domingo, 28 de agosto de 2011

A VEZ DOS BICHOS




Dois lançamentos nas salas comerciais de cinema exaltam os animais: “Planeta dos Macacos, A Origem” e “O Rei Leão 3D”. Este último ganha foro de estréia, pois a Disney (produtora) divulga novidades além do efeito tridimensional.

Na área extra exibe-se o documentário “A Nossa História” de Ricardo Gomes sobre dois missionários suecos na Amazônia de 1910. No Olympia, como parte do programadas comemorações do centenário da Assembléia de Deus.

Continua até domingo, no Cine Estação, “Gainsbourg: O Homem que Amava as Mulheres”, filme francês dirigido por Joann Sfar. Sessões ás 18 e 20,30 e no domingo também às 10 h.

“Planeta dos Macacos, A Origem”(Rise of the Planet of the Apes/EUA, 2011) esforça-se no roteiro de Rick Jaffa e Amanda Silver para explicar como os símios ficaram inteligentes e dominaram o mundo em futuro distante a ponto de surpreender osastronautas perdidos no tempo/espaço quando no primeiro filme da série (em1968). Aqui, um cientista, Will Rodman (James Franco, ator que foi candidato aoOscar este ano por “172 Horas”) trabalha uma fórmula de restaurar neurônios e com isso curar o Mal de Alzheimer tendo como foco a doença de seu pai. Experimentando em macacos ele consegue fazer que os animais entendam certas coisas e até mesmo esbocem palavras. O processo é interrompido na área oficial, mas o cientista continua e, de um casal de macacos que ele trata, nasce Ceasar, afinal o pioneiro na luta da espécie pela supremacia mundial.

O filme é bem dirigido por Rupert Wyatt e tem no elenco a atriz indiana Freida Pinto que protagonizou a garota em “Quem quer ser um Milionário?”. É curioso, alias, que a jovem que Woody Allen levou para Hollywood com o seu “Você Vai Conhecer o Homem de Seus Sonhos”, ganhe papel num blockbuster contracenando com o ator que trabalhou antes com Danny Boyle o diretor inglês de “Quem quer ser....”

O ator que protagoniza Ceasar, o macaco (Andy Serkis) é um especialista em tipos de grande maquilagem. Foi ele quem interpretou o King Kong de Peter Jackson (2005). Já esteve devidamente escondido pela maquilagem em cerca de 78 títulos para cinema e TV.

“Amor à TodaProva”(Crazy, Stupid,Love/EUA,2011) é uma comédia romântica dirigida por Dan Fagelman com Steve Carrell, protagonizando o bom moço que descobre a traição de sua esposa e logo o pedido de divórcio. Acomodado numa vida pacata ele tem de enfrentar um novo cenário para reconquistar sua auto-estima. Roteiro de Dan Fodelman. O filme está em décimo lugar dos mais vistos nos EUA este mês (foto).

“O Rei Leão”(The Lion King/EUA,1994) ganha reprise em 3D. O lançamento internacional prende-se à estimativa da Disney em novo sucesso de público depois da história de 18 autores além de 4 roteiristas e 8 adaptadores ter feito sucesso na Broadway e ganhar “pole position” em DVD do gênero.

Ofilme foi dirigido por Roger Allers e Rob Minkoff e trata de um pequeno filhote de leão que herda o “trono” da selva, para isso enfrentando uma série de perigos.

Desde o seu lançamento houve quem achasse analogia com “Bambi”(1942) um dos melhores desenhos não só da Disney como de qualquer empresa norte-americana especializada no tipo de cinema. Há o problema da família, da morte de um membro, embora não se compare ao drama da mãe do pequeno cervo que é morta por um caçador (afinal uma das seqüências mais pungentes de toda a história docinema).

ORei Leão 3D” será lançado em cópias dubladas e nas salas equipadas para a projeção tridimensional.

FILME SEM CLASSE


















O melhor de “Professora sem Classe” (BadTeacher/EUA,2001) é o titulo dado no Brasil, sintetizando de forma crítica o trabalho do diretor Jake Kasdan (filho do bom cineasta Lawrence Kasdan de “O Reencontro”, “Silverado” etc). Sem classe não é só a professora, tipo vivido em caricatura por Cameron Diaz, mas o próprio filme. Contando as peripécias de uma jovem mal humorada desde que se separou do namorado e passa a exibir, no colégio onde trabalha, recalques que fazem de vitimas colegas e alunos/as, o roteiro mostra-se sensível às más ações, forçando a idéia de que é ainda presente essa versão de extrair dos filmes “heróis” e “vilões”.

O enredo trata de Elizabeth, jovem descontraída e irreverente professora de uma escola púbica, que faz qualquer coisa para manter suas próprias manias, sem que receba nenhuma repreensão da direção, mas sendo alvo da inveja de uma colega e da simpatia de seus demais colegas, sobressaindo um instrutor de educação física. Para se manter no emprego ela consegue de forma fraudulenta o acesso a um formulário de provas e assim repassa à sua turma que se sai muito bem no final do ano. Com isso, pretende ser não só mantida no emprego como promovida. Mas os seus planos esbarram na colega invejosa que denuncia os fatos. Isso não retoca o filme de um halo maniqueísta. A colega é pintada de tal antipatia que o espectador torce para que ela, sim, seja a punida e não a expansiva, desbocada, alcoólatra e matreira Elizabeth.

A relatividade entre quem é “mocinha” e quem é “bandida” lembra a recente animação “Megamente”. A diferença capital é que o desenho dirigido por Tom McGrath para a DreamWorks é criativo e mostra que o malvado na verdade é um frustrado que pode reverter a sua posição e acabar sendo o herói da história. Em “Professora sem Classe”, o comportamento do tipo principal tenta fazer comédia com a crescente vilania. E só faz ganhar com isso.

Cameron Diaz é uma atriz simpática que vem fazendo carreira em comédias (Quem Vai Ficarcom Mary?”, “As Panteras”,”Quero se JohnMalkovich”, “Tudo Para Ficar com Ele” ). Recentemente quis mudar essa cara e incorporou o tipo da companheira de Tom Cruise numa aventura sem pé nem cabeça: “Encontro Explosivo”. Foi um dos maiores fracassos de sua carreira. A volta ao gênero em que se dá bem parece que foi recompensada financeiramente (o filme esteve no“Box Office” entre os 10 mais nas bilheterias por várias semanas). Mas o peso artístico certamente é negativo.

Jake Kasdan já realizou muitos filmes, especialmente para a TV, mas por aqui só chegou “Efeito Zero” (Zero Effect/1998), arremedo de “film noir”. Os roteiristas Gene Stupnistsky (candidato a Emmy, o prêmio de TV) e Lee Eisenberg (também candidato a prêmio de televisão), fizeram o “trabalho de casa” aconselhados pela produção. “Professora sem Classe” (Mad Teacher) objetivou faturar fácil. Não há nada a salientar no artesanato como não há nada a ver além do que as imagens mostram com galhofa. Personagens como o diretor da escola, a professora gordinha e compreensiva, a colega maldosa, o docente ingênuo que usa óculos e mostra-se bobalhão até com relação ao sexo, todos são clichês dos piores exemplares do gênero. E se o argumento considerar o enredo como um fato, ou fatos, que podem ocorrer numa escola de ensino médio dos EUA, o absurdo chega a justificar o adjetivo dado por um critico do país: “estúpido”.

As comédias ditas românticas que hoje disputam espaço nas telas dos cinemas com os blockbusters baseados em quadrinhos reforçam a idéia de que um “Árvore da Vida” é a quarta folha de um trevo ou a pérola encontrada no interior de uma entre muitas ostras.

FILMANDO EM SUPER 8





A bitola Super 8 (mm) surgiu após a tecnologia 8 mm, simplesmente, e fez sucesso com os amadores nos anos 60/70/80. O tipo de filme captura o tema da produção de Steven Spielberg dirigida por JJ Abrams ora em cartaz: “Super 8”(EUA, 2011). No argumento e roteiro do próprio Abrams (de “Lost”) adolescentes filmam uma ficção em Super 8mm numa estação ferroviária. Na hora da filmagem um trem que passa por perto sofre um terrível desastre ao se chocar com um carro que parecia ter sido propositadamente colocado na frente da locomotiva. Os garotos (há uma menina entre eles, a “estrela” do filme em realização) escapam de morrer, correndo para longe do choque e deixando a câmera (ligada) no local. Depois eles sabem, pelo que foi gravado, que uma estranha criatura surgiu sobre os destroços do trem. E mais: o carro que se chocou foi dirigido por um professor da escola onde eles estudavam.

Abrams tem 45 anos. Spielberg 65. O segundo, mais do que o primeiro, viveu a moda do Super 8 e sempre se mostrou fã de ficção-cientifica (dele “ET” e “Contatos Imediatos do 3°Grau”). Mas o colega, vinte anos mais novo, também é aficionado do gênero (a série de TV famosa, “Lost” e longas como “Missão Impossível 3” e “Star Trek”) .Eles homenagearam o que viam e gostavam com uma história típica de sua juventude.

O enredo é absolutamente implausível. Quem for procurar lógica nos acontecimentos vai achar um tremendo abbsurdo. Mas nos 70 isso era o alimento preferido da imaginação dos “teens”. Uma nave caíra no deserto, a exemplo do fenômeno Roswell (um ovni que teria sido achado e seus tripulantes levados para estudos em base militar). No caso da pequena cidade do filme de Abrams, sabe-se que o exército está vasculhando espaços, avaliando os destroços do trem sem dar chance à policia municipal. Ele chega a incendiar os limites da cidade, provocando a evacuação dos habitantes, jogando a culpa num acidente. Mas os pequenos cinegrafistas amadores e suas estratégias particulares tendem a encontrar o ET caussador de toda a confusão. E realmente a narrativa do filme é multifacetada. Essa é a maior diferença de “Super 8” em relação aos exemplares de sci-fi antigos onde/quando o modo de tratamento narrativo do enredo era extremamente linear.

A novidade evidente me pareceu o comportamento do pequeno herói, Joe Lamb (Joel Courtney) que enfrenta o volumoso visitante do espaço cara a cara e consegue sensibilizá-lo. Nesse modo de pintar o personagem, os autores frisam a homenagem a eles próprios, aos pequenos fãs que se sentiam como astronautas ou descendentes dos tipos de quadrinhos como Flash Gordon .

Como cinema, o “retrô” voluntário abdica de condições mais coerentes com a época da ação e das produções por ele lembradas. O ritmo que deseja ser trepidante, com os meninos sempre correndo ora do perigo, ora como investigadores dos fatos, acaba cansando. Não há o preparo para o clímax. Nem se define perfeitamente certos detalhes como o papel do pai de Joe em relação ao pai de Alice (Ella Faningan, irmã de Dakota, uma revelação de atriz), como se precipita a conclusão amigável (o esperado “happy end”). Tampouco há embasamento na pintura do gigantesco ET. Como ele chegou à Terra, o que desejou fazer, como se portaria se fosse um invasor já que não lhe foi difícil decolar de volta a seu planeta, enfim, pequenas ligações que consubstanciam a trama. O que há é um esforço de direção de arte e elenco. E, como de hábito, os efeitos digitais, no caso, distantes do que se via há 40 anos.

Creio que os pais dos que hoje não perdem ficção do tipo vão lembrar seus anos verdes e gostar até muito mais do que os filhos. Se o objetivo era este, Abrams foi bem.

RIBEIRINHOS DO ASFALTO


Os nossos rios e matas, as canoas que cortam essa vias de acesso, o povo que vive na margem com a simplicidade modulando sua rotina, tudo é fotogênico e ganha o foro de poesia. Esse cenário já foi visto em diversos filmes nacionais e estrangeiros, longos ou curtos. E volta às nossas telas, grandes e pequenas, em “Ribeirinhos do Asfalto” o novo trabalho da Jorame (Jorane Castro que eu vi crescer apaixonando-se pelo cinema). O curta trata de Daisy (Ana Leticia Cardoso), garota que mora na Ilha do Combu, desejosa de estudar na cidade grande (Belém). O pai se opõe. Mas a mãe (Dira Paes) acompanha a menina numa viagem de barco à capital do Estado, pensando em se abrigar na casa de uma parenta moradora do bairro da Cidade Nova. Desconhecendo a cidade, passam pelo Ver o Peso, tomam um ônibus que não as transporta para o destino objetivado, caminham com a indicação de outrem até a casa que procuram. Mas ainda aí há problemas e o final dessa aventura dos ribeirinhos no asfalto supõe-se reticente (e assim foi achado no Festival de Gramado), mas revela, sem delongas, a força da cabocla paraense, da mãe que não esmorece e vai contra o conformismo do marido, oferecendo à filha a oportunidade do que lhe parece uma vida melhor através da instrução.

Essa jornada iniciada desde a casa dos pequenos agricultores em Combu, demonstra a luta de uma familia, constantes as variáveis apresentadas ( precariedade de sobrevivência, aspirações pela melhoria de vida na cidade grande) e ainda hoje se determinam através desses anseios em busca de apresentar aos filhos/as uma suposta “vida melhor”. Aspirações “casadas” ( de mãe e filha, no caso) criam estratégias para supor que um “novo destino” será traçado com essa iniciativa. E é isso o que o pessoal de Gramado não deve ter reconhecido ao confundir o final do filme de Jorane como de reticências. É que a diretora não dá final nenhum para que se reconheça que houve happy ou bad end.

Quem já analisou esses casos reais no Pará e já leu certos finais de histórias em que essas tramas são articuladas como a definição da vida escolar e o “progresso” para essas crianças ribeirinhas (ou não) trazidas para “estudar na casa de parentes ou “dadas” para famílias em troca de a garota (principalmente) frequentar a escola e realizar pequenos serviços caseiros, reconhece que a prática será bem diferente do sonho das familias interioranas crentes numa mudança para o sucesso dos filhos e filhas. Temos casos concretos de onde foram parar essas meninas e/ou que tratamento recebem na “casa dos outros”. Senti, através das imagens do filme, os dramas que conhecemos através da imprensa. Como da garota Marielma Silva, 11 anos, babá numa casa de família em troca de “estudos”, em Belém, e morreu de espancamentos e até estupros sofreu. Como a de outra que denunciou o tratamento de certo parlamentar hoje com prisão preventiva ou sei lá como está esse caso.

Assim, o importante foi Jorane deixar aberto o final dessa história, uma aventura a mais dos que, como os ribeirinhos, carecem de ter cidadania digna pelo menos nos estudos.

Dira está excelente como a “mãe coragem” deste filme que apesar de pequeno diz muito do papel da mulher em uma sociedade e tempo. E Ana Letícia, que faz teatro, convence plenamente nas sequencias & planos que lhe pedem expressões bem especificas.

No filme também está a Belém de alguns espaços já mostrados nas telas, e outros inéditos. A Cidade Nova, a garagem dos ônibus, um espaço que realmente é uma Belém que se estende, saindo dos limites explorados por gravações dramáticas ou turísticas, isso tudo chega sem desviar o enfoque da ficção dramática. E as falas são econômicas, mas precisas. Não há nada discursivo a apontar agruras num relacionamento, mas tensão sobre certa maneira de olhar o progresso de um filho ou filha que não encontra mais nada no lugar onde moram. Fala-se o bastante com as imagens jogadas com a necessária síntese que pede um filme de poucos minutos.

Sinceramente gostei de “Ribeirinhos do Asfalto”. Não esgota, obviamente, um assunto que pede densidade desde a sua origem sócio-geográfica. Mas é um caminho para se alcançar, num longa-metragem, essa pintura do povo que vive na margem (e à margem) dos rios/igarapés. Mostra que esse povo tem seus sonhos e não aceita reproduzir a vida que leva aos filhos/as que gera. Trata-se de um horizonte ampliado, pois, assim como os ribeirinhos paraenses aspiram afastar-se de uma vida precária onde o celeiro da natureza lhes dá o suficiente para negociar o passadio (o cultivo de plantas, o açai, o pescado), os moradores de outras regiões, a exemplo, os nordestinos, também têm a antevisão de uma melhoria de vida ao sair da caatinga nem que seja para a periferia das grandes cidades.

“Ribeirinhos...”ganhou em Gramado os prêmios de atriz (Dira Paes) e direção de arte (Rui Santa-Helena). Um gol do cinema paraense.

TROCA DE TELAS





É certo que um dos meios de combater a pirataria é diminuir a janela entre os lançamentos dos filmes nos cinemas e no DVD. Por isso, muitos títulos exibidos recentemente nas telas grandes podem ser encontrados agora nas locadoras de vídeo. Nos próximos dias a FoxVideo já deve ter lançado “Água Para Elefante”, Em Um Mundo Melhor”, “Biutiful”, “Sucker Punch, Mundo Surreal”, “Padre”, “Reencontrando a Felicidade”, “Sexo sem Compromisso”e “Pânico 4!.

“Água Para Elefante”( Water for Elephants, EUA, 2011) trouxe a linha melodramática dos anos 40 na história de um estudante de veterinária que não termina o curso depois que seus pais morrem em um acidente, empregando-se num circo como se já fosse veterinário. O trabalho é interrompido pelo romance com a esposa do dono do estabelecimento e o gênio violento do marido traído. Robert Pattinson, ator revelado na série “Crepúsculo”, protagoniza o principal papel, contracenando com Reese Whiterspoon e com o coadjuvante dono do Oscar por “Bastardos Inglórios”, Christoph Waltz. O filme não fez muito sucesso nas telas grandes internacionais, mas tem chance de boa vendagem no cinema caseiro.

“Em Um Mundo Melhor”(Haevnen, Dinamarca, Suecia, 2010) está entre os bons filmes exibidos em Belém este ano. Ganhou o Oscar de película estrangeira e trata de dois meninos, colegas de colégio, e de seus pais com histórias dramáticas, um odiado pelo filho por ter praticado a eutanásia na mãe, e o outro exemplificando a capacidade de perdoar e de ajudar o próximo, sendo médico de campanha numa região de conflitos e extremamente miserável da África. A direção é de Susanne Bier. (foto)

“Biutiful” ( Máxuxo, Espanha, 2010) foi exibido no Cine Libero Luxardo. Pelo seu papel de doente terminal com pendor mediúnico (fala com os mortos) e vendedor de produtos ilegais JavierBardem foi candidato ao Oscar deste ano. O diretor Alejandro Gonzalez Iñaritu ganhou fama com “Amores Brutos” e “Babel”.

“SuckerPunch- Mundo Surreal” (Sucher Punch, EUA, 2011) trata de uma jovem a quem o pai interna num sanatório para que lhe façam lobotomia. Mas a moça aprende que seu refugio está na própria mente e cria um mundo paralelo onde atua como uma super-heroina. Experiência curiosa de Zack Snyder com Emily Browning encabeçando o elenco.

“Padre” (Priest, EUA, 2011) é um filme de ação e terror dirigido por Scott Charles Stewart focalizando a luta de seres humanos contra vampiros (os descendentes de Drácula estão em moda atualmente).

“Reencontrando a Felicidade” (Rabbit Hole, EUA, 201) é a primeira produção da empresa da atriz Nicole Kidman. No filme, ela interpreta a personagem da mãe que perde o filho atropelado e não se conforma com a fatalidade até encontrar no atropelador, jovem desenhista, um mundo de fantasia por onde possa adentrar salvando a si e a seu casamento. Um bom filme de John Cameron Mitchell.

“Sexo sem Compromisso”(No Strings Attached, EUA, 2011) figura entre as pornochanchadas que escondem o rótulo de comédia romântica. Natalie Portman, que seria a dona do Oscar do ano por “Cisne Negro”, aceitou o papel antes de ganhar o prêmio. Não aceitaria se fosse depois. Ela protagoniza a médica que corresponde a um jovem amargurado por ter perdido a namorada para seu próprio pai e que o aconselha a um tipo de relacionamento à prova de traumas: encontram-se apenas para fazer sexo ou o chamado sexo casual. O diretor é o veterano Ivan Reitman.

“Pânico 4” ( Scream 4, EUA, 2011) traz de volta o diretor Wes Craven ao gênero que o projetou. O enredo trata de uma estrela da série de terror que volta à sua cidade natal e reencontra o tipo dos filmes que lhe deram fama. Esse exemplar é melhor do que os anteriores, fazendo uma espécie de autocrítica relacionando os clichês dos demais.

DVDSMAIS LOCADOS (FOXVIDEO)

1. Sexo sem Compromisso

2. Caminho da Liberdade

3. SuckerPunch - Mundo Surreal

4. O Ritual

5. Blitz

6. Não Me Abandone Jamais

7. Sem Limites

8. Vips

9. A Informante

10. Sobrenatural

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Mostra 25 Anos do Cine Líbero Luxardo





Recebi:

Ao longo destes 25 anos, o Cine Líbero Luxardo tentou proporcionar aos seusfreqüentadores a oportunidade de assistir filmes que não tem espaço no circuitocomercial, e fez isso sem preconceitos. Do cult ao maldito, o Líbero abriu suasportas e emprestou sua tela pra que todos pudessem viver a magia do cinema. Além disso, o Líbero fez parcerias importantes. Exibiu mostras, festivais, deuespaço ao cinema regional, enfim, se fez presente. Por isso, é com muitasatisfação que anunciamos uma programação especial em comemoração a esses 25anos! O carro-chefe será a SessãoVencedores, onde re-exibiremos os cinco (5) filmes mais votados pelo públicopor meio de enquete, de quarta a domingo sempre às 19 horas. Mas, como cinco(5) é pouco pra tanta história, abrimos espaço também a três (3) filmes queforam bem votados, mas que não ficaram entre os vencedores, com a SessãoRepescagem que será de quarta a sexta, sempre às 16h. No mais, teremos Sessões Bônus dedois (2) dos nossos mais significativos projetos: A Sessão Cult e a SessãoMaldita. A Maldita será na sexta (19) às 21 horas e a Cult, como sempre, nosábado (20) às 16h.
No domingo (21) a programação deencerramento começa às 18 horas, com a Sessão Pré-estreia com a exibição docurta "Ribeirinhos doAsfalto", da cineasta paraense Jorane Castro, que ganhou oprêmio de melhor atriz (Dira Paes) na categoria Curta Metragem, no Festival deGramado de 2011,e éclaro, com a exibição do grande vencedor.
Em tempo, agradecemos a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste projeto, atravésde votação, sugestões, críticas, elogios, divulgação e, em especial, pelasinestimáveis manifestações de carinho para com este importante espaço cultural.

Abaixo, confira os títulos que serão exibidos e prestigiem!

PROGRAMAÇÃO 25 ANOS DO CINE LÍBEROLUXARDO

SESSÃO REPESCAGEM – 16h

QUARTA - 8º lugar – Lavoura Arcaica - Luiz FernandoCarvalho. (BR. 2001)

QUINTA -7º lugar – O Homem que amava as mulheres -François Truffaut. (FR. 1977)

SEXTA - 6º lugar – A Doce Vida –Federico Fellini (FR/IT 1960)


Sessão Vencedores – 19h

QUARTA - 5º lugar - Bastardos Inglórios - QuentinTarantino. (EUA. 2009)

QUINTA - 4º lugar - Piaf - Um Hino ao Amor - OlivierDahan. (REP TCHE, FR, RU. 2007)

SEXTA - 3º lugar – A Tortura do Medo - Michael Powell.(RU, 1960)

SÁBADO - 2º lugar – Arca Russa - Aleksandr Sokurov. (RUS.2002)

DOMINGO - 1º lugar – Sangue Negro - PaulThomas Anderson. (EUA, 2007)


Sessões Bônus

SEXTA - 21h – Sessão Maldita - “Um Lagarto com Pele de Mulher” - LUCIO FULCI. (ITA. 1971)

SÁBADO - 16h – Sessão Cult - “O homem que não vendeu sua alma” - Fred Zinnemann. (ING. 1966)

SESSÃO PRÉ-ESTREIA

DOMINGO - às 18h - Pré–estreia do curta“Ribeirinhos do Asfalto”, de Jorane Castro.

Onde: Cine Líbero Luxardo, Av. Gentil Bittencourt, 650, Térreo - CENTUR
Quando: 17 a 21 de agosto, quarta a domingo. (checar horários)
Quanto: Entrada Franca (Os ingressos serão distribuídos gratuitamente uma hora antes das sessões, respeitando a lotação do espaço).

Dispomos de 86 lugares em platéia e 04 espaços especiais para cadeirantes

Inf: 3202 4321 / cinelibero@gmail.com

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

EM DEBATE: A ÁRVORE DA VIDA







UMA ÁRVORE DE GALHOS UNIVERSAIS

Luzia Miranda Álvares

Na antevisão da origem da matéria, desde a Grécia Antiga, com presença forte no Ocidente, a teoria dos quatro elementos – agua, terra, fogo e ar – atribuindo-se ora a um ora a outro os estados de mutação dessa matéria, dispõe sobre os processos da existência onde a vida e a morte são/estão energias que constróem o universo.

Dessa perspectiva, Terrence Malick elabora sua visão de mundo na conexão entre a natureza e a graça (a primeira idéia que ele traça quando mostra o nascimento de uma criança e seu processo de crescimento) ao explorar, em “A Árvore da Vida” (The Tree of Life, EUA, 2011), a amplitude do universo onde a força da primeira (natureza) é, ao mesmo tempo, bela e também feroz, é explosiva e também mansa, é multicolorida e ao mesmo sem cor, é fonte de amor, mas também fonte de ódio. Essas emblemáticas imagens vagueiam numa plasticidade exuberante e encontram, no que ele projeta como o dom da graça, a dádiva da vida concedida aos seres vivos com grande significado para a conexão com o amor que é o sentimento único que ele supõe para encontrar maneiras de chegar à felicidade.

São expressões aparentemente vagas para alguns, mas representam a grande ternura que o diretor demonstra para elaborar sua maneira de contemplar os que estão diante da descoberta existencial. Como as leis do universo repercutem no processo autoritário de um pai que mantém a familia sob violenta pressão e exige que seus filhos o amem? Onde a relação entre a criação do universo e a presença dos quatro elementos com aquela familia que se constrói, cria hábitos, afetos, dinâmicas próprias para enfrentar as crises e se vê, em certo momento, diante da morte de um deles? E as perdas materiais, profissionais, o crescimento dos filhos e de seus novos desejos, suas premissas extraidas do cotidiano familiar, como será no futuro? A assepsia da nova vida de um deles, na maturidade sem cor, com altissimo elan no individualismo vertical dos edifícios e das paredes lisas e vidros transparentes mostrando todos em caminhadas. Para onde?

Chega o momento do encontro e a praia ou o lugar da água, da terra, do ar, se transformam no fogo interno da energia que energiza quem se ama. A familia se reencontra. O mundo está mais próximo, eles estão felizes.

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CINEMA SENSORIAL

Pedro Veriano

Há um provérbio hindu que traduz a realização da vida de um homem pelo plantar de uma árvore, escrever um livro e gerar um filho. A família O’Brien de “A Árvore da Vida”, no enfoque do patriarca (Brad Pitt), estaria realizada se ele conseguisse ser um musico, como desejou na adolescência. Não conseguiu por questões financeiras e o emprego adquirido é por ele mencionado como o do naval que trabalha na construção de um navio mas não vê quando este navio chega ao mar. Instável, o emprego pode acabar. E a arrogância adquirida na educação da primeira metade do século XX gera certas animosidades, em especial em um dos 3 filhos.

Mas “A Árvore da Vida”(The Tree of Life), filme de Terrence Malick com fortes raízes biográficas, não conta a história de Mr. O’Brien nem de sua mulher(Jessica Chastain), nem dos rebentos(todos homens). No máximo retrata o que o autoritarismo causa no primogênito para onde tudo é exigido. O que o filme quer dizer é o que pode fazer sentir. O cineasta procura uma assertiva cientificamente correta: a sensibilidade independe da racionalização. Não se racionaliza qualquer sentimento. E o amor é o que constrói, guardado como o elemento mais próximo da perfeição que os seres vivos adquiriram na história da evolução das espécies.

A espécie de prólogo com imagens que se pode achar uma com concepção do “big bang” (a explosão inicial que gerou o universo), passando pelas primeiras células e animais aquáticos, ganha corpo com a percepção darwniana de que sobrevivem os mais fortes (um animal pré-histórico pisa na cabeça de outro) e ao chegar ao ser humano escora na constituição do núcleo familiar e tenta dimensionar o quanto este é abalado quando perde um membro.

Não interessa quem dos 3 filhos dos O’Brien morreu aos 19 anos. Percebe-se por flash-backs econômicos (pelo menos na montagem que ficou para os cinemas comuns) que não foi o mais velho, Jack (Sean Penn). Ele é visto adulto, cercado de prédios, de linhas retas que se tocam formando diversas estruturas que esmagam a sensibilidade, fugindo, quando pode, ou acha que pode (ao falar de amor a alguém), para bosques e rios, pedras e relvas,deixando-se focar muitas vezes em contre-plongée a seguir as árvores gigantescas que dão a idéia de como a evolução galgou espaço no planeta.

Malick fez um poema corajoso na tradução por imagem. Não há uma cronologia de seqüências, o tempo desimporta como desimportam as definições de sentimentos ligados às recordações. Tudo o que se vê é para ser sentido, não necessariamente entendido. Se alguém quiser achar alguma influencia, ou inspiração, pode notar o “2001” de Kubrick, também uma abordagem na escala evolutiva. Mas ali se racionalizava a origem das espécies até chegar ao super-homem de Nietzsche, citando-se (até na musica de Richard Strauss) o “Assim Falou Zaratustra”(Also sprach Zaratustra) . Com Malick não há uma citação filosófica especifica. As imagens que lembram os filmes de Norman McLaren querem apenas chegar ao cérebro do espectador como estimulo à sensibilidade, quem sabe à produção de endorfina. Nesse ponto o novo filme diverge completamente de experimentalistas de cinema como Godard. Ali se racionaliza o desmontar da linguagem fílmica; aqui se lança esse desmonte como um recurso emotivo. Malick poderia mostrar outras pessoas em outras situações se quisesse ficar no impacto da analogia entre a engenharia do ser e a constatação de abandono quando este ser está sendo produzido. Mas ele mostra a família, o amor filial. E aí consubstancia a importância do amor, falada por um personagem durante a abordagem.

Um filme diferente. Talvez o que chega mais próximo do cinema anímico, da tradução por imagem do que “só o coração vê”.

Difícil encontrar exemplo mais criativo. (Pedro Veriano)


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O MÁGICO



Jacques Tati, o comediante-cineasta que imortalizou o tipo do cavalheiro desajeitado queusava chapéu de feltro, capa longa, guarda-chuva e um cachimbo, falando apenasao ser indagado para dizer seu nome – Hulot – faleceu em 1982, aos 75 anos, semrealizar tudo o que pretendia em termos de cinema. Aliás, Tati sofreu bastantequando seus filmes foram confiscados pela fonte credora por não ter conseguidopagar os custos de “Playtime - Vida Moderna” (1967), um sonho megalômano. Só nosúltimos anos de sua vida conseguiu rever seus trabalhos, mas ao se despedir como telefilme “Parada”, em 1974, deixavamuitas idéias nas gavetas. É dele o roteiro deste “Ilusionist” que a filhaSophie Tatlischeff negociou com o cineasta Sylvain Chomet para realizar este “OMágico” estreado em Belém no Cine Libero Luxardo.

O enredo reflete os sentimentos do autor. Um mágicosente a decadência. E não é só da criação de sua arte. A profissão doprestidigitador de teatro de variedades está desaparecendo. Vê-se, em umaseqüência, o tipo esperando, num teatro, que a platéia eufórica, aos gritos,deixe que se vá o conjunto de roqueiros disposto a monopolizar as atenções.Quando chega a sua vez, o artista deparacom uma senhora e uma criança na platéia. Compreende que ali não tem chance.Retira o seu cartaz da parede e ruma para Londres. No trem encontra uma senhorae uma criança e tenta brincar com a criança que, apesar da idade e do naturalespanto que possa ter diante dos truques, não se mostra interessada. Na Inglaterra,o meio também não é propíicio. Hospedando-se numa pensão barata torna-se amigoda camareira a quem ajuda e recebe alguma atenção. Mas o mercado para asmágicas torna-se cada vez pior. Noutra cidade, outro desastre. Acaba num bar,onde parece obter mais atenção. Mesmo assim não é o bastante e a ajuda que lhepresta um empresário dá-lhe chance em um teatro onde o próprio empresário équem estimula os aplausos de uma platéia minúscula.

O tipo que odesenhista (sim, o filme é uma animação realizada pelo criador do ótimo “AsBicicletas de Belleville”) elabora tem o perfil de Monsieur Hulot. Até naeconomia da voz. Sem chance profissional e no fim das contas sem a atenção dacamareira, que arranja namorado, ele vai seguindo um destino que mais pareceuma tentativa de viajar no tempo, de procurar o que no passado era julgado comodivertido, como original.

O filme époesia plena. Não há uma dinâmica que é comum nas animações de um modo geral.Mesmo em “Bicicleta de Belleville”. Aqui, Sylvain Chomet mostra a nostalgia deum passado que só ecoa no coração de quem viveu esse tempo. A grande mágica dopersonagem “tatiano” resta na sua postura em desafiar, sempre, os tropeçoscomerciais, a sobrevivência cada vez mais ciente de que é apenas isso: não háum número de mágica que tire novos coelhos do chapéu.

Amargo sim,mas um filme que fala ao coração. É umajusta homenagem a um artista como Tati, e esta homenagem se faz não apenas naconstrução do tipo principal da historia mas até em citações explicitas: há um momento em que o mágico entra numcinema que está exibindo “Meu Tio”(Mon Oncle) o clássico maior de Tati.

Em seus filmes, o tipo de Hulotnem chega a ter mocinha. Ou é um turista solitário (“As Férias do Sr,Hulot”/Les Vacances de M Hulot) ou um cunhado desastrado de um industrial (“MeuTio”) embora querido de seu sobrinho, ou um visitante de uma loja-modelo(Playtime), ou ainda um dirigente de trânsito(“Trafic”).Nunca um enamorado. E assim ele está em “L’Ilusionist” onde se esboça umromance que não se concretiza. Mesmo porque o filme não é sobre ganhos: é sobreperdas. Ganho, no caso, é para quem vai ao cinema. Uma obra-prima.


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

SOMBRAS E RUÍDOS



A surpresa do lançamento de uma produção uruguaia instigou o interesse em assistí-la muito mais do que a re-visão do hiper-heroi atual dos norte-americanos em fase de reabilitação da hegemonia mundial – o “Capitão América: O Primeiro Vingador” (2011) criado por Joe Simon e Jack Kirby em 1941e publicado pela Marvel Comics. Assim, fui assistir a “La Casa Muda”(ou “A Casa”/ Uruguai, 2010).

O filme não se furta a diversos “ruídos”. Dirigido e co-escrito por Gustavo Hernández tem o mérito de ter sido realizado inteiramente com câmera digital minúscula e quase todo em plano-sequência, ou seja, (supostamente) filmado de uma só vez sem corte (a rigor há apenas dois blocos inteiros).

O argumento baseia-se em um caso real: numa velha casa de campo foram encontrados numa manhã 3 cadáveres. O imóvel estava desocupado e o proprietário hospedara o casal Wilson (pai) e Laura (filha) para avaliá-lo haja vista que na manhã seguinte os trabalhos de restauração da casa iriam iniciar. O filme parte desse tema e começa com a contratação do casal. Nessa hora vê-se Laura (Florência Colucci) olhando pelas frestas das janelas cerradas e com tapumes. Em seguida, já dentro da casa, com a câmera acompanhando ora distante ora muito perto das personagens, surgem os momentos de tensão que a moça passa a viver. O pai (Gustavo Alonso) logo adormece e ela ouve ruídos que chegam do sobrado. Acorda-o para pesquisar o que está acontecendo. Ele não retorna. Ela o encontra ferido, caindo sem vida. A jovem percorre com um candeeiro, o andar superior. Vêem-se muitos livros em uma estante e algumas fotografias espalhadas. Mas os ruídos prosseguem. O fotografo Pedro Lugue faz um “tour de force” com as limitações artesanais procurando ângulos sugestivos. Há um plano de Laura no canto da tela e uma visão parcial (o que a iluminação consegue detalhar) do interior que espanta pelo fato de ter sido edificado num prosseguimento dos movimentos incessantes de câmera.

Imagens sombrias e ruídos vão alimentando o suspense da platéia. Mas isso em um longa-metragem, mesmo de apenas 78 minutos, inevitavelmente cansa. Há uma espécie de trégua quando Laura recebe a visita de Nestor (Abel Tripaldi), dono do imóvel, que chega de carro. Ela não quer voltar para dentro da casa, de onde havia saído ao ouvir que alguém chegava. Mas ele insiste na presença dela. Os acontecimentos se precipitam: Nestor é assassinado. Em alguns momentos surge em foco, num segundo plano, uma menina. As imagens de outras pessoas no pequeno espaço são rápidas. O objetivo do filme é manter o suspense na unidade de lugar e de elenco (só Laura em foco).

O final divide-se nos créditos que se baseiam nos acontecimentos reais e numa seqüência que surge depois dos últimos nomes de técnicos (do chamado “casting crew”). Não se deve revelar esta tomada. Mas tanto ela como outras posições do enredo são fantasiosas e não se sustentam na pretensão realista do enfoque. Começa com o fato da personagem aterrorizada não sair logo da casa. E as reticências sobre um quarto cheio de fotos, que o final tenta aludir dentro da tragédia acontecida realmente (sem convencer).

Mas não resta duvida de que o esforço dos uruguaios foi interessante. Exemplos próximos como “A Bruxa de Blair” são de outra origem formal. No caso de “A Bruxa...”são pretensos rolos de filmes deixados pelos estudantes perdidos na mata. Que não tomam conta de toda a projeção. Aqui, em “A Casa”, começa pelo uso de uma câmera digital que pode ser até a de um celular. Depois a opção pelo plano-sequencia. Exemplos ilustres no passado, com câmeras de 35mm foram “A Dama do Lago” de Robert Montgomery e “Festim Diabólico”(The Rope)de Alfred Hitchcock. Mesmo assim há recursos técnicos poderosos. O filme uruguaio veste-se de amadorismo. E cativa pelo desafio que foi realizá-lo, mesmo que fantasiasse esse desafio para vender melhor .

Ao que consta já está sendo preparado um remake norte-americano, com Laura Lau e Chris Kentis, protagonistas de "Mar Aberto".

CAPITÃO AMÉRICA

















O personagem criado por Joe Simon e Jack Kirby surgiu nos quadrinhos em março de 1941 como um combatente contra os planos ditatórias da Alemanha de Hitler. Os EUA entrariam na 2ª. Guerra Mundial (1939-1945) em dezembro desse ano (1941). Quer dizer: o herói apareceu quando a guerra ainda estava limitada aos europeus. E assim como Chaplin satirizou Hitler e Mussolini, o ditador italiano, no seu primeiro filme inteiramente falado, “O Grande Ditador”(1940), os desenhos foram precoces no seu quartel de defesa contra o nazi-fascismo.
Capitão América, um super-soldado, respondia como resultado de uma experiência físico-química efetuada no raquítico Steve Rogers, um rapaz que desejava ser convocado para servir nas forças armadas de seu país, mesmo tendo sido reprovado no exame de seleção. Steve conseguira entrar para um aprendizado militar por ter sensibilizado um instrutor, embora, na verdade, ele fosse considerado o tipo ideal para o experimento do cientista que enfim lhe deu o corpo de atleta.
Durante o período da guerra, o tipo se transformou em herói, vestindo-se com a bandeira e norte-americana, lutando contra inimigos alemães (principalmente) e só “descansou” quando foi assinado o armistício (em 1945). No cinema gerou um seriado em 1944 e 7 filmes ou series de TV. E adentrou nos gibis. A história passaria para o domínio da Marvel Comics e os autores explicaram que o Capitão America havia sido hibernado, caído em um avião experimental no gelo dos Alpes. A ressurreição veio em 1964 junto a vários “colegas” super-heróis conhecidos como “Vingadores”. Na revista “Tale of Suspense” o tipo passou a dividir espaço com o Homem de Ferro. E como este companheiro fez sucesso no cinema deste novo século, nada mais natural do que o então herói norte-americano por excelência surgisse também em um filme de alto custo, longo e tridimensional.
“Capitão America, o Primeiro Vingador” (Capitain America,The First Avenger/EUA,2011) , com direção de Joe Johnston e roteiro de Christopher Markus e Stephen McFeely, é mais um blockbuster inspirado nos quadrinhos. E vai às origens do personagem. Conta como ele surgiu, como lutou contra os nazistas, e como ficou preso no gelo por 70 anos. Os criadores da idéia pesaram as possibilidades comerciais da empreitada e ganharam com o isso. Já está em produção uma seqüência, tratando do Capitão America no mundo atual. O final deste nvo filme que está em cartaz e dá impulso para essa continuação.
Em termos de temática, dois fatos: o individualismo do herói, acima da corporação militar onde labuta e a necessidade de uma volta quando o inimigo pode ser bem diferente. Com os EUA atravessando uma crise econômica, um apelo patriótico é como um tônico. Depois há o novo vilão, o terrorismo. É possivel apostar que no filme a seguir quem vai enfrentar o mocinho extremamente americano é um aluno de Bin Laden.
Interessante observar que os quadrinhos optam sempre pela patente de capitão para seus tipos mais evidentes. E se exibem essa patente, quando podiam ser nomeados em categorias como a de major, coronel ou general, não obedecem a ordem unida dos quartéis. Esta independência militar pode ser entendida por rebeldia. Mas o que importa é que se trata de ídolos (Capitães America, Capitão Marvel etc). Como os gregos antigos que tinham os seus Hércules. Teseu e tantos outros. Os novos heróis formam uma mitologia apoiada na ficção-cientifica. E quem manipula as tramas sabe do valor que, especialmente a juventude dá aos tipos e enredos.
Como cinema nada a observar além de um artesanato competente em produto comercial. E que aproveita a tecnologia de projeção 3D para seqüências de efeito como o escudo jogado “para quem está na platéia” ou bolas de fogo que saem dos limites do quadro. Isso, naturalmente, é para dourar a pílula. O tema e o tipo, a partir de sua origem, merecem um estudo critico. As relações internacionais com certeza.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

INCERTEZAS




Scott McGehee e David Siegel são diretores novos que não se filiam aos estúdios majoritários norte-americanos. Desconheço seu filme “Dead End” mas este “Incertezas”(Uncertainty/EUA,2010) salta aos olhos. É um exercício de estilo como não se vê, habitualmente, em nenhuma cinematografia. O titulo reflete um tema: a primeira sequencia é a de um casal que de forma monossilábica refere algo que está num processo decisório entre eles. Em seguida, a câmera capta-os na Ponte de Brooklyn decidindo para onde ir. Resolvem apostar numa moeda (cara ou coroa). Não se sabe o que dá nem o que vale cada efígie escolhida. Eles correm cada um para um lado da ponte. Em seguida o filme ganha matizes: verde e amarelo. Pensa-se de imediato que tem a ver com os semáforos. Mas falta o vermelho. E logo se passa a seguir duas tramas, tratadas simultaneamente e só discernidas porque em cada uma os personagens usam roupa de uma cor (a cor preconizada na espécie de prólogo). Com camisa amarela sabe-se que Bobby(Joseph Gordon-Levitt) achou um celular cobiçado por mais de uma pessoa. A cobiça é tanta que chega a ser avaliada em 500 mil dólares. Mas ao encalço do aparelho surgem estereótipos de terroristas. Ele e a namorada Kate(Lynn Collins), que está grávida e indecisa (também) com relação a levar ou não avante a gravidez, passam a fugir dos vilões mal-encarados. Entre seqüências de suspense surgem planos do casal na casa dos pais de Kate. Os problemas familiares são mostrados superficialmente. E a jovem, que é bailarina com ingresso em uma peça na Broadway, só conta o fato da gravidez primeiramente, à sua irmã. Nesse período os namorados acham uma cadela na rua e a levam consigo.
O filme termina com os casais nos dois tempos e na mesma ponte do inicio. As situações que vivem essas figuras em tempos distintos que não se sabe qual o primeiro a ser vivido (ou em vivência) não são solucionadas. Permanece a incerteza para onde seguirão. Planos alternados os mostram andando. A ponte é a metáfora. O caminho que a câmera observa de longe é a planta de um destino incerto. O titulo do filme.
Alguns críticos norte-americanos reclamaram as reticências que seguem a trama (ou as tramas). Poucos alertaram para a novidade formal. Não me lembro de ter visto uma narrativa tão criadora em muitos anos. E não me parece gratuita. Dois destinos para duas pessoas são observados simultaneamente como ilustração de uma incerteza que cerca essas pessoas desde o primeiro plano gravado. Em um deles a trama policial ganha corpo e prende a atenção do espectador. Mas o contraste com o outro destino, mais um romance que não se sabe como vai fechar, serve também de contraste. Os enamorados estão nas duas histórias bem unidos. Se esta união é suficientemente forte para um relacionamento mais forte, o perigo que enfrentam por conta do celular achado é um argumento a convencer. E não é só isso. A incerteza está, também, no resultado da união: o filho gerado há 11 semanas deve nascer? A família, pelo menos de um lado, é importante na decisão? Ou cabe uma volta ao espaço, não necessariamente no tempo, para jogar outra moeda na ponte? Ou simplesmente andar pela ponte até chegar a um “outro lugar”?
Um filme muito curioso. Não chegou aos nossos cinemas, mas está disponível em DVD nas locadoras (FOXVIDEO). É um exemplo muito sugestivo da cinematografia independente, a que se lança em festivais e circuitos exibidores menores e mais ligados ao que ainda se chama de “filme de arte”. Vale a pena conhecer.

DVDS MAIS LOCADOS(FOXVIDEO)
1. O Ritual
2. Eu Sou o Número Quatro
3. Rio
4. Sem Limites
5. O Concerto
6. Rango
7. As Mães de Chico Xavier
8. Jogo de Poder
9. Passe Livre
10. Esposa de Mentirinha