guerras mundiais. A inflação galopante, a hesitação política entre o comunismo que triunfara na Rússia e o nazismo emergente ambientam o namoro dela e do professor Brian Roberts (Michael York) que tenta ensinar inglês na tumultuada capital alemã.
Com números musicais criativos e performance marcante (Oscar por essa categoria) de Joel Grey, traça-se um painel da chegada do regime autoritário e conseqüentemente da tragédia que seria a 2ª Guerra Mundial. O filme foi cotado entre os 50 mais importantes da história do cinema no século XX, por uma pesquisa internacional.

“A Bolha Assassina”(The Blop/EUA, 1958) pertence ao grupo de filmes de ficção-cientifica que explora o terror vindo do espaço sideral, na época, uma forma de dimensionar a “ameaça vermelha” como estipulava a chamada “guerra fria” entre EUA e URSS. Um meteoro traz uma bolha que se alimenta de objetos (e pessoas) e vai crescendo desmesuradamente. Do filme ficaram a música e o ator estreante (o mais tarde muito popular Steve McQueen). A direção é de Irvin S. Yeaworth Jr.

“Corações e Mentes” (Hearts and Minds/EUA, 1972), o documentário mais evidente sobre a Guerra no Vietnam. O diretor Peter Davis mostrou o conflito de forma imparcial, fugindo à propaganda que se divulgava pela grande indústria do cinema em filmes como “Os Boinas Verdes” (1968), de John Wayne, Ray Kellogg e Mervyn Le Roy. Nas seqüências ainda hoje aterradoras encontra-se a que se tornou célebre: a da criança queimada com napalm.

DO GLOBO DE OURO AO OSCAR: PERSPECTIVAS


















Como de praxe, muitos filmes candidatos a prêmios importantes da indústria cinematográfica nem sempre chegam aos cinemas de Belém. Nem antes nem depois das premiações. A contrapartida do cinéfilo é assistir a alguns desses indicados da forma que lhe for possível, ou fora do estado ou através da Internet. Afora isso, não é tão problemático um presságio sobre quem vai sair ganhando um objeto dourado.
Este ano, foi possível constatar que o Globo de Ouro fez justiça ao melhor filme estrangeiro: “A Fita Branca” (2009), de Michael Haneke. O diretor de “Cachê” (2005) esmerou-se na sua visão preto e branco da Alemanha de antes de 1ª Guerra Mundial, observando o comportamento dos habitantes de uma cidade da zona rural, onde fatos estranhos ocorrem, criando um microcosmo de onde possibilitou extrair elementos capazes de entender algum motivo de mudanças sociais que abrigariam regimes de força e conseqüentes conflitos. O filme exibe uma cinegrafia admirável e uma direção de elenco digna dos maiores elogios. Não há um só elemento destoante. Todos colaboram para formar um painel histórico que marcaria o século XX.
Também os jurados do Globo de Ouro acertaram em dar um prêmio ao roteiro de Sheldon Turner e do diretor Jason Reitman para “Amor sem Escalas” (Up in the Air, 2009). O filme não só condensa o assunto, refletindo sobre um personagem que acha muito bom viver voando, ganhando milhas e milhas de companhias aéreas, sem ter tempo para constituir família ou fortalecer o afetivo, mas trata de uma situação nada agradável que é transmitir a funcionários de diversas firmas, a notícia de que serão despedidos. George Clooney, o ator que encarna bem esse tipo, é um dos solteirões convictos de Hollywood, tendo sido até alvo de apostas de colegas sobre a probabilidade de chegar sem mulher e filhos aos 50 anos. Ele está perto disso. O que importa é que o roteiro trata muito bem o que propõe o original literário e exibe diálogos dos mais inteligentes dos últimos anos em cinema. Sem pedantismo trata de filosofia de vida e lança a poesia para a sensibilidade do espectador.
Vencedor em sua categoria (animação) e trilha sonora, “Up, Altas Aventuras” já é considerado o Oscar do gênero este ano. A concorrência mais séria é “Onde Vivem os Monstros”, de Spike Jonze, o diretor de extravagâncias como “Quero ser John Malkovich” e “Adaptação”. O roteiro foi extraído de um livro (de Maurice Sendak) lançado em 1963. Dizem ser um filme para adulto, mas a ameaça é de que, se chegar por aqui, troque as vozes originais por uma dublagem duvidosa.
Quem levou a melhor, também, foi Robert Downey Jr. por seu desempenho em “Sherlock Holmes”, de Guy Ritchie, o filme indicado na categoria de melhor em comédia ou musical. Essa premiação dá cacife para a indicação desse ator ao Oscar considerando que este ano serão 10 concorrentes.
Outro acerto foi o ator coadjuvante de cinema, Christoph Waltz, intérprete do alemão sanguinário de “Bastardos Inglórios”. Embora estereotipado, e isso me pareceu parte do projeto, pois o filme é uma comédia sobre a tragédia da perseguição aos judeus na 2ª.Guerra Mundial, o ator impressionou bastante. Deve repetir esse feito no Oscar pois recentemente foi premiado pelo Sindicato dos Atores Americanos .
Outro Globo interessante foi dado à comédia (essa premiação separa comédia e drama) “Se Beber Não Case” (The Hangover), uma proposta surrealista que me pareceu novidade no gênero. Dirigida por Todd Phillps, o filme divertiu e inovou. Ou alguém descobriu de onde surgiu uma galinha no apartamento dos amigos beberrões?
O vencedor do Globo de Ouro da categoria “filme para a TV” também foi um tiro na mosca: “Grey Gardens” de Michael Sucsy. Já comentei aqui ao tratar de vídeo. Drew Barrymore e Jéssica Lange interpretam, respectivamente, filha e mãe, parentes de Jacqueline Kennedy (na época, Onassis), que viveram no esplendor e, depois, empobrecidas, numa casa em ruínas, sendo auxiliadas pela ex-primeira dama dos EUA. Drew também ganhou prêmio, mas foi uma injustiça esquecerem Jéssica Lange.
Como o Globo e o Oscar são prêmios da grande indústria para a grande indústria não é de espantar a vitória de “Avatar”, na categoria “drama” (e no Oscar pode ser simplesmente de filme, além de levantar outros troféus). Se alguém duvida que o cineasta James Cameron é o “rei do mundo” como anunciado por Leonardo Di Caprio em “Titanic” deve rever suas idéias com o sucesso deste megaespetáculo realizado para o processo 3-D. Além de exibir efeitos especiais extraordinários leva no bojo uma critica às intervenções de poderosos às culturas de minorias. Situação que os norte-americanos entendem desde a matança dos índios de suas terras. O filme já ultrapassou o prestigio de “Titanic”, nas bilheterias mundiais.

sábado, 30 de janeiro de 2010

UP IN THE AIR














Há títulos de filmes que pouco dizem ou até mesmo se apresentam de forma equivocada sobre o que tratam ou sobre o que pretendem traduzir. “Up in the Air” foi traduzido do titulo original para “Amor sem Escalas” e, nesta tradução, contradiz o tema que é a constatação da solidão de um homem que vive viajando. No caso, o amor está distante e chega a ser desencontrado quando ele o procura.
O roteiro, com base no livro de Walter Kirn, trata de Ryan Bingham (George Clooney), o funcionário graduado de uma empresa norte-americana que viaja para diversas cidades do país com o objetivo de despedir funcionários de firmas que os contratam para esse fim. A tarefa, obviamente, não é nada agradável, mas Ryan se acha muito bom r mostra expertise no modo como transmite as tristes mensagens aos empregados demitidos. Tudo segue uma rotina que ele conjuga sem enfado, pois resume a sua bagagem em uma sacola onde leva o bastante para permanecer nos diversos postos. Mas a tecnologia alcança este setor e uma técnica novata (Anna Kendirck) cria uma inovação: supõe o ato de demissão com menos custos através da Internet. O modo de agir ganha as mesmas mensagens de consolo com a vantagem do encarregado de dispensa não aparecer pessoalmente. O processo agrada à gerência até porque evoca a contenção de despesas comum na crise econômica atual, mas logo se sabe que as coisas não funcionam assim e que uma das mulheres dispensadas pratica o suicídio ao receber a notícia do desemprego. Para a rotina de Ryan, ele supõe uma mudança de vida, aceitando a oferta de não mais viajar mantendo estáveis os encontros periódicos com uma jovem (Vera Farmiga) também viajante costumeira. Mas a idéia de estabilidade tem seus percalços na vida do executivo e sua intenção sofre transtornos.
O filme ganhou o Globo de Ouro de melhor roteiro este mês, escrito pelo diretor e Sheldon Turner, difere, entretanto, do livro original na base: o viajor primitivo não é um emissário de más noticias. Apenas é um empregado que voa muito, ganha milhas e milhas em viagens de avião e objetiva chegar a uma cifra considerável. Jogando a história para o problema atual do mundo capitalista, o filme ganha uma dimensão muito mais significativa. E o diálogo é excelente, jogando o plano econômico para o custo social do desemprego, mas consegue afinar-se, também ao poético. Há momentos de grande beleza como o que o eterno viajante (e celibatário) tenta reverter a opinião do noivo de sua sobrinha que, na hora do casamento, resolve não mais casar. O rapaz revela sua ansiedade nos acontecimentos pós-casamento, de como seria a sua vida com esposa e filhos, mais tarde com netos. Temia essa rotina. Ryan, que pensava de forma quase igual rebate com uma pergunta: “- Os momentos mais felizes de sua vida você passou sozinho ou acompanhado?” O noivo confessa que foi acompanhado e assim a idéia de fugir do altar cai por terra.
Com uma narrativa dinâmica sem sair de uma cronologia que todos podem acompanhar, o filme enquadra tipos e situações dramáticas sem perder o norte da objetividade, com humor e sofrimento. O diretor usou pessoas que realmente foram despedidas de seus empregos para as tomadas relativas ao assunto. Disse que se tratava de um documentário. Assim, o público vê nessas seqüências desempregados recentes, quadro que ainda repercute nos EUA e no mundo e que vive em paralelo com personagens que estão vivendo disso embora levem na bagagem emotiva problemas que também são amargos. George Clooney ilustra muito bem essa tese como o “homem que voa”, o executivo que aparentemente ganha bem e deve viver bem, mas que, na verdade, é um solitário que se escusa em pensar nisso. Emblemática é a cena em que ele, numa viagem, ganha o prêmio por suas milhas de vôo e recebe a visita do comandante da aeronave. Ele sempre desejou isso, mas na hora em que acontece pensa na sua frustração, no quanto têm escondido sua própria vida.
Desde já um dos bons filmes deste ano.
Cotação: ****(Muito Bom)

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

SHERLOCK HOLMES












Enquadro-me na geração que leu boa parte dos livros de Sir Arthur Conan Doyle, onde se focaliza o detetive Sherlock Holmes. Essas histórias ganhavam o cinema através de filmes modestos, protagonizados por atores que detinham semelhança física com as figuras imaginadas a partir dos livros. Por este motivo há por onde surpreender com o filme “Sherlock Holmes” (/Ingl/EUA/2009) dirigido pelo inglês Guy Ritchie. A imagem do perspicaz investigador que se via no corpo esguio de Peter Cushing, ou, mais atrás no tempo, de Basil Rathbone, é agora um jovem atleta (Robert Downey Jr), mais uma vez provando sua prodigiosa versatilidade. E o inseparável amigo Dr. Watson, passou a ser Jude Law, outro ator bem diferente do homem de meia idade que satisfazia a imaginação dos leitores..
O novo Holmes continua sendo um prodígio em dedução, usando esse poder em momentos bem diversos dos que eram tratados nos romances de Conan Doyle. Sua imagem agora é de praticante de luta-livre, pensando nos golpes que deverá dar para levar o adversário ao nocaute. Tende também a escapar sorrateiramente das investidas inimigas à maneira dos heróis dos quadrinhos, hoje “habituées” dos blockbusters de Hollywood.
Mas não se deve pensar as novas características do herói em detrimento de um espetáculo com o objetivo de divertir. O novo Sherlock, assimilando a feição anglo-americana é muito bem humorado, usa bem o absurdo de suas aventuras no sentido cômico sendo auxiliado pelos efeitos especiais do cinema contemporâneo, explorando o que pede o público jovem, afinal quem paga mais ingresso nas salas exibidoras.
O filme de Guy Ritchie, ex-marido de Madonna, é, sobretudo, divertido. Usando a montagem como a principal arma narrativa consegue estimular as platéias em duas horas de projeção sem nenhum perigo de deslizar para o enfado que a mesmice sempre patrocina. Os cortes bruscos ajudam no suspense que seria percebido como ingênuo se o espectador conseguisse parar para pensar. Por isso, certamente, o filme está chamando as platéias de todas as idades para o cinema e conferir a quem vem o novo Holmes. Em termos de bilheteria só foi suplantado por “Avatar”, de James Cameron, um novo campeão de popularidade. Mas é de espantar o fato de um herói do século XIX ombrear com outros do século XXI, ou melhor, de outros séculos adiante, numa porfia cinematográfica onde a tecnologia usa democraticamente a ampulheta, ou seja, serve ao passado, como seja, a Inglaterra vitoriana, como ao futuro onde os heróis são habitantes de outro planeta e os vilões podem ser astronautas que possuem a faculdade de corporificar as figuras de seus sonhos.
Ritchie tem em sua filmografia filmes de ação como “Snatch”. Ganhou prêmios do cinema inglês também um “razzie” americano (para o que se considera o pior filme do ano,”Swept Away”) . Este “Sherlock Holmes” é a sua produção mais cara e o sucesso comercial já deu inicio a uma seqüência. Quem assistiu a outros trabalhos anteriores seus vê uma continuidade filmográfica. Nada de genial, mas o bastante para demonstrar domínio de linguagem. E o diretor afirma que nunca foi aluno de escola de cinema, tendo aprendido na prática o que hoje sabe fazer.
Robert Downey Jr. foi escolhido para viver Sherlock Holmes depois que Ritchie comprovou seu desempenho no papel de “Chaplin”. O ator provou, interpretando o criador de Carlitos que tem expertise para representar um inglês do tipo de Holmes. Não seria de outra forma uma visão do detetive imaginado por Conan Doyle. Como ele mesmo diria no que concerne a representação: “é elementar, meu caro Watson”.
Cotação: *** (Bom)

domingo, 24 de janeiro de 2010

DOCUMENTÁRIO PARAENSE ESTRÉIA EM REDE NACIONAL




















De João Inácio, da Caiana Filmes, recebi para divulgação:

O documentário "Camisa de Onze Varas" de Walério Duarte terá estréia nacional dia 29 de janeiro de 2010. Vencedor da IV edição do DOCTV e produção da Caiana Filmes. O trabalho será exibido na Rede Pública de Televisão em todo território nacional na próxima sexta as 22h30, com reprise: terça, 02h00.

Em 1974, um acontecimento abalou profundamente os moradores de São João da Ponta, pequeno município do estado do Pará. Em uma repetição constante do que até hoje acontece na Amazônia, jovens são recrutados para trabalhar em município distante, na derrubada da mata para formação de pasto ou na extração de madeira, por um "gato", intermediador na contratação de "peões" para trabalhos pesados em fazendas e madeireiras. Como também acontece até hoje, os contratados foram submetidos a trabalho escravo, vigiados por pistoleiros dia e noite, recebendo apenas comida. Não suportando a situação, 16 trabalhadores de São João da Ponta fogem pela mata numa trágica aventura, onde quatro deles morrem e outros retornam física e mentalmente doentes à sua cidade.
Durante anos, a história seria contatada de pai para filho em São João da Ponta. Há até mesmo registros por escrito, a partir de depoimentos de sobreviventes, para que não se perdesse com o tempo.
A memória desses acontecimentos é o tema do documentário "Camisa de Onze Varas". Como a memória dos vencidos sobrevive sempre em fragmentos, como bem disse Walter Benjamim, seria preciso reunir tais fragmentos a partir dos depoimentos dos sobreviventes, de seus familiares, amigos e descendentes. E, como não havia registro de imagens e sons, seria necessário encontrar uma estratégia narrativa para recontar esta saga.
A solução encontrada é extremamente inventiva para reconstituir essa história no filme, cujo título é uma expressão antiga que corresponde à "entrar num beco sem saída".
O autor, depois de registrar o depoimento dos sobreviventes, convoca, através de cartazes e rádios-cipós, jovens que pudessem reconstituir a história contada por aqueles. O próprio teste de elenco também é registrado. Mas, o que o diretor utiliza para compor a narrativa, e que é uma das maiores virtudes do filme, é a reconstituição da história com os atores co-dirigidos pelos próprios sobreviventes que a vivenciaram. São seqüências de impacto, que emocionam aqueles que rememoram a ação e impressionam os espectadores. Uma narrativa da resistência humana à fome, à chuva, aos animais selvagens, às doenças, à morte dos companheiros.
Em paralelo, o filme documenta a realidade da pequena São João da Ponta, sua paisagem física e humana, que é também a de grande parte da Amazônia. Percebe-se que o município pouco mudou: as paisagens de matas, rios e igarapés; a quietude da pequena cidade onde todos se conhecem; o jeito simples da população, na transparência da emoção que aflora em rostos e expressões, ao rememorarem fatos dolorosos, e na conformação com aquilo que acreditam ser o destino; os afazeres de homens e mulheres em seu cotidiano de cultivo de roças, da pequena pesca artesanal.
O filme é também, em última instância, uma oportunidade para reunir novamente os sobreviventes para falar de sua própria história, o que evitavam antes fazer. Um esforço coletivo de registrar para a posteridade e, no dizer de alguns personagens, revelar para o Brasil uma situação desumana que ainda persiste na Amazônia. Um esforço para perpetuar na memória a saga heróica dos "16 de São João da Ponta".

Waleriano Gurjão Duarte

Diretor, roteirista e produtor do documentário "Camisa de Onze Varas" (DOCTV IV - 2008/2009), diretor e roteirista do curta-metragem em película 35 mm "Açaí com Jabá", roteirista e produtor do curta "A Canção de Eleanor", premiado no concurso "prêmio mis de estímulo a realização de curta-metragem - 2008"; diretor, roteirista e produtor da minissérie "Cida de Cão", premiado no "concurso de minissérie da TV Cultura - PA 2009". Entre muitos outros trabalhos Institucionais e Publicitários.

CRIANDO E ENSINANDO

Para os interessados no gênero documentário, Walério Duarte estará ministrando a "Oficina de Roteiro para Documentário", com o objetivo de estimular a educação do olhar cinematográfico. A Oficina é dividida em dois módulos. No primeiro, conceitos básicos do cinema documentário. Os primeiros passos para você reinterpretar sua realidade através dessa linguagem. No segundo, formatação de projetos. Estes são os primeiros passos para você reinterpretar sua realidade através dessa linguagem.

Segundo Walério o Módulo I tem como proposta apresentar noções básicas sobre o que é documentário e algumas técnicas fundamentais dessa modalidade de roteiro, além de adquirir capacidade de iniciar seu próprio projeto. A oficina é também para iniciantes e pessoas que nunca fizeram um filme. Mas que através da oficina poderão despertar e colocar no papel suas vontades de fazer um filme documentário.

A oficina apresentara noções sobre cinema direto e cinema verdade, e discutindo os diferentes estilos de documentário: clássico, com narração, sem narração, narrado na primeira pessoa, institucional, experimental, com ficção. No decorrer das aulas haverá exibições de trechos de documentários que ilustram vários estilos e formatos, afirma Walério.

No decorrer da oficina serão apresentadas as etapas de realização do documentário: a pesquisa; a escolha de personagens; o roteiro de documentário; exigências dos editais; visão original; a proposta de documentário; eleição e descrição dos objetos; eleição e justificativa para as estratégias de abordagem. E por fim, sugestão de estrutura, possibilitando sistematizar as idéias e colocá-lo pronto para escrever o projeto.

Todas as aulas acontecerão na nova sede da Caiana Filmes, que recentemente inaugurou seu novo espaço de formação em cinema, com um auditório totalmente equipado para atender trinta pessoas. O local anteriormente funcionava como a Casa do Catalendas e agora se dedica exclusivamente ao cinema. Também no espaço haverá outros cursos relacionados à sétima arte, como roteiro, crítica cinematográfica, produção, edição, trilha sonora, além de mesas redondas e palestras. Entre os projetos da Caiana, ainda para este semestre, está a implantação de um Instituto de Cinema na Casa, a formação do Clube do Roteiro e o Cinema Esporte Clube, um Cine Clube dedicado exclusivamente ao Curta Metragem. A casa se tornará um ciclo efetivo de cinema, passando pela formação, através de seus cursos. Produção, na realização do filmes idealizados pelos alunos. Distribuição a partir das coletâneas dos DVDs da casa assim como ponto de referência na indicação de filmes para festivais nacionais e internacionais de cinema e vídeo e da exibição através de seu cine Clube, mostras e festivais promovidos pela Caiana.


SERVIÇO:

Oficina de Roteiro para Documentário
Inscrições abertas na CAIANA FILMES
Fone: 33434254 / 33434252

Diogo Moia 986
entre 14 de Março e Alcindo Cacela

Carga horária / Turma:
Carga horária: 20 horas (9h às 13h)
De 8 a 12 de fevereiro.

Pré-requisitos:
Pessoas maiores de 18 anos, nível médio completo ou superior.

Investimento: R$100,00
Aceita a bandeira VISA


João Inácio


Caiana Filmes

Rua Diogo Moia, 986
Umarizal - Belém - Pará

66055170

Fone: (91) 33434254 / 33434252

33434253 / 33434255

www.caianafilmes.com

Blog Caiana Filmes

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

VICIO FRENÉTICO











O cinema de Werner Herzog, 67 anos, mostra certa transformação desde seus primeiros trabalhos como “Os Anões Também Começam Pequenos” e “Fatamorgana. Na versão de um crítico norte-americano, esse diretor alemão, ao abordar a ficção com base em fatos reais ou literários apresenta-se mais realista. “O Sobrevivente” (Rescue Dwan/2006) é um exemplo. Naquele filme, cuja cópia só circulou por aqui em DVD, o roteiro, do próprio diretor, era extraído de um relato autobiográfico, contando a odisséia de um piloto norte-americano cujo avião havia caído no Camboja em plena Guerra do Vietnam.
Agora, em “Vicio Frenético” (Bad Lieutenant, Port New Orleans/EUA, 2009), o mago Herzog refilma um titulo do diretor italiano Abel Ferrara com tradução homônima no Brasil. Enfoca o drama de um policial que durante o furacão Katrina, em Nova Orleans, salva um preso de morrer afogado em sua cela, na penitenciária local. Essa atitude obteve êxito, embora o policial Terence McDonald (excelente interpretação de Nicolas Cage) tenha ficado com uma lesão na coluna vertebral, obrigando-o ao uso desenfreado de analgésicos fortes. Esse fato abriu as portas do mundo das drogas pesadas para o infortunado personagem. Não demora e ele passa a dividir por conta própria as drogas que flagrava com os bandidos que prendia, ou forçava-os a entregar-lhe as “petecas” de crack. Com isso enveredou pelo comércio de tóxicos, conheceu os grande traficantes, arranjou droga para a sua namorada (Eva Mendes), uma prostituta que sempre o ajudava, e ao solucionar de forma discutível o massacre de uma família negra acabou recebendo uma promoção de tenente a capitão. Apesar disso não aproveitou a sorte para se internar numa das clinicas de desintoxicação como sugeriu a namorada. Mas encontrou o homem que salvou do furacão e é este quem o estimula, contando que após seu quase afogamento conseguiu redimir-se, curando-se do vicio e saindo das malhas do tráfico.
O filme é muito bem narrado e do antigo cinema de Herzog só se encontra as cenas de delírio, quando Terence vê um iguana ou outra figura que se intromete no quadro de sua ação.
Condução homogênea do elenco e a filmagem “in loco”, criando uma montagem dinâmica, fazem de “Vicio Frenético” um dos melhores exemplos de “filme policial” dos últimos tempos. Consumidora de algumas teleséries do gênero observei que o cineasta soube tirar partido do melhor desses programas. O filme é mais do que um momento de “Lei e Ordem” (Law & Order): envereda forte pela introspecção, procura mostrar o que se passa com o seu herói, segue a preferência de Herzog pela observação do ser humano, especialmente do marginalizado (“Kaspar Hauser” é uma lembrança). Contudo, o filme não é só uma narrativa policial, mas uma evidência crítica e política do processo corporativo da instituição e com isso se diferencia de muitos filmes desse gênero. Para isso, conferir a seqüência final quando as situações anteriores de corrupção do policial Terence se harmonizam com os objetivos da chefia e tudo se encaixa num grau de louvação ao seu comportamento, levando-o à promoção.
Fiquei surpresa com o fato de Nicolas Cage não ter sido indicado para o Globo de Ouro, prêmio dado esta semana a muitas celebridades do cinema e TV norte-americanos. A meu ver foi o melhor desempenho desse ator até hoje. Um close de uma gargalhada depois da dor (ou por causa dela) é um exemplo de como o diretor soube explorar o potencial desse interprete. E a cínica performance do personagem quando todos supõem-no integro é mais um ponto a favor de seu desempenho.
Não lembro o filme de Abel Ferrara e Herzog diz que não o assistiu. Seja como for, a refilmagem sofreu mudanças. A começar com o enfoque do Katrina, Obviamente isso não acontecia na versão de 1992 (o furacão que se abateu sobre Nova Orleans foi em 2004). E o último plano, com dois homens adiante de um aquário comentando partes de suas vidas é um “achado” que não existiu antes (o aquário fica em primeiro plano e as pessoas são vistas por detrás, com os peixes passando na frente delas). Quem conhece Herzog, sabe de sua inventividade, de sua porfia em fazer cinema de autor, longe de influências (ele dizia que só lembrava de Griffith entre os cineasta de sua formação).
Um dos primeiros bons filmes exibidos por aqui este ano.
Cotação: ****(Muito Bom)

Registro

O cinéfilo Orlando Sérgio Campos retifica os anos de participação na lista de melhores dos leitores de Panorama: 15 anos. Desculpe Orlando e obrigada por ser um dos nossos amantes do cinema.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

OS MELHORES FILMES DOS LEITORES






















Como praxe anual há mais de trinta anos, esta coluna publica hoje os melhores filmes do ano de 2009 na visão de seus leitores.
Ao longo desse período muitas pessoas que freqüentavam o então cineclube da APCC mantinham sua participação nessa promoção, enviando suas listas. Desse tempo, alguns permanecem como o Nelson Johnston, um dos membros do grupo chamados “críticos jovens” de Panorama, a contribuir com as atividades da entidade e com textos publicados nesta coluna, ao lado do Gilberto Aguiar, Marco Antonio Moreira, Ricardo Secco e Mauricio Borba. De outra época, mas veterano desta promoção é o Edyr Falcão e o Orlando Sergio ainda presentes agora. Os demais têm tido também assiduidade sem precisar o tempo, sob pena de cometer injustiças (Nirothon, Waleska, Jeison, Mauro, Michel). Há novos leitores e isso é bom. A importância da assiduidade é mostrar que o cinema ainda tem aquela sedução para algumas pessoas que não abrem mão de registrar os filmes que tocaram sua sensibilidade.

RELAÇÃO GERAL

1º Gran Torino (Gran Torino, Australia/ (EUA, 2008), de Clint Eastwood - 59 pts.
2º Bastardos Inglorios (Inglourious Basterds, EUA, 2009) de Quentin Tarantino – 50 pts
3º Quem quer ser um milionário –(Slumdog Millionaire, EUA/Inglaterra, 2008) de Danny Boyle - 45 pt.
4º Up- Altas Aventuras (Up, EUA, 2009), de Peter Docter – 30 pts
5º A Troca, A Troca (Changeling), de Clint Eastewood - 41 pts.
6º Watchmen – (Watchmen, Canadá/EUA/ (Inglaterra, 2009), de Zack Snyder - 30 pt
Amantes (Two Lovers, EUA, 2008), de James Gray - 30 pts.
7º O Curioso Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin Button, EUA, 2008) – 29 pt.
8º A Partida (Okuribito, 2009, Japão), de Yojiro Takita - 25 pts.
9º Avatar – (EUA, 2009), de James Cameron - 20 pts


JEISON TEXICAN CASTRO GUIMARÃES

1º) Gran Torino;
2º) UP, Altas Aventuras;
3º) Quem quer ser um milionário?
4º) Queime depois de ler;
5º) Harry Potter e o Enigma do Príncipe;
6º) Watchmen;
7º) Presságio;
8º) O Curioso Caso de Benjamim Button;
9º) O Leitor;
10º) Dúvida.


ORLANDO SÉRGIO FALCÃO DE CAMPOS.

1. Bastardos Inglórios
2. A Partida
3. A Onda
4. Sinédoque Nova York
5. Gran Torino
6. Quem Quer ser um Milionário?
7. Caos Calmo
8. Dúvida
9. Entre os Muros da Escola
10. Queime Depois de Ler.


FRANCISCA VALESKA BRITO FALCÃO

1 - O Curioso Caso de Benjamin Button
2 - Bastardos Inglórios
3 - O Leitor
4 - A Partida
5 - A Troca
6 - Amantes
7 - O Silêncio de Lorna
8 - Besouro
9 - A Onda
10 - Queime Depois de Ler

EDYR JOSÉ FALCÃO JUNIOR

1 - Sinédoque Nova York
2 - A Partida
3 - Amantes
4 – O Leitor
5 – O Curioso Caso de Benjamin Button
6 – O Silêncio de Lorna
7 – A Troca
8 – Bastardos Inglórios
9 – Gran Torino
10 - A Onda

MAURO REIS

1- O curioso caso de Benjamin Button
2- Quem quer ser um milionário ?
3- Watchmen
4- Che, el argentino
5- A troca
6- Simonal- ninguem sabe o duro que dei
7- This is it
8- Besouro
9- O leitor
10- A era do gêlo 3


NELSON ALEXANDRE JOHNSTON

1º) Up - Altas Aventuras;
2º) Gran Torino;
3º) Bastardos Inglórios;
4º) A Era Do Gelo 3;
5º) Watchmen;
6º) Quem Quer Ser Um Milionário?;
7º) Queime Depois De Ler;
8º) Dúvida.


MICHEL MIRANDA.

1. Avatar
2. Distrito 9
3. Watchmen
4. Star Treck
5. Bastardos Inglorius
6. Guerra Ao Terror
7. Dúvida
8. Inimigos Públicos
9. Gran Torino
10. Entre Os Muros Da Escola

NIROTHON PEREIRA

1- Gran Torino
2- A Troca
3- Bastardos Inglorios
4- Rio Congelado
5- Amantes
6- Inimigos Públicos
7- Uma prova de amor
8- Operação Valkyria
9- Valsa com Bashir
10- Entre os Muros da Escola


EMANUEL JOSÉ DOS SANTOS JR.

1. Gran Torino
2. Atividades Paranormais
3. Amantes
4. Se Beber Não Case
5. Up
6. Quem quer ser um milionário?
7. O Casamento de Rachel
8. Presságio
9. O Lutador
10. Mandela


JOÃO FLÁVIO EVANGELISTA CRUZ

1. A Troca
2. Up
3. Gesto Obsceno
4. Quem Quer ser um Milionário?
5. Gran Torino
6. O Segredo de Lorna
7. Entre os Muros da Escola
8. Queime Depois de Ler
9. A Era do Gelo 3
10. A Onda

ALCIDES EMANUEL CARDOSO PAES

1. Up
2. O Segredo do Grão
3. Quem quer ser um milionário?
4. O Lutador
5. Bastardos Inglórios
6. A Troca
7. Gran Torino
8. Amantes
9. Inimigos Públicos
10. Rio Congelado

JONAS SOUZA DE OLIVEIRA

1. Avatar
2. Atividades Paranormais
3. Uma Prova de Amor
4. Se Beber Não Case
5. Dúvida
6. Canções de Amor
7. Rio Congelado
8. Watchmen
9. O Lutador
10. A Troca

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

OS MELHORES EM DVD





















Quem perdeu ou quer rever os melhores filmes exibidos nos cinemas ano passado, na opinião dos membros da ACCPA, pode recorrer ao DVD. Alguns títulos, entretanto, ainda não estão disponíveis, como é o caso do primeiro colocado, “Alexandra” de Sokurov. Estão nessa mesma situação: “Bastardos Inglórios” de Quentin Tarantino, “O Sol” de Sokurov, e “Aquele Querido Mês de Agosto” de Miguel Mendes. Mas os leitores já podem levar para casa: “Inimigos Públicos” de Michael Mann, “Gran Torino” de Clint Eastwood, “Amantes” de James Gray, “Sinédoque Nova York” de Charlie Kaufmann, “Up, Altas Aventuras” de Peter Docter e “Entre os Muros da Escola” de Laurent Cantet.
Clint Eastwood é figura constante nas listas dos nossos críticos há um bom tempo. Em 2009 ele quase figurava duas vezes com “Gran Torino” e “A Troca”. Ficou “Gran Torino” em 2 ° lugar da relação geral (13 críticos), consagrando a preferência pela história do ex-combatente da guerra da Coréia e ex-funcionário da industria automobilística que, aposentado e viúvo recente, passa a morar num bairro onde também residem asiáticos, lembrando não só quem ele combateu na guerra mas, principalmente, quem forçava magoas por ter morto pessoas dessa etnia. O relacionamento do “velho rabugento” com essa vizinhança, e a presença de uma gang próxima que maltrata inocentes e, com o passar do tempo, amigos do personagem, fazem com que ele venha a tomar uma atitude de defesa mesmo que, para isso, arrisque a vida. Segundo o cineasta é a sua última aparição como ator. O público espera que ele esteja errado. No filme evidencia-se não só a sua direção como a sua interpretação.
“Inimigos Públicos” (Public Enemies/EUA,2009) é a cinebiografia de Johnny Dillinger, famoso gangster da época de “lei seca” nos EUA, agora protagonizado por Johnny Depp, com a direção de Michael Mann. Também é a produção mais cara do gênero. Focaliza-se o homem e seu tempo (e espaço) com muita habilidade, dando uma nova conotação ao que era tratado como “filme de gangster”.
“Amantes” (Two Lovers/EUA,2009) reúne Joaquin Phoenix e Gwyneth Paltrow num romance que por sua delicadeza de tratamento e observação de caracteres lembra clássicos como “Desencanto” de David Lean. Phoenix, em uma das melhores interpretações deste ano, protagoniza um jovem com problemas de autonomia familiar (autoritarismo paterno) que embora já tenha um indicativo para dedicar seu afeto, uma jovem filha de um amigo de seu pai (e seu empregador), pessoa a quem a família deseja vê-lo casado, encontra maior aproximação a uma vizinha (Paltrow) namorada de um homem casado. O delicado relacionamento dessas figuras é tratado com maestria por James Gray.
“Sinédoque, Nova York” (Sinedoke, New York/EUA, 2009) é o primeiro filme dirigido pelo até então roteirista Charlie Kaufmann (de “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”). Mesclando teatro e vida real segue um produtor teatral que deseja aplicar o dinheiro que recebeu como prêmio pelo êxito de um de seus trabalhos em uma peça introspectiva. O modo como trabalha essa peça e os acontecimentos de seu cotidiano se combinam-se em um filme original com ótimas interpretações especialmente de Phillip Seymour Hoffman o melhor ator do ano para os colegas da critica.
“Up, Altas Aventuras”(Up/ EUA,2009) filme de animação e votado como a melhor do gênero conseguiu se salientar entre todos os outros concorrentes. O roteiro cobre a viagem de um ancião solitário depois da morte da esposa que deseja realizar o sonho que tinha com ela, o de visitar um parque ambiental sul-americano. Fabricante de balões de gás, ao ser advertido que perderá a sua casa, infla os balões nela e sai voando para o destino de seu desejo. Acompanha-o um garoto escoteiro que precisa fazer uma boa ação para ascender na organização. Entre aventuras e momentos poéticos o filme mantém a qualidade artística dos trabalhos do estúdio PIXAR.
“Entre os Muros da Escola”(Dans les murs/França, 2009) aborda o trabalho de um professor que estimula seus alunos a uma dissertação sobre a realidade em que vivem. O filme ganhou a Palma de Ouro do Festival de Cannes e usa atores não profissionais no elenco.
Procurem esses filmes entre os lançamentos das locadoras.


DVDs MAIS LOCADOS (FOXVIDEO)

1. O Sequestro do Metrô 123
2. Garota Infernal
3. A Verdade Nua e Crua
4. G. I. Joe - A Origem de Cobra
5. Gamer
6. Busca Explosiva 2
7. Tá Rindo do Quê?
8. Inimigo Público Nº 1 - Parte 2
9. High School Band
10. Jogando com Prazer

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

ENTRE CONCEPÇÕES E PERDAS







Entre as várias concepções sobre cinema a diferenciação entre filmes de arte e filmes comerciais tornou-se o centro determinante da distinção entre grupos de espectadores. Os que tendem ao primeiro grupo são vistos como experts, enquanto os do segundo são os que aceitam somente as produções “não cerebrais”, as digeríveis que o mercado lança. E daí em diante, outras subdivisões vão se tornando estigmas com rótulos que a maioria das vezes, produzem preconceitos e discriminações sobre os supostos “conhecedores” e os “não conhecedores” da arte cinematográfica.
Essa perspectiva divisionista tem levado a sérios desafios para as relações humanas. Na verdade, aqueles que se julgam no primeiro grupo supõem dominar o saber cinematográfico específico e podem estar acima dos que tem uma visão de um modo geral mais simples sobre cinema aceitando qualquer coisa que o mercado do filme lança. Essa tendência a reconhecer os bons filmes e os que não levam a lugar nenhum, a meu ver, pode estar nos dois grupos. O diferencial está no acúmulo de leituras possíveis de fazer sobre uma determinada obra, não somente embasadas no informativo (resenhas) de produção e referenciais históricos, mas na soma destas informações com as teorias do filme, as contribuições analíticas dos autores e estetas da imagem (que podem ser os diretores ou os estudiosos agrupados nas várias escolas de cinema). E, tal como os produtores do conhecimento científico, criaram as concepções visuais sobre o movimento de câmera, perspectivas de luz e sombra, enquadramento, montagem etc., ou seja, elementos da linguagem cinematográfica produzida à medida que os filmes foram sendo realizados em suas varias dimensões.
O divisionismo não deve criar distanciamento entre esses dois grupos de espectadores. Mesmo porque ninguém tem a verdade absoluta sobre as coisas e muito menos sobre filmes que refletem, a partir de suas tecnologias cada vez mais avançadas, as maneiras de os diretores/autores reproduzirem uma dada realidade, quer num enfoque critico, quer reproduzindo/narrando histórias a partir de experiências culturais, políticas e sociais acumuladas considerando-se também uma perspectiva de classe, raça e gênero.
A visão dicotômica entre os conceitos arte e comércio, que é dada para a produção cinematográfica, tem um plano que poucos percebem que é do cinema ser um produto e se constituir numa mercadoria, como bem definiu Adolfo Sanches Vásquez em “As Idéias Estéticas de Marx” (Paz e Terra, 1978). Esse autor evidencia as concepções da arte em geral a partir dessa corrente de pensamento, procurando aplicá-las como instrumental explicativo da arte contemporânea em seus múltiplos aspectos. Num dos capítulos desse livro Vásquez reflete sobre a mercadoria-cinema e aponta-a como a única arte eminentemente capitalista. Dessa forma, configurada como objeto de arte, não deixa de ser uma mercadoria (e nessa perspectiva evidenciam-se as características próprias, diferenciada de outras no processo produtivo). É na maneira de as escolas se direcionarem na construção narrativa que se estabelecem as diferenças. Assim, cinema é arte em todas as suas pré-visões de ser um produto comercializável.
O filme de James Cameron, “Avatar” (EUA, 2009) considerado um blockbuster, ou seja, um filme de grande produção (US$ 250 milhões) e de grande apelo de público e sucesso de bilheteria não é visto como “filme de arte”. Porém se aplicarmos um olhar não divisionista é possível verificar nele as formas de reprodutibilidade da arte ( no uso de uma linguagem do cinema). O tema revela as grandes preocupações mundiais (meio ambiente, domínio econômico e cientifico e banalidade da guerra), através de uma narrativa linear, tem apelo popular (romance), seguindo as demandas do mercado de seduzir o maior numero possível de espectadores. Usa tecnologia de efeitos especiais inovadora para o tipo de tema que o diretor quis usar.
Como se vê, os elementos narrativos usados por Cameron fazem parte do padrão aplicado aos filmes “de arte”, mas outras características é que determinam a sua inscrição e rotulagem de “filme comercial” ou de “mercado”;
Não se deve esquecer que há filmes populares de grande valor como manifestação artística como, por exemplo, "Noites de Cabiria", "Cantando na Chuva", e outros nessa linha.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

AINDA LULA, O FILME









Volto, como prometi, ao filme de Fabio Barreto “Lula, O Filho do Brasil”.
A primeira seqüência, sem falas, é muito bem construída. O pai despede-se da mulher e dos filhos e sai andando calmamente pela terra árida até encontrar, no caminho, uma mulher grávida que o acompanha. Nessas imagens diz-se de alguma estrutura de personagens. E lança uma expectativa em torno do que virá em novas imagens bem captadas pela direção de fotografia a cargo de Gustavo Hadba.
Até o segundo ato, quando o menino que viaja com a mãe e irmãos num “pau de arara” do sertão pernambucano de Caetés a Santos (SP), a narrativa não se desvia do enfoque primitivo. Mas os estereótipos não demoram a ser mostrados. A fúria do pai em bater na criança quando a vê brincando (“-Vai trabalhar, moleque”) é um modo de caracterizar o personagem de forma unilateral. O roteiro segue o sectarismo comum em muitas cinebiografias, até mesmo em clássicos norte-americanos (recentemente revi a de Louis Pasteur, um quadro fechado de um pesquisador que não vive além de um trabalho que deixou). E o enfoque se agrava quando a primazia é o lado sentimental da história. O casamento em 1969, com a operária Maria de Lourdes da Silva, irmã de seu grande amigo "Lambari" e, subsequente, a gravidez, adoecimento e morte da jovem e da criança, são pontos destacados nesse sentido. Mesmo omitindo o romance de Lula com Miriam Cordeiro, mãe de sua filha Lurian, o roteiro abandona o operário que vai se destacar como orador, que vai aprender a se comunicar com multidões mesmo sem uma escolaridade acima do curso fundamental.
O ativismo político, onde deveria ser destacado o capital pessoal do sindicalista e seqüenciamento da linha político-partidária com a criação do PT, fica reticente. O que se destaca até como base da narrativa sobre o Lula adulto é a greve do ABC paulista durante o governo de João Batista Figueiredo e a conseqüente intervenção militar que reprime e prende os contrários ao regime como o líder do movimento. Mas não se diz o modo como esse líder se formou, especialmente por focalizá-lo até então como uma pessoa tímida. Demonstra ser arrojado ao conhecer a jovem viúva de um taxista assassinado, Marisa Letícia, passando a cortejá-la e pedindo-a em casamento.
As interpretações fazem força para dar certa credibilidade a determinadas seqüências. Mas o melhor independe dela. Há um plano em que os objetos somem do quadro restando uma figura em foco. Só que é tudo muito rápido, sem se dar relevo ao processo de filmagem, no caso, uma síntese do tempo gasto na ação.
“Lula, O Filho do Brasil” não chega nem a ser melodramático e folhetinesco como “Os 2 Filhos de Francisco”, uma fórmula certamente perseguida pela produção a partir de um sucesso de bilheteria. A ascensão à presidência, com as pugnas enfrentadas para chegar a isso, são relatadas em legendas finais. E poderiam servir a uma base estrutural da história de vida. Como foi. Omitindo ali e acolá o filme resta um exemplar a mais de cinebiografias feitas pela indústria para uma recepção de comércio. Ou a idéia de que o público quer uma leitura breve e episódica, melhor ainda se for sentimental.
Outra versão que está circulando a partir do lançamento do filme é a de que este se presta a uma dimensão eleitoreira e teria sido realizado para cumprir esse objetivo. Há, inclusive, um blog relacionando as empresas que disponibilizaram recursos para a produção do filme, destacando o envolvimento de algumas com parentes do presidente, e outras que fizeram doações para as campanhas eleitorais anteriores.
Se o filme teve esse propósito, vai ter que ser avaliado a partir do desempenho eleitoral da ministra Dilma Rousseff e a possibilidade de transferência de votos de Lula para ela como provável candidata do PT à presidência da república. Nesse caso, o fato do lançamento das 500 cópias do filme a partir de 1º de janeiro em exibição em todo país pode alterar os percentuais de intenção de voto para a candidata. Mas para quantificar essa variável terá que aplicar uma nova pesquisa de opinião nas cidades em que o filme está sendo exibido, com o script relacionando-o à candidata a partir de uma resposta espontânea.
Contudo, não posso afirmar que o trabalho de Fabio Barreto vai ser sucesso de bilheteria como parece ter perseguido. A julgar por Belém e pelas noticias de que não está recebendo boa afluência de público nas salas do sudeste, a permanência em cartaz nos principais cinemas do país não vai ser longa.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

LULA, FILHO DO BRASIL


















Cinebiografias se revelam extremamente importantes para prover as informações de um/a pesquisador/a que necessita de outros olhares e áreas (no caso, da antropologia visual) na busca pela composição integral de seu objeto de estudos. Dessa forma, torna-se um documento mais próximo de um público que prefere o conhecimento através das imagens a da leitura de um livro biográfico, às vezes monótono, deixando de ser um material sedutor de apreensão do que se quer abranger.
Há diversas formas de desenvolver, a partir dos elementos do cinema, a biografia de um vulto histórico, um personagem popular, enfim, um tipo que tem referenciais sugestivos para mostrar sua contribuição à sociedade e ou, então, tornou-se uma figura mítica a partir de sua história de vida. A dramaturgia, às vezes, apela para os dois elementos e refaz o percurso desses vultos usando tanto uma pesquisa histórica já traduzida em livro, ou começa de documentos inéditos criando roteiro original, de alguma forma fornecendo imagens que acoplam os recursos documentais aos recursos da ficção. Cada um desses formatos recebe da produção, um selo comercial destacando um gênero cinematográfico. Para alguns, a cine-biografia documental é produto despojado de elementos ficcionais, enquanto as biografias que enxertam elementos dramáticos reforçam a tendência romanceada e melodramática da história. Para uma exemplificação: “Cazuza – O tempo Não Pára” (2004) de Walter Carvalho e Sandra Werneck, “Dois Filhos de Francisco (2005) de Breno Silveira, “Meu Nome Não é Johnny”, de Mauro Lima, são tratados como drama, enquanto “Vinicius” (2005) de Miguel Faria Jr. é sinalizado como documentário.
O filme de Fábio Barreto “Lula, O Filho do Brasil” (Brasil, 2009) é uma cinebiografia extraída de um livro homônimo escrito por Denise Paraná que também está nos créditos do roteiro (com Fábio Barreto, Daniel Tendler e Fernando Bonassi), tende ao drama, a exemplo do que Breno Silveira fez sobre o pai de Zezé di Camargo e Luciano, para biografar os dois cantores, a partir de um roteiro original de Patrícia Andrade e Carolina Kotscho. Mas Barreto & equipe não conseguem assegurar uma narrativa que promova a confiança na história de vida do personagem focalizado.
Observa-se um desnível muito forte entre a primeira parte do filme – as seqüências em que a formação da família de Lula se acha ainda nos sertões de Pernambuco (Caetés), onde as imagens exploram as desventuras de uma família sobrevivente numa parte do nordeste excessivamente pobre convivendo e reproduzindo a cultura do desapego afetivo e as nuances da violência domestica a partir da visão do “cabra-macho” e da submissão feminina e infantil ao poderio masculino, a falta de perspectivas da educação formal e a redução do conceito de sobrevivência à imposição do trabalho infantil para ajudar na renda familiar.
Nesse aspecto, as imagens acodem a outras abordagens sobre essa situação já vistas em filmes que tendem a revelar criticamente a odisséia dos nordestinos fadados à miséria em todos os aspectos. E nessa idéia se ajustam pelo toque da câmera a uma narrativa econômica de falas.
A segunda parte é trágica ao capturar a vida dos retirantes para a “cidade grande”, tangidos pela miséria, tornando-os ainda mais dependentes de recursos (afetivos e econômicos) e com a violência domestica traduzida em outros planos da condição subumana.
As soluções narrativas criadas para explorar os fatos descolam uma base ficcional que desrespeita a realidade e discrepa o enfoque, reduzindo a mera tipificação de situações marcadas pelo dèjà vu, onde os acontecimentos se mostram mascarados e processam imagens pouco convincentes e aparenciais, deslocando-se para uma forte fragmentação.
Não conheço o livro que deu margem ao roteiro, mas desde jovem acompanhei a trajetória de Lula através dos noticiários de jornais e revistas que pautavam a situação sindical dos metalúrgicos em um tempo em que a política brasileira tendia ao confronto entre as forças sociais e as militares. Expoente dessas abordagens, a revista Novos Estudos (CEBRAP), publicou uma entrevista com o então dirigente sindical onde os pontos principais de suas metas na atividade política emergiam e faziam a diferença com aquele mundo mantido no status quo da hierarquia do governo. Desse conhecimento, observei que o filme falha no roteiro, traz apenas algumas “pinceladas” sobre o que se constituiu numa trajetória triunfante de um sindicalista que só estudou o primeiro grau, mas tinha uma profissão que lhe deu um emprego, o lugar de onde avaliou a exploração de seus colegas operários.
As interpretações dos principais atores dirigidas por Cibele Santa Cruz, não conseguem se desvencilhar de estereótipos, principalmente Cléo Pires. Volto ao assunto.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM DVD












Os cinemas de Belém não exibiram “Pelos Meus Olhos” (Te Doy Mis Ojos/Espanha, 2003) filme de Iciar Bollain, multipremiado (sete estatuetas Goya), lançado no ano passado em várias salas de outras regiões brasileiras. Não fossem as cópias em DVD, os cinéfilos de Belém do Pará estavam de fora de um circuito novo de filmes de várias cinematografias principalmente a européia. O filme chega às locadoras e vale como um circunstanciado enfoque sobre a violência doméstica contra as mulheres.
Num roteiro muito bem estruturado pela diretora e por Alicia Luna há dimensionamento do drama de Pilar (Laia Marull), jovem esposa de um homem que não sabe controlar os seus impulsos violentos, sempre levando à agressão física seu relacionamento com ela. O filme começa com Pilar deixando apressadamente sua casa, no meio da noite e levando o único filho. Desesperada procura a irmã Ana (Candela Peña), jovem restauradora de arte, que namora um escocês e vive aparentemente bem na parte histórica de Toledo. Apesar de a casa ser pequena a guarida é tranqüila. Enquanto isso, Antonio (Luis Tosar), o marido, aparentemente consciente de sua instabilidade, passa a freqüentar uma clinica de psicoterapia e procura mudar de comportamento. Com assédio constante à Pilar que já conseguira emprego mantendo novos relacionamentos com suas colegas, intenta o retorno da esposa, e aos poucos isso acaba surtindo efeito para desgosto de Ana que não vê a recuperação de cunhado e o tão sonhado final feliz no casamento da irmã. A deliberação em retornar à companhia do marido provoca ruptura na relação com a irmã e realmente não trazem a mudança prometida no reatamento familiar. As lições do psicólogo que atende a Antonio também não surtem efeito e as agressões à esposa ficam mais violentas. Chega a um ponto extremo de saturação.
Com narrativa linear, o filme alcança qualquer público. E os desempenhos marcantes de todo o elenco levam o drama aos níveis de realismo reconhecendo-se as fases do ciclo de violência doméstica que o público, apesar de ouvir falar considera uma atitude “natural” ou banal de um cidadão. Serve para ilustração de palestras sobre o tema, tão rotineiro e atual. A cineasta me era desconhecida e mesmo os atores. Impressionei-me com a eficiência de todos. Imprescindível alugar o DVD.
Devido a um lançamento meteórico numa sala do shopping Castanheira, deixei de ver e vi agora na telinha “Tempo de Paz”, a versão de Daniel Filho da peça “Novas Diretrizes em Tempo de Paz”, de Bosco Brasil. É teatro filmado, mas comunica através de excelentes interpretações, em especial de Dan Stulbach como Clausewistz, o ator imigrante vindo da Polônia no final da 2ª Guerra Mundial que aceita ser lavrador no Brasil desde que se livre do cenário trágico em que viveu. A ação pousa na entrevista dele com o policial alfandegário Segismundo (Tony Ramos). Trocam-se informações sobre violência. E o polonês fica sabendo que no Brasil da era Vargas também havia tortura e morte. Um filme com menos de hora e meia, mas forte. Parece um hiato da produtora (Globo Filmes) entre as comédias ligeiras, especialmente as mais rentáveis dirigidas pelo próprio Daniel Filho.
Causou-me boa impressão também “A Garota do Parque” (The Girl in the Park/EUA, 2008). Sigourney Weaver protagoniza uma cantora de sucesso, casada, com um casal de filhos, que vê a filha de 3 anos sumir no Central Park (NY) quando as duas aproveitavam uma manhã de primavera. O fato muda radicalmente a vida de Julia, a personagem vivida por Sigourney. O casamento termina, o filho cresce e se forma em arquitetura, torna-se mais ligado à nova família construída pelo pai, enquanto a rotina da mãe traumatizada é sempre ferida pela lembrança de Maggie, a criança desaparecida. As coisas estão neste ângulo quando surge Louise (Kate Bosworth), uma garota instável que Julia conhece roubando óculos de um supermercado. Com a idade que teria então Maggie, Louise passa a cativar a mulher desenvolvendo outras identidades que se afinam à busca de objetivos de Julia. Elas passam a morar juntas, mas os familiares desta não aceitam a nova personalidade da mãe e ex-mulher e o drama ganha novo impulso.
O roteiro do diretor David Alburg rasteia o melodrama sem jamais cair em armadilhas. Surpreende quando fecha a história sem conceder benesses a uma platéia que prefere comédias românticas. É um exemplo feliz de jovens talentos (direção, roteiro, interprete). Também não foi cogitado para os nossos cinemas. Viva o DVD.


DVDs MAIS LOCADOS (FOXVIDEO)

1. G. I. Joe – A Origem de Cobra
2. Inimigos Públicos Nº 1 – parte 2
3. Os Piratas do Rock
4. A Batalha de Passchendaele
5. Uma Prova de Amor
6. Anticristo
7. Jogando com Prazer
8. Os Normais 2 - A Noite Mais Maluca de Todas
9. Bruno
10. Força G

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

O TEMPO É UMA ILUSÃO









René Clair (1898-1981) foi até hoje o único cineasta a fazer parte da Academia Francesa. Fez filmes entre 1923 e 1965. Iniciou-se influenciado pelo movimento surrealista e, em 1932, alcançou grande sucesso com a comédia “À Nós a Liberdade” (A Nous, La Liberte), uma sátira ao avanço tecnológico, que inspirou Charles Chaplin a realizar “Tempos Modernos”(Modern Times/1936). Durante a guerra, Clair viajou para os EUA e em Hollywood dirigiu 5 filmes. Duas fantasias se evidenciaram: “Casei-me com uma Feiticeira” (I Married a Witch/1943) e “O Tempo é Uma Ilusão” (It Happened Tomorrow/1944). Este último ressurge agora em Belém, sendo projetado no cinema Olympia durante esta semana.
O titulo original, ”Aconteceu Amanhã”, chegou a merecer uma tradução linear no Brasil na primeira reprise do filme, assegurando a ironia básica que preside a história de Dudley Nichols (colaborador de John Ford em obras-primas como “No Tempo das Diligências” e “Vinhas da Ira”). O filme trata de um encontro do repórter Larry Stevens (Dick Powell) com o arquivista do jornal onde trabalham (John Philliber), um veterano no emprego, que filosofa sobre o passar do tempo comparando com o dobrar das folhas dos jornais colecionados. Segundo ele, ao folhear o arquivo, os exemplares do jornal vão cruzando o passado para o futuro, desde que se acessem as paginas a serem ali colocadas. Desta forma, quem for ler as últimas páginas encontrará as noticias do dia seguinte. Essa teoria é posta em prática para o cético Larry que certa noite recebe, através do arquivista, o periódico do dia seguinte. O fato entusiasma o repórter, mas junto com os jornais “de amanhã” o amigo aconselha-o a não repetir a experiência. E logo percebe o motivo: num dos próximos exemplares está a reportagem de sua própria morte.
A narrativa dinâmica privilegia a comédia, dilui a dramaticidade do enredo e ganha campo na corrida pela vida diante de uma anunciada fatalidade. O filme inicia com um casal se preparando para as comemorações de suas bodas de ouro. A esposa pede ao marido que não conte aos convidados o que lhe aconteceu anos atrás. Em flash-back o motivo é conhecido: a esposa (Linda Darnell) era ajudante de mágico em um cabaré, uma ligação do fascínio de Larry em saber o futuro.
René Clair tinha inclinação pelo enredo fantástico e irônico onde podia inserir o seu toque poético (e ele deixou livros de poesia). Em “Esta Noite É Minha” (Les Belles de la Nuit), por exemplo, ele aborda um pianista tímido que sonha com mulheres bonitas que o adoram. Por isso deseja sempre dormir. Quem nunca assistiu a um filme desse diretor que inicie uma viagem pela sua obra com este “O Tempo é uma Ilusão”, em exibição no Cine Olympia. Usando da ironia do autor, posso dizer que não é perda e sim ganho de tempo.
Cotação: Excelente (*****)

INCONVENIÊNCIA

O Cine Estação está mudando as suas sessões de cinema dos finais de semana para o meio da semana. Com isso não leva em conta que muitos espectadores trabalham, estudam, não dispõe de tempo para ir ao cinema nas 4as e 5as feiras como querem agora os programadores das simpáticas projeções no Cine-Teatro Maria Sylvia Nunes.
Se a medida é para ganhar público, o efeito será justamente o contrário. Além disso, as matinais de domingo, por exemplo, alimentando um costume que era próprio de Belém, valiam até como atração turística. Muitas pessoas iam ao cinema e depois almoçavam nos restaurantes da Estação das Docas, apreciando a bela paisagem adiante. Isto sem falar no ponto de encontro de cinéfilos autênticos, de pessoas que amam o cinema e que agora se posicionam radicalmente contra a mudança. Minha posição e de alguns colegas da ACCPA é a de lamentar mais essa perda para Belém. Sempre dei cobertura aos lançamentos desse espaço e agora presenciar esse corte é lamentável. Reconheço que é dramático deixar de assistir a alguns filmes importantes programados, mas as platéias para o tipo de filme exibidos ai carecem de certa consideração, pois muitos são docentes dando aulas a noite, só tendo o sábado e domingo para ir ao cinema. Respondemos por uma platéia. E não só registramos os programas em exibição. Uma pena se prevalecer esse incomodo horário.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

SEMPRE AO SEU LADO














Em 1987, Kateto Shindô, diretor japonês responsável por obras-primas como “A Ilha Nua” e “Onibaba”, escreveu a história e elaborou o roteiro do filme “Hachiko Monogatari” dirigido pelo veterano cineasta Seijirô Kôyama. O enredo tratava de um fato real ocorrido na cidade de Shibuya sobre um cão que se postou diante de uma estação ferroviária durante 10 anos esperando o dono que falecera e não mais aparecera para receber o afago do animal, como era de habito, na relação entre os dois. Hachiko, o cão, ficou ali, saindo apenas para pegar algum alimento que lhe davam os feirantes próximos, até envelhecer e morrer. Há uma estátua para esse animal no lugar em apreço. Ao conhecer o fato, o ator Richard Gere pensou em uma nova produção, convidando o sueco Lasse Hallstrom para dirigir o remake, que recebeu, no Brasil, o título “Sempre ao Seu Lado”(Hachiko, A Dog Story/EUA,2009) com a história agora transportada para os EUA.
Gere protagoniza Parker, um professor de música que diariamente faz o trajeto de trem da pequena cidade onde mora para dar aulas numa escola superior, retornando no final do dia. O primeiro encontro dele com o pequeno cão que viera em uma remessa do Japão e se perde, dá-se na ferrovia. Não há quem se responsabilize pelo animal e Parker resolve levá-lo para casa mesmo sabendo que a esposa não tolera cachorros. É o começo de uma amizade. O professor é acompanhado diariamente por Hachiko à estação e sabe, ao chegar, em qualquer horário, que este vai estar ali, esperando-o. O encontro é rotineiro até que certo dia, durante uma aula, o mestre sofre uma hemorragia cerebral, não retornando à sua residência. Mas para o cão a vida continua e ele aguarda o dono amigo.
Em 1985, Hallstrom dirigiu “Minha Vida de Cachorro” (Mitt Liv Som Hund) sobre um menino que se afeiçoa da cadela Laika, a cobaia da viagem ao espaço numa cápsula soviética, afinal o primeiro ser vivo a viajar em órbita da Terra, um pouco antes do vôo de Gagarin. Produção sueca, o filme alcançou criticas elogiosas, recebeu alguns prêmios internacionais e boa receptividade popular. Foi o impulso para o diretor ganhar o caminho de Hollywood, onde, a partir de 1991, dirigiu cerca de 14 filmes, incluindo títulos populares como “What’s Eating Gilbert Grape”, o primeiro grande papel de Leonardo Di Caprio, e “Chocolate”.
Há certo élan no interesse do diretor e do produtor-ator por cães. E isso transfere o envolvimento àqueles espectadores que gostam desses animais e não ficam insensíveis ao drama de Hachiko. Aliás, na história do cinema há estrelas caninas célebres como Rin Tin Tim, na virada da fase muda para a falada; a Lassie, cadela que esteve alicerçando a estréia de Elizabeth Taylor (no filme “A Força do Coração”/Lassie Come Home, 1943). Esses filmes atraíram público de diversas idades e ainda hoje histórias que envolvem cães recebem aplausos de platéias como sabe a Disney (em desenhos animados ou com atores). No caso, há sempre duas formas de apelo: a aventura por conta da coragem do animal herói; e o sentimental, pousado na ligação deste com o seu dono ou dona. Geralmente as opções são colocadas de forma exagerada e “Sempre a Seu Lado” não se furta a isso. Apesar de bem conduzido linearmente, usando vários cães para o papel de Hichicko, o final, a título de exemplo, extrapola a pretensão dramática focalizando detalhes da amizade entre cão e dono na hora em que o animal está se despedindo da vida. O interessante, e que ressalta a idéia de sacar lágrimas, é que durante a narrativa, as cenas que representam a visão do cachorro são gravadas em preto e branco, respeitando o daltonismo do animal. Mas no epílogo tudo ganha cores, não sendo mais a visão canina, mas a do realizador, ávido pelas lágrimas de seus clientes, ou seja, espectadores.
Manipular emoções é sempre um agravante em cinema sério. Mais ainda quando não há necessidade disso. A história do cão fiel basta em si para comover. É preciso ver o que fizeram no original os cineastas japoneses Kaneto Shindo e Seijirô Kôyama para ter uma idéia de como foi construída a narrativa evidenciando o processo de fidelidade que une um cão ao seu dono.
Lasse Hallstrom deu sua versão desse sentimento, mas enfatizou o drama com as cores recorrentes do cinema digerível.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A PRINCESA E O SAPO










Um crítico e, também, historiador de cinema disse certa vez, a propósito de temas mal explorados em roteiro & edição, que “de boas idéias o inferno está cheio”. Inferno, no caso, é o desperdício de material muitas vezes precioso, assuntos que renderiam muito bem em outras mãos ou condições. Penso assim diante da nova animação da Disney, corajosamente rodada em 2D, ou seja, na prancheta com desenhos dispostos à moda antiga: “A Princesa e o Sapo” (The Princess and the Frog/EUA,2009).
O enredo sobre uma garota pobre que deseja encontrar o seu príncipe encantado e depara com um sapo que se diz esse príncipe, ganha contornos originais em dois tempos: primeiro porque ela, ao beijar o sapo como diz a lenda na fórmula de desencantar o mancebo, transforma-se em sapo como ele. Depois, a história se passa em Nova Orleans dos anos 20, no auge da Era do Jazz. A mocinha, no caso, é afro americana. O príncipe é branco. Uma figura aristocrata é loura e coadjuvante “sem trono”.
Todos os tipos e situações são embalados pelo ritmo que deu fama à região. Com ironia e subvertendo em parte os contos de fadas, a história caminha naturalmente para o “happy end” com o cuidado de esvaziar qualquer preconceito. Até com referência aos animais.
O romance da mocinha garçonete e independente e o sapo da lagoa, ajudado por um crocodilo e um vaga-lume, ganha uma edição frenética de Jeff Drahein e os traços verticais de uma equipe que vem trabalhando na empresa do Mickey desde que os “9 velhos”, ou seja, os desenhistas pioneiros do estúdio, se aposentaram (hoje não deve existir mais nenhum). É só comparar os bonecos com aqueles edificados por Hal Ambro ou animados por Donald Halliday sob a direção de Clyde Geronimi, Wilfred Jackson e Hamilton Luske em “Cinderella” (1950). O traço era redondo, mais anatômico, as figuras, até dos animais, pareciam simpáticas na medida em que copiavam de perto as reais, e a montagem era linear, seguindo o compasso de um a trilha sonora romântica como pedia o tema. Agora tudo isso é subvertido. Os desenhistas desejam que as figuras fujam totalmente do realismo e a animação siga os videogames. Investe-se na sedução da nova geração. Em todo caso, é correto dizer que esse processo procura revitalizar e expressar as velhas tramas de princesas, mesmo sem “sangue azul” e príncipes que podem estar ou não encantados, usando personagens que traduzem o “politicamente correto” em termos de diversidade, tema atual em todos os cenários.
A música segue o ritmo de Nova Orleans dando margem até ao “mardi-gras”, ou seja, o carnaval de lá. É oportuna, mas perde muito na dublagem para o português.
O filme vai bem nas bilheterias norte-americanas. Afinal, quem paga ingresso é quem se criou vendo desenhos depois de “A Pequena Sereia”, de Clemens & Luske.
Cotação: Razoável (**)

REGISTRO

Estão chegando listas dos melhores filmes dos leitores deste espaço. Nelson Jonsthon já mandou a sua, assim como o Orlando Sergio, o Jeison Guimarães, o Thiago Carneiro, Edyr e Waleska Falcão e outros, usando meu email. Mas espero receber um maior número para poder contabilizar a todos, numa promoção que já ultrapassou os 30 anos. Vou dar uma margem maior de recepção dessas listas até o dia 10/01.

domingo, 3 de janeiro de 2010

OS VIDEOS ESPERADOS PARA 2010










Ano novo, novas perspectivas. É o que se pensa do cinema em suas diversas formas de apresentação (além de produção). Isto implica não só em tecnologia, com o blue-ray chegando a um preço mais popular. Implica também na chegada ao mercado nacional de filmes que o público aplaudiu em diversas épocas e que ainda permanecem esquecidos das empresas de vídeo. Para se ter uma idéia, há pacotes de cópias desses filmes privilegiando o trabalho de cineastas & produtores e alcançam o mercado norte-americano e europeu, mas passam ao largo do Brasil. Há alguns anos, a titulo de exemplo, a Warner lançou todos os filmes de terror da série Val Lewton, as chamadas B-Pictures que marcaram os anos 1940 e impulsionaram carreiras como a do editor Robert Wise e seu colega Mark Robson. Desse bloco só foram editados, através de distribuidores nacionais: “Sangue de Pantera”, “O Homem Leopardo” e, agora, fora do gênero, “Mademoiselle Fifi”. Restam obras meritórias como: “A Morta Viva”, “A Maldição do Sangue de Pantera” (estréia de Robert Wise na direção), “O Túmulo Vazio”, e outros.
De lembrança cito alguns títulos que têm sido solicitados, por muitas pessoas, aos críticos de cinema: “Cabaré”, de Bob Fosse (copiado em fita VHS), “Um Lugar ao Sol” (A Place in the Sun), de George Stevens (outro lançado em VHS), “Tarde Demais” (The Heiress) de William Wyler (inédito em qualquer forma de vídeo doméstico nacional), “O Incrível Homem que Encolheu” (The Incridible Shiring Man) de Jack Arnold, obra-prima da ficção-cientifica que também não chegou a ser editada em VHS. O meu filme preferido “A Velha Dama Indigna” (La Vielle Damme Indigne) de René Allio, também está inédito em telinha (até em emissora de televisão), como também “Isadora”, de Karel Reisz, com Vanessa Redgrave em seu melhor desempenho no cinema.
Outros inéditos em DVD, embora fossem copiados em VHS:“Todas as Noites às Nove”(Our Mother’s House), um drama que focaliza crianças incapazes de sepultar a mãe, tentando manter o corpo dentro de casa, preocupadas em serem removidas para o serviço social, uma das melhores realizações de Jack Clayton (de “Os Inocentes”); “A Voz da Lua” (La Vocci de la Luna), o último filme de Federico Fellini; os documentários “That’s Enterteinment” (Era Uma Vez em Hollywood), bem recebidos em fita magnética e vendidos em um estojo especial.
Muitos mais títulos devem surgir na memória de diversos espectadores, dependendo da receptividade que o filme teve sobre cada um.
O que tem sido uma prática regular é a circulação em DVD da produção recente. No caso de Belém, onde muitos filmes não chegam a ser lançados pela exigüidade de cópias, o mercado de vídeo abriga um lote expressivo de inéditos. Há até mesmo produções que não chegaram a ser importadas, ou que se restringiram a exibição em festivais. Nesse grupo, posso citar: “A Fita Branca”, vencedor da Palma de Ouro em Cannes este ano; “Deixe Ela Entrar”, uma revisão dos vampiros tradicionais a deixar longe esses românticos em moda através da escritora americana Stephanie Meyer; “Adoração”, de Atom Eygon, produção canadense premiada, e tantos outros títulos que receberam críticas elogios mundo afora nos diversos sites ligados a cinema.
E não se diga que são inéditos apenas filmes que a critica potencialmente elogia. “Deixa Ela Entrar”, por exemplo, tem um potencial popular imenso.
De qualquer forma merecem elogios os distribuidores que chegaram a editar títulos marcantes e de alguma forma ligados à história da cinematografia mundial. Empresas como a Versátil, a Cinemax, a ClassicLine”, a Platina, estão recuperando obras raras. Isto é muito bom e vai ajudando a juventude a conhecer o cinema que se realizava há algumas décadas e que deixaram significativa contribuição para a linguagem.
Aproveitando o inicio do ano, quero registrar meu agradecimento aos leitores e leitoras que fizeram de Panorama sua referência para escolha de um programa de cinema. Espero que neste ano possamos continuar a caminhada iniciada em 1972.
Um bom ano para todos nós.