terça-feira, 27 de dezembro de 2011

ACCPA ELEGE MELHORES DO ANO 2011


Se antes a reunião anual dos críticos de cinema do Pará (APCC) era exatamente no dia 25, atualmente (ACCPA), essa data tem sido deslocada para antes ou depois desse dia. Ainda a lembrança: se a secretaria da reunião era marcada pela presença do querido Edwaldo Martins que expressava o humor ao perfil dos colegas e algumas regras que de vez em quando tensionavam, hoje, essa função está a cargo do vice-presidente da entidade, Arnaldo Prado Jr. que agrega outros colegas, como o Francisco Cardoso para auxiliá-lo na contagem dos pontos. De formal, avança para a informalidade e descontração entre pessoas que há quase cinquenta anos formaram um grupo, de jornalistas e seus amigos para avaliar o que de bom, em termos de cinema, as salas de Belém haviam exibido ao público desta cidade. Despojados da intenção de “ditarem” gostos por esse ou aquele filme, a noite da reunião para a escolha dos melhores filmes do ano segue a tradição e se torna, também, um momento de expressar afetos, tanto entre pessoas que amam o cinema. Nada de pedantismos nem querer bancar os sapientes, apenas devolvem um pouco do seu saber pessoal nessa ação. Sou uma das mais convictas de que se trata de um momento de confraternização mais do que de escolhas específicas de filmes.
Este ano a eleição dos melhores filmes se deu no último dia 22. Aproveitando o espaço, hoje relaciono a lista geral que considerou a síntese das listas individuais dos membros da ACCPA. Nas próximas colunas estarei publicando as demais de cada colega. Na oportunidade, agradeço o comparecimento de todos, salvo os que (2) por razões superiores, somente enviaram suas listas, Maiolino Miranda e José Augusto Pacheco. Mas fomos realmente agraciados com a presença de um dos pioneiros da crítica em Belém, Antonio Munhoz Lopes, que escrevia sobre cinema no jornal católico “A Palavra”.

Confira a lista completa:
Melhores Filmes

1) "A Árvore da Vida" de Terrence Mallick – 111 pts.
2) "Melancholia" de Lars Von Trier – 78 pts.

3) Meia Noite em Paris" de Woody Allen – 67 pts.
4) "A Fita Branca" de Michael Haneke – 66 pts.

5)"Cópia Fiel" de Abbas Kiarostami – 61 pts.
6) "Cisne Negro" de Darren Aronofsky – 57 pts.

7) "Em Um Mundo Melhor" de Sussane Bier – 52 pts.
8) "Filme Socialismo" de Jean-Luc Godard – 50 pts,

9) Tio Boonmee que pode Recordar suas Vidas Passadas" de Apichatpong Weerasethakul – 46 pts.
10) "A Pele que Habito" de Pedro Almodóvar – 30 pts.

Demais Categorias

Melhor Diretor: Terrence Malick (A Árvore da Vida)
Melhor Ator: Collin Firth (O Discurso do Rei)
Melhor Atriz: Natalie Portman (Cisne Negro)
Melhor Ator Coadjuvante: Christan Bale (O Vencedor)
Melhor Atriz Coadjuvante: Charlotte Gainsbourg (Melancholia)
Melhor Montagem: A Árvore da Vida
Melhor Direção de Arte: Meia-Noite em Paris
Melhor Fotografia: A Árvore da Vida
Melhor Trilha Sonora: Melancholia
Melhor Canção Original: “If I Rise” – Florence and The Machine (127 Horas)
Melhor Figurino: Meia-Noite em Paris
Melhor Roteiro Original: Melancholia
Melhor Roteiro Adaptado: Tio Boonmee/Inverno da Alma
Melhor Efeito Especial: Melancholia
Melhor Animação: O Mágico/Rango
Melhor Documentário: A Terra da Lua Partida
Prêmio ACCPA - Destaque do Ano - Cinema Brasileiro : "Matinta" e "Ribeirinhos do Asfalto".
Colin Firth , considerado o melhor ator por "O Discurso do Rei".

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

RELAÇÃO DOS MELHORES FILMES – 2011 LUZIA ÁLVARES (O LIBERAL)



FILMES

  1. A ÁRVORE DA VIDA (EUA) de Terrence Malick
  2. TIO BOONMEE, QUE PODE RECORDAR SUAS VIDAS PASSADAS, de Apichatpong Weerasethakul, 2010
  3. EM UM MUNDO MELHOR (Dinamarca/Suécia) de Susanne Bier
  4. A FITA BRANCA(Alemanha) de Michael Haneke
  5. FILME SOCIALISMO, de Jean-Luc Godard, 2011
  6. CÓPIA FIEL (França) de Abbas Kierostami
  7. A PELE QUE HABITO, de Pedro Almodovar, 2011
  8. INVERNO DA ALMA (EUA) de Debra Granik
  9. MEIA NOITE EM PARIS (EUA/França) de Woody Allen
  10. MELANCHOLIA (Dinamarca) de Lars Von Triers.

DIRETOR- Terrence Malick (A Árvore da Vida)
ATOR - Colin Firth (O Discurso do Rei)
ATRIZ - Jennifer Lawrence(Inverno da Alma)
ATOR COADJUVANTE - Christian Bale (O Vencedor)
ATRIZ COADJUVANTE - Charlotte Gaisbourg (Melancholia)
EDIÇÃO – Hank Corwin, Jay Rabinowitz, Daniel Rezende, Billy Weber e Mark Yoshikawa (A Arvore da Vida)
FOTOGRAFIA -  Johanne Debas e Darius Kondji (Meia Noite em Paris)
CENOGRAFIA – (Direção de Arte) Anja Muller de A FITA BRANCA
TRILHA SONORA - Stephane Wrembel (Meia Noite em Paris)
ANIMAÇÃO- Rango
EFEITO ESPECIAL – Brian Cross e Ryan Round  de “A Árvore da Vida”
ROTEIRO ADAPTADO - Debra Granik e Anne Roselini (Inverno da Alma)
ROTEIRO ORIGINAL – Terrence Malick (A Árvore da Vida)
FIGURINO – Jenny Beavan (O Discurso do Rei)
CANÇÃO ORIGINAL - Des Choses Comme Ça (Patty Smith) FILME SOCIALISME, de Jean-Luc Godard, 2011
MELHOR DOCUMENTÁRIO – “Leite e Ferro”, de Claudia Priscilla, Brasil, 2010, DOC, 72’
PRÊMIO ACCPA – Destaque especial do ano – Cinema Brasileiro :
“Matinta”, de Fernado Segtovich e “Ribeirinhos do Asfalto”, de Jorane Castro

O NATAL NO CINEMA



Está novamente em cartaz, em Belém, o clássico de Frank Capra (1897-1904) “A Felicidade Não Se Compra”(It’s a Wonderful Life/EUA,1946, foto). Há certo consenso de que se trata de um dos filmes mais adequados a abordar o Natal. O lançamento dessa produção deu-se no período natalino e Capra, juntamente com o ator James Stewart, fizeram a publicidade do mesmo circulando através do território norte-americano em monomotor que deafiava as tempestades de neve, para “vender” o filme.

Creio que a maioria dos leitores já assistiu ou ouviu comentários sobre o enredo desse filme, onde pontua a história de George Bailley (Stewart), gerente de uma imobiliária, na pequena e fictícia cidade Bedford Falls que embora tenha conseguido criar uma família ideal, casando-se com a namorada de infância, Mary (Donna Reed), não conseguiu amolecer o coração do banqueiro Henry Potter(Lionell Barrymore). A ambição deste era comandar o comércio do lugar (como já mandava no meio bancário) e, para isso, tudo fazia para prejudicar o concorrente, culminando com a ocultação de uma soma que o tio de George (Thomas Mitchell) iria depositar na conta da firma e que, no meio do caminho, ao encontrar-se com o velho sovina, dizendo-lhes impropérios, esqueceu de tirar a quantia que havia embrulhado em um jornal pertencente ao próprio Potter. Na noite de Natal, George tenta o suicídio quando vê falhar as ações para conseguir o dinheiro e manter limpo o nome da família, mas as preces da mulher, filhos e amigos é atendida por Deus que remete à Terra o anjo da guarda (Henry Travers) do personagem, um tipo simpático que atendendo a um desejo do quase-suicida faz com que ele perceba como poderia estar a comunidade se ele não tivesse nascido.

A fábula, concebida por Philip Van Doren Stern, comoveu gerações. Principalmente na forma exemplar dada por Capra, um mestre na linguagem cinematográfica tradicional.
A trama apresenta muitos sub-temas, inclusive, alguns que sugerem as discussões sobre o processo econômico da época, a situação de guerra “vendendo” armas e construindo heróis. Mas, acima de tudo, favorece a perspetiva dramática de uma pessoa que se sacrifica sempre pelos outros afogando seus desejos profissionais para garantir a solidariedade humana.

O filme, desta vez, ocupa o cinema Olympia em sessão de 18h30 até o próximo dia 30 (exceto no dia 26).

Há outros filmes que trataram do Natal e que podem ser vistos ou revistos em casa através do DVD.

“Feliz Natal” é um titulo que gerou 2 filmes: o franco-alemão de Christian Carion, recém-reexibido por aqui, e o de Selton Melo que focaliza uma família desasjustada. Já “Um Conto de Natal” é outro dessa época, de Arnaud Desplechin, com Catherine Deneuve. Os dois exemplos foram sombrios na abordagem de microcosmos sofridos. Só o primeiro traz o recado bem natalino de confraternização, ao focalizar um hiato na Primeira Guerra quando as tropas em conflito se uniram numa cerimônia religiosa.

Uma comédia, “Papai Noel às Avessas”(Bad Santa/2003) chega aos bons sentimentos através de um autentico vilão travestido de Papai Noel e trabalhando em lojas, sem acreditar no seu próprio trabalho. Um garotinho que acreditava no velhinho amolece (em parte)o coração do amargurado profissional. Filme interessante(e nada piegas) de Terry Zwigoff.

Em “Simplesmente Amor”(Love Actually) varias histórias convergem na época natalina. Em “Milagre na Rua 34”(Miracle inn 34th Street), em duas versões (a melhor é a dos anos 40 aqui chamada de “De Ilusão Também se Vive”), Papai Noel visita uma cidade norte-americana. As animações “Expresso Polar”, “O Estranho Mundo de Jack” e, agora, “Operação Presente” focalizam mais o mito do “bom velhinho”, e o “Christmas Carrol” de Charles Dickens mereceu muitas versões sendo as melhores a de 1938 de Edwin L.Marin e a musical de 1970 (“Adorável Avarento/Scrooge) de Ronald Neame.

Penso o Natal de uma forma bem racional como algumas pessoas me dizem. Acredito que nesse tempo há possibilidade de rever e refletir sobre os acúmulos de ações que realizamos durante o ano, mas não deve se resumir nessa única data para a solidariedade e o afeto aos que estão na nossa convivência. De qualquer maneira deve ser uma época em que possamos sentir que de alguma maneira fizemos algo de bom. Pensar em nós proprios é também uma forma de amor no Natal.

Aos meus leitores e leitoras um Feliz Natal com o melhor do cinema para esse tempo.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

NOITE DE ANO NOVO


Os votos de um bom ano novo chegam antecipados no filme “Noite de Ano Novo”(New Year’s Eve/EUA,2011) de Garry Marshall.
O diretor havia realizado, ano passado, “Idas e Vindas do Amor”(St Valentine’s Day/EUA,2010) onde reunia diversas personagens interpretadas por atores conhecidos, em vinhetas que se misturavam no Dia dos Namorados (Dia de São Valentim) norte-americano. Agora a fórmula persiste tendo como foco a noite de entrada de ano novo, no Times Square de Nova York. Ali é tradição uma gigantesca bola iluminada cair de uma torre exatamente quando o grande relógio marca meia-noite. A multidão que espera o ato vibra com o que considera uma cerimônia a assinalar o final de um período – e inicio de outro.

Episódios que recortam as horas que antecedem a entrada do ano evidenciam vários dramas humanos, por exemplo, a agonia de um moribundo (Robert De Niro) que descarta a idéia de ingerir anestesico desejoso de assistir a queda da bola antes de morrer. Conta com a ajuda da enfermeira (Halle Berry) e da filha (Hillary Swank), esta encarregada de checar o mecanismo da ascensão e queda da bola, no caso, muito preocupada, pois houve um problema técnico na montagem do objeto e um eletricista antigo chamado para intervir fora demitido poucos dias antes da função. Acompanha-se também a mulher de meia idade (Michelle Pfeiffer) que se demite do trabalho onde viveu sempre por causa da intransigência do patrão que não lhe deu o período de férias solicitado. Vê-se, igualmente, a inusitada situação da cantora Elise (Lea Michele) presa em um elevador com Randy (Ashton Kutcher), jovem que não aceita as manifestações populares do período. E ainda a expert de uma doceteria, Laura (Katherine Heigl) às voltas com os preparativos do bufet de um restaurante, mas ansiosa pela presença do ex-namorado, o cantor Jensen (Jon Bon Jovi) que pretende reatar o relacionamento. E mais tipos e mais situações que nem sempre deixam a tela quando chega o novo ano. São pequenos “cuts” que se juntam numa só noite esperando desfechos variados.
Naturalmente que uma abordagem rápida e superficial de tantos tipos não gera qualquer densidade desde que o objetivo maior seja o encontro desses tipos. Mas ainda assim o núcleo da história poderia gerar mais substância como fez Robert Altman em “Cerimônia de Casamento”, “Prêt- a-Porter” ou “Nashville”. Essa qualidade não é pensada pelo veterano (77 anos) Marshall, diretor que ficou conhecido com “Uma Linda Mulher”, filme que revelou a atriz Julia Roberts.

O que o cineasta e a Warner desejaram foi aproveitar o período e lucrar com a volta da fórmula bem vendida em “Idas e Vindas do Amor”. Pode-se dizer que tiveram sucesso apenas moderado, pois embora na abertura de carreira o filme tenha conseguido o primeiro lugar nas bilheterias, até hoje soma apenas 24.8 milhões (para um orçamento de mais de 100). De qualquer forma é um dos cartazes mais festejados do período nos EUA. E deve cobrir os custos ao redor do mundo onde ainda existe o fascínio do “star system” e há quem vá ao cinema pelos atores. Isto sem falar nos votos de feliz ano novo. Se em DVD era uma lembrança a chegar à casa de um/a amigo/a como um cartão de festas...
O que o público mais crítico deve observar numa leitura desse filme é o foco da produção roliudiana encarando o cinema como a mercadoria que vai captar espectadores e submetê-los à lavagem cerebral tradicional.

Quando esse tipo de produto é tratado neste espaço como outras obras mais densas, objetivo mostrar o que é o cinema e o que representam certos filmes no processo de formação das mentalidades, evidenciando o diferencial entre a narrativa “digestiva” e a investigativa ou contemplativa. É importante observar isso sem obrigar o público a considerar o “lixo” só pelos nossos olhos. Mesmo porque, ouve-se ou lê-se comumente que “filme de crítico é cerebral e o público passa ao largo”.
“Noite de Ano Novo” é o apelativo conceito do uso do “star system” e de “short-cuts” que não dão espaço a uma análise mais densa sobre tema e construção deste.

MELHORES DO CINEMA EM 2011 - ESCOLHAS


Hoje é dia de reunião dos membros da ACCPA (antes APCC) para o tradicional encontro de confraternização e a eleição dos dez melhores filmes que ao ver dos associados/as sintetiza o que individualmente acharam de importantes contribuições à linguagem cinematográfica dos programas comerciais e alternativos exibidos nas salas de cinema de Belém.
Na verdade, esse evento é histórico e está além do tempo de presença dos que hoje fazem a associação. No final de 1963, um grupo de jornalistas amantes de cinema, consideraram oportuno reunir-se, à exemplo de outros dos demais países e estados brasileiros, para “encontrar” uma síntese capaz de mostrar o que de melhor havia sido exibido em Belém no ano. E assim se fez e, com a inclusão de mais colegas, tanto jornalistas quanto os chamados bissextos, até hoje estão agregados nesse rol tradicional de escolha anual de melhores filmes. Essa iniciativa não se restringia à “cotação” de filmes, mas a desenvolver a formação de platéia a partir de uma programação de exibições realizadas em vários ambientes, como: no auditório do Grêmio Literário Português, no Cine Guajará (Base Naval), no auditório da AABB (Associação Atlética Banco do Brasil), no Auditório de Odontologia, e, nos anos 80, se a APCC se responsabilizou pelos programas do Cine Líbero Luxardo, até às mudanças políticas que aconteceram/tecem e trazem novos atores políticos para a administração direta dessa sala.
Outros ativos da APCC foram: na área de produções de filmes (Manosolfa, de Sandra Coelho de Souza e Maria Sylvia Nunes); contribuições de contatos em Belém para cineastas que por aqui chegavam em função de realizar filmes com a temática amazônica, a exemplo, Werner Herzog, Cacá Diegues etc. Inserção nos programas de filmes das embaixadas, sessão de arte, seminários e luta social por espaços que se perdiam pelo fechamento, alguns ainda produtivos, como o foi o Cine Olympia.
Na área livresca, um volume sobre a crítica de cinema em Belém (1983) e dois outros sobre a história do cinema na cidade foram organizados por Pedro Veriano, também considerado pesquisador dessa arte na Amazônia.
De poucos iniciantes dessa associação, atualmente a ACCPA agrega 15 sócios. Se antes somente o interesse pelo cinema fazia a aproximação, hoje, seguindo um estatuto formalizado, tem normas de iniciação aos que se interessam por participar da entidade constando nas regras o envio de um memorial e curriculo que representam a formação do postulante na área do cinema e se comprometem no desenvolvimento de atividades ao lado de seus pares.

Hoje, quinze listas individuais farão a sua evidência de quais títulos irão concorrer na contagem dos pontos para a síntese final. É tensa a reunião, mas tudo acaba bem pela democracia e respeito que geram as relações entre os associados.
Alguns títulos de filmes já publicados neste espaço serão priorizados pelos votantes. A lembrar alguns, referencio as minhas escolhas, sem as pontuações que devo dar para não alertar os que “fazem política” na contagem de pontos para verem quem chega ao pódio.

Com certeza alguns destes estarão na minha lista individual:  Além Da Vida (EUA) de Clint Eastwood; Cisne Negro (EUA) de Darren Aronovsky; O Discurso Do Rei (UK) de Tom Hooper; Rango (EUA) de Gore Verbinsky; Inverno Da Alma (EUA) de Debra Granik; A Fita Branca(Alemanha) de Michael Haneke; Em Um Mundo Melhor (Dinamarca/Suécia) de Susanne Bier; O Mágico (França) de Sylvain Chomet; Meia Noite Em Paris (EUA/França) de Woody Allen; A Árvore Da Vida (EUA) de Terrence Malick; Cópia Fiel (França) de Abbas Kierostami; Contra O Tempo (EUA) de Duncan Jones; Deuses E Homens(França) de Xavier Beauvois; O Palhaço (Brasil) de Selton Mello; Amanhã Nunca Mais (Brasil) de Tadeo Jungle; Melancholia (Dinamarca) de Lars Von Triers; Tio Boonmee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas, de Apichatpong Weerasethakul,2010; Filme Socialismo, de Jean -Luc Godard, 2011; A Pele Que Habito, de Pedro Almodovar, 2011; Você Vai Conhecer O Homem Dos Seus Sonhos, de Woody Allen; O Garoto De Liverpool, de Sam Taylor-Wood; Reencontrando A Felicidade, de John Cameron Mitchell.

Outras categorias serão votadas:
Melhor Diretor; Melhor Ator; Melhor atriz; Melhor atriz coadj; Melhor ator coadj ; Melhor Montagem; Melhor Fotografia; Melhor Cenografia; Melhor; Trilha Sonora ; Melhor Animação; Melhor Efeito Especial ; Melhor Roteiro Adaptado ; Melhor Roteiro Original ; Melhor Figurino ; Melhor Canção Original ; Melhor Documentário; Prêmio ACCPA – Destaque especial do ano – Cinema Brasileiro.

Boa sorte aos nossos votantes!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A PELE QUE HABITO


O novo filme de Pedro Almodóvar traz a suposta “marca do autor” na demonstração de cenas de sexo, e, também, na predileção por temas e tipos bizarros, a lembrar de perto o enfermeiro que responde pelo estupro e consequente gravidez de uma mulher em estado de coma (Fale com Ela, 2002). Se se atenta para a aparência do filme em termos de gênero, pode ser novidade o ingresso em um polêmico (pode gerar obra-prima como mero produto industrial na linha de Hollywood) suspense. “A Pele que eu Habito”(La Piel qua habito/Espanha, 2011) tem roteiro de seu irmão Augustin, e baseia-se no romance “Tarantula” do francês Tierry Jonquet. Trata de um médico especializado em cirurugia de pele que depois de ver a sua mulher gravemente queimada em conseqüência de um desastre de carro dedica-se intensamente à pesquisa de enxertos, consegue sobrevivê-la, mas antes de transplantar tecido vê sua amada se suicidar quando esta se olha num espelho e avalia sua desfiguração. Na pesquisa, Richard Ledgard, o médico (Antonio Banderas), acaba numa área experimental que lhe dá chance a uma missão de vingança, visto que o episódio dramático do suicidio da esposa causa um fato mais cruciante para ele marcando a vida de sua filha Norma que assistira ao episódio fatal da mãe.

 O cineasta divide a sua narrativa em um longo flash-back sem a métrica de “fade-outs”(cortinas escuras). Simplesmente coloca legendas (“6 anos antes”, ou “De volta ao presente”). Almodovar foi criticado pelos que presumiram “por cima” que ele estivesse se submetendo a um gênero, o suspense, com a linguagem linear.  Mas não é  isso o que ele quer. Pode-se pensar, inicialmente, sobre a figura de um moderno Frankenstein que adentra pelo terreno do erotismo. A criação da “criatura” e o ato de rebelar-se de acordo com a “matriz” de Mary Shelley escapam de uma simples critica ao “homem que imita Deus” (como foi visto o livro de Shelley na sua época). A potencialização de formas de poder para “modelar” pessoas, revelada no filme, entra nas discussões atuais que aderem à perspectiva dos estudos de gênero apontando para, inicialmente, as definições culturais do “ser homem” e do “ser mulher” a partir da socialização do ser humano pelo único entendimento que teria a ciência e a cultura – a biologia - e trata das discussões sobre o corpo sexuado, da diferença entre os sexos, mostrando que o homem e a mulher mantêm relações culturalmente construídas.
Almodòvar de forma fria e sob a tensão de um processo cruel de transformação, faz o protagonista escalar esses dois horizontes, embalando a sua criatura numa grande figura a qual ele quer reproduzir para efeito de vingança: uma mulher que ele domine. Agora não está mais em jogo sua adoração pela amada, mas uma transposição do sentimento de ódio transformado aos poucos pelo fenômeno que está a sua frente, a sua criatura, a quem supostamente domina e o ama como novo tipo produzido. Na “pele”, se habita o corpo criado por outrem, no interior deste corpo há outra “anima”, e se o componente feminino (a vagina criada) foi pensado para explorar a vingança em seguidos estupros, há uma personalidade que reflui e se mantém submissa até a antevisão de uma nova odisséia. A travessia é de caráter espiritual e de afetividade da personagem Vera (Elena Anaya) por toda a sua história passada.

A edição (montagem) que privilegia cortes bruscos, que usa muitos closes e enquadramentos objetivos não deixa que o ritmo se esvaia na opção por idas e vindas no tempo. E estas idas e vindas não são tocadas de forma horizontal como em muitos filmes modernos: há um delineamento do espaço-tempo que diz bem do propósito do autor: um drama que se encaminha entre a cultura, o psicológico e a ficção-cientifica.
Antonio Banderas não filmava com seu conterrâneo desde “Ata-me”(1990). O desentendimento entre os dois foi superado e o ator, hoje famoso, está bem à vontade no papel. E não se pode dizer que o resto do elenco apresente distorções. Todos cumprem suas partes.

Filme rigoroso de um diretor que explora a pesquisa estética. Para ver sem falta. É possivel estar entre os melhores do ano.

domingo, 18 de dezembro de 2011

MELHORES DO CINEMA – 2011 (3)

(Susane Bier)

Prossegue a retrospectiva do cinema em 2011, no plano local. Anotei os mais interessantes e bem estruturados roteiros e diretores. Outras categorias em referência são a de: interpretes coadjuvantes, efeitos visuais e animação. Volto a lembrar que a ordem de menções é pela data de exibição.
DIRETORES

Clint Eastwood (Além da Vida);
Darren Aronovsky (Cisne Negro); 
David O. Russel (O Vencedor);
Tom Hooper(O Discurso do Rei);
Lisa Cholodenki (Minhas Mães e Meu Pai);
Ethan e Joel Coen(Bravura Indômita);
Gore Verbinski (Rango);
Danny Boyle (127 Horas);
Debra Granik (Inverno da Alma); 
Alejandro Gonzalez Iñarritu (Biutiful);
Michael Haneck (A Fita Branca); 
Sofia Coppola (Um Lugar Qualquer);
Richard J. Lewis (A Minha Versão do Amor);
Susanne Bier- foto (Um Mundo Melhor);
Sylvain Chomet(O Mágico); 
Woody Allen (Meia Noite em Paris); 
John Cameron Miychell (Reencontrando a Felicidade); Derek Cianfrance(Namorados Para Sempre);
Terrence Malick(A Árvore da Vida);
Abbas Kierostami (Cópia Fiél); 
Xavier Beauvois(Homens e Deuses);
Duncan Jones (Contra o Tempo);
Lars Von Triers (Melancholia)
Jean-Luc Godard (Filme Socialismo)
Apichatpong Weerasethakul (Tio Boonmee, que Pode Recordar suas Vidas Passadas)

 ROTEIROS

Peter Morgan por“Além da Vida”
Mark Heyman e Andres Heinz por “Cisne Negro”
David Seidler por “O Discurso do Rei”
Lisa Cholodenko e Stuart Blumberg por “Minhas Mães e Meu Pai”
John Logan por“Rango”
Debra Granik e Anne Rosselini por “Inverno da Alma”
Michael Haneck por “A Fita Branca”
Anders Thomas Jensen por “Em Um Mundo Melhor”
Jacques Tati e Sylvain Chomet por “O Mágico”
Terrence Malick por“A Árvore da Vida”
Abbas Kierostami por“Cópia Fiel”
Bem Ripley por“Contra o Tempo”
Xavier Beauvois e Etienne Comar por “Homens e Deuses”
Andrew Niccol por “O Preço do Amanhã”
Lars Von Trier por “Melancholia”.
Apichatpong Weerasethakul (Tio Boonmee, que Pode Recordar suas Vidas Passadas)
EFEITOS ESPECIAIS

Neste caso, cito apenas o filme. A equipe é extensa e não caberia neste espaço. Assim, temos os filmes que melhor contribuíram nessa categoria:
“Além da Vida”;“Thor”; “Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 2”; ”A Árvore da Vida”;“X-Men”;“Contra o Tempo”;“Gigantes de Aço”.
COADJUVANTES FEMININOS:

Mila Kunis (Cisne Negro);
Melissa Leo (O Vencedor);
Charlotte Gainsbourg (Melancholia);
Michele Mognaham (Contra o Tempo);
 Maria Luisa Mendonça (Amanhã Nunca Mais).

COADJUVANTES MASCULINOS:

Matt Damon (Bravura Indômita);
William Johnk Nielsen (Em Um Mundo Melhor);
Ulrich Tukur (A Fita Branca);
Geoffrey Rush (O Discurso do Rei);
Michael Lonsdale (Entre Homens e Deuses);
Kiefer Sutherland (Melancholia).

ANIMAÇÃO

Rango –
O Màgico;
Happy Feet 2;
Operação Presente;
O Gato de Botas.

MELHORES DO CINEMA – 2011


Prosseguindo a retrospectiva do que se viu nos cinemas, em Belém, durante o ano a findar, incluio alguns filmes que não foram incluidos na lista anterior e mais outras categorias para interesse de escolha do/a leitor/a.
FILMES
Tio Boonmee, que Pode Recordar Suas Vidas Passadas, de Apichatpong Weerasethakul, 2010
 O Planeta dos Macacos - a origem, de Ruppert Wyatt, 2011
 Filme Socialismo, de Jean -Luc Godard, 2010

ATRIZES
Cecile de France (Além da Vida)
Natalie Portman (Cisne Negro)
Helena Bonan-Carter (O Discurso do Rei)
Anette Bening (Minhas Mães e Meu Pai)
Julianne Moore (Minhas Mães e Meu Pai –e- Amor à Toda Prova)
Hailee Steinfeld (Bravura Indômita)
Jennifer Lawrence(Inverno da Alma)
Leoni Benesch (A Fita Branca)
Nicole Kidman (Reencontrando a Felicidade)
Michelle Williams (Namorados Para Sempre)
Jessica Chastain (A Árvore da Vida)
Juliette Binoche (Cópia Fiel)Kristen Dunst (Melancholia)
ATORES:
Matt Damon (Além da Vida)
Denzel Washington (Incontrolável)
Christian Bale (O Vencedor)
James Franco (127 Horas)
Javier Bardem (Biutiful)
Ernst Lacobi (A Fita Branca)
Paul Giamati (A Minha Versão do Amor)
Joey Curtis (Namorados Para Sempre)
Brad Pitt (A Árvore da Vida)
William Shimell (Cópia Fiel)
Jake Gyllenhaal (Contra o Tempo)
Lambert Wilson (Homens e Deuses)
Lázaro Ramos (Amanhã Nunca Mais)
Selton Mello (O Palhaço).

sábado, 17 de dezembro de 2011

OS MELHORES DE 2011- 1


Seguindo a tradição, começo hoje a retrospectiva cinematográfica do ano que está prestes a terminar. E começo publicando os títulos dos filmes que considerei de bom nível, cotando-os entre “excelente”e “muito bom”. A ordem é do lançamento nos cinemas locais, tanto os de shopping quanto os dos espaços extras desde que lançamentos e filmes inéditos.
Esta relação atende a uma demanda de colegas e leitores deste espaço que por longos anos têm acompanhado as minhas indicações pessoais de filmes assistidos e anotados nas agendas/ dia.
Como disse, trata-se da minha relação. Contudo, se alguém tem algum listão pessoal desses programas coletados durante o ano é a hora e vez de consultá-la e fazer a sua escolha dessa agenda particular. É possivel que muitos titulos não sejam os que estão elencados por aqui, mas o que vale é o que o filme representou para cada um e quais as contribuições para a linguagem do cinema. Esses são alguns dos criterios que têm sustentado as escolhas dos sócios da ACCPA.
Aos meus leitores que sempre participam dessa promoção informo que até 10 de janeiro próximo receberei as suas listas.
Relembro que os membros da ACCPA têm elencado as categorias as quais escolhem os seus melhores. São elas: filme, ator, atriz, ator coadjuvante, atriz coadjuvante, diretor, roteiro (original e adaptado), cenografia, cinegrafia, montagem, efeitos especiais e visuais, trilha sonora, canção, figurino, animação e documentário.
LISTA DE FILMES
ALÉM DA VIDA (EUA) de Clint Eastwood
INCONTROLÁVEL (EUA) de Tony Scott
O TURISTA(EUA) de Florian Henckel
CISNE NEGRO (EUA) de Darren Aronovsky
O VENCEDOR (EUA) de David O.Russel
O DISCURSO DO REI (UK) de Tom Hooper
MINHAS MÃES E MEU PAI (EUA) de Lisa Cholodenko
BRAVURA INDOMITA (EUA) de Joel e Etan Coen
RANGO (EUA) de Gore Verbinsky
127 HORAS (EUA) de David Boyle
SEM LIMITES (EUA) de Neil Burger
INVERNO DA ALMA (EUA) de Debra Granik
BIUTIFUL (EUA)de Alejandro Iñarritu
A FITA BRANCA(Alemanha) de Michael Haneke
A MINHA VERSÃO DO AMOR(EUA) de Richard J.Lewis
UM LUGAR QUALQUER (EUA) de Sophia Coppola
EM UM MUNDO MELHOR (Dinamarca/Suécia) de Susanne Bier
O MÁGICO (França) de Sylvain Chomet
MEIA NOITE EM PARIS (EUA/França) de Woody Allen
REENCONTRANDO A FELICIDADE (EUA) de John Cameron Mitchell
NAMORADOS PARA SEMPRE (EUA) de Derek Cianfrance
HARRY POTTER E A RELIQUIA DAS MORTE Parte 2 (UK) de David Yates
A ÁRVORE DA VIDA (EUA) de Terrence Malick
AMOR Á TODA PROVA(EUA) de Glenn Ficarra e John Re qua
CÓPIA FIEL (França) de Abbas Kierostami
CONTRA O TEMPO (EUA) de Duncan Jones
DEUSES E HOMENS(França) de Xavier Beauvois
CONTÁGIO (EUA) de Steven Soderbergh
O PREÇO DO AMANHÃ (EUA) de Andrew Niccol
O PALHAÇO (Brasil) de Selton Mello
AMANHÃ NUNCA MAIS (Brasil) de Tadeo Jungle
MELANCHOLIA (Dinamarca) de Lars Von Triers.
SUCKER PUNCH– MUNDO SURREAL (Sucker Punch), de Zack Snyder
OS AGENTES DO DESTINO (The Adjustment Bureau), de George Nolfi
UMA LONGA VIAGEM (Brasil), de Lucia Murat
SEM SAIDA (EUA) , de John Singleton
Há filmes inéditos exibidos nas salas alternativas. Desses, só serão contabilizados os que foram produzidos o ano passado ou este ano. Alguns deixei de assistir, mas espero uma lista dos programadores dessa sala.
Outros filmes podem ter escapado de minha visão, valendo para a escolha dos melhores desde que tenham sido exibidos para o público em geral.