sexta-feira, 30 de abril de 2010

GOOD BYE SOLO














O cinema independente norte-americano vai contra a corrente da indústria do filme e por isso ganha pontos diante de uma platéia incomum, a que é formada pelo que se chama de “cinéfilos”. Um exemplo dessa facção é “Good Bye Solo”(EUA, 2008) de Ramin Bahrani, também autor do roteiro. O que se vê pode ser contado em poucas palavras: um taxista da Carolina do Norte ganha um passageiro estranho. É um homem idoso, triste, que lhe paga por antecipação cem dólares, dos mil dólares que pretende dar para liquidar uma corrida de taxi que o leve para o alto de uma serra. Não é uma viagem imediata. Há coisas para resolver antes. E, nesse tempo, a câmera vai mostrando a vida que leva o taxista, uma pessoa que não vive bem com a esposa, devota especial estima à enteada (menina inteligente e ágil), luta para poder reformar o seu carro e conversa muito com os passageiros, por isso incomodando o novo e enigmático freguês.
O final do filme-e da viagem-não é surpresa, mas consegue deixar no espectador a sensação de vazio que o cenário (nos dois sentidos: de cinema, que se confunde com argumento, e cenográfico) sugere.
Um belíssimo trabalho de gente nova no “metier”. O filme ganhou prêmios inclusive da Crítica Internacional do Festival de Veneza, recebendo elogios de críticos tradicionais. Merecidamente. Por aqui, é obvio, só chega em DVD. É uma pena, pois a visão requer um espaço que não mereça interferências. Mas é o que o mercado exibidor nos dá.
“Anjo ou Demônio”(Fallen Angel/EUA, 1947) é de Otto Premminger e segue a influencia de “Laura”( 1944) um dos mais aplaudidos filmes desse diretor. Dana Andrews interpreta um tipo que vive de serviços prestados e alcança uma pequena cidade propagando um espertalhão que vende sessão espírita. Nessa missão conhece a protegida de um velho dono de bar (Linda Darnell) por quem se apaixona. Mas ela não é só bonita como esperta. Quer tirar proveito do namoro. E para isso o pretendente tem que arranjar dinheiro. Isso o rapaz vê na rica herdeira, que junto com a irmã (Alice Faye) administra o passivo do pai, tornando-se a esposa dele. Uma conveniência que muda com o tempo e as situações que surgem como o assassinato da bela mulher que trabalha no bar. O filme não possui a profundidade de “Laura”, mas intriga quem admira historias policiais. Há o bastante para se pensar em quem é o criminoso.
“Amemos Outra Vez”(The Next Time we Love/EUA, 1936) inova para a época de sua realização. Assemelha-se a uma comédia romântica típica de um tempo, mas se torna um drama bastante amargo na visão do relacionamento de um casal (James Stewart e Margaret Sullvan). O diretor é Edward Griffith. É interessante ver como esses velhos filmes têm um poder sedutor mesmo no processo narrativo.
“O Capitão de Castela”(The Capitain of Castile/EUA, 1946) é uma superprodução de Darryl F. Zanuck, o “tycoon” da Fox Films na época. Dirigido pelo hábil Henry King adapta o romance bem comercializado de Samuel Shellabarger. Trata de um nobre espanhol (Tyrone Power) que vê a família perseguida pela Inquisição e foge para a América com o navegador Hernando Cortez (César Romero). Com ele viaja uma jovem serviçal (Jean Peters estreando) com quem, afinal, se unirá. O filme deturpa a história e vê a conquista do reino dos astecas, no México, como uma missão patriótica. Hoje seria o contrário. Mas ainda assim não endossa os males dos conquistadores e condena os desmandos de certos religiosos. Bem narrado sempre é um espetáculo atrativo ainda hoje.
E a minha geração não pode perder “Cantoras do Rádio” (Brasil,2009) documentário de Gil Baroni e Marcos Avellar. Quatro estrelas dos palcos, discos e emissoras dos anos 1950, no Brasil, desfilam lembrando um passado que hoje é Historia e merece mais divulgação. Vale a pena ter em casa.

DVDs MAIS LOCADOS (FOXVIDEO)
1. Avatar
2. Vício Frenético
3. Jogos Mortais VI
4. Assalto ao Carro Blindado
5. Planeta 51
6. Lula, O Filho do Brasil
7. Alvin e os Esquilos 2
8. Abraços Partidos
9. Aprendiz de Vampiro
10. Uma Mãe em Apuros

quarta-feira, 28 de abril de 2010

ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS

























Na sessão em que assisti “Alice no País das Maravilhas”(Alice in Wonderland/EUA,2010) perguntei a umas jovens que estavam na fila atrás da minha se elas conheciam o livro original. Para minha surpresa uma delas mostrou a edição de bolso da obra de Lewis Carrol que levava consigo. Talvez não seja o bastante para se absorver perfeitamente tudo o que o escritor inglês quis dizer com a sua aparente história infantil. Mas já é alguma coisa para a iniciar no “reino de maravilhas” proposto. Carrol, cujo nome era Charles Lutwidge Dodgsan (1832-1898), foi matemático, professor e fotografo. Impressionado com a novidade técnica que era a fotografia, fez muitas fotos do que mais gostava: crianças. E especificamente meninas. Há quem afirme que ele era pedófilo (cf. http://canetapontafina.blogspot.com) . Até porque deixou muitas fotos de meninas e em especial, de Alice Liddell. Muitas foram queimadas pela mãe da garota, junto às cartas que escreveu, mas algumas foram salvas e até publicadas no século seguinte.
O escritor imaginou a aventura de Alice em lugares mágicos ao fazer uma viagem com as filhas do reitor Christ Church, uma delas chamada Alice. A garota gostou tanto da narrativa que pediu a ele que escrevesse sobre o assunto. Surgiram os dois primeiros livros: “Alice no País das Maravilhas” e “Alice no País do Espelho” No primeiro, a menina de 7 anos caia na toca de um coelho e encontrava um reino dominado despoticamente por uma rainha que usava a marca de um naipe de baralho: copas. No segundo, a rainha era uma jovem simpática conhecida como Branca (Rainha Branca). Diversas personagens surgiam no caminho, destacando-se o coelho que vestia roupa de cavalheiro, o gato “louco”, a lagarta fumante (dizia-se de ópio) e o chapeleiro, ou o Chapeleiro Louco. Todos esses tipos foram mencionados na versão cinematográfica atual dirigida por Tim Burton (“Sweeney Todd, o Barbeiro Sanguinário de Elmer Street”, “Edward Mãos de Tesoura”) através de um roteiro escrito por Linda Woovertom.
É natural que a criança ou o adolescente pergunte o que querem dizer aquelas coisas todas que passam diante de seus olhos (em texto ou imagens). Carrol teria sido um critico do regime vitoriano (governo da Rainha Vitória da Inglaterra) onde a obediência a preceitos morais dava cadeia a quem não se portasse “condignamente”. Nesse tom estavam os de outra orientação sexual e qualquer outra divergência no comportamento social. Talvez o autor sentisse essa proibição embora a tivesse ocultado sob a forma de uma fantasia mais próxima dos “contos de fadas”. Depois, a preferência pelas meninas gerou uma heroína que sobrepuja a todos os problemas da época e consegue “sair da toca”. Tim Burton foi além: ao colocar Alice para lutar contra um monstro (Jabberwocky) e, adolescente (aos 17 anos), tivesse a coragem de desprezar um pretendente apoiado pelos pais e membros da corte para um casamento de oportunidade( a época era impositiva ao “destino” das jovens mulheres).
Muitos detalhes da história (livro e filme) escapam aos leitores & espectadores que não dominam o idioma inglês. E há situações pretensamente hilárias próprias do tempo e espaço. O que fica, com as limitações, são tipos e casos que se enquadram no universo da mudança de idade, do gato que ri, do chapeleiro “louco” (e o filme dá proeminência ao personagem até por ser interpretado por Johnny Depp, amigo do diretor), do coelho apressado (a questão da rápida passagem do tempo sentida pela menina-moça) até chegar à imagem da repressão, da incompreensão, no caso uma rainha (seria Vitória ?Seria a mãe de Alice ?) .
Mas interpretações analíticas são vastas e sempre pedem especulações. O que importa no filme de Burton é o visual. Realizado para 3D, mesmo assim a plasticidade salta na projeção comum. E o que desmerece é o acréscimo de seqüências como a luta com o monstro, mais para os filmes de ação do que para a fantasia ou metáforas de Lewis Carrol. Há até quem pense que a construção da luta seria uma imposição dos estúdios Disney. Tudo é possível, embora o desenho saído desse mesmo estúdio, nos anos 70, fosse mais apegado ao texto original. Mas estamos em outro tempo...
O filme está atraindo muito jovem ao cinema. É bom que assim seja. Ele incita a que se queira saber mais sobre o tema.
Cotação: ***(BOM)

terça-feira, 27 de abril de 2010

SUCESSOS DO CINEMA MUDO




O DVD está recuperando o cinema mudo,reproduzindo cópias de filmes dos primeiros anos da arte & indústria cinematográfica. O cinéfilo pode encontrar, nas principais locadoras (em Belém, na FOXVIDEO) os seguintes títulos: “Madame DuBarry” de Ernst Lubitsch, “A Roda” de Abel Gance, “Sangue e Areia” de Fred Niblo, “O Dinheiro” de Marcel L’Herbier e “Asfalto” de Joe May. Todos lançamentos.

“Madame DuBarry”, de 1919, é um dos mais bem sucedidos filmes de Lubitsch na sua fase alemã. Focaliza o tipo de uma infortunada plebéia (protagonizada por Pola Negri), transformada na favorita do rei Luis XV (Emil Jennings), ganhando lugar na corte até a troca do personagem no trono. O diretor atuou em sua terra até que passou a residir nos EUA escapando do nazismo. Em Hollywood, consolidou a fama com operetas como “Alvorada do Amor” e “A Viúva Alegre” e comédias como “A Loja da Esquina”, “Ninotchka” e “O Diabo Disse Não”.
Uma superprodução dos estúdios UFA que no seu lançamento em Belém, segundo comentários, foi muito aplaudido.

“A Roda”(La Roue, EUA, 1923) é um trabalho exaustivo de Abel Gance (o diretor de “Napoleão”). Recebendo instruções de David Wark Griffith numa visita aos EUA, usou a nova tecnologia do melodrama para enfocar a história de um ferroviário que encontra uma menina após um desastre de trem, criando-a ao lado do filho, da mesma idade. Anos depois o pai adotivo se apaixona pela bela jovem adotada. Mas surge um milionário no cenário e as dificuldades do ferroviário levam a moça ao casamento com o rico personagem. Infeliz, ela tenta prosseguir a união e quando sabe que é adotada e não filha e irmã de quem a acompanhou por muitos anos tenta mudar o cenário. Mas uma tragédia está entre os planos próximos (muitos) de trilhos e rodas de trens (uma novidade para um tempo em que o cinema preferia médios e grandes planos).

“Sangue e Areia”(Blood and Sand, EUA, 1922) traz o mitológico Rudolph Valentino como o toureiro Juan Gallardo do romance de Vicente Blasco Ibañez. O enredo, muitos conhecem, acusa de antemão a morte do herói na arena. Mas o filme fez sucesso até por isso. Segundo testemunhos, os espectadores, especialmente as espectadoras, comoviam-se ao ver seu ídolo sucumbir diante das chifradas de um touro. O diretor é o mesmo Fred Niblo da primeira versão de “Ben Hur” .
“O Dinheiro”(L’Argent, França, 1928) inspira-se no romance de Emile Zola. É a história de um inescrupuloso banqueiro que tudo faz para manter um “status” abusando da amizade de um homem que pode ajudá-lo, mas a quem trai namorando a sua mulher. No elenco, Brigitte Helm, Marie Glory e Pierre Alcover. O diretor Marcel L’Herbier fundou o IDHEC e dirigiu a Cinemateca Francesa.

“Catherine, Uma Vida sem Alegria” (Une vie sans joie, França, 1924) é o primeiro filme de Jean Renoir. Co-dirigindo está Albert Dieudonné. A personagem-título é uma órfã que conhece o mundo de riquezas, mas não encontra espaço para ser feliz. Catherine Hesling é a principal intérprete e o próprio Renoir é ator.
“Asfalto”(Asphalt, Alemanha, 1929) é um melodrama exposto em imagens muito elaboradas. São closes, movimentos de câmera e iluminação expressionista a pontuar uma história cheia de estereótipos, mas contada de forma dinâmica, incomum para o tempo da produção. O diretor Joe May está entre os expressionistas.

Além desses clássicos, as novidades correm por conta de filmes não exibidos nos cinemas locais como “A Procura de Eric”(Finding Eric/Inglaterra,2008) e “Andando Sobre as Águas”/Israel, 2003) de Jeyton Fox. O primeiro filme é dirigido por Ken Loach (“Terra e Liberdade”) e com muito bom humor trata de um jogador de futebol que deixa a mulher e já avô, sempre amigo da única filha, tenta a reconciliação, mas se vê as voltas com dois rapazes, seus enteados, que se metem com gangues. Um modo curioso do roteiro é o personagem dialogar com seu “alter-ego” como um conselheiro. E o final, com o apoio de amigos, lembra os filmes de Frank Capra.

Quanto ao filme israelense focaliza um “matador de terroristas”que se cansa do cargo com o suicídio de sua esposa. Bons programas. N]ao deixem de assistir!


DVDs MAIS LOCADOS – FOXVIDEO
1. Jogos Mortais IV
2. Lula, O Filho do Brasil
3. Assalto ao Carro Blindado
4. Alvin e os Esquilos 2
5. Lua Nova
6. Sempre ao Seu Lado
7. Uma Mãe em Apuros
8. Abraços Partidos
9. Tudo Por Você
10. Garota Fantástica

sábado, 24 de abril de 2010

MOSTRA ABDeC-PA: DOCUMENTÁRIOS, ANIMAÇÕES E VIDEO-ARTE




Quase um mês após seu lançamento, no dia 30 de março, a 1ª Mostra da Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-metragistas do Pará – ABDeC-Pa, começa nesta segunda-feira, 26 de abril, exibindo dois documentários e duas animações, “Mangabelém”, “A Onda-Festa na Pororoca”,”O Rapto do Peixe-boi” e “Seu Didico: Paraense Velho Macho”.

Com 28 produções inscritas, a 1a Mostra ABDeC-Pa recebe vídeos e filmes não só de Belém, mas também de cidades como Paraupebas e Marabá, municípios que vem se consolidando no cenário audiovisual paraense. Além deles, produções com temáticas indígenas, videoclipe, experimentalismo, vídeo-arte, ficções e documentários, compõe a grade da Mostra que termina na sexta-feira, dia 30.

A maratona de filmes começa sempre às 18h30 e segue até 20h30, no ponto de exibição da ABDeC-Pa, Cineclube Pedro Veriano. O público vai selecionar 05 filmes, sendo um documentário e quatro curtas-metragem, que vão compor um case de DVDs representando o audiovisual do Pará. Cada case será reproduzido em 26 cópias, distribuídas para todas as capitais brasileiras, mais o Distrito Federal, onde serão exibidos nos pontos de exibição das demais ABDs do país. Além das ABDs, municípios de regiões como o sudeste e salgado paraense, entre outros, também receberão suas cópias, permitindo assim maior difusão dessas produções.

Pensada em parceria com a ABD Nacional, a 1ª Mostra ABDeC-Pa é mais uma forma encontrada pela atual gestão da entidade de proporcionar abertura de janelas para o cinema e audiovisual do Estado.

Programação
Divida por temas e duração dos filmes, a programação da Mostra começa nesta segunda, 26 e termina no dia 30, sexta-feira. O público presente vai escolher os cinco filmes do case de DVDs votando diariamente.

Veja abaixo os filmes que serão exibidos nesta segunda-feira, 26 de abril.

“Mangabelém” de Sue Pavão - curta-metragem/vídeo-arte – 2’45”
Sinopse: Lança um olhar sobre Belém do Pará, através de fotografias e vídeo- arte para revelar aspectos do cotidiano e de pertencimento e memória na relação com a cidade. A presença das mangueiras nas praças e avenidas permite uma percepção diferencial e cria uma atmosfera acolhedora e singular na relação cidade- habitante. Os elementos como chuva, sol, arquitetura antiga, moderna, e pessoas em alguns pontos da cidade, são retratados sob o testemunho das mangas e mangueiras. As mangueiras estão em todas as fotografias, porque estão em todos os lugares da cidade, tornando-se um importante ícone, que identifica Belém, como a cidade das mangueiras.
Ficha técnica:
Produção, Roteiro e Direção – Sue Pavão
Edição – Adalberto Júnior
Edição de Som - Kléber Chaar
Fotografia, Off e Texto: Sue Pavão

“A Onda – Festa na Pororoca” de Cássio Tavernard – curta-metragem/animação – 12’
Sinopse: Com roteiro original de Adriano Barroso, conta a história de uma festa que os bichos organizam no fundo do rio para esperar a passagem da Pororoca. Enquanto isso, na superfície, dois surfistas do sul tentam a aventura de "domar" a onda da pororoca. Estas ondas nos rios da Amazônia são um fenômeno natural. No Pará, o principal município atingido é de São Domingos do Capim. No dialeto indígena do baixo Amazonas, o fenômeno da pororoca tem o seu significado exato: Poroc-poroc significa destruidor.
Ficha técnica:
Texto original – Adriano Barroso
Roteiro adaptado – Adriano Barroso e Cássio Tavernard (foto)
Direção, Direção de Arte e Produção – Cássio Tavernard
Produção Executiva – Márcia Macêdo
Trilha Sonora original – Fábio Cavalcante
Animadores 2D - Alexsandro Costa, Andrei Miralha e Cássio Tavernard
Animadores 3D - Nelson Teixeira e Nonato Moreira
Edição – Imagem Produções
Produção – Jackie Araújo
Elenco (vozes): Adriano Barroso, André Mardock, Aílson Braga, Ester Sá, David Mattos e Mateus Maia

“O Rapto do Peixe-boi” de Cássio Tavernard e Rodrigo Aben-Athar – curta-metragem/animação – 15’
Sinopse: Os preparativos estão fervendo e claro, as trapalhadas continuam. O peixe boi foi sequestrado e para conseguir livrar o amigo dessa enrascada, a Turma da Pororoca terá que pedir ajuda para uma temível figura. Mas quando as coisas estão sendo desvendadas, o Camarão aumenta a confusão...
Uma aventura divertida com trilha sonora de compositores paraenses, interpretadas pela Orquestra Sinfônica do Teatro da Paz e participação especial do Mestre Vieira.
Ficha técnica:
Direção e roteiro: Cássio Tavernard e Rodrigo Aben-Athar
Produção Executiva: Central de Produção
Elenco (vozes): Adriano Barroso, Aílson Braga, Ester Sá, André Mardock, José Leal.


“Seu Didico: Paraense Velho Macho” de Chico Carneiro – Documentário – 65’
Sinopse: Documenta a saga de um herói brasileiro. Vivente dos rios da Amazônia paraense, seu Didico, 74 anos de idade, casado, 09 filhos (“todos vivos, graças a Deus) esbanja jovialidade, alegria, picardia e robustez, enquanto transporta no velho barco “Samaria” a madeira com que – honestamente – ganha a vida.
Ao navegar por outros brasis, este documentário também registra a imparável destruição da floresta amazônica.
Ficha técnica:
Produção, fotografia, câmera, som, edição e realização: Chico Carneiro
Músicas: Cincinato Júnior, Allan Carvalho, Luiz Pardal
Direção Musical: Luiz Pardal


Informações e entrevistas
Dani Franco – Diretora e Assessora de Comunicação ABDeC-Pa
(91) 8167 5745 / danifrancoeu@hotmail.com
www.abdecpara.blogspot.com

terça-feira, 20 de abril de 2010

KUROSAWA




O cinema japonês tinha pouca visibilidade no ocidente até o filme “Rashomon” ganhar o Leão de Ouro, primeiro prêmio do Festival de Veneza de 1951. Howard Hughes, então o titular da RKO Radio Pictures, ficou interessado e comprou os direitos para a exibição internacional e, graças a isso, o filme chegou até em Belém. Com o sucesso, o nome do diretor tornou-se conhecido: Akira Kurosawa. Daí em diante seus trabalhos posteriores e anteriores passaram a nos alcançar. “Os Sete Samurais”, por exemplo, foi sucesso de critica e de público em 1954. Quando o Cine Clube APCC atuou em memoráveis sessões no Cine Guajará, Grêmio Português, AABB e auditório do Curso de Odontologia (na Praça Batista Campos), mostras do cinema japonês chegaram a ser programadas e uma semana de filmes de Kurosawa fez a alegria dos cinéfilos.

“Viver”(Ikiru/1952) seguiu “O Idiota” e “Rashomon”. Chegou ao nosso público bem mais tarde se considerado o ano de sua estréia no Japão. Foi um dos melhores filmes do ano em que foi exibido, no entendimento dos nossos críticos. E sobram razões para essa eleição. O roteiro de Shimbobo Hashimoto, Hideo Oguni e do próprio Kurosawa trata de Kanji Watanabe(Takashi Shimura), um burocrata que passou anos cuidando de um arquivo da prefeitura de sua cidade, que descobre estar com um câncer no estômago. Sentindo o vazio de sua existência, sentindo a solidão de seus dias e avaliando que sua vida de funcionário público em nada contribuíra para a solução dos problemas da população de sua cidade, resolve desengavetar um projeto que prevê a construção de um parque infantil, petitório de um grupo de mulheres. Com pressa, já que seus dias estão contados, o servidor quer deixar algo mais do que uma lembrança fugaz.

A narrativa se dá em dois tempos: o presente, e “flash-backs” da vida de Kanji desde a juventude. A justificativa para o titulo “Viver” encerra com uma longa seqüência do funeral do personagem, um tipo peculiar de cerimônia onde as pessoas se reúnem para falar do morto e beber em sua honra.

Em seu livro de memórias Kurosawa cita este filme entre os que mais admirava. E, de fato, é um trabalho consistente e belo, abordando um episódio japonês de repercussão universal. Tornando-se útil sem ser herói se irmana no drama daqueles que lutam pelas melhorias do cotidiano de uma cidade e não têm respostas para suas demandas.
Este ano comemora-se o centenário do mestre que entre outros títulos marcantes deixou “O Homem Mau Dorme Bem”, “Kagemusha”, “Sonhos”, “Ran” , “Dodeskaden”, “Dersu Uzala” e “Madadayo”. Por isso, a ACCPA programou para os espaços onde atua, 3 filmes desse cineasta: ”Dersu Uzala”(no CC_AGM/IAP) que inclusive inaugurou o Cinema 2, em 1978, “Viver”(sábado na Sessão Cult do Libero Luxardo) e mais “Madadayo”(Sessão Cinemateca de 02/05 no Olympia).

Há uma história muito importante para se avaliar o valor de “Dersu...”. Kurosawa entrara em depressão no tempo em que dirigiu “Dodeskaden”, um amargo relato de um menino que imaginava um trem que lhe fazia percorre a favela onde morava. O drama desse personagem levou o diretor a tentar o suicídio. Salvo, ficou sem filmar no Japão até que foi convidado a desenvolver para o cinema, por produtores soviéticos, a história de um lenhador, um homem rude da Sibéria, onde se dá ação do filme, contando com o desempenho de um ator excepcional: Maxin Munzuk(1910-1999). Entre muitos prêmios e aplausos da critica internacional ganhou o Oscar de filme estrangeiro.

“Madadayo” quer dizer “ainda não” e foi o último trabalho do cineasta. Focaliza um professor através de lembranças de seus alunos, e de como ele consegue passar pelos horrores da guerra sem deixar de lecionar. Para um “canto de cisne” a escolha do tema exala poesia e quando foi lançado entre nós, com Kurosawa ainda vivo, a aposta corrente se baseava na resposta à pergunta dos meninos (“Ainda não?” - “Ainda não”). De fato ainda não era a hora de aposentadoria do autor. Kurosawa faleceu em 6 de setembro de 1998. Deixou incompleto “Gendai no No” que está sendo finalizado para lançamento este ano, além de outros projetos que chegou a escrever, inclusive uma série de TV sobre “Os 7 Samurais”.

Dois filmes de Kurosawa geraram versões “westerns” norte-americanas: “Quatro Confissões”(Outrage), vindo de “Rashomon” com direção de Martin Ritt, e “7 Homens e 1 Destino”(The Magnificent Seven) a partir de “Os 7 Samurais”.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

INDIOS E LOUCOS







O Cine Clube Pedro Veriano (Casa da Linguagem) exibe desde o dia 20/04, a partir das 16h30 uma série de documentários sobre os índios brasileiros, compondo a Mostra Nós Indígenas, promoção da Fundação Curro Velho/Casa da Linguagem e ABDeC.
Por outro lado, o cinema Olympia, dando prosseguimento ao seu festival de aniversário, exibe “Um Estranho no Ninho” de Milos Forman, um filme sobre um hospital para doentes mentais e seus problemas. Os dois programas ensejam o tema da coluna de hoje, realçando filmes que trataram dessa temática ao longo dos anos e que merecem ser lembrados para uma aferição do que será visto ou revisto.

Os índios brasileiros estiveram nas telas “in natura” e também ficcionados. Mais fantasiados, algumas vezes lembrando as representações de escola de samba. A memória alcança alguns documentários onde os índios foram mostrados sem um “glamour” hollywoodiano presente até mesmo em trabalhos pretensiosamente dedicados a vê-los como vivem ou viviam. Quando o cineasta Sylvio Back quis realizar “Yndio do Brasil”(1969) esteve em Belém em busca de informações. De nossa parte lembramos-lhe as marchas de carnaval dedicadas à tribo Boca Negra, e a lembrança dessa tribo advinda de um fato hoje esquecido: no final de 1948, na construção de uma estrada, o tenente Fernando, do exército brasileiro, perdeu-se na mata. Houve várias versões de seu desaparecimento como o de seu encantamento pelo canto do Uirapuru motivo de ter se perdido na mata, sendo dominado pela tribo Boca Negra. Seus familiares em vão o procuraram. E os jornais locais acompanharam a odisséia. A mídia encarregava-se de noticiar de vez em quando esse fato e até samba foi criado, as marchichas “Boca Negra”, “Tem Branco na Maloca”e outras que não lembro. Sylvio foi alertado que uma dessas composições fez parte da chanchada “Estou Aí ?” de Moacyr Fenelon. Por isso, o cineasta incluiu um trecho no filme “Yndio do Brasil”, elaborado de recortes de seqüências de diversos outros documentários, alguns do antigo Serviço de Proteção ao Índio(SPI).

Distribuidores norte-americanos chegaram a lançar outros filmes. Em “Jacaré”(1942) o norte-americano Frank Buck (1888-1950) produziu e estrelou, sob a direção de Charles E. Ford. Havia tomadas em Belém, com a participação de um sertanista residente (Miguel Rojinski). Muito falso, mesmo assim o filme fez sucesso de público entre nós. “Amazônia Indomável”(1952) de Julian Lesser, foi produzido pela empresa RKO. O filme foi exibido em Belém nos cinemas Moderno e Independência. Tratava das tribos Jivaros, Jargas, Utiliangas e Yagas e a atração, pode-se dizer, era mostrar as cabeças mumificadas e reduzidas que uma tribo exibia como troféu.. E dentre dezenas de filmes dramáticos em que pessoas da cidade eram convocadas para fazer papeis de índios (a exemplo de “Floresta de Esmeraldas” e “Brincando nos Campos do Senhor”) surgiram curiosidades como “Kalapalo”(1955). Esse documentário focalizava o casamento do sertanista Ayres da Cunha com a índia Diacuí, da tribo Kalapalo. O próprio sertanista veio à Belém lançar seu filme no cinema Moderno. Diacuí morreria quando de seu primeiro parto e o assunto ficou no imaginário popular associado a romances de Hollywood como “Ave do Paraíso”(Bird of Paradise).

Quanto a questão da loucura, pode-se avaliar no mesmo nível da abordagem dos indígenas. Na maioria das vezes surgiram estereotipados em filmes que se limitavam às personagens sem adentrar pelo ambiente onde eram jogados. “Um Estranho no Ninho” (One Flew over the Cukoo’s Nest/EUA,1975), do tcheco Milos Forman, ganhou Oscar (para ator, roteiro . atriz coadjuvante diretor e filme) e está entre os melhores exemplares da categoria. Jack Nicholson protagoniza um homem de temperamento “diferente” que por isso se viu jogado no manicômio (a época era dos “politicamente incorretos”, nos EUA, ou seja, os jovens que desafiavam o sistema, sobretudo a convocação para a guerra no Vietnã).

Entretanto, o Brasil deixou um titulo meritório na categoria: “Bicho de Sete Cabeças”(2001), de Laís Bodanzky. Este filme revelou o ator Rodrigo Santoro e mostrou de forma dura os desmandos de uma casa especializada em doenças mentais. Aliás, Lais tem um filme em exibição entre nós: “As Melhores Coisas do Mundo”.

sábado, 17 de abril de 2010

CASO 39





Não é de hoje que o cinema procura endossar o terror contrastando com o que possa parecer mais angelical, geralmente seguindo um postulado religioso, bem a gosto do grande público, lembrando que a figura do diabo foi extraída de um anjo rebelde e, por isso mesmo, pode se vestir com roupagem afim. Vem a lembrança: “A Inocente Face do Terror”(The Other, 1972) de Robert Mulligan (de uma história e roteiro do ator Tom Tryon), como também “O Exorcista”(The Exorcist, 1973) de William Friedin segundo William Peter Blatty, e, recentemente, “A Órfã”(The Orphan, 2009), de Jaume Collet Serra de um roteiro de David Leslie Johnson e Alex Mace. Claro que há outros exemplos, todos representados por crianças que espelham candura, mas trazem consigo os supostos “espíritos maus”. Só no último caso citado é que se sabe, no fim, que não se trata de uma criança, trata-se de uma figura que toma o corpo de criança aproveitando-se da sua presença física para exalar maldade.
“Caso 39”(Case 39/EUA, 2009) trata de Lillith Sullivan (Jodelle Fernand), garota de 11 anos que mora com o pais, mas o seu nome alcança a defensoria pública como maltratada por estes. Uma assistente social, da equipe especializada da escola, Emily Jenkins (Renée Zellwegher) encarrega-se do caso e, na visita que faz à casa da família em questão percebe, realmente, que pai e mãe se portam de forma estranha e a garota parece oprimida por causa disso. Com o passar do tempo, e uma visita inesperada à mesma residência, Emily descobre que a menina ia sendo assassinada pelos genitores, colocada no forno. Daí em diante segue o processo que busca uma adoção da menor e a prisão dos pais. Como a jovem assistente social se oferece para tomar conta da menina, esta passa a ser sua hóspede e, gradativamente, revela uma postura diferente do que aparenta.
Poucas pessoas vão se perder no enredo recorrente e deixar de perceber a subseqüente abordagem das imagens que vão surgir na tela a partir da segunda parte da sessão. As personagens vão assumindo a perfeita estereotipia na condição enfocada, a ação transcorre num crescente de terror, e o final não difere do que sempre ocorre quando há envolvimento no gênero.
É possível creditar alguma substância no argumento de Ray Wright, mas o roteiro que ele mesmo elaborou para Christian Alvart dirigir subtraiu qualquer interpretação analítica, como o caso de uma criança incompreendida ou de uma educação que levasse a um comportamento violento por parte da criança em conseqüência dessa educação. Resta o terror corriqueiro. Este se alimenta de recursos de linguagem como o uso de lentes que “afunilam” décor para reforçar o medo, a iluminação com as cenas de chuva que sempre endossam o ambiente onde vai acontecer alguma coisa ruim, enfim, as armadilhas formais que perfazem alguns sustos no espectador. Que atualmente não está tão ingênuo a ponto de estremecer de medo pela linguagem adotada num cinema apelativo como a maioria das produções que se tem visto.
Salvam-se os atores, com René Zellwegger protagonizando um tipo muito diferente dos que já desempenhou em comédias como os dois filmes de uma personagem que ficou famosa - Bridget Jones. A pouco conhecida Kerry O”Maley compõe muito bem a angustiada mãe de Lilith e a própria Lilith (Jodelle Ferland), jogando bem as expressões de sarcasmo que escondem o “monstro” interior.
O diretor é o mesmo da ficção-cientifica “Pandorum”(EUA/Alemanha, 2009) , muito curiosa mas que não chegou aos nossos cinemas.
Finalmente, vale ressaltar uma seqüência que não é nova mas está muito bem construída em “Caso 39” : o psiquiatra interpretado por Bradley Cooper cai na inimizade da menina misteriosa após contar à este que o medo que sentiu na vida foi de abelhas que o perseguiram em criança. Ao chegar em casa o rapaz recebe um telefonema e e ao atender, ganha uma espécie de ordem da menina e não demora começa a expelir abelhas do corpo (até dos olhos). É um momento grotesco que funciona.
Cotação: Razoável (**)

sexta-feira, 16 de abril de 2010

ABDeC-Pa :INSCRIÇÕES PARA A 1ª MOSTRA DE CINEMA































Dani Franco, da diretoria ABDeC-Pa, informa que estão abertas, desde a segunda-feira, 12 de abril, as inscrições para a 1ª Mostra da Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-metragistas do Pará.

Lançada no dia 30 de março, durante o aniversário da ABDeC-Pa, e projetada em parceria com a ABD Nacional, a Mostra vai mapear a atual produção audiovisual do estado, através de um mini-festival que será realizado entre os dias 26 e 30 de abril, na Casa da Linguagem.

Os filmes serão selecionados através de voto popular, onde os mais votados serão compilados num DVD, distribuído nacionalmente pela ABDeC-Pa para as outras 26 ABDs do país, que o exibirão em seus respectivos cineclubes e salas de exibição com apresentação e debates nas sessões. Da mesma forma, as demais ABDs enviarão ao Pará os filmes de suas mostras regionais. Assim, as produções de todo o país vão circular em cada estado brasileiro e também no Distrito Federal.

Para se inscrever o candidato ou candidata deve observar o regulamento disponível no endereço www.abdecpara.blogspot.com. A ABDeC-Pa está aberta a novos realizadores que queiram se associar e participar de suas atividades. As inscrições para a Mostra seguem até o dia 23.04, sexta feira.

Mais informações através do e-mail abdecpar@gmail.com e dos telefones da diretoria:
(91) 8167 5745 (91) 8120 0815.

Dani Franco - Diretoria ABDeC-Pa

Jornalista DRT-Pa 1749 / (91) 8167 5745
msn: danifrancoeu@hotmail.com

CICLO DE DOCUMENTÁRIOS: NÓS INDÍGENAS





A Fundação Curro Velho programou para exibição na Casa da Linguagem/Cineclube Pedro Veriano um ciclo de filmes do Vídeo nas Aldeias (VNA) - explorando a situação dos povos indígenas na Amazônia. A programação está assim definida:


19/04/2010
Hora: 16h30

16h30 I Semana dos Povos Indígenas de Luiz Arnaldo Campos/Doc/digital/2007/ 12min /Belém/PA.

Sinopse: Durante a semana dos povos indígenas, delegações de mais de trinta etnias que vivem no Pará se encontram em Belém, buscando sua auto-organização e a construção de uma pauta de reivindicações junto ao governo estadual. Um momento de afirmação de direitos e projeções para o futuro.

16h45 Wai’á Rini, O poder do sonho de Divino Tserewahu / Doc/2001 / 48min./Xavante/MT (*VNA).

Sinopse:A festa do Wai’á, dentro do longo ciclo de cerimônias de iniciação do povo Xavante, é aquela que introduz o jovem na vida espiritual, no contato com as forças sobrenaturais. O diretor Divino Tserewahú vai dialogando com o seu pai, um dos dirigentes deste ritual, para revelar o que pode ser revelado desta festa secreta dos homens, onde os iniciandos passam por muitas provações e perigos.

20/04/2010

16h30 - II Semana dos Povos Indígenas de Luiz Arnaldo Campos e Célia Maracajá/Doc/2008/16min/Belém/PA.

Sinopse: A luta pela demarcação da terra macuxi de Raposa Serra Sol pressiona a II Semana dos Povos Indígenas a enfrentar duas questões essenciais. Os índios são importantes para o Brasil? Os índios devem Ser considerados brasileiros?

16h50 - Kiarãsâ Yõ Sâty, O amendoim da cutia de Komoi Panara e Paturi Panara/Doc/2005/51min/Panará/MT(*VNA).

Sinopse:O cotidiano da aldeia Panará na colheita do amendoim, apresentado por um jovem professor, uma mulher pajé e o chefe da aldeia.

18h30 - Serras da Desordem de Andrea Tonacci/Doc/2008/135min/Brasil

Sinopse: Carapirú é um índio nômade, que escapa de um ataque surpresa de fazendeiros. Durante 10 anos ele perambula sozinho pelas serras do Brasil central, até ser capturado em novembro de 1988, a 2000 km de distância de sua fuga inicial. Levado a Brasília pelo sertanista Sydney Ferreira Possuelo, em uma semana ele se torna manchete por todo país e centro de uma polêmica entre antropólogos e linguistas em relação à sua origem e identidade. Na tentativa de identificar sua origem ele reencontra um filho, com quem retorna ao Maranhão. Porém o que Carapirú encontra ao retornar já não está mais de acordo com sua vida nômade.


22/04/2010

16h30 - III Semana dos Povos Indígenas do Coletivo Audiovisual Indígena/Doc/2009/7min/Belém/PA.

Sinopse: Durante a III Semana dos Povos Indígenas, jovens kayapós, xikrins e gaviões, integrantes da oficina de audiovisual percorrem as ruas de Belém com uma pergunta na ponta da língua: o Brasil foi descoberto ou invadido. Este é o filme fundamental de suas vidas.

16h40 - Shomõtsi de Valdete Pinhanta Ashaninka/Doc/2001/42min/Ashaninka/AC (VNA).

Sinopse: Crônica do cotidiano de Shomõtsi, um Ashenika da fronteira do Brasil com o Perú. Professor e um dos videastas da aldeia, Valdete retrata o seu tio, turrão e divertido.

23/04/2010

16h30 Nguné Elü, O dia em que a lua menstruou de Takumã Kuikuro e Maricá Kuikuro/Doc/2004/28min/Kuikuro/MT(*VNA).

Sinopse: uma oficina de vídeo na aldeia kuikuro, no Alto Xingu, ocorre um eclipse. De repente, tudo muda. Os animais se transformam. O sangue pinga do céu como chuva. O som das flautas sagradas atravessa a escuridão. Não há mais tempo a perder. É preciso cantar e dançar. É preciso acordar o mundo novamente. Os realizadores kuikuro contam o que aconteceu nesse dia, o dia em que a lua menstruou.

17h00 MARANGMOTXÍNGMO MÏRANG Das crianças Ikpeng para o mundo de Natuyu Yuwipo Txicão, Karané Txicão e Kumaré Ikpeng/Doc/2001/35min/Ikpeng/MT(*VNA).

Sinopse:Quatro crianças Ikpeng apresentam sua aldeia respondendo à vídeo-carta das crianças da Sierra Maestra em Cuba. Com graça e leveza, elas mostram suas famílias, suas brincadeiras, suas festas, seu modo de vida. Curiosas em conhecer crianças de outras culturas, elas pedem para que respondam à sua vídeo-carta.

17h40 1. Aprendendo a voar (de Bdjai Xikrim, Sateia Kui Assurini, Topramres Junure, Keyipytiti Bijack, Bemajti Xikrim, Aprare Gavião, Eslani Karaja e Betikre Kayapó)Doc/2009/13min/PA 2. A arte de saber (de Takakri Kayapó, Bdjai Xikrim, Bemajti Xikrim e Betikre Kayapó)Doc/2009/14min/PA 3. O antigo e o novo (de Bdjai Xikrim, Bijack, Bemajti Xikrim e Betikre Kayapó) Doc/2009/16min/PA.

Sinopse: três documentários realizados apartir de oficinas de audiovisual para os indígenas, onde o tema central abordado foi a educação escolar indígena, com base nas conferências regionais culminando com a realização da conferência Nacional. Que reuniu cerca de 200 povos indígenas em Brasília. Apontando novos rumos para educação escolar indígena reforçando cada vez mais o tipo de escola que cada povo quer para seu futuro, onde a autonomia e identidade cultural sejam valores indeléveis para construção do melhor caminho.


Criado em 1987, Vídeo nas Aldeias (VNA) é um projeto precursor na área de produção audiovisual indígena no Brasil. O objetivo do projeto foi, desde o início, apoiar as lutas dos povos indígenas para fortalecer suas identidades e seus patrimônios territoriais e culturais, por meio de recursos audiovisuais e de um produção compartilhada com os povos indígenas com os quais o VNA trabalha.

DUPLA EXPLOSIVA



Os tempos realmente mudam. Há alguns anos o cineasta francês Luc Besson dava prosseguimento às conquistas estéticas da “nouvelle vague” e dirigia filmes como “Subway”, “A Imensidão Azul”(Le Grand Bleu), e “O Profissional”(Leon). Também elaborava roteiros interessantes, mesmo para superproduções norte-americanas como no caso de “O Quinto Elemento” (The Fith Element). Hoje Besson não pensa muito quando escreve e dirige cinema. Seu “Angel A”, lançado no Brasil só em DVD, ganhou inspiração em Frank Capra, e “Busca Implacável” mostrou o cinema de ação que os grandes estúdios de Los Angeles gostam de fazer. É nessa tecla que apresenta este “Dupla Implacável” (From Paris, With Love/EUA, França,2009), com o titulo brasileiro lembrando o filme anterior e o original atendendo ao livro de Ian Fleming que resultou em um dos mais aplaudidos exemplares da franquia James Bond: “Moscou contra OO7”(From Rússia With Love).
Outra mudança: John Travolta. Tentando cada vez mais fazer com que se esqueça de Tony Manero, o dançarino de discoteca que por aqui lançou a moda em “Embalos de Sábado à Noite”, apresenta-se careca, de bigodes, um tanto obeso, e extremamente violento (não discute: manda bala).
O roteiro do filme dirigido pelo francês Pierre Morel (o mesmo de “Busca Implacável”), escrito por Adi Hasak, aborda uma investigação norte-americana em Paris, visando terroristas. As autoridades do país enviam para a capital francesa um novato chamado James Reece (Jonathan Rhys Meyers, revelação de Woody Allen em “Match Point”) que entre outras coisas serviu de motorista de um embaixador (Richard Durden). Ele deveria contatar com um agente do FBI atuante no local, Charlie Wax (Travolta) e os dois passariam a trabalhar juntos, com o segundo demonstrando não só experiência como truculência.
Quem se aventurar a “contar história” fica por aí. “Dupla Implacável” é uma sucessão de tiroteios, desastres de carros, pancadaria, enfim, o que faz parte da fórmula de um gênero que parece não se exaurir. A única ressalva é a garota de Reece, a bela Caroline (Kasia Smutniak) que o Wax diz logo que se trata de uma pessoa “bonita demais” para quem se julga o seu amado. E acaba sendo isso mesmo: no fim da aventura vê-se a jovem numa situação semelhante a vivida pelo iraquiano de “Guerra ao Terror”, surgindo na rua com um colete cheio de explosivos. Sim, Caroline é contra a política belicista dos norte-americanos no oriente. E esta opção alimenta atentados que ocorrem em diversas partes do planeta. Mas a opção política da personagem não chega a levar o filme para uma área mais densa. Besson quer tudo na superfície, como se brincasse de policia versus ladrão. O que importa é a ação em si.
A distribuidora de “Dupla Implacável” no Brasil achou que o filme faria muito sucesso popular e organizou pré-estréias para fomentar a propaganda “boca a boca”(ou “boca-orelha” como querem os franceses ao chamar “bouche-oreille”). Ao que consta, não deu muito certo. Pelo menos por aqui. Entre a mesmice dessa refrega antiterrorista e a também mesmice da menina má que tenta matar até mesmo quem lhe quer dar guarida (em “Caso 39”) é preferível a segunda opção. Pelo menos há uma intriga que se pensa mudar pelo caminho, o que jamais acontece com os dois “mocinhos” imaginados por Besson. Eles não conseguem fazer jus a máscara adotada pelo esforçado Travolta.

Registro
Na noite do dia 13/04, alguns membros da ACCPA ( Marco Moreira, Ismaelino Pinto e a colunista, além de Rogerio Pareira e o Marcelo Silva, do IAP) viveram um evento memorável na cidade de Castanhal/Pa. Entrega dos prêmios aos vencedores da II FESTIVAL DE CURTAS-METRAGENS “CURTA CASTANHAL”, versão 2010 e criação do Cine Clube da FUNCAST que recebeu o nome de Manoel Carneiro, homenageando o velho exibidor dono do Cine Argus “Duca” Carneiro, foi devidamente festejado pelo público, com direito à presença do Prefeito da cidade, Helio Leite. Uma grande noite.

terça-feira, 13 de abril de 2010

CASTANHAL EM CINE-FESTA




Logo mais, às 19 horas, a Prefeitura Municipal de Castanhal (PA) e a Fundação Cultural da cidade – FUNCAST, estarão realizando um grande evento cultural para a entrega pública dos prêmios a que fazem jus os cineastas vencedores do II FESTIVAL DE CURTAS-METRAGENS “CURTA CASTANHAL”, versão 2010.
A partir de um júri formado por cinco profissionais: Leonardo Machado (SECULT), Marcelo Rodrigues Silva (IAP – Instituto de Artes do Pará), Rogério Parreira (Fundação Curro Velho), Marco Jatene (Crítico de Cinema) e Amilcar Carneiro (Cineasta e fotógrafo), para selecionar os vários competidores que apresentaram seus trabalhos, a escolha ficou assim constituída:
1º Lugar: “Vila Castanhalense” – Direção: Jhamerson Wandrew.
2º Lugar: “Celas” – Direção: Anselmo Gomes.
3º Lugar: “O tempo que virou lembrança” – Direção: Masaru Takano, Elison Azimbauê e Monik Àguila.
Melhor Filme por Aclamação Popular: “Um $ Real”.
Coube a cada produção os valores respectivos: 1º Lugar: R$ 3.000,00; 2º Lugar: R$ 2.500,00; 3º Lugar: R$ 2.000,00; Aclamação Popular: R$ 1.000,00.
A solenidade da noite de hoje, 13/04, acontecerá no Auditório da FUNCAST, com a presença do Prefeito da cidade, Dr. Hélio Leite da Silva, do superintendente do órgão, prof. Benedito Santiago, e demais secretários e outras entidades culturais da própria cidade, além de pessoas interessadas. Convidada, a ACCPA e a Fundação Curro Velho e os programadores do Cine Clube Pedro Veriano estarão presentes também.
Este evento faz parte da programação desenvolvida pela Fundação do município em torno das artes em geral e o cinema, em suas arenas de produção e exibição, tem tido lugar de destaque em meio aos outros programas culturais de relevância popular. Com os editais para a chamada de jovens realizadores, os dirigentes entendem que a exibição e discussão sobre cinema é também um veiculo eficaz de agregação e critica aos cultores da Sétima Arte do município. Dessa forma, estará criando na ocasião, o Cine Clube FUNCAST com essa finalidade. A programação inicial será com os filmes programados pelo Cine Clube Pedro Veriano, como a Mostra Glauber Rocha.

Para a assessora de Comunicação Maria Eliene Souza, a Fundação procurou elaborar para o longo deste ano, um calendário extenso de eventos artísticos e culturais, que tem movimentado bastante a cidade, inclusive chamando a atenção de participantes de outros estados, como por exemplo o FESTIVAL DE MÚSICA CASTANHALENSE – FEMUC, além de oficinas de Pintura em Tela e Cartum, a primeira, ministrados pelo artista plástico Emílio Potiguara e a segundo pelo premiadíssimo artista Biratan Porto, nos horários da manhã e tarde.

No final de marco, mais precisamente no dia 26, a entidade realizou o lançamento do filme “Balsa Boieira” (foto), do cineasta e fotógrafo castanhalense Chico Carneiro. Segundo este cineasta, “As balsas boieiras fazem o transporte de gado pelos rios da Amazônia. A balsa, objeto deste documentário, parte de Belém com mercadoria seca, sobe os rios Amazonas e Xingu, até Belo Monte, na Transamazônica, de onde retorna com 300 bois para abate. O filme documenta os nove dias dessa viagem: o cotidiano de sua tripulação, problemas da população ribeirinha, o sofrimento dos animais, a paisagem e a permanente e insistente destruição da Floresta Amazônica”.
Se o leitor ou leitora se interessar em avaliar os programas culturais da FUNCAST é só abrir o site do municipio e ver, por exemplo, que a agenda de 2009 foi riquíssima em eventos temáticos, o que representa não só a exposição pura e simples de atividades, mas um processo crítico de discussão sobre os próprios problemas da diversidade sócio-cultural a exemplo: artes visuais “Universo Feminino”; Semana Da Consciência Negra- exposição alusiva ao Dia Internacional da Consciência Negra; Projeto Castanhal/ Multicampiartes /UFPA, com oficinas oferecidas de literatura dramatizada e música;. I Oficina de Iniciação Teatral desenvolvida como uma das ações do “Nossa Segurança Na Escola”; Cine Literatura / Diálogos Literários; Mostra das Fotografias Premiadas e Selecionadas no 3º Concurso de Fotografia “Caminhos De Castanhal”.
Como pessoa ligada a cultura quero registrar minha admiração pelo desenvolvimento de uma área cultural nem sempre priorizada pelas entidades públicas. Creio, contudo, que os municípios do Pará em sua maioria têm sua agenda nessa vertente, mas nem sempre têm divulgado com maior empenho.
Vamos a Castanhal , pessoal !

segunda-feira, 12 de abril de 2010

DVD: "CHANEL" E "OS FANTASMAS DE SCROOGE"



“Coco Antes de Chanel” (Coco Avant Chanel/França 2009) não alcançou os cinemas locais apesar das mulheres da classe média e alta lembrarem a personagem biografada a partir de um livro de Edmonde Charles-Roux. O roteiro da diretora Anne e de Camile Fontaine aborda a vida da estilista que ditou a moda no século passado desde que era uma órfã de mãe, sem merecer a atenção do pai, a tentar ser cantora de um cabaré de província. Ambiciosa e decidida, ela enfrentou necessidades junto com a irmã e conseguiu até mesmo sobrepujar alguns encontros românticos, especialmente com um homem muito mais velho e rico que a abrigou em casa por algum tempo. Quando pôde toma o rumo de Paris, começou na costura a criar chapéus e, gradativamente, entrou na área dos vestidos, galgando um posto elevado na sociedade.
O filme, como a grande maioria das cinebiografias, concentra-se na fama alcançada pela personagem sem adentrar muito na estrutura psicológica da mesma, mostrando-a sem hesitação no que deseja, fato que endossa o estereotipo da pessoa “que veio de baixo e alcançou invejado status”. Mas Audrey Tautou dá a necessária credibilidade ao tipo que interpreta e, no final, quando vê um desfile de suas obras, mostra-se pensativa, realçando a imagem de quem só parou um pouco quando pôde pensar no que viveu. Os créditos finais informam que Coco morreu num domingo- e isto foi mais uma prova de que só nesse dia iria descansar.
A narrativa acadêmica segue a preferência das grandes platéias e por isso mesmo o filme fez grande sucesso na Europa e mesmo nos EUA. Aqui é que mereceu poucas cópias para cinema e teve seu lançamento, por isso mesmo, limitado omitindo o norte.
O DVD já pode ser encontrado nas locadoras.
“Os Fantasmas de Scrooge” (A Christmas Carol/EUA, 2009) é mais uma versão da famosa história do avarento imaginado por Charles Dickens. Nesta versão, o diretor Robert Zemeckis(“De Volta Para o Futuro”, “Naufrago”, “Forrest Gump”) usou a animação sobre atores, técnica que está aplicando há alguns anos em todos os filmes que realiza. Jim Carrey interpreta o velho Scrooge, tão usurário que não libera seu único funcionário a passar o Natal com a família. Na noite de 24/12 é assediado pelo fantasma de seu sócio,falecido há 7 anos, que o avisa da chegada de 3 outros espectros a representarem os Natais passado, presente e futuro e com isso revelarem ao avarento que ele deve mudar de postura se não quiser concretizar uma vida de inferno.
A opção pela animação dá margem a que se vejam movimentos de câmera radicais e detalhes de cenografia só possíveis dessa forma. Também se deve considerar que o filme foi criado para ser exibido em 3D. Devem ser impressionantes as imagens saltando da tela, especialmente quando Scrooge cai num abismo mostrado pelo “fantasma do futuro”, o equivalente ao sepultamento de sua desmedida ambição.
A história de Dickens já se apresentou até em musical (“Adorável Avarento”) e parecia esgotada pelo cinema. Mas o filme de Zemeckis deixa qualquer coisa de novo na sua plasticidade. Deve ser programa de Natal daqui pra frente, na impossibilidade de ser visto em três dimensões pelo menos na tela de casa, melhor se ela for grande e com recursos de fidelidade de imagem.
“A Classe Dominante”(The Ruling Class/Inglaterra, 1972) foi programa do Cine Clube APCC na década em que foi editado. Com base na peça de Peter Barnes com roteiro dele próprio e direção de Peter Medak mostra um membro da corte britânica, o conde Jack, como um louco que julga ser Jesus Cristo. Ele seria o herdeiro de uma família de aristocratas após a morte do pai morre por enforcamento quando arma um estimulo sexual. Vendo-o delirante, os parentes acham por bem interná-lo em um asilo, mas antes querem que ele deixe um herdeiro, providenciando o seu casamento com uma jovem que é amante de um tio. Tudo dá certo, mas o internamento tropeça numa súbita melhora de Jack, embora se saiba que é uma “trégua” entre seus delírios.
O roteiro mistura tempo e se vê o personagem representado por Peter O’Toole (que chegou a ser candidato a Oscar e Bafta) até como outro Jack, o estripador que aterrorizou Londres do fim do século XIX. Muito curioso embora o humor inglês seja atropelado por hiatos de violência difíceis de sugerir alguma graça.

DVDs MAIS LOCADOS (FOXVIDEO)
1. Alvin e os Esquilos 2
2. Lua Nova
3. O Solista
4. Sempre ao Seu Lado
5. 2012
6. Os Fantasmas de Scrooge
7. Julie & Julia
8. Atividade Paranormal
9. Coco Antes de Chanel
10. Código de Conduta

sábado, 10 de abril de 2010

ZELLWEGER, TRAVOLTA E ESPECIAIS




São duas as estréias desta semana no circuito Moviecom: “Caso 39” e “Dupla Implacável”. No plano “extra” prossegue a mostra dos filmes que marcaram de alguma forma a história do cinema Olympia, a volta de Sessão Cult no Cine Libero Luxardo, a vesperal infanto-juvenil, e “ O Homem que Virou Suco” ( no IAP). Entre os eventos, destaca-se a entrega de premiação aos vencedores do II FESTIVAL DE CURTAS-METRAGENS "CURTA CASTANHAL, pela Fundação Cultural de Castanhal.
“Caso 39”(Case 39/EUA, 2009) pertence ao gênero “terror sobrenatural”. Centra a ação na menina Lillith Sullivan (Jodele Forland), tida como uma criança inocente vitima de pais abusivos que a professora e assistente social Emily Jenkins (Renée Zellwegger) passa a observar, constatando aos poucos que a menina não é o que se diz e sim um “pequeno demônio”.
O filme dirigido pelo alemão Christian Alvat de um roteiro original de Ray Wright, procura manter um clima de tensão lembrando o excelente “Os Inocentes” que Jack Clayton extraiu de uma história de Henry James. Pelo menos ganhou boas criticas em seu país de origem.
“Dupla Implacável”(From Paris With Love/EUA,2009) é um “thriller” escrito por Luc Besson e dirigido por Pierre Morel. Trata de James Reece (Jonathan Rhys Meyers) um agente norte-americano a procura de um grupo terrorista que ameaça atacar alguns pontos em Paris. Para isso o agente se une a Charlie Max (John Travolta) um membro do FBI mais afeito ao que se passa na capital francesa. Os dois vivem entre explosões, desastres de carro, tudo o que dá direito a um filme “de ação”. Os críticos internacionais não gostaram do filme, no máximo acharam “um trash divertido”, mas a distribuidora aposta no sucesso diante do nosso público, daí ter feito duas pré-estréias.
Luc Besson já acreditou em cinema como arte. Hoje ele é um cineasta francês do mercado norte-americano.
O Festival de Aniversário do Cinema Olympia exibiu na sexta “Ben Hur” (1925) de Fred Niblo com Ramon Novarro, e no sábado “Alvorada do Amor”(The Love Parade) de Ernst Lubitsch, primeiro filme falado exibido em Belém. O programa vai prosseguir na próxima semana.
“Jesus Cristo Superstar”(EUA. 1972) é a opera-rock dirigida por Norman Jewison que despertou polêmica no tempo de estréia. Mesmo para quem não gosta do gênero há muito a ver de cinema, com uma linguagem dinâmica seguindo o compasso da trilha sonora. Sessão Cult da ACCPA no Cine Libero Luxardo, amanhã (sábado) às 16 h.
“O Homem Que Virou Suco” (Brasil, 1981), direção de João Batista de Andrade, com José Dumont e Célia Maracajá. O enredo trata de Deraldo, poeta popular nordestino recém-chegado a São Paulo, sobrevivendo de suas poesias e folhetos. É confundido com o operário de uma multinacional, assassino do patrão no evento comemorativo a entrega do título de operário padrão. O enfoque explora a resistência do poeta às normas sociais opressoras que a cada dia tendem ao esmagamento dos cidadãos, des-indentificando-o de suas raízes. Filme bastante premiado em circuito internacional. No IAP, na 2ª.Feira às 19 h.
“O Mágico de Oz”(The Wizard of Oz/EUA, 1939) – Clássico musical dirigido por Mervyl Le Roy com Judy Garland como a pequena Dorothy que busca o Reino de Oz ao lado de figuras como o Homem de Lata, o Espantalho e o Leão. Versão da história de Frank Baum várias vezes filmada. O filme inicia um programa de sucessos infanto-juvenis exibidos no quase centenário cinema local (o Olympia), a prosseguir nos próximos domingos deste mês com “O Ladrão de Bagdá” de Zoltan Korda e “O Pássaro Azul” de Walter Lang com Shirley Temple.
O evento da semana que inicia será a premiação dos vencedores do II FESTIVAL DE CURTAS-METRAGENS "CURTA CASTANHAL, no próximo dia 13, terça-feira. Nessa mesma data será lançado o Cineclube FUNCAST - Fundação Cultural de Castanhal, com a presença de membros da ACCPA e da Fundação Curro Velho. O resultado final do II FESTIVAL, versão 2010, é o seguinte:
1º Lugar: “Vila Castanhalense” – Direção: Jhamerson Wandrew.
2º Lugar: “Celas” – Direção: Anselmo Gomes.
3º Lugar: “O tempo que virou lembrança” – Direção: Masaru Takano, Elison Azimbauê e Monik Àguila.
Melhor Filme por Aclamação Popular: “Um $ Real”.
PREMIAÇÃO: 1º Lugar: R$ 3.000,00; 2º Lugar: R$ 2.500,00; 3º Lugar: R$ 2.000,00; Aclamação Popular: R$ 1.000,00.
A solenidade acontecerá no Auditório da FUNCAST (Castanhal), a partir das 19h.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

CHICO XAVIER



“É impossível contar a história da vida de um homem em duas horas”. Com esta frase Daniel Filho, que se diz ateu, produziu e dirigiu “Chico Xavier”(Brasil, 2010), o filme que se tornou um fenômeno de bilheteria, caminhando para ser o recorde do cinema nacional e que estreou nacionalmente na sexta feira santa, dia em que o médium mineiro completaria 100 anos.
O roteiro de Marcos Bernstein (de “Central do Brasil”) procurou encaixar as informações contidas na biografia de Francisco Candido Xavier escrita pelo jornalista Michel Souto Maior, para gerar um programa de duas horas e dez minutos de projeção. Cobriu a ação de 1918 – quando capta o personagem ainda criança –, a 1975 quando o médium deu uma longa entrevista à TV Tupi dentro do programa “Pinga Fogo” (editada em DVD e existe nas locadoras com o selo da Versátil Home Vídeo). A base da história é essa entrevista, com recortes para as diversas etapas de vida do entrevistado, usando-se de constantes flash-backs (a ação desloca-se no tempo e volta para os estúdios da televisão pontuando o que se exibe).
É possível criticar algumas intercessões insuficientes. Por exemplo, o caso da reportagem feita por um jornalista norte-americano que duvidava das mensagens psicografadas. Truncado, o material parece não ter sido concluído. Também não se discute muito o caráter das cartas e livros escritos pelos espíritos – e para as/os quais Chico jamais pediu remuneração. Há um breve momento em que uma consulente reclama de uma mensagem supostamente enviada por seu filho dizendo que “não era daquela forma que ele a tratava nem a assinatura se parecia com a dele”. Também não são focalizadas as investigações cientificas que foram feitas por especialistas em parapsicologia (algumas publicadas). A intenção não foi discutir se o fenômeno da mediunidade na sua expressão máxima em termos de Brasil é ou não verdade. O filme simplesmente conta a vida de uma figura que ganhou a mais alta expressão desse gênero.
Há momentos de grande apelo emotivo aos espectadores, como o sofrimento do menino órfão de mãe aos 5 anos, entregue à madrinha que o maltratava cruelmente chegando a ponto de impor-lhe lamber um ferimento no joelho de outro menino. Esta infância pontuada de sofrimentos ganha alivio nos encontros do pequeno Francisco com o espírito de sua mãe (Letícia Sabatela), um encontro freqüente que o ensina a suportar as privações. Também ajuda muito a escolha dos atores para comporem três etapas da vida de Chico: Matheus Costa (quando menino), Ângelo Antônio (como rapaz) e Nelson Xavier (como adulto). Impressiona a semelhança física de Nelson com o personagem que interpreta. O ator procurou até a postagem da voz, muito característica.
Creio que a maioria dos leitores ouviu falar ou procurou detalhes da vida de Chico Xavier. Por isso é o publico quem vai ser o maior critico do filme. Daí ser muito interessante observar como as exibições vão se portar daqui pra frente. Creio que a maioria vai aprovar o trabalho de Daniel Filho. Como cinema, reconheço as limitações e louvo o “tour-de-force” para compor um quadro pertinente com o homem-mito que se retrata. Um perfeccionismo foi tentado até nas locações, com filmagem em Pedro Leopoldo e Uberaba, as cidades mineiras onde o médium morou e ajudou muitas pessoas. O que fica de fora e não se esmiúça são as atividades do jovem empregado como escriturário do Ministério da Agricultura, e a sua gradativa independência econômica: a reunião da família com protegidos e adotado. A base é a comunicação com o além. Nesse ponto também é pouco discutida a constituição de Emmanuel, o guia espiritual de Chico. O personagem é mostrado em muitas ocasiões com uma roupa que evoca o que se sabe por outras fontes, ou seja, que ele teria sido a reencarnação de um soldado romano.
A vida de uma pessoa, especialmente de uma figura com uma riqueza de ação como a de Chico Xavier, realmente escapa de uma síntese que em cinema cubra pouco mais de duas horas. A seleção de material é, portanto, discutível. Mas a linguagem, os enquadramentos, os planos, a iluminação, os movimentos de câmera, todo esse conjunto que faz a narração, é coeso na proposta acadêmica do produto. Mais implicaria noutra proposta de linguagem. Ou noutro tipo de cinema.
Cotação: Bom (***).

segunda-feira, 5 de abril de 2010

FESTIVAL DE SUCESSOS DO CINE OLYMPIA - 98 anos




Em comemoração aos 98 anos de inauguração do Cinema Olympia, que acontecerá no próximo dia 24/04/1, será realizado um festival de filmes que fizeram sucesso neste que é o cinema mais antigo do Brasil em funcionamento. O festival irá exibir um filme de cada década desde a criação deste cinema e de grande sucesso à época de sua exibição.
Os filmes serão exibidos de 06 à 28/04 às 18:30 h, com sessões especiais de filmes infantis em exibições aos domingos às 16 h. Confira a programação completa do festival:


FESTIVAL DE SUCESSOS DO CINE OLYMPIA
Dias 06 e 07/04/10
“LÍRIO PARTIDO”(1919)
Direção: David Griffith
Sinopse: Esse terno e trágico conto de amor e sofrimento traz o romance místico entre uma jovem abandonada nos bairros de Londres e um jovem chinês que viaja pela Inglaterra disseminando a filosofia oriental. Filme produzido na época do cinema mudo.
LIVRE

Dias 08 e 09/04/10
“BEN HUR”(1925)
Sinopse: No primeiro século d.C, Judah Ben-Hur, um jovem príncipe hebreu é feito escravo e condenado às galés após um trágico acidente. No entanto, consegue rever a sua casa e a família numa heróica aventura de descoberta. Versão de 1925 restaurada pela Thames Television, com acompanhamento orquestral com músicas da autoria de Carl Davis.
LIVRE

Dias 10 e 11/04/10
“ALVORADA DO AMOR”(1929)
Com Maurice Chevalier
Sinopse: Comédia musical que conta a história de da Rainha Louise da Sylvania e o seu novo marido, Conde Alfred. Embora o Conde Alfred tenha prometido ser um marido dócil, ele depressa se arrepende de sua decisão a partir do momento em que as suas ordens não são obedecidas. Ele se torna enfastiado com a vida que leva. Ameaçando partir para Paris, ele só é detido pela Rainha Louise, quando ela lhe oferece o equivalente aos poderes de um rei.
LIVRE

Dias 13 e 14/04/10
“AS AVENTURAS DE ROBIN HOOD”(1938)
Com Errol Flynn
Sinopse: Sir Robin de Locksley, defensor dos fracos e oprimidos, entra em conflito com as autoridades e vê-se obrigado a agir como um fora-da-lei. Com seu bando, vive nas florestas roubando dos ricos para dar aos pobres. Uma das primeiras grandes aventuras do cinema, repleta de belas cores e divertidas cenas.
LIVRE

Dias 15 e 16/04/10
“A PRINCESA E O PLEBEU”(1953)
Com Gregory Peck e Audrey Hepburn
Sinopse: Ao visitar Roma, Ann, uma princesa, resolve "passear" anonimamente e se envolve com Joe Bradley, um repórter que, ao reconhecê-la, tem a oportunidade de um "furo", mas resolve por preservar Anne.
LIVRE

Dias 17 e 18/04/10
“VIRIDIANA”(1961)
Direção: Luis Buñuel
Sinopse:Pouco antes de ser ordenada freira, Viridiana faz uma visita ao seu solitário tio, que está à beira da morte. O homem, pervertido e obcecado pela sua beleza, tenta seduzi-la de todas as formas, antes de morrer repentinamente. Com a sua morte, acaba desistindo de ser freira, passando a morar na casa deixada pelo tio. Decide transformá-la em um albergue, movida pelo seu sentimento cristão de piedade e solidariedade, mas os mendigos que lá abriga, acabam lhe mostrando as verdadeiras facetas dos seres humanos.
INADEQUADO PARA MENORES DE 16 ANOS

Dias 20 e 21/04/10
“UM ESTRANHO NO NINHO”(1975)
Com Jack Nicholson
Sinopse: McMurphy é um homem que pensa poder fugir do trabalho na prisão fingindo ser louco. Ele é então enviado a um sanatório, onde deve lidar com uma realidade triste e dura, além de ter que encarar a enfermeira Mildred Ratched , que dificulta as coisas para ele. Vencedor do "Oscar” de melhor filme, direção, ator e atriz coadjuvante.
INADEQUADO PARA MENORES DE 12 ANOS


Dias 22 e 23/04/10
“HANNAH E SUAS IRMÃS”(1986)
Direção: Woody Allen
Sinopse: A filha mais velha de um casal de artistas, Hannah, é uma dedicada esposa, mãe carinhosa e atriz de sucesso. Uma leal defensora de suas duas confusas irmãs Lee e Holly, ela é também a espinha dorsal de uma família que parece se ressentir de sua estabilidade quase tanto quanto dependem da mesma. Mas quando o mundo perfeito de Hannah é silenciosamente sabotada pela rivalidade fraterna, ela finalmente começa a ver que está tão perdida quanto todos os outros, e para poder se encontrar, ela terá que escolher entre a independência e a família sem a qual ela não pode viver..
INADEQUADO PARA MENORES DE 12 ANOS

Dias 24 e 25/04/10
“O SEXTO SENTIDO”(1999)
Com Bruce Willis
Sinopse: O Dr. Malcolm Crowe é um respeitado psicólogo mas que tem na consciência ter falhado com um antigo paciente. Quando tem a oportunidade de ajudar o jovem Cole, o doutor descobre que o caso pode ser muito mais grave do que qualquer outro que já enfrentara. Afinal, o menino tem o trauma de ver os mortos.
INADEQUADO PARA MENORES DE 12 ANOS

Dias 27 e 28/04/10
“OS OUTROS”(2001)
Com Nicole Kidman
Sinopse: Grace mora numa mansão com seus dois filhos, que possuem uma doença e não podem ser expostos à luz solar. Todos os lugares da mansão são, portanto, mergulhados na escuridão total, mesmo de dia, através do uso de pesadas cortinas. A sensação é de uma noite infinita, pelo menos para as duas crianças que não podem sair de casa de dia. Seu marido está desaparecido por causa da guerra, e ela vive uma vida infeliz por causa da espera pelo seu retorno e das dificuldades que a doença de seus filhos proporcionam.
INADEQUADO PARA MENORES DE 12 ANOS

HORÁRIO: 18:30 H
ENTRADA FRANCA


SESSÕES DOMINICAIS INFANTIS:
Dia 11/04
“O MÁGICO DE OZ”(1939)
Com Judy Garland
Sinopse: Após um tornado em Kansas, Dorothy vai parar com sua casa e seu cachorro na fantástica Oz, onde as coisas são coloridas, bonitas e mágicas. Porém, o seu maior desejo é retornar de volta para casa, para isso ele deve encontrar um mágico, que lhe mostrará como realizar esse seu desejo. Para chegar até ele, contudo, Dorothy viverá uma aventura inesquecível através do caminho de tijolos amarelos.
LIVRE

Dia 18/04
“O LADRÃO DE BAGDÁ”(1940)
Com Sabu
Sinopse: O príncipe de Badgá, Ahmad, é enganado por Jaffar, e passa a viver na rua como um mendigo cego, ao lado de um esperto jovem ladrão. Ahmad deve agora passar por várias aventuras em terra e mar para recuperar o poder e conquistar uma bela princesa.
LIVRE

Dia 25/04
“O PASSÁRO AZUL”(1940)
Com Shirley Temple
Sinopse: O filme conta a história de Mytyl e Tyltyl, dois irmãos que são levados para uma encantadora viagem pelo passado, presente e futuro, em busca do Pássaro Azul da Felicidade.
LIVRE

HORÁRIO: 16 H
ENTRADA FRANCA


FESTIVAL DE SUCESSOS DO CINE OLYMPIA – 98 ANOS
DE 06 À 28/04 (exceção das segundas-feiras)
ENTRADA FRANCA

O BOM, O MAU E O FEIO



Um filme uruguaio vencedor de prêmios internacionais jamais chegaria à Belém se não fosse o DVD: “Gigante” de Adrian Biniez. Em foco, um funcionário de supermercado, Jara (Horacio Camandule), obeso e tímido, que tem por obrigação monitorar através de câmeras de vídeo instaladas nas diversas dependências do prédio,a rotina de empregados/as da casa. Nesse oficio, ele conhece e se apaixona por Julia (Leonor Svarcas), jovem que vive modestamente e que procura namorado pela Internet. Esta paixão, que ele esconde por sua índole, leva o personagem a momentos de descontrole, chegando a ser despedido do emprego. Na mesma ocasião, Julia também é despedida. Com este quadro os dois se encontram numa praia, recanto que ela procura para aliviar momentos de estresse. Uma narrativa simples embora lenta, seguindo de certa forma o temperamento de Jara. Tanto ele, como intérprete e Biniez como diretor, conseguem um clima de introspecção e ao mesmo tempo de analise social. É o trabalho de estréia do cineasta. Digno de felicitações por isso.
Se “Gigante” foi um bom filme que vi semana passada, “Piratas do Rock” (The Boat that Rocket/EUA,2009) foi o reverso. Apesar da presença de Philip Seymour Hoffman, um dos melhores atores da atualidade (vencedor do Oscar por “Capote” e excelente em “Sinédoque Nova York”), o roteiro é de chanchada que aposta no interesse do público jovem e a direção do neozelandês Richard Curtis, diretor do muito bom “Simplesmente Amor”/Love Actuallit.2001), que segue uma anarquia visual ao procurar o caminho de Richard Lester nos filmes com os Beatles, mas sem a espontaneidade que estes revelavam.
E o “feio” (pq não dizer péssimo) foi “Maluca Paixão” (All About Steve/EUA, 2009), filme que deu a Sandra Bullock (merecidamente) o “Framboesa”, um troféu entregue anualmente aos piores da indústria cinematográfica. Também produtora do filme, a atriz realmente assusta no papel caricato de Mary, uma elaboradora de palavras cruzadas para um jornal modesto, solitária, conversa com um coelho e trabalha o tempo todo. Por isso, os pais resolvem arranjar-lhe um encontro com um rapaz, filho de amigos da família (todos judeus) cameraman de uma emissora de TV. A jovem pensa no desejo dos pais de quererem que ela case, que tenha filhos. E no primeiro encontro a sós com Steve (Brudley Coper) se entrega ao sexo, atitude que surpreende o rapaz. O filme só ganha interesse na parte final, quando Mary cai numa mina abandonada, a muitos metros de profundidade, e uma multidão espera pelo resgate que demora muito. Mesmo assim, o papel de Sandra é lastimável, deixando a imagem de uma “maluquinha” tagarela. A direção é de Phil Traill e o filme foi tão ruim de publico e critica nos EUA que a produtora, 20th Century Fox, lançou em países como o Brasil só em DVD.
Compensando o desempenho sofrível de Sandra Bullock revi em DVD uma das mais legitimas obras-primas de John Ford:”O Delator”(The Informer/EUA, 1935). Por seu trabalho, Victor McLaglen, um dos atores preferidos do cineasta, ganhou o Oscar. Ele interpreta o arruaceiro e beberrão Gypo, ex-integrante do IRA , o grupo revolucionário irlandês, que por falta de recursos, passando sérias necessidades, delata o amigo Frankie McPhillip (Wallace Ford) assassinado pela policia inglesa. Atormentado pela culpa, abusa da bebida e tenta enganar os comparsas de Frankie, embora não consiga fugir do remorso.
A fotografia de Joseph August consegue as imagens expressionistas dignas do melhor do cinema mudo alemão. O roteiro é de um colaborador de Ford (que adaptou “Vinhas da Ira”): Dudley Nichols. Vê-se resquícios da narrativa usada no cinema mudo como o final, com o Gypo, o delator, de braços abertos gritando a todos que a mãe de Frankie o perdoara explorando-se nessa cena a imagem de Cristo.
Um clássico autêntico.

QUEM É CHICO CARNEIRO – CINEASTA E FOTÓGRAFO




Chico Carneiro é natural de Castanhal (Pará-Brasil), nascido em 1951.

Autodidata e filho de um exibidor cinematográfico (sr. Duca Carneiro), trabalhou na industria de cinema brasileira participando como assistente de câmara e de som nos seguintes filmes de longa-metragem: IRACEMA - UMA TRANSA AMAZÔNICA (Bodanzky-Senna); GITIRANA (Bodanzky-Senna); OS MUCKER (Bodanzky-Gauer); PIXOTE (Hector Babenco); ABC da GREVE (Leon Hirzsman).

Em 1983 migra para Moçambique, trabalhando como director de fotografia e realizador dos filmes documentários da empresa Kanemo, Produção e Comunicação. Destacam-se os filmes: FRONTEIRAS DE SANGUE – doc. de longa-metragem, sobre a gênese da reação armada ao governo da Frelimo (16mm, cor) e KARINGANA WA KARINGANA, filme sobre o poeta JOSÉ CRAVEIRINHA. Direcção de Fotografia e Câmera (16mm. P&b)

De 1993 até hoje é sócio-fundador da PROMARTE, empresa produtora de filmes, onde exerce as funções de Fotógrafo, Operador de câmera e realizador.

Como realizador fez, entre outros, os seguintes filmes: ABC do Ambiente (série para TV 12 docs X 30 mins); Defeso; Saltando à Corda; À Porta da Minha Casa; A água Conhece o Seu Caminho; Reservas – Um Lugar Para Não Viver; Queimadas Descontroladas; O Carvão Nosso de Cada Dia; IRAPISMU – Passos Para o Maneio Florestal Comunitário; In Comunicação; Lorena (premio de melhor vídeo de ficção na Jornada Internacional de Cinema de Salvador – 2005); Muitos Ninguém; Salinas Zacarias
A partir de 2001 voltou a filmar no Brasil, na Amazônia, onde já realizou os seguintes filmes:
Os Promesseiros (2001); Casa do Gilson, Nossa Casa (2003); Seu Didico – Paraense Velho Macho! (2006); Balsa Boieira (2008); Promesseiros de Joelhos (2008 – em edição); Nos Caminhos do Rei Salomão (2009 – em edição).

ENTREVISTA DE CHICO CARNEIRO


P - Como surgiu a idéia da série sobre os barcos da região, dos quais o BALSA BOIEIRA é o segundo filme?

R - A idéia da série surgiu como uma decorrência natural do meu interesse em fazer filmes documentários aqui em minha região natal, mas penso que ela foi alavancada durante as filmagens de “Os Promesseiros”, em 2001. Apesar de já conhecer um pouco dessa realidade dos caminhos das águas (fiz 2 vezes a viagem de navio entre Belém e Manaus, sendo que numa delas foi num navio cargueiro que ia parando em diversos portos da região para deixar e levar produtos e me lembro bem – isso foi no longínquo ano de 75 ou 76 – do impacto que essa viagem me causou por me aproximar de uma realidade que até então eu desconhecia; também sempre curti, quando adolescente, em minhas férias em Marudá, os barcos à vela que faziam a faina pesqueira e da despescagem dos enormes currais que eram quase que uma marca registrada daquela praia...), então, dizia, essa realidade não fazia (não faz) parte do meu cotidiano, enquanto utilizador contumaz dos barcos da região.
Na viagem de 4 dias em canoas a remos pelos rios Apehú (nas proximidades de Castanhal), Inhangapi e Guamá, até Belém, nas filmagens de “Os Promesseiros” cruzávamos com diferentes tipos de barco transportando telhas, tijolos, madeira, gado... e creio que foi aí nessa viagem que a idéia consolidou-se.
Uma vez definida a idéia e estabelecido o fio condutor da série – documentar a vida dos homens que trabalham nos barcos da região – escolhi os temas (transporte de) madeira, gado, pessoas, cerâmica e pescado por me parecer que eles são os produtos de transporte mais comuns, onde a atividade marítima emprega um significativo número de trabalhadores. Também decidi que tinha de fazer a série privilegiando os barcos de madeira, os barcos, digamos, tradicionais da região, os famosos pô-pô-pôs. E embora as balsas que transportam gado não sejam de madeira (seu casco é de ferro – de madeira são apenas os currais e a parte superior da balsa, onde aloja-se a tripulação), a peculiaridade de sua utilização não poderia ficar de fora nessa série.

P – Sabendo que vc filma sem um roteiro ou pesquisa prévias, que dificuldades você encontrou para fazer este filme?

R – Olha, Luzia, pelo pouco tempo de que disponho para filmar (já que os filmes são feitos durante as minhas férias aqui no Pará) eu defini como estética a ser usada na série que os filmes seriam feitos sem pesquisa ou roteiro, ao contrário, queria fazer documentários sem preparação nenhuma, de modo a que eles fossem o mais próximo possível da realidade vivenciada pelos marítimos, sem que a nossa presença (minha e do meu irmão Amilcar, que trabalha comigo) fosse um elemento perturbador ou modificador dessa realidade, do cotidiano deles. Também por esse motivo a câmera é 99% uma câmera na mão, o som direto é 99% das vezes captado com o microfone direcional da câmera. Também raramente repito uma cena: se eu registrei, tudo bem. Se não, tento mostrar a informação de outra forma. Se por um lado essa proposta estética me dá uma liberdade incrível e uma possibilidade de, dependendo da minha atenção, estar sempre em cima do lance do que acontece em qualquer viagem, por outro – e esse eu acho que talvez seja a maior dificuldade encontrada – isso me obriga a uma atenção constante em todos os aspectos do que acontece em uma viagem de modo a que os mais ínfimos detalhes sejam registrados para que depois eu tenha material suficiente para contar os diferentes aspectos do que acontece numa viagem.
Este filme foi montado de maneira cronológica e, ao contrário do filme anterior (SEU DIDICO: PARAENSE VELHO MACHO!) no qual eu fiz a mesma viagem 2 vezes e montei o filme usando momentos das 2 viagens mas construindo o filme como se fosse apenas uma viagem, o BALSA BOIEIRA é rigorosamente o registro de uma viagem de ida e volta da Balsa, saindo de Belém até Belo Monte, na transamazônica, e regressando para a Vila de Pernambuco, no rio Guamá, onde o gado é desembarcado para ser abatido nos frigoríficos de Castanhal.
Não tive exatamente grandes dificuldades pra fazer o filme, até porque o espaço geográfico em que grande parte do filme se passa era justamente a balsa e o seu convés superior (e com espaço bastante amplo), e era fácil para mim locomover-me rapidamente de um lado pra outro da balsa, para frente ou para trás, etc.
Mas a falta de saber o que vai acontecer às vezes gera estresses... lembro-me que quando aportamos em Belo Monte, local onde os bois seriam embarcados na balsa, estávamos à espera de que os caminhões com os bois chegassem e resolvi cruzar o rio, na balsa que faz a travessia regular desse rio, para filmar uns planos do lado oposto da margem. É uma travessia longa, o rio é bastante largo. Mal chegamos no lado oposto e eis que vejo a nossa balsa começando a manobrar para posicionar-se para receber o primeiro caminhão de bois, que já estava chegando. Por sorte havia uma rabêta parada no local que prontamente nos levou de volta, possibilitando registrar o embarque dos primeiros bois na balsa.

P – O que mais te impressionou durante as filmagens?

R - Certamente as crianças que ao longo do Estreito de Breves pegam carona na balsa, seja para percorrer uma longa distancia sem precisar remar, seja para tentar vender algum produto ou pedir um pouco de comida. E, embora eu não tenha presenciado, há o depoimento de um dos tripulantes da balsa que conta que muitas crianças do sexo feminino também aportam na balsa para prostituirem-se, tamanha é a degradação econômica em que sobrevivem.
Essa “pegar carona” acabou gerando uma das sequências mais impactantes do filme, em minha opinião; é simplesmente espetacular a maneira como elas esperam a passagem da balsa e rápida e habilmente jogam uma corda com um pequeno gancho que prende-se nas tábuas do curral da balsa, e manejando o remo com uma habilidade incrível controlam a canoa até amarrarem-na mais firmemente e subirem a bordo.

P – Fale sobre a música do filme.

R – A música do filme foi uma feliz parceria com o Allan Carvalho e o Cincinatto Jr, acrescida da voz maravilhosa da Lívia Rodrigues. Essa parceria iniciou-se com meu filme anterior da série (SEU DIDICO...) e vai prosseguir até último filme da série. Neste exato momento estamos gravando as músicas do terceiro filme (transporte de pessoas), que ficará pronto ainda este ano.

P – Onde o filme foi exibido?

R – Em 2009 o filme já foi exibido no Festival Internacional de Filmes Documentários – Doc Kanema, que realiza-se anualmente, no mês de Setembro,em Maputo, capital de Moçambique. Participou dos festivais Amazônia Doc (1º festival), no qual ganhou (juntamente com o “SEU DIDICO...”) o prêmio de melhor média metragem; e do Festival Internacional de Filme Etnográfico do Rio de Janeiro, em novembro.
Foi lançado em Castanhal na sexta feira passada, dia 26/3/2010, na Casa de Cultura, sob o patrocínio da Fundação Cultural de Castanhal, numa sessão bastante concorrida e com casa cheia.
Também foi exibido para os alunos do IFPA, Instituto Federal do Pará – Campus de Castanhal, numa sessão seguida de debates.
A RedeTV, canal 29, exibiu neste domingo ao meio dia. E continuarei enviando-o para os diversos festivais brasileiros e disponibilizando-o para ser exibido em cine-clubes ou pontos de cultura que constituem, no momento, uma das mais importantes janelas de divulgação dos nossos filmes.


FILMOGRAFIA RESUMIDA DE CHICO CARNEIRO

Filmes em Moçambique

- Saltando à Corda – 1995
- ABC do Ambiente - 1996
- Defeso – 1997
- À Porta da Minha Casa – 1998
- Reservas – Um Lugar Para Não Viver – 1999
- Queimadas Descontroladas – 1999
- O Carvão Nosso de Cada Dia - 1999
- Tartarugas Marinhas na Costa da Inhaca – 1999
- A água Conhece o Seu Caminho – 2000
- IRAPISMU – Passos Para o Maneio Florestal Comunitário – 2002 (Premio FAO, no festival de filmes ambientais da Croácia)
- In Comunicação – 2003
- Muitos Ninguém - 2004
- Lorena – 2005 (Prêmio Melhor Vídeo de Ficção na XXXI Jornada Internacional de Cinema de Salvador)
- Algodão - O Renascer do Ouro Branco - 2006
- Salinas Zacarias – 2009


Filmes no Pará

2001 – Os Promesseiros
2003 – Casa do Gilson, Nossa Casa
2006 – Seu Didico: Paraense Velho Macho!
2009 – Balsa Boieira

Em edição: Nos Caminhos do Rei Salomão