quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

ACCPA-MELHORES FILMES 2009 - II










As evidências de uma escolha pessoal refletem nas listas dos colegas associados da ACCPA conforme registro abaixo. A relação geral foi publicada ontem, neste espaço. As listas completas, contendo as demais categorias escolhidas serão postadas neste blog e no da ACCPA.



Acyr Castro

1. O Estranho Caso de Benjamin Button, de David Fincher; 2. A Troca, de Clint Eastwood; 3. Amantes, de James Gray.

Adolfo Gomes

1. Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino; 2. Inimigos Públicos, de Michael Mann; 3. Um Garota dividida em dois, de Claude Chabrol; 4. O Sol, de Alexandr Sokurov; 5. A Troca, de Clin Eastwood; 6. Operação Valkyria de Brian Singer; 7. Amantes, de James Gray; 8. A Última Amante, de Catherine Breillat; 9. Aquele Querido Mês de Agosto, de Miguel Gomes; 10. Watchmen, de Zack Snyder.

Arnaldo Prado Junior

1.Alexandra Andrzej Sokurov; 2. O Sol, de Andrzej Sokurov; 3. Caos Calmo; 4. A Troca, de Clint Eastwood ; 5. Amantes, de James Gray; 6. Inimigos Públicos, de Michael Man; 7. Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino; 8. Gesto Obsceno, de Tsahi Grad; 9. Entre os Muros da Escola, de Laurent Cantet; 10. A Onda, de Dennis Gansel.

Augusto Pachêco

1. Sinédoque, Nova York, de Charlie Kaufman; 2. Alexandra, de Alexandr Sokurov; 3. Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino; 4. Aquele Querido Mês de Agosto, de Miguel Gomes; 5. Amantes, de James Gray; 6. O anticristo, de Lars Von Triers; 7. Valsa com Bashir, de Ari Folman; 8. Inimigos Públicos; 9. Rio Congelado; 10. Feliz Natal.

Dedé Mesquita

1º) Amantes de James Gray; 2º) Gran Torino de Clint Eastwood; 3º) Alexandra, de Andrzej Sokurov; 4º) Bastardos inglórios, de Quentin Tarantino; 5º) Inimigos públicos, de Michael Mann; 6º) Entre os muros da escola, de Laurent Cantet; 7º) Quem quer ser um milionário, de Danny Boyle; 8º) Distrito 9, de Neill Blomkamp; 9º) Simplesmente feliz, de Mike Leigh.

Fernando Segtowick

1. Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino; 2. Inimigos Públicos, de Michael Mann; 3.Aquele Querido Mês de Agosto, de Miguel Costa; 4. Distrito 9, de Neil Blookamp; 5. Se Beber, Não Case, de Todd Philips; 6. Avatar, de James Cameron; 7. Entre os Muros da Escola, de Laurent Cantet; 8. Amantes, James Gray; 9. Up - Altas Aventuras de Peter Docter; 10. Valsa com Bashir, de Ari Folman

Francisco Cardoso

1. Alexandra de Andrzej Sokurov; 2. Entre Os Muros Da Escola, de Laurent Cantet; 3. Bastardos Inglórios de Quentin Tarantino; 4.Gran Torino de Clint Eastwood; 5. Caos Calmo, de Antonio Luigi Grimaldi; 6. O Visitante, de Thomas McCarthy; 7. Rio Congelado, de Courtney Hunt; 8. Queime depois de Ler, de Joel Ethan Cohen; 9. Curioso Caso de Benjamin Button, de David Fincher; 10. Quem Quer Ser Um Milionário, de Danny Boyle

Ismaelino Pinto

1. Watchmen, de Zack Snyder; 2 - Quem quer ser um milionário, de Danny Boyle; 3. Rio Congelado, de Courtney Hunt; 4 - O Curioso Caso de Benjamin Button, de David Fincher; 5. Queime depois de ler, de Ethan e Joel Cohen; 6. Up - Altas aventuras, de Peter Docter; 7. Dúvida, de John Patrick Shanley; 8. Inimigo Publico, de Michael Mann 9 – Desonra, de Steve Jacobs; 10 - O Leitor, de Stephen Daldry.

José Otávio Pinto

1.Alexandra de Andrzej Sokurov; 2. O Sol de Andrzej Sokurov; 3. Gran Torino de Clint Eastwood; 4. O Segredo do Grão de Abdel Kechiche; 5. Inútil, de Jia Zhang-ke; 6. A Troca de Clint Eastwood; 7. Um Conto de Natal, de Arnauld Deplechin; 8. Entre os Muros da Escola, de Laurent Cantet; 9. Aquele querido mês de agosto, de Miguel Gomes; 10. Inimigos Públicos, de Michael Mann.

Maiolino Miranda

1. Gran Torino, de Clint Eastwood; 2. O Sol, de Andrzej Sokurov; 3. Dúvida, de John Patrick Shanley; 4. O Leitor, de Stephen Daldry.; 5. Up, altas aventuras, de Peter Docter; 6. Sinédoque, Nova York, de Charlie Kaufman; 7. Aquele querido mês de agosto, de Miguel Gomes; 8. A Onda, de Dennis Gansel; 9. Jacquot e Nantes, de Agnes Varda; 10. Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino.

Marco Antonio Moreira Carvalho

1) Alexandra de Andrzej Sokurov; 2) Gran Torino de Clint Eastwood; 3) O Sol de Andrzej Sokurov; 4) Aquele Querido Mês De Agosto; 5) O Silêncio de Lorna, de Jean-Pierre e Luc Dardenne; 6) Amantes, de Peter Gray;7) Inimigos Públicos, de Michael Mann; 8) Bastardos Inglórios de Quentin Tarantino; 9)Sinédoque, Nova Iorque de Charlie Kauffman; 10) Entre Os Muros Da Escola, de Laurent Cantet.

Pedro Veriano

1. Gran Torino, de Clint Eastwood; 2. Up-Altas Aventura, de Peter Docter; 3; Sinédoque Nova York, de Charlie Kauffman; 4. Amantes, de Peter Gray; 5. Rio Congelado, de Courtney Hunt; 6. Quem Quer Ser Um Milionário, de Danny Boyle; 7. Alexandra, de Andrzej Sokurov; 8. O Visitante, de Thomas McCarthy; 9. Carregador de Almas, de Jonathan Holand; 10. Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

OS MELHORES FILMES DO ANO – ACCPA-2009












No último dia 23, os membros da ACCPA reuniram-se como o fazem há mais de 40 anos (46), para a escolha dos melhores filmes do ano exibidos nas salas de cinema (comercial e extra) de Belém. Estiveram presentes na ocasião, convocados pelo atual presidente os colegas: Marco Antonio Moreira (Troppo), Arnaldo Prado Jr., Pedro Veriano (Voz de Nazaré), Ismaelino Pinto, Dedé Mesquita (Amazônia Jornal), Fernando Segtovich, José Augusto Pacheco (CENTUR), José Otávio Pinto, Francisco Cardoso (Jornal UNAMA) e esta blogueira (colunista há 37 anos do Jornal "O Liberal"). Foram também contabilizados os votos enviados pelos colegas que não compareceram: Adolfo Gomes, Maiolino Miranda e Acyr Castro. Os critérios já haviam sido definidos em reunião anterior, o mesmo ocorrendo com as categorias a serem votadas. A relação geral ficou como segue:

MELHORES FILMES:

1º Alexandra (Idem. França/Rússia, 2007), de Alexandr Sokúrov–68 pts.
2º Gran Torino (Gran Torino, Australia/ (EUA, 2008),de Clint Eastwood-63 pts.
3º Amantes (Two Lovers, EUA, 2008), de James Gray–55 pts.
4º Bastardos Inglorios (Inglourious Basterds/EUA, 2009)de Quentin Tarantino–53 pts
5º O Sol (Solnze, (Rússia/Itália/França/Suiça, 2005), de Aleksandr Sokurov–42 pts.
6º Inimigos Públicos (Public Enemies, EUA, 2009), de Michael Mann–40 pts
7º Sinédoque Nova York (Synecdoche, New York, EUA, 2008), de Charlie Kaufman–34 pts
Aquele querido mês de Agosto (idem, Portugal, 2008), de Miguel Mendes–34 pts.
9º Up- Altas Aventuras (Up, EUA, 2009) de Peter Docter–30 pts
10º Entre os muros da Escola (Entre les Murs, França,2008) de Laurent Cantet–24 pt.

Outras categorias

Melhor Diretor: Alexandr Sokúrov (Alexandra e O Sol)

Melhor Ator: Philippe Seymour Hoffman (Sinédoque , Nova York e Dúvida)

Melhor Atriz: Galina Vishnevskaya (Alexandra)

Melhor Ator Coadjuvante: Christoph Waltz (Bastardos Inglorios)

Melhor Atriz Coadjuvante: Emily Watson (Sinedoque Nova York)

Melhor Montagem: Jeffrey Ford e Paul Rubell (Inimigos Públicos)

Melhor Cenografia: Adam Stockhausen e Mark Friedberg (Sinedoque Nova York); David Wasco (Bastardos Inglório ); Nathan Crowley (Inimigos Públicos); e Jame Murakami (A Troca)

Melhor Fotografia: Tom Stern (A Troca)

Melhor Trilha Sonora: Robert Althoff, Paul Aulicino, Paul Cohen e outros ( Bastardos Inglórios)

Melhor Canção Original: A.R. Rahman (“Quem quer ser um Milionário”)

Melhor Figurino: Colleen Atwood (Inimigos Públicos)

Melhor Roteiro Original: Quentin Tarantino ( Bastardos Inglórios)

Melhor Roteiro Adaptado: John Patrich Shanley ( Dúvida )

Melhor Efeitos Especiais: Avatar, de James Cameron (Stan Winston Studios)

Melhor Animação: UP – Nas alturas, de Peter Docter

Melhor Documentário: Fellini – eu sou um grande mentiroso, de Damian Pettigrew

Melhor Reprise: “Morte em Veneza" de Luchino Visconti

Prêmio ACCPA - Cinema Brasileiro: "Moscou" de Eduardo Coutinho; e para o diretor Anselmo Duarte, pelo conjunto de sua obra.

Menção especial 1: Marco Antonio Moreira, presidente da ACCPA, pelas atividades de inclusão de novo e e manutenção dos espaços de cinema programados pela Associação.

Menção especial 2 : Fernando Segtovick, pelas ousadias em criar e produzir cinema em Belém/PA.

Menção especial 3: aos membros da ABDeC/PA e à gerência do Curro Velho, pela criação do Cine Clube “Pedro Veriano”, seja pela homenagem, seja por se constituir em mais um espaço de cinema alternativo e formação de platéia.


sábado, 26 de dezembro de 2009

OS MEUS MELHORES FILMES DE 2009









Seguindo uma tradição de 37 anos, confirmo minha convicção de que o cinema se renova e, a cada ano, temos alguns filmes que merecem ser evidenciados pela contribuição que trouxeram à linguagem e/ ou pelo que revelaram enquanto crítica a temas que circulam na sociedade contemporânea, usando a tecnologia e a criatividade dessa arte que tem pouco mais de 100 anos.
Desde esse tempo fazendo parte da antiga APCC e hoje, ACCPA, destaco os títulos que a meu ver marcaram a exibição cinematográfica deste ano em Belém, quer nas salas especiais de cinema de arte (ou cinema extra) quer nos espaços mais amplos onde o público espectador viu os programas comerciais dividirem lugar com um tipo mais apurado de produção.
Minha relação não poderia fugir ao meu modo de ver cinema com experiência acumulada sobre essa arte. Cada um desses filmes recebeu registro, tanto em opinião mais argumentativa quanto uma síntese, em Panorama ( “O Liberal”) como neste blog, mostrando ao leitor ou leitora o que fez a presença deles na minha lista final. Sem dúvida outros filmes poderiam ser relacionados, caso fossem de 15 ou 20 títulos, mas a escolha tem limites daí a classificação abaixo.

RELAÇÃO DOS MELHORES FILMES DO ANO – 2009
Luzia Miranda Álvares (Jornal “O Liberal”

1. Gran Torino, de Clint Eastwood
2. Sinédoque, Nova York, de Charlie Kaufman
3. Up, Altas Aventuras, de Peter Docter
4. Alexandra, de Alexander Sokurov
5. Amantes, de James Grey
6. Um Taxi para a Escuridão, de Alex Gibney
7. Aquele Querido Mês de Agosto, de Miguel Gomes
8. O Carregador de Almas, de Jonathan Holand
9. Rio Congelado, de Courtney Hunt
10. Bastardos Inglórios, de Quentin Tarantino

Outras categorias de melhores

Diretor: Clint Eastwood (Gran Torino e A Troca)
Ator: Philippe Seymour Hoffman (Sinédoque , Nova York e Dúvida)
Atriz: Galina Vishnevskaya (Alexandra)
Ator Coadjuvante: Christoph Waltz (Bastardos Inglorios)
Atriz Coadjuvante: Emily Watson (Sinedoque Nova York)
Montagem: Robert Frazen (Sinedoque Nova York)
Cenografia: Adam Stockhausen (Sinedoque Nova York)
Fotografia: Robert Richardson (Bastardos Inglórios)
Trilha Sonora: Libby Umstead, (Amantes)
Canção Original: A.R. Rahman, de “Quem quer ser um Milionário”
Figurino: Deborah Hopper de “A Troca”
Roteiro Original: Sinedoque Nova York - Charlie Kaufman
Roteiro Adaptado: Nick Schenk, de Gran Toorino (baseado em estória de Dave Johannson e Nick Schenk)
Efeitos Especiais: Avatar
Animação: UP – Nas alturas
Documentário: Fellini – eu sou um grande mentiroso, de Damian Pettigrew
Reprise: Berlim Alexanderpaltz
Prêmio APCC: Destaque Especial do Ano (Cinema Brasileiro): O Contador de Histórias, de Luis Vilaça. (com base na vida de Roberto Carlos Ramos)

Menção especial 1: Marco Antonio Moreira, presidente da ACCPA, pelas atividades de inclusão e manutenção dos espaços de cinema programados pela Associação de críticos.

Menção especial 2 : Fernando Segtovick, pelas ousadias em criar e produzir cinema em Belém/PA.

Menção especial 3: aos membros da ABDeC/PA e à gerência do Curro Velho, pela criação do Cine Clube “Pedro Veriano”, pela homenagem e por se constituir em mais um espaço de cinema alternativo e formação de platéia.

Cada registro teve seu peso para indicação. Desde que participo como membro votante da Associação a apresentação das listas entre os colegas sempre se pautou pelas afinidades estéticas de cada um além do gosto pessoal que permeia essas escolhas, daí se dizer que se trata de um ato subjetivo. Dessa forma, cada posição de um filme na ordenação da lista pessoal prende-se a esse envolvimento.
Ao votar em “Gran Torino” na primeira posição, vi uma atitude de reação do roteirista e diretor Clint Eastwood ao eterno “mocinho” americano, apresentado regularmente como o clássico “salvador” da humanidade. A visão do tipo, desde o inicio, é a de um sujeito preconceituoso e ensimesmado. Na verdade, o reconhecimento do personagem de que deve intervir na mudança de atitudes em relação ao que sente contra a diversidade cultural ao seu lado (vizinhança) não se dá de uma hora para outra e nem se espelha num ato heróico, mas num ato humano. Dizer que as pessoas de qualquer nacionalidade não mudam ao conviver numa relação social é manter a visão da permissividade discriminadora. Tratando do tema da diversidade eu não poderia perder a oportunidade de ver no filme a dificuldade de as pessoas incluírem entre suas atitudes a da aceitação de qualquer um com as qualidades próprias acumuladas. Se o diretor tivesse outra postura narrativa sem dúvida o resultado seria outro, pois considero que um elemento (linguagem) possibilita a exposição de outro (tema) num filme, sem dicotomias que envolvam trágicas separações entre forma e conteúdo.

ANO NOVO EM DVD














Os últimos filmes em DVD que assisti neste final de ano são todos datados de muitos anos. Hoje é comum classificar de clássico as produções antigas. Mas, a verdade é que exibem peculiaridades que as tornam, no mínimo, curiosas aos olhos de agora.
Foram lançados há pouco: “Crime em Paris” de Henri George Clouzôt; “O Homem das Novidades”, com Buster Keaton; “Justiça de Amor”, de John Ford; e “Chantagem e Confissão” e “Assassinato”, dois Hitchcock da primeira fase, na Inglaterra.
O filme de H.G. Clouzôt, no original “Quai des Orfevres” (1941) foi citado no recente Quentin Tarantino “Gloriosos Bastardos”. O de Buster Keaton mostra o grande comediante como um cameraman que busca emprego na Metro Goldowin Mayer. O de John Ford, de 1928, ou seja, na fase do cinema mudo, é um melodrama protagonizado por um dos atores preferidos do cineasta: Victor McLaglen. E os filmes de A. Hitchcock mostram como o cineasta surgiu na sua Inglaterra, já adotando o gênero que o imortalizaria.
Mas o que seria interessante ver agora, na entrada do ano novo ?
Lembro do reveillon de 1900 que revela uma atriz na moça que vendia flores próximo a um cabaré: “La Violetera”. O filme deu fama a Sarita Montiel, tornando-a mais conhecida do que o western que protagonizou nos EUA sob as ordens de seu marido Anthony Mann. Não só investiu-se como a atriz-cantora conhecida como deu margem a muitos melodramas estrelados por ele. O filme dirigido por Luis César Amadori é desses que a critica detesta e o público adora. Fez sucesso popular no Brasil e ainda vende DVD.
Em “A Carroça Fantasma” o sueco Victor Sjostrom exibe uma lenda nacional em que na noite de 31 de dezembro circula uma carroça puxada por um espírito. Ele procura quem morre nesse dia e precisamente às 24 horas para substituí-lo. Quem dessa forma deixar o corpo ficará guiando a carroça até que outro desencarnado na mesma circunstância venha substituí-lo.
No famoso “Cidadão Kane”, o jornalista Charles Foster Kane, na redação de seu jornal “Enquire” abre um presente de Natal e se ouve dizer “Merry Christmas” (Feliz Natal). Há uma elipse, ou seja, um plano que segue este dos votos natalinos para “and a Happy New Year”(e um Feliz Ano Novo).
Em “A Noite de S. Silvestre”, filme do movimento “kammerspiel”, a tendência alemã que surgiu contra o expressionismo dos anos 20, toda a ação tem lugar na noite do fim do ano e o filme só abre espaço para a luz natural no alvorecer do dia.
Em “O Destino se Repete” uma mulher, interpretada por Joan Leslie, consegue retroagir no tempo e passar a viver a entrada do ano que está acabando. Com isso ela deve corrigir um fato que a levará a um assassinato. Richard Basehart, (personagem I Matto de “La Strada”, de Federico Fellini ), estréia como ator nesta produção de 1947.
Em “O Último Encontro” Merle Oberon é portadora de uma doença incurável e George Brent um presidiário que deverá ser condenado à morte. Eles se conhecem numa viagem marítima para os EUA e festejam o ano novo sabendo que será o último de suas vidas. Mas não dizem um ao outro esse destino. Ficou célebre a seqüência em que duas taças se quebram no festejo da meia-noite.
Uma pena que os três últimos filmes citados não estejam ainda editados em DVD. Mas como muitas distribuidoras estão exumando velhos sucessos, pode ser que este ano um deles alcance o nosso mercado. Seria de festejar, embora o que se deseje mesmo, aos cinéfilos que lêem a coluna, que o ano seja de bons momentos, de saúde e paz.

DVDs MAIS LOCADOS (FOXVIDEO)

1. G. I. Joe - A Origem de Cobra
2. High School Band
3. Arraste-me para o Inferno
4. Jogando com Prazer
5. Os Normais 2 - A Noite Mais Maluca de Todas
6. Bruno
7. Força G
8. Anticristo
9. Uma Prova de Amor
10. Os Piratas do Rock

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

AS ÚLTIMAS ESTRÉIAS DO ANO









Nas salas comerciais da cidade quatro novos filmes: “Sempre ao Seu Lado”, “Encontro de Casais”, “Alvim e os Esquilos” e “Xuxa e o Fantástico Mistério de Feiurinha”.
No plano especial ou extra, a volta de “Amantes”, no Cine Estação (incluindo a matinal de domingo) um dos melhores filmes deste ano. No final de semana foram exibidos: na Sessão Cult do Cine Libero Luxardo, dia 26/12 às 16 h, a comédia “Uma Noite na Ópera”, de Sam Wood, com os Irmãos Marx. Na Sessão Aventura de domingo, às 16 h, no Olympia, será exibido “O Homem dos Olhos de Raios X”, de Roger Corman, além dos episódios 5 e 6 de “As Aventuras do Capitão Marvel”. No mesmo cinema, em horário normal (18h30) continua a programação anterior, o filme “Milagre na Rua 34”, de George Seaton.

“Sempre ao Seu Lado” (Hachiko, a Dog Story/EUA, 2009) é a refilmagem da produção japonesa “Hachicko Monogatari”, de 1987, baseada em um fato real. Inicia numa sala de aulas quando é solicitado aos alunos uma resenha sobre o seu herói favorito. Um dos garotos surpreende ao citar seu avô e um cão. Isto é motivo de gargalhadas dos colegas, mas a história que passa a ser contada mostra como se deu a amizade desse animal com Parker (Richard Gere), um músico, iniciada numa estação ferroviária. O cão se afeiçoa tanto ao dono que se torna um membro da família, seduzindo também a esposa de Parker (Joan Allen).
O diretor Lasse Hallström, bisa uma história em que o cachorro é a estrela. Seu primeiro grande sucesso internacional foi “Minha Vida de Cachorro”, onde um garoto sentia como se fosse sua a cadela Laika, passageira de uma cápsula espacial no inicio da era das viagens para fora da Terra. O ator, Richard Gere é budista e preza os animais dentro de seus preceitos religiosos. Os críticos europeus gostaram do filme, elogiando a partitura musical de Jan A. P. Karczmarek , lembrando o que se fez no filme original.
Naturalmente a proposta é sentimental. Há quem confirme isso embora refira a quebra do pieguismo na narrativa. Duas cópias chegam à Belém para os dois shopping (Pátio e Castanheira), com uma delas (Pátio) legendada.

“Encontro de Casais” (Couples Retraet/EUA, 2009) é uma comédia romântica dirigida por Peter Billingsley com Vince Vaugh, Kristin Davis, Jason Bateman e outros atores jovens. O tema é o encontro nacional onde os pares procuram objetivos diversos, um deles tratando de um casamento prestes a ruir.
Pode ser divertido e seduzir aos amantes do gênero.

“Xuxa e o Fantástico Mistério de Feiurinha” (Brasil, 2009) marca a estréia no cinema da filha da produtora & atriz & apresentadora Xuxa Meneghel, Sacha, que interpreta a personagem Feiurinha, mascote das princesas encantadas. O problema é seu desaparecimento, criando frisson em suas “tias” (Cinderela, Bela Adormecida, e todas mais que povoam há muitos anos o imaginário infantil). A direção é de Tizuka Yamazaki, a conhecida cineasta de “Gaijin”, conhecida entre nós por planejar um filme sobre a magia amazônica, Amazônia Caruana”, em fase de produção.

“Alvim e os Esquilos” (Alvim and the Chipmunks/EUA, 2008) é baseado na série animada “Os Pestinhas”, da década de 1980. Trata de um grupo musical de esquilos, formado pelo líder brincalhão Alvin, pelo alto e envergonhado Simon e pelo bochechudo Theodore, todos adotados pelo músico Dave Seville (Jason Lee), que transforma o incontrolável trio em celebridades da música pop, enquanto as figurinhas colocam sua vida do avesso. Cópia dublada visando o público infantil.

O Homem dos Olhos de Raios X” (The Man With X-Ray Eyes/EUA,1976) é uma science-fiction de Roger Corman, cineasta de extensa filmografia considerado o criador do filme B. O ator Ray Milland protagoniza um cientista que se dedica a explorar a capacidade do olho humano e suas experiências levam-no a captar as imagens através dos objetos, inclusive de suas pálpebras. Bem realizado, o filme foi sucesso de critica.
E para aproveitar o momento natalino (24 e 25) agradeço as/aos leitoras/es deste espaço a preferência pela coluna e ao mesmo tempo renovo votos de amor e paz a todos e às suas famílias. Que Deus nos abençoe em mais este Natal -2009.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

AVATAR











Os créditos de “Star Wars” mencionam “um planeta muito distante” como cenário das aventuras dos jedis & ETs vilões. “Avatar” (EUA, 2009) o novo filme de James Cameron (“Titanic”, “Segredo do Abismo”, “Alien 2”, “O Exterminador do Futuro”) passa-se em um planeta distante anos luz da Terra onde uma espécie peculiar de seres inteligentes vivem em harmonia com a natureza e cultuam uma fonte energética que parte de uma arvore. Neste preâmbulo já se encontram citações diversas na idéia do diretor, mais tarde um roteiro e muito mais tarde uma realização que pede efeitos especiais impensados anos atrás.
Em resumo, o argumento trata de um ex-combatente paralítico que substitui o irmão cientista na pesquisa de um minério importante para a sobrevivência da Terra encontrado num mundo chamado Pandora. Para conseguir isso ele precisa criar um avatar (uma representação para o seu corpo) para poder viver em uma atmosfera hostil e se infiltrar na sociedade dos Na’Vi, os habitantes do lugar. A cópia do ex-combatente dedica-se não só ao ambicioso plano, mas à defesa das criaturas simples de Pandora. E acaba se apaixonando por uma jovem guerreira.
O filme é principalmente um prodígio de efeitos especiais. Criado para ser visto em 3D, apresenta um outro mundo com uma grandeza de detalhes a suplantar até mesmo o que se viu até hoje em animação (é só comparar com a floresta de “Up”). Mas não é só isso. A temática implica em critica à política bélica norte-americana, aludindo às campanhas no Vietnam e agora no Afeganistão (para citar só algumas), à ambição dos poderosos, à ofensa à ecologia, ao tratamento dado aos nativos que ainda utilizam armas primitivas em seus combates (pode-se generalizar para os subdesenvolvidos), à opressão em nome da ciência, à materialização dos sonhos, à questão do “outro” ou a intolerância à diversidade, à revisão constante dos estereótipos de herói e vilão, ao papel da mulher, antes passiva nos filmes de aventura (as exceções correm por conta de heroínas de gibi como Nyoka), hoje guerreiras a lutar ombro a ombro com os seus parceiros homens, enfim, à uma série de conceitos que não se limitam a um determinado tempo e determinado espaço.
Também (o roteiro) é uma colcha de retalhos de filmes famosos. Há citação de “King Kong”, de “Star Wars”, de “Matrix”, de “O Senhor dos Anéis” e até mesmo de “Apocalipse Now”, numa seqüência em que, apesar da utilização de outra música, fica na memória do fã “Cavalgada das Valquirias”.
Nada dessas alusões representa falhas na obra de James Cameron, ausente de filmes de longa metragem desde “Titanic” (ainda a maior bilheteria da história do cinema), realizado há doze anos. Afinal, quem vive cinema pensa cinema e a prova está no que Quentin Tarantino idealizou com “Gloriosos Bastardos”, citando filmes & cineastas de diversas nacionalidades e épocas.
O “show” de Cameron, superlativo de blockbuster até pela qualidade artística, é longo, mas não aborrece. Pode-se discutir a metragem da seqüência de batalha final, cerca de 20 minutos das 2 horas e 40 do filme. Mas não dispersa a atenção e, apesar do enredo ser minúsculo diante da magnificência do projeto, não se perde o sentido romântico que o preside. Chega-se a ponto de um final que pode ser visto como uma licença poética: o homem que sonha (e gosta do que sonha) pode “viver” este sonho (mesmo que não abdique de sua qualidade humana).
O filme está recebendo a acolhida que o cineasta esperou. Pena que por aqui esteja sendo exibido em cópias “standard”, ou seja, em 2D. Mas chegará no inicio do ano em 3D. E, no caso, valerá a pena ver de novo.
Cotação: Bom (***)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

RETROSPECTIVA 2009- V







Prosseguindo a revisão dos filmes exibidos na cidade neste ano preste a terminar, relaciono mais alguns e as sínteses para lembrança dos leitores que elaboram suas listas.
“Valsa com Bashir” seguiu a linha adotada por “Persepolis”, no ano anterior, usando a animação para tratar de tema político. Aqui sobre a invasão do Líbano por Israel em 1982. A técnica parece usar a rotoscopia para os desenhos, mas os animadores trabalharam mais livremente do que copiar imagens de atores para uma impressão realista. O desenho ganhou muitos prêmios internacionais.
Em termos de animação o ano ofereceu ainda dois títulos importantes: “A Era do Gelo 3” está entre as raras seqüências que com seguem manter ou superar o nível das matrizes. Dirigida pelo brasileiro Carlos Saldanha conseguiu ser criativa e espirituosa, capitalizando a preferência do público (foi um dos filmes mais rentáveis no Brasil este ano). O outro cartaz do gênero é quase uma obra-prima: “Up, Altas Aventuras”. A equipe dos estúdios PIXAR, no caso, os diretores Peter Doc e Bob Peterson, viram o envelhecimento em ritmo de poesia sem esquecer a aventura. O velho Carl Friedrickson (desde já um dos tipos mais interessantes do gênero) casa-se com uma amiga de infância alimentando o sonho de conhecer uma floresta tropical. Após a morte da companheira, planeja realizar este sonho, mas de forma inusitada: fabricante de balões de gás, ele amarra milhares desses artefatos na sua casa e alça vôo rumo ao espaço geográfico desejado. Ao mesmo tempo em que foge da espoliação urbana que quer expulsá-lo de casa. A odisséia ganha uma platéia maior com a inclusão do menino Russel, que se alia a Carl na decolagem ao solicitar-lhe auxilio para uma campanha cívica. Com este filme, o pessoal da PIXAR ganha um tri-campeonato, seguindo “Ratatouille” e “Wall E”.
O “filme de gangster” deixou marca na história do cinema, do norte-americano em particular, não só configurado em gênero especifico como ajudou a criar outro, o chamado “film noir”. Nos anos 1930-40, particularmente a Warner Bros, produziu muitos exemplares desse tipo de filme e nele lançou intérpretes como Humphrey Bogary, James Cagney e outros. “Inimigos Públicos”, do diretor Michael Mann acompanha o “fora da lei” Johnny Dillinger (antes protagonizado por Tierney agora por Johnny Depp). A cinebiografia atual é uma superprodução, recriando bem o tempo em que viveu o gangster, indo além do aspecto romântico do passado. Cita o filme que Dillinger assistia quando o cinema onde estava foi cercado pela policia (exibia-se “Vencido Pela Lei”/ Manhattan Melodrama, de W. S. Van Dyke). Impressionou.
“Rio Congelado” representou bem a produção independente dos EUA. Filmado na fronteira do Canadá focalizou uma mulher abandonada pelo marido que ameniza as suas dificuldades financeiras aceitando transportar clandestinamente imigrantes de diversas nacionalidades para o território norte-americano. A atriz Melissa Leo foi candidata ao Oscar. O filme dirigido por Courtney Hunt ultrapassou a linha policial para focalizar bem o drama da esposa-mãe chefe de família, diante de uma situação que se agrega ao mundo contemporâneo e define a linha de pobreza das mulheres.
Uma surpresa foi a comédia “Se Beber Não Case”, grande sucesso de publico. Talvez por ser uma rara oportunidade de integrar o tragicômico no surrealismo. Trata de amigos farristas que não lembram o que fizeram depois da farra e encontram uma galinha, um tigre e uma criança no seu apartamento. O tigre pertence ao lutador Mike Tyson, a criança é revelada como filha de uma pessoa próxima que um deles conheceu quando embriagado, mas a presença da galinha fica inexplicada, como muitas outras coisas. O resultado, apesar de não ferir a fórmula da comédia romântica atual, abre espaço para alguma novidade no gênero.
A história do menino de QI elevado que sofre por isso resultou em um simpático filme alemão: “Vitus”, que só encontra no avô a compreensão necessária. Ao morrer o avô o garoto fica no dilema entre assumir a genialidade e ser simples e tentar deixar de lado o seu potencial, seguindo uma linha de comportamento compatível com a sua idade.
Amanhã encerro a retrospectiva.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

AMANTES” CHEGA AO DVD












Um dos melhores filmes deste ano é um dos mais procurados, agora, em DVD (a exemplo da Fox Vídeo): ”Amantes”(Two Lovers/EUA, 2008), de James Gray. Sobre ele escrevi no período em que foi exibido nos cinemas, cujo trecho reproduzo:
“O eixo focal foi estabelecido em, pelo menos, três seqüências e deu oportunidade de traçar alguns comentários sobre o entrelaçamento de Leonard e suas atitudes. (....) Se ambíguo ao tomar decisões sem remédio para a estabilidade emocional e agir impensado, com Sandra, no primeiro momento, Leonard (Joaquin Phoenix) recorre ao estabelecido (status quo) considerando a afinidade que ela lhe trouxe num primeiro diálogo que mantiveram na casa dele. Mas a jovem não é tratada pela câmera como esta o faz sobre Leonard, portanto, é na atitude masculina em relação às representações do feminino que será mantido esse foco.(...) Esse enfoque, a meu ver, fortalece a visão tradicional da subserviência feminina, sem deixar de mostrar o sentimento que a jovem dedica ao personagem-centro. Nem ninguém espera que chegue a tanto, pois o “véu iluminador” sobre ela está composto na normalidade da submissão entre os gêneros”.
O texto integral pode ser lido em meu blog. Vale a pena (re)ver o filme, uma das mais delicadas abordagens do relacionamento intimo desde as primeiras obras de David Lean (como “Desencanto” e “As Cartas de Madeleine”).
Também está sendo procurado nas locadoras o filme nacional “O Contador de Histórias” (Brasil, 2008) de Luiz Villaça, com base na biografia de Roberto Carlos Ramos. O autor era um menino pobre a quem a mãe havia colocado na FEBEM de Belo Horizonte seguindo a propaganda exposta na TV no tempo do governo militar. Lá o menino começa a ser violentado desde o momento em que chega, quando não o deixam se despedir da mãe. Fugindo várias vezes é considerado, pelos instrutores, de “irrecuperável” e cada vez mais alvo de violência. Por sorte dele, ao chegar de uma das fugas ganha atenção de uma pedagoga francesa (Maria de Medeiros, a atriz portuguesa de fama internacional). Ela passa a tratá-lo de forma muito especial como uma experiência de educação. Assim, ensina Roberto a ler, escrever, relegar as atitudes cruéis dos outros e construir uma vida produtiva (acaba como professor na própria FEBEM). Os atores que interpretam o personagem nas diversas idades são ótimos, especialmente Marco Antonio, de apenas 6 anos. Penitencio-me do fato de não ter mencionado o filme na minha relação dos mais interessantes da temporada 2009. Anotem o titulo.
“Leningrado” (Leningrad/Rússia,Ingleterra,2007) não chegou aos cinemas locais. Mira Sorvino protagoniza Kate Davis, uma jornalista inglesa indicada para cobrir a guerra (a 2ª.Mundial) em Leningrado (URSS), e acaba como todos os habitantes do lugar, cercada pelos nazistas. A direção de Aleksandr Buravsky, também autor do roteiro, prende-se aos fatos de forma linear, ganhando com uma produção que recria o ambiente histórico. É um filme correto, embora sem brilho.
E ainda pode ser encontrado agora em DVD “Yentl” (EUA, 1983) o primeiro filme que Barbra Streissand dirigiu, tendo sido vencedora de um Globo de Ouro e, o filme, a melhor trilha sonora. Uma história de uma garota judia que se veste de homem para poder estudar o Talmud, texto sagrado hebraico. O encontro com um colega e o seu papel no romance desta personagem, ditam o comportamento entre os gêneros na área religiosa e um impasse entre o amor e o intelecto. O filme fez sucesso de público nos cinemas.

DVDs MAIS LOCADOS (FOXVIDEO)

1. Arraste-me para o Inferno
2. Up - Altas Aventuras
3. O Elo Perdido
4. O Exterminador do Futuro - A Salvação
5. Che 2 - A Guerrilha
6. Surpresas do Amor
7. Pequenos Invasores
8. Harry Potter e o Enigma do Príncipe
9. A Pedra Mágica
10. Eu te Amo, Betty Cooper

RETROSPECTIVA 2009- IV










Para lembrança dos leitores deste espaço, prossigo a revisão e síntese sobre os filmes exibidos durante o ano em curso, em Belém, escolhendo somente os que receberam desta coluna cotações de 3 a 5 estrelas (bom a excelente):
“Um Táxi Para a Escuridão” (Táxi to the Dar Side) é um documentário chocante. O diretor Alex Gibney conta o drama de Dilawar, um taxista do Afeganistão que é confundido com um terrorista, preso pelos soldados norte-americanos, torturado a ponto de ter as suas pernas esmigalhadas, e morto, recebendo no atestado de óbito emitido como conseqüência de “causas naturais”. O filme lança mão de farto material conseguido a duras penas, muitas imagens tiradas de fotos digitais feitas pelos próprios carcereiros. Ganhou o Oscar da categoria (documentário) em 2008 e mais 9 prêmios, incluindo o Emmy(considerado como o Oscar da televisão).
“Gran Torino” deu o que falar pela simplicidade e força narrativa. Clint Eastwood dirige e interpreta, incorporando o personagem de um ex-combatente na guerra da Coréia, depois funcionário da Ford, que odeia asiáticos (por lembrar-lhe as pessoas que matou na guerra) e que acaba recebendo como vizinhos uma família chinesa. O personagem é viúvo e mal humorado. Guarda com carinho o seu automóvel Gran Torino modelo 1970 e odeia quem toque nele. Circunstancias levam-no a defender os chineses da representação de marginais do bairro, num fato discriminador. O cineasta disse que é seu último filme como ator. Deve ter sido força de expressão. Tudo funciona neste trabalho simples, mas bem realizado.
“Entre os Muros da Escola” ganhou prêmio em Cannes e reflete sobre pedagogia da sala de aula, acompanhando um professor que insiste na participação de seus alunos em trabalhos de sua matéria. A classe é formada de pessoas de famílias menos favorecidas e nem sempre o professor é compreendido. Direção de Laurent Cantel.
No mesmo tema também merece ser lembrado “A Onda” de Dennis Gansel, onde a discussão prática sobre autoritarismo provoca uma face da teoria nazista pela afinidade com as idéias que são lançadas e absorvidas por parte de uma faixa de alunos.
Candidatos ao Oscar merecem menção, especialmente “O Leitor”, “Milk” e “Duvida”(na ordem em que foram lançados). Dos três ressalto o papel de Sean Penn incorporando o empoderamento de seus amigos em torno do ativismo político como o político homossexual em “Milk”; e Philip Seymour Hoffman em um grande duelo interpretativo com Meryl Streep, em “Dúvida”, ele protagonizando um padre professor e sua maneira de tratar a intolerância religiosa e ela uma freira, diretora de colégio que teima em impor uma dimensão conservadora nas atitudes dos seus comandados. Uma boa adaptação de uma peça teatral do próprio autor da peça, John Patrick Shanley.
Dois filmes do russo Andrzej Sokurov foram exibidos quase ao mesmo tempo: “O Sol” e “Alexandra”. Reflito sobre o segundo, onde se destaca a cantora lírica que pouco fez cinema, Galina Vishnevskaya, como a avó que vai em visita ao neto na linha de frente de uma guerra. Em outra dimensão, o filme lembrou “A Balada do Soldado” do também russo Grigori Tchoukrai, mas com um detalhe: naquele titulo dos anos 60 a força da panfletagem política sobressaia no melodrama e acabava com um toque patriótico, revelando que o herói que vai ver a mãe e volta para morrer em combate é “um soldado russo”. No filme de Sokurov a avó não endossa a profissão do neto e no tempo em que passa ao lado dele cativa, com sua simpatia, os camponeses da região onde os soldados estão acampados.
“O Casamento de Rachel” é um drama familiar antigo reativado no retorno das figuras participantes desse drama. Uma jovem considerada insana tem alta do hospital psiquiátrico para participar de um momento festivo: o casamento de sua irmã. Roteiro coeso e seguro da filha do diretor Sidney Lumet, Jenny Lumet e boa direção de Jonathan Demme. Mais sínteses amanhã.
Já solicitei antes aos leitores e reafirmo agora que me enviem outros titulos de filmes que julgaram estar de fora da minha lista. E não esquecer de participar da escolha de melhores filmes dos leitores.

sábado, 12 de dezembro de 2009

ATIVIDADE PARANORMAL










O modelo enfocado em “A Bruxa de Blair” continua sendo aproveitado pelos produtores de cinema independente. “Atividade Paranormal” (Paranormal Ativicty/EUA, 2009) ora em cartaz nacional custou menos de 40 mil dólares ao seu produtor-roteirista-diretor Oren Peli (praticamente um estreante) e rendeu só numa semana de exibições nos EUA mais de 30 milhões.
A fórmula mantém a simplicidade narrativa: uma câmera digital comprada por um jovem que vai morar com a namorada num casarão recém-adquirido deve registrar os fenômenos que esta insiste em afirmar que circulam ao seu redor desde a juventude. Katie (Katie Fitherson) e Micah (Micah Sloat) mantêm seus nomes como personagens intérpretes, uma maneira de se incitar a pretensão de que se trata de um registro da realidade. Além disso, nos créditos iniciais (poucos), aparece um “agradecimento às famílias de Micah e Kate”.
Basicamente o roteiro resume-se na captação das imagens que a pequena câmera deve registrar. Por isso, ou para isso, o enquadramento deve ser, sempre, dessa objetiva que muitas vezes é solitária, colocada num móvel adiante da cama do casal ou na mesa da cozinha onde preparam os alimentos. A alternativa de ângulos corre por conta das vezes em que Micah segura a sua filmadora e sai pela casa registrando o que lhe parece interessante. Isso em tese. Mas o que se vê nem sempre é através do olho acomodado do visor da câmera. Há alguns planos que não podem ter sido tomados pela objetiva solitária. Nem seria possível fazer um filme de hora e meia de projeção só dessa forma. Mesmo como está, levando a supor que as imagens são captadas de uma realidade ambiente em tempo oportuno, o resultado é extremamente monótono. De minha parte senti que o enfado substituiu a pretensão de despertar perigo real ou imaginário. Mas nem todo mundo respondeu do meu jeito. Tanto assim que o filme faturou alto graças a uma divulgação “boca a boca”, mas, é preciso observar, com o auxilio (como no caso da “Bruxa de Blair”) da Internet.
No argumento o casal vai sendo cada vez mais aterrorizado pelas forças misteriosas que circulam invisíveis, acendendo luzes, provocando ruídos, levantando lençóis da cama e, no andamento das coisas, retiram a jovem de seu leito puxando-a através do corredor que liga o quarto de dormir aos demais cômodos.
O pedido de auxilio traz à cena um parapsicólogo que se considera comunicador com espíritos desencarnados. Mas ao observar o que se passa na casa e a possível causa dos fenômenos, aconselha a presença de um exorcista supondo tratar-se “de demônios”. O problema é que o profissional chamado não está disponível e Micah não pretende afastar-se da casa, atendendo ao apelo da namorada de retirar-se imediatamente do lugar.
Entre achados e novos fenômenos circulantes na calada da noite, o filme encerra com uma cena previsível, sem acrescentar qualquer elemento a um gênero muito explorado. O filme de Oren Pelli quer, na verdade, se amparar numa pretensa novidade formal para cativar admiradores de um tipo de “terror” cinematográfico. O modelo, como me referi, é “A Bruxa de Blair”. Também pode se ver resquícios do recente “Rec”, onde a câmera de uma repórter de TV registra fantasmagorias que se passam num prédio coletivo para onde se dirige uma equipe de bombeiros. Nos casos citados, a originalidade é perseguida e de alguma forma conseguida. Mas sempre fica a pergunta sobre o objetivo desses sustos fabricados. O máximo que se pode dizer é que o cinema, desta forma, reflete a sua origem de ilusão de ótica, de um engodo. A verdade sempre está com quem maneja a câmera. E esta, por si só, não dá conta de suscitar por muito tempo e de forma geral as emoções ou o que esperam os realizadores.
Outra análise procuraria refletir sobre a questão do imaginário tratar de uma forma especifica os fatos paranormais. Nos EUA há técnicos com empresas chamados “caça-fantasmas” tornando-se essa mais uma profissão utilizando sofisticados aparelhos que captam sons, falas e outras ações chamadas sobrenaturais. Vi o filme mais nessa linha, procurando levar ao credito as incertezas de uma “outra vida” nas certezas desses fatos.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

PRINCESA NEGRA EM DESENHO DISNEY








A Era Obama chega aos estúdios Disney. O lançamento mundial, nesta 6ª feira de “A Princesa e o Sapo” (The Princess and the Frog/EUA,2009), desenho animado de Ron Clemens (autor da história original) e John Musker, marca a volta do estúdio de Mickey Mouse ao sistema 2D, ou seja, a animação tradicional sem os efeitos digitais modernos e também apresenta uma nova imagem de princesa, inovando na linha tradicional de heroínas da casa: uma afro-americana.
A animação da Disney, saudada em seu país de origem como excelente, é a estréia mais promissora no circuito exibidor comercial.

Estréia, ainda, “Embarque Imediato”(Brasil, 2009), comédia de Allan Fitermann com Marilia Pêra e José Wilker.

No plano extra será exibido, na 2ª feira, na sessão do Cine Clube Alexandrino Moreira (IAP),“O Anjo Exterminador”, obra-prima de Luis Buñuel. E, no domingo, no Olympia, como parte da Sessão Aventura, a 2ª. Série de “As Aventuras do Capitão Marvel” e “O Homem Leopardo”, filme de Jacques Tourneur (de “Sangue de Pantera), produzido por Val Lewton como parte de uma série de B-Pictures de terror.

“A Princesa e o Sapo” é um desenho animado de longa-metragem escrito e dirigido por Ron Clemens, o autor de “A Pequena Sereia”. Aqui ele aborda as aventuras de uma princesa negra chamada Tiana e seu relacionamento com o príncipe Naveen na Nova Orleans dos anos 1920, a famosa “Era do Jazz”. O roteiro foi escrito por Clemens e mais 5 assessores e a opção pela antiga tecnologia 2D revela a pretensão dos estúdios Disney em reprisar o sucesso de seus clássicos que da mesma forma evocam princesas românticas (Branca de Neve, Cinderella, A Bela Adormecida e Ariel, A Pequena Sereia). O filme empolgou os críticos norte-americanos em sua prévia nos cinemas dos EUA. Pena que um dos motivos de elogios, que são as vozes originais, não seja percebido pelo publico brasileiro, brindado apenas com cópias dubladas.
Ron Clemens é quase sexagenário, mas figura entre os que sucederam aos chamados nove mais antigos criadores que trabalharam nos desenhos dos anos 40 e 50 com o próprio Walt Disney. É, portanto, um herdeiro. E tem muito a ver com os mestres de antes.

“Embarque Imediato” trata de Wagner (Jonathan Haagensen) um jovem garçom de um aeroporto brasileiro que decide imigrar ilegalmente para Nova York, sendo impedido pela supervisora Justina (Marilia Pêra), do serviço de imigração, namorada de Fulano (José Wilker). Quando Justina decide arranjar um meio de Wagner se projetar, treinando-o para um concurso musical, brigas e confusões surgem entre eles.
O filme é dirigido por Allan Fiterman com roteiro de Marcelo Florião, Laura Malin e Aloísio de Abreu. O argumento é do primeiro.

“O Homem Lopardo”(The Leopard Man/EUA,1943) faz parte da série de filmes de terror que o produtor Val Lewton realizou para os estúdios da RKO. O diretor Jacques Tourneur é o mesmo de um dos mais importantes exemplares dessa série, “Sangue de Pantera”. A inspiração expressionista pode ser observada. No elenco, Dennis O’Keefe e a atriz francesa Margô. No programa, serão exibidos também os episódios 3 e 4 (2ª.série) de “As Aventuras do Capitão Marvel”. Domingo na Sessão Aventura (16 h) do Olympia. Programa da ACCPA.
“O Anjo Exterminador”(El Angel Exterminador/México 1962) é um dos mais aplaudidos filmes de Luis Buñuel. Concorreu no Festival de Cannes do ano em que venceu “O Pagador de Promessas”. Enfoca um grupo de aristocratas que, sem motivo aparente, não consegue sair de uma sala de jantar. O filme será exibido na sessão do Cine Clube Alexandrino Moreira(IAP), na 2ª feira, às 19 horas.
No Cine Clube Pedro Veriano (Casa da Linguagem) será exibido, na terca feira, 15/12, às 18h30, o filme de Aurélio Michilis, "O Cineasta da Selva". Documentário realizado com o apoio da TV Cultura (SP) que aborda a trajetória do cineasta português Silvino Santos, que no inicio do século XX desbravou o território amazônico filmando essa região nos primórdios do cinema. O filme utiliza imagens dos filmes desse cineasta e inclui depoimentos de seus filhos e de pessoas que conheciam sua obra.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

RETROSPECTIVA FILMES 2009- III








O amigo e colega da ACCPA José Augusto Pacheco enviou-nos a relação dos filmes exibidos durante o ano nas salas alternativas cine Estação e Libero Luxardo. Da lista não vi “Lírios D’Agua” de Celine Sciamma, “Jacquot e Nantes” de Agnes Varda, “Café dos Maestros” de Miguel Koham, e dois nacionais: “Juizo” de Maria Augusta Ramos e “Meu nome é Dindi” de Bruno Safadi. Estes devem ser incluídos na relação já publicada.
Prosseguindo na retrospectiva, faço uma síntese dos filmes que me parecem importantes dentre os citados anteriormente.

“A Troca” de Clint Eastwood, um argumento baseado em fato real, acompanhando o drama da mãe que não encontrou o filho em casa ao chegar do trabalho e a partir daí, a sua luta para recuperá-lo, com a atuação da policia que acaba apresentando outra criança. A fotografia e a cenografia trabalhando a época (anos 1920/30), até na apresentação do filme, com a marca antiga da Universal Pictures, ajudam na metódica narrativa que apresenta excelentes desempenhos, valendo como o melhor trabalho até hoje de Angelina Jolie.

“O Curioso Caso de Benjamin Button” só agora realizado devido a alta tecnologia atual procurando criar a imagem do menino que nasce velho e gradativamente vai ficando jovem. Esta máscara foi reproduzida do ator Brad Pitt, jogando-a sobre os corpos específicos das idades relatadas. Esta qualidade é mais evidente do que a narração linear empregada por David Fincher, aqui acomodando a trama na época, ou seja, realizando um cinema antigo como o herói da história.

“Queime Depois de Ler”, interessante por ser uma prova da versatilidade dos cineastas irmãos Ethan e Joel Coen após o dramático “Onde os Fracos Não Têm Vez”. Em tom de comédia, a intriga de espionagem desenvolve uma critica de tudo o que se tratou até hoje no gênero. E em se tratando de versatilidade, Brad Pitt mostra o seu lado de comediante interpretando um hilário funcionário de uma academia de ginástica.
“O Carregador de Almas” foi uma experiência transcultural, ou seja, um filme chinês realizado por um inglês (Jonathan Holand). Acompanha-se a viagem de um homem com o corpo de um colega morto na construção em que trabalhava. A meta é levar o cadáver aos pais do falecido, até um lugarejo perdido entre montanhas. No final, o plano da figura do “carregador”, na chuva, ao lado do morto, raciocinando a sua missão, é a síntese da trama.

“O Lutador” está no grupo (extenso) dos bons filmes sobre o boxe (e lutas livres). O tipo interpretado por Mickey Rourke lembra Anthony Quinn em “Réquiem por um Lutador”, um inocente útil para empresários e, afinal, um ser humano em busca de afeto - o que não lhe dá a filha e a namorada que também luta para sobreviver trabalhando em um bar.

“O Segredo de Lorna” trouxe de volta os irmãos Dardenne (Jean Pierre e Luc), autores de “Criança”. O filme trata de imigração ilegal na Bélgica e de um casamento de conveniência para isso, além da atuação de um mafioso russo. O filme revelou a atriz Arta Dobroshi.

“O Segredo do Grão” também tratou de imigrantes, focalizando a ação na zona portuária francesa, O melhor do diretor tunisiano Abdael Kechiche, de quem se viu no ano anterior “A Culpa de Voltaire” e “A Esquiva”.

“Caos Calmo” apesar de ter Nanni Moretti, o ator-diretor de “O Quarto do Filho” apenas como roteirista e ator, revela um estilo semelhante ao dele. A direção foi de seu amigo Antonio Grimaldi e o foco capta uma criança que perde a mãe num acidente e o pai a acompanha de forma exaustiva no colégio. (continua)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

FILMES INEDITOS EM DVD









Continuam chegando em DVD filmes que não alcançaram as telas grandes da cidade.
“Confissões de Uma Garota de Programa” (The Girl Friend Experience/EUA,2009) é um exemplo. Dirigido por Steven Soderbergh (“Che”) aborda a vida nada fácil de Chelsea (Sasha Grey), jovem que atende sexualmente a clientes “da alta sociedade de Manhattan, incluindo uma figura importante da política. Ela é adepta do candidato republicano à presidência, Senador John McCain. Seu parceiro é casado, mas promete-lhe uma companhia estável. Embora alertada por um admirador dedicado (Chris Santos) de que um dia será desprezada pelo magnata, não aceita esse conselho e sofre quando ocorre justamente o que lhe disseram: seu par de meia idade resolve voltar para a família, exigindo que ela cuide de sua vida. Conduzido como se fosse um documentário, o filme apresenta muita câmera manual, muitos closes, muitas cenas de rua, tentando sempre a linha “cinema verité”. Difere de outras experiências do diretor, provando sua versatilidade ou sua incansável produção. A atuação de Sasha Grey é um ponto alto da realização.
“Veronika Decide Morrer”(Veronika Decides to Die/EUA,2008) é o primeiro livro do brasileiro Paulo Coelho a chegar ao cinema. E se trata de um filme norte-americano, com o argumento locado em Nova York. Ali, Veronika ( Sarah Michelle Gellar) tenta o suicídio ingerindo muitos sedativos. Escapa da morte depois de dias em coma, recebendo do médico que lhe assiste em uma clinica psiquiátrica que a sobrevida é episódica que ela destruiu elementos do sistema circulatório e deve morrer em breve. A notícia não causa espanto à jovem que nada vê de positivo na vida. Mas a convivência no hospital com um enfermo catatônico (David Thewis) e o relacionamento leva à melhora do estado de saúde desse enfermo. A direção é de Emily Young.
“Incendiário” (Incendiary/Ingl.2008) traz Michelle Williams (“Sinédoque Nova York”) como a mãe de um menino de quatro anos, cujo marido (Matthew Macfadyer), acompanhando do filho, morre num atentado em um campo de futebol, numa partida importante. A aflição da mulher toma conta da segunda parte do filme, culpando-se do abandono que deu à família por ter cedido ao assédio de um jornalista (Ewan McGregor) na hora do acidente. O tema introspectivo não ganha correspondência no roteiro de Chris Cleave e Sharon Maguire e a direção deste último não se esforça para tirar partido da eficiente intérprete que é Michelle Williams. Apesar disso, há o que ver nesta produção inglesa em que a Londres moderna entra como coadjuvante .
“Perigosa Obsessão” (Aprés Lui/França.2007) traz Catherine Deneuve num grande esforço interpretativo como Camille, a mãe divorciada que perde o filho num desastre de carro. O drama ganha foro de obsessão quando ela passa a seguir o colega do filho, condutor do automóvel na ocasião, saindo ileso do acidente. Cada vez mais próxima dele segue-o como se fosse a sua sombra. O final é enigmático. Direção de Benedict Mellac de um roteiro de Christophe Honoré e Gael Morel.
“Teta Assustada”(Teta Asustada/Peru, Espanha, 2008) ganhou o último Festival de Gramado e o Urso de Ouro do Festival de Berlim. Focaliza a jovem Fausta, do interior peruano, de descendência índia, criada ouvindo o drama da mãe que em estado de gestação fora estuprada e obrigada a atos de sodomia. Por isso, a jovem passou a usar uma batata na vagina, sujeitando-se aos efeitos colaterais dessa estranha atitude. O fato só muda quando um sentido de vida é conseguido. Um drama exótico na aferição de um cenário correspondente com direção segura de Claudia Llosa. Ela e a atriz Magali Sorier ganharam Kikitos em Gramado.

DVDs MAIS LOCADOS (FOXVIDEO)

1. Up - Altas Aventuras
2. O Exterminador do Futuro - A Salvação
3. Harry Potter e o Enigma do Príncipe
4. Veronika Decide Morrer
5. Amantes
6. Inimigos Públicos
7. Marido por Acaso
8. Jean Charles
9. Segunda Chance para o Amor
10. A Vida Secreta da Abelhas

domingo, 6 de dezembro de 2009

NA TRILHA DA VIDA, ALÉM DO CINEMA










Um blog de cinema tem especificidades no enfoque - filmes, notícias, críticas, enfim, tudo o que remete à perspectiva de uma arte, considerando o assunto diário de quem se propõe a criá-lo. E tem sempre os seus leitores e leitoras, mesmo que estes/as não deixem nenhum recado on line. Esta ferramenta, entretanto, oferece a oportunidade de que sejam expandidos os depoimentos de blogueiros/as, que não vêem qualquer restrição ao que decidem escrever. Pode-se dizer que se trata de um “caderno de argumentações” servindo de escape para novas rotas de depoimentos. Neste caso, minha opção no texto atual não é de cinema, mas para registrar duas perdas muito sentidas por mim, na última semana de novembro: a de meu colega de área de conhecimento (Ciência Política/UFPA), Adalberto Trindade Cardoso (foto), e a do médico Hélio Titan.
Acompanhei a recente enfermidade do Adalberto pelas noticias que me davam seus alunos, meus bolsistas da UFPA. O mal súbito, a seqüência de exames cardiológicos e o desfecho fatal da doença motivaram comentários preocupados de meu colega Cauby Monteiro, maior amigo de Adalberto. Mas o desenlace foi uma surpresa para mim que no dia do seu falecimento acompanhava a cirurgia de uma filha, o que me impediu de, pessoalmente, participar do velório. O choque foi muito forte e, nessas horas, vêm à lembrança os flashes da presença da pessoa na trajetória que empreendemos num conjunto de episódios. Como num filme, vi o tempo-Adalberto na minha caminhada profissional desde 1994 quando me sugeriu o nome de uma jovem recém-universitária para trabalhar comigo, a amapaense Josinete Lima. Uma excelente indicação, diga-se, pois, não só as atividades da Josi nesse seu primeiro contato com o meio acadêmico foram extremamente produtivas, como os laços da amizade se formaram muito fortes entre nós até hoje, e espero que para sempre. A “filha acadêmica” auxiliou a minha produção na pesquisa e nos vídeos realizados (com a Cristina Maneschy), tornou-se minha bolsista de confiança, além de agregar outras pessoas no trabalho que fazia como a Marineide Almeida e a Ana Cristina Soares.
A vice-chefia do então Departamento de Ciência Política, em 1996, levou o Adalberto a representar essa unidade no VI Encontro sobre Mulher e Gênero no Norte e Nordeste que organizei regionalmente como coordenadora da REDOR (Rede Feminista de Estudos e Pesquisas sobre Mulher e Gênero –N/NE). Aliás, ele foi a única autoridade a estar presente nesse conclave, embora, nos encontros realizados em outros estados, os reitores ou seus representantes das universidades estejam presentes.
Outros flashes da memória se interpõem, não só no eixo acadêmico, mas no lado afetivo, seqüenciando as atividades profissionais quando, no final de cada ano nos reuníamos em minha casa para a confraternização natalina. A evidência de seu respeito a mim ia além desse evento, que nunca deixava de participar.
Ainda na caminhada acadêmica, como coordenadora de cursos de especialização e em TCCs, lembro que o Adalberto era sempre convidado a participar da banca examinadora dos trabalhos monográficos dos alunos. Suas análises eram revestidas de uma critica de conteúdo e metodológica sobre o que achava do trabalho, despojado da tendência que se vê em alguns docentes de mesclar as criticas acadêmicas a detalhes personalistas. Esse, a meu ver era o grande mérito do Adalberto. Ser severo sem constranger alunos/as e orientadores ao mostrar as vertentes dos hiatos que percebia nessas monografias. No inicio deste ano estivemos juntos numa dessas bancas.
Com a desmontagem estrutural dos departamentos de áreas de conhecimento da UFPA, no caso das Ciências Sociais (a Ciência Política, Sociologia e Antropologia) houve certo distanciamento dos colegas que mensalmente se encontravam nas reuniões administrativas dessas unidades. Mas uma vez ou outra nos falávamos pelos corredores dos pavilhões onde ele, como eu ultimamente, ministrava aulas para os alunos da graduação.
Estas palavras de reconhecimento eu estava devendo à memória de uma pessoa respeitosa e acima de tudo amada por seus alunos e alunas do que sou testemunha. Paz à alma do colega e condolências à sua companheira de sempre, Joseane Semblano e aos seus familiares.
Na mesma semana, outra perda sentida foi a do amigo médico Helio Titan, a quem conheci através de Pedro Veriano e dos constantes telefonemas e emails trocados. Seu interesse pelos conhecimentos de um modo geral extrapolava seu saber médico, unindo-se aos do seu “irmão”, como chamava o PV. Da science fiction às teorias mais avançadas da astronomia, passando pela cultura religiosa e pela visão histórica dos fatos científicos, a cada texto escrito para “O Liberal”, não deixava de encaminhar-nos, seus primeiros leitores. Gostava que lêssemos e opinássemos sobre as idéias que levantava. Às vezes eu discordava de alguns, motivando seus telefonemas à “boca da noite”.
Odisséia na trajetória vivenciada ultimamente foi reconfortada por seu “irmão” a quem ele ficou grato pelo apoio. Mas nem sempre se chega a conhecer o intimo das pessoas e isso foi talvez o que motivou a surpresa por seu falecimento, para nós, prematuro.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

FESTIVAL CLARO CURTAS APRESENTA: CURTA EM CIRCUITO

Recebi para divulgação e repasso aos leitores deste blog:



O cinema paraense está em festa. Graças a uma parceria com o Festival Claro Curtas, surge a primeira edição do projeto Curta em Circuito, que levará oficinas audiovisuais a Belém, Santarém, Marabá e Cachoeira do Arari, durante cinco meses a partir do dia 4 de dezembro de 2009.
Através de oficinas presenciais distribuídas em módulos e de material para download em seu site oficial (www.curtaemcircuito.com.br), o Curta em Circuito tem como principal objetivo estimular a produção audiovisual no Estado do Pará, a partir da democratização dos preceitos técnicos e criativos necessários para tanto.
O lançamento conjunto do Festival Claro Curtas e do Curta em Circuito será no dia 03/12, quinta-feira, às 19h, na Fundação Curro Velho. Na ocasião, a diretora Priscilla Brasil e a pesquisadora Giseli Vasconcelos irão debater o tema “Novas Mídias de Produção e Difusão Audiovisual”, junto a demais convidados. Curtas premiados na edição passada do Claros Curtas também serão exibidos durante coquetel após a mesa redonda, e em cada cidade envolvida no projeto Curta em Circuito.
OFICINAS – As oficinas do Curta em Circuito começarão no dia 04/12 e se estenderão até abril de 2010, divididas em cinco módulos: "Argumento e Roteiro", ministrado por Roger Elarrat (Miguel, Miguel); “Fotografia em Vídeo”, por João Wainer (Pixo); “Direção de Ator”, por Adriano Barroso (Chupa-Chupa); “Direção”, por Priscilla Brasil (As Filhas da Chiquita); e “Técnicas de Edição e Finalização”, por Alberto Bitar (Enquanto Chove).
Um profundo compartilhamento de know-how tecnológico, visando a produção e a difusão do cinema paraense, mas – acima de tudo – a construção de uma nova platéia nos quatro cantos do Estado.

CARTILHA EDUCACIONAL – É importante frisar que, do material pedagógico concebido para os módulos, será produzida uma cartilha educacional, com tiragem de três mil exemplares e distribuição em instituições de ensino da arte e pontos de cultura, ONGs, OSCIPs, cooperativas e pequenas empresas de produção e gestão cultural.
O Curta em Circuito é patrocinada pela Claro, em uma realização da BCB Produções Culturais, Casa Redonda e Greenvision Filmes, com apoio institucional do Governo do Pará através da Lei de Incentivo à Cultura Semear.
COMO PARTICIPAR – Para participar das oficinas, basta você ter mais de 16 anos, uma idéia na cabeça e disposição para acompanhar os cinco meses de trabalho. Se você preenche estes requisitos, pode fazer sua inscrição no site oficial do Curta em Circuito [www.curtaemcircuito.com.br] ou direto na instituição onde os módulos serão ministrados em sua cidade. Não marque bobeira: são somente 20 vagas por turma.
O Claro Curtas – Festival Nacional de Curtíssima Metragem, tem como objetivo valorizar a produção audiovisual realizada em curtíssimos formatos a partir de celulares, webcams, câmeras digitais e outros dispositivos móveis. A iniciativa da Claro, por meio do Instituto Claro, oferece oportunidade e capacitação para que mais pessoas explorem as possibilidades de criar conteúdos diferentes, levando ao público olhares nem sempre presentes nos circuitos convencionais do cinema.
Neste ano, os participantes contarão com materiais educativos gratuitos para aprimorar a produção dos vídeos. O site oficial do Claro Curtas (www.clarocurtas.com.br) disponibiliza para download cinco vídeos educativos e um miniguia, que também terá versão impressa e será distribuído a instituições parceiras, ONGs que trabalham com audiovisual e Pontos de Cultura do Programa Cultura Viva do Ministério da Cultura.
Os participantes deverão produzir seus vídeos de acordo com o tema “Ser Digital – Aprendizado e transformação na sociedade do conhecimento”. A ideia é ampliar os debates sobre as possibilidades trazidas pelas novas tecnologias, suas formas de expressão e participação no mundo contemporâneo.
As inscrições estão abertas até 30 de janeiro de 2010. As dez obras finalistas serão selecionadas e avaliadas por um time de renomados profissionais do audiovisual e de grande contribuição para o cinema brasileiro e mídias digitais: Caio Gullane, Cao Hamburger, Carlos Nader, Dira Paes e Matheus Nachtergaele, com mediação de Sergio Sá Leitão. São R$ 100 mil em prêmios.
No final de março de 2010, os dez finalistas vão participar de um workshop exclusivo em São Paulo, ministrado por profissionais da área audiovisual e de novas mídias, promovido em parceria com a Gullane Filmes. Além disso, haverá um seminário aberto ao público, que contará com palestras sobre o impacto das novas tecnologias digitais móveis nos processos de criação, produção e difusão audiovisual.
Essa é a segunda edição do Claro Curtas. Em 2008, o festival abordou o tema “Diversidade e Inclusão”. Foram 1.500 vídeos inscritos em pouco mais de um mês, por participantes de 194 cidades, de 23 Estados do Brasil e mais de 180 mil visitas ao site oficial.

Instituto Claro

O Instituto Claro foi lançado em março de 2009 e tem como missão estimular a discussão e o desenvolvimento de oportunidades de aprendizagem inovadoras e lúdicas, por meio das novas tecnologias de informação e comunicação.
Ao eleger a causa da educação, o Instituto incentiva e apoia a revisão, a discussão e a inovação de práticas de ensino e de aprendizagem, compatíveis com a realidade e demandas atuais da sociedade. Para o Instituto, o conhecimento é fator transformador da sociedade, sua construção é fruto do encontro e da interação entre as pessoas, e se dá em múltiplos espaços.
Para divulgar e reconhecer estudos, pesquisas acadêmicas e ações que discutam o impacto das novas tecnologias na aprendizagem estão o Portal Integrado do Instituto (www.institutoclaro.org.br), Fóruns de Discussão com especialistas em educação, tecnologia e desenvolvimento humano e o Prêmio Novas Formas de Aprender, que, em 2009, recebeu mais de 1.300 inscrições de todo o Brasil. No Portal, também são disponibilizados jogos e outros recursos para que as pessoas possam, de fato, experimentar formas interativas de aprender.
O Claro Curtas, entre outros projetos, também está alinhado com as premissas do Instituto Claro, pois é um projeto que busca refletir sobre um tema específico e interagir com a tecnologia para que, de forma lúdica, os participantes possam expressar suas idéias. Para o público interno da Claro, o Instituto coordena o FIA (Fundo da Infância e Adolescência), com o objetivo de fortalecer o engajamento dos funcionários com a prática de ações sociais.

Serviço:
Lançamento Festival Claro Curtas e Curta em Circuito

Dia 03/12 às 19h na Fundação Curro Velho Rua Prof. Nelson Ribeiro, 287 (continuação da Djalma Dutra) – Telégrafo – Belém
Informações:
Caco Ishak (assessor de imprensa): 91- 84147296
Lívia Condurú (produtora executiva): 91-81037145

OS MELHORES DO ANO-II






Antes de analisar os títulos mais sugestivos publicados ontem e que podem figurar entre os 10 melhores filmes exibidos em Belém este ano, passo em revista as categorias que normalmente são cotadas pelos críticos da ACCPA e leitores.
Para melhor diretor, a disputa deve ficar entre Clint Eastwood, por “Gran Torino” e “A Troca”, Quentin Tarantino por “Gloriosos Bastardos”, Aleksandrz Sokurov por “O Sol” e “Alexandra”, Danny Boyle por “Quem Quer Ser um Milionário?”, James Gray por “Amantes”, Courtney Hunt por “Rio Congelado”, Michael Mann por “Inimigos Públicos”, Joel e Ethan Coen por “Queime Depois de Ler”. Pete Docter e Bob Peterson por “Up”, Charlie Kaufmann por “Sinédoque Nova York”, Sérgio Rezende por “Salve Geral”, Dennis Ganel por “A Onda”, Miguel Gomes por “Aquele Querido Mês de Agosto, Jean Pierre e Luc Dardenne por “O Segredo de Lorna” e Thomas McCarthy por “O Visitante”.
Os roteiros mais interessantes são os de “Gran Torino”, “Up”, “Quem quer ser um Milionário?”, “Sinédoque Nova York”. “Amantes”, “Inimigos Públicos” e “Gloriosos Bastardos”(todos escritos pelos diretores) e “Caos Calmo”(Nanni Moretti).
O melhor ator pode ser Clint Eastwood por “Gran Torino”, Sean Penn por “Milk”, Philip Seymour Hoffman por “Sinédoque Nova York” e “A Dúvida”, Richard Jenkins por “O Visitante”, Mickey Rourke por “O Lutador” ou Benicio del Toro por “Che”.
A melhor atriz deve estar entre estas: Melisa Leo por “Rio Congelado”, Galina Vishnevskaya por “Alexandra”, Angelina Jolie por “A Troca”, Kate Winslet por “O Leitor” e “Foi Apenas Um Sonho”, Arta Dobrochi por “O Segredo de Lorna”, Anne Hathaway por “O Casamento de Rachel”, “Meryl Streep por “A Dúvida”, Andréa Beltrão por “Salve Geral”, Catherine Deneuve por “Um Conto de Natal”, Frances McDormand por “Queime Depois de Ler”e Cameron Diaz por “Uma Prova de Amor”.
O melhor ator coadjuvante pode ser um destes: Brad Pitt (“Queime Depois de Ler”), Christoph Waltz (“Bastardos Inglórios”), Haaz Sleiman (“O Visitante”), Pascal Servo (“O Último dos Loucos”) Jérémy Renier (“O Segredo de Lorna”) ou Christian Bale (“Inimigos Públicos”).
A melhor atriz coadjuvante é possível ser escolhida entre Taraji P. Henson (“O Curioso Caso de Benjamim Button”), Viola Davis (“Dúvida”), Misty Upham (“Rio Congelado”) e Marisa Tomei (“O Lutador”).
Na fotografia um desses filmes pode ser escolhido: “A Troca” (Tom Stern), “O Curioso Caso de Benjamin Button” (Cláudio Miranda), ”Milk” (Harris Savide), “Bastardos Inglórios”(Robert Richardson), Alexandra ( e “Rio Congelado”(Rid Morano), Alexandra ( Aleksandr Burov)
O gênero “animação” apresenta muitos exemplares, mas os evidentes são: “Up, Aventura nas Alturas”, “Valsa Para Bashir”, “A Era do Gelo 3” e “Monstros Vs Alienígenas”.
Na época em que o cinema se vangloria dos efeitos especiais realizados em computador os filmes que mais se destacaram nessa área foram: “O Curioso Caso de Benjamin Button”,”Watchmen”, “Star Trek”, e “2012”.
Em termos de trilha sonora, destaque para “Quem Quer ser um Milionário?”, Gran Torino”(onde participa o diretor Clint Eastwood),”Inimigos Públicos”, “Bastardos Inglórios” e “Foi Apenas um Sonho”.
Assisti poucos documentários, mas os leitores podem cotar: “Simonal”, “Moscou”, “Um Novo Século Americano” e “This is It”.
Quanto a edição, ou montagem, é a essência do cinema, segundo Stanley Kubrick. E este ano há muito que se observar no setor. Exemplos como “O Curioso Caso de Benjamim Button”, “O Lutador”, “Quem Quer ser um Milionário?”, “O Segredo do Grão”, “Watchmen”, “Gran Torino”, “Um Táxi Para a Escuridão”, “Milk”, “O Casamento de Rachel”, “A Partida”, “Rio Congelado”, “Inimigos Públicos”, “Sinédoque Nova York”, “Amantes”, “Gloriosos Bastardos” e “O Visitante”.
É claro que os leitores/as têm suas próprias escolhas, devem ter assistido a outros filmes, tem outros atores ou atrizes para escolha, enfim, outras nomeações. Essas listagens são parte do acervo anual que faço (junto com o PV), que servem de lembrete aos que não registram o que assistem.
Aguardo as listas seguindo uma tradição que soma mais de 30 anos.
Na 3ª feira darei prosseguimento à retrospectiva tratando de alguns dos filmes mais importantes do período.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

OS MELHORES DO ANO





Seguindo uma tradição que auxilia, de alguma forma, os leitores e leitoras que desejam formular as suas listas de melhores filmes exibidos durante ano, PANORAMA inicia a sua retrospectiva, citando os títulos mais interessantes. Vale ressaltar, como nos períodos anteriores, que os filmes foram os inéditos lançados nas salas da cidade. Hoje segue a relação geral na ordem de exibição. De amanhã em diante cada titulo deve merecer um comentário breve e estarão mencionados, também, os diretores, roteiros, atores e atrizes que mais se destacaram. Também vale dizer que todos esses títulos se relacionam aos programas exibidos no ano e não no tempo em que foram realizados. Desse modo, um filme relativamente antigo pode ser mencionado, desde que tenha sido inédito na cidade até então.
Os filmes:
1. A Troca (Changeling) EUA.
2. Mandela (Good Bye Bafana)-Al, Fr, Bel, Africa do Sul, Ing.
3. Curioso Caso de Benjamin Button (The Curious Case of Benjamin Button) EUA
4. Gesto Obsceno(Foul Gesture)-Israel.
5. Queime Depois de Ler (Burn after Read) EUA
6. O Carregador de Almas(Soul Carriage) Ingl, China.
7. O Lutador (The Westler)
8. O Segredo de Lorna (Le Scret de Lorna)Fr.
9. Um Conto de Natal(Um Conte de Noel) Fr
10. Watchmen (Idem) EUA
11. Caos Calmo (Idem) It
12. Um Táxi Para a Escuridão(Táxi for the Dark) EUA
13. Gran Torino (idem) EUA
14. Entre os Muros da Escola (Sur les Murs)Fr
15. Presságio (Knowling) EUA
16. Quem Quer ser um Milionário? (Slumdog Milionaire)Ing/EUA
17. O Segredo do Grão(Le Gram et le Mullet) Fr
18. O Leitor (The Reader) EUA
19. Milk (Idem) EUA
20. Um Novo Século Americano (Il Nuovo Seccolo Americano)It
21. O Sol (Solntse) Rússia
22. Alexandra(Aleksandra)Rússia
23. Duvida (Doubt)EUA
24. Canções de Amor(Chansons d’Amour) Fr
25. O Casamento de Rachel (Rachel Getting Married)EUA
26. Desonra (Bashing)Japão
27. Valsa Para Bashir (Vals im Bashir)Israel
28. A Partida (Okuribitu)Japão
29. A Era do Gelo 3 (Ice Age 3) EUA
30. Inimigo Público (Public Enemy) EUA
31. Rio Congelado (Frozen River)EUA
32. O Último dos Loucos (Le Dernier des Fous)Fr
33. W (Idem) EUA
34. Wesh Wesh O Que Foi ? (Wesh Wesh) Fr
35. Moscou – Brasil
36. UP, Altas Aventuras (UP) EUA
37. Sinédoque Nova York (Sinedoche New York) EUA
38. Amantes (Two Lovers) EUA
39. Salve Geral = Brasil
40. Prova de Amor (My Sister’s Keeper)EUA
41. Se Beber Não Case(The Hanover)EUA
42. Te Amarei Para Sempre (The Time Travel’s Wife)EUA
43. Bastadorm Inglórios (Inglorious Bastards) EUA
44. A Onda (Die Weitle)Alemanha
45. Vitus (idem) Alemanha
46. This is It (Idem) EUA
47. Aquele Querido Mês de Agosto(idem) Portugal.

UMA IDÉIA, UMA CÂMERA







Glauber Rocha dizia que para fazer cinema bastava uma idéia na cabeça e uma câmera na mão. Antes dele, o poeta e cineasta Jean Cocteau imaginava o cinema como uma caneta que servia ao poeta para “escrever imagens”. Hoje o automatismo que cerca uma filmagem, de um modo geral, leva a se considerar esses conceitos em um plano eminentemente físico. Uma câmera digital minúscula pode imprimir imagens sem que seja preciso usar película e/ou se entenda de fotografia. O assunto não só quer finalizar dois textos que escrevi anteriormente sobre o “fazer cinema” como a propósito do momento atual e do estreito relacionamento do cinema como a televisão. Os meios de expressão que antes eram considerados “inimigos”, com o segundo (a TV) tirando público do primeiro (o cinema), foi um passo para que fossem vistas as facilidades da técnica antes pensada muito mais como uma expressão poética.
Lembro que nos anos 1960, acompanhei Pedro Veriano filmando em 16mm histórias que imaginávamos pensando nas possibilidades que tínhamos de executar um tipo de tarefa. Tanto “O Vendedor de Pirulitos” (1961) como “Brinquedo Perdido” (1962) foram realizados em filme positivo, sem som, procurando editar (montagem) na hora da filmagem, tudo para dimensionar os cortes ao mínimo possível e manter um ritmo com o encadeamento dos planos.
Quem hoje usa filmadoras digitais pode imaginar a ginástica que era filmar sem saber como estavam sendo impressas as imagens. Claro que o cinema que se fazia era amador e, caso prestasse ou não o filme revelado era um ganho ou um prejuízo de menos conta. Mas o que fazia Libero Luxardo na área profissional, era um verdadeiro ato de heroísmo. Nesse tempo, o trabalho de revelação de película de amadores era quase todo elaborado no laboratório extremamente artesanal de Fernando Melo, fotógrafo dos filmes de Libero, que nos relatava a odisséia de filmar na ilha de Marajó, o longa “Marajó, Barreira do Mar”: os negativos rodados iam para o RJ e só se sabia se as seqüências ficavam boas quando o material retornava a Belém. Então era projetado um extrato de “copião”. Se o material se apresentasse insuficiente ou as imagens não tivessem a devida luminosidade, o ato de repetir era praticamente impensado. Por isso procurava-se filmar com um cuidado prévio, algumas vezes repetindo cenas, tudo para não se ter dor de cabeça com o que não podia sofrer “remendos”. Mesmo assim, Líbero teve problemas com a mixagem de “Marajó ....”, ou seja, com a introdução da trilha sonora gravada em fita no próprio filme (gravação ótica). Uma diferença de milímetros levou a um prejuízo considerável na readaptação do som em um rolo inteiro.
No documentário sobre as mulheres pescadoras na Baía do Sol, em Mosqueiro, trabalho dividido com Cristina Maneschy, encontramos as facilidades do “milagre” digital. Se a Hilma Bittencourt e o Mateus Otterloo, do CEPEPO, mantinham a devida atenção ao roteiro que escrevêramos, e a JosiLima alertava nossas “atrizes” para a hora da atuação, a atenção na técnica como no tempo em que contribuíam para a ação era menos traumática, com a captura veloz pela câmera da Hilma e com a montagem se fazendo depois, na escolha das imagens para a finalização. Mas impressionava ver a pequena máquina e ainda mais o resultado gravado.
Anualmente minha família (filhas, genros e dez netos) divide-se na produção de vídeos caseiros para exibição no reveillon. Este ano o meu grupo (Pedro, Manoel Teodoro,os netos Olavo e Ana Carolina e eu) ainda está na fase da busca por idéias, embora uma já se encaixe nas expectativas “O dia que Papai Noel Foi Preso”. Embora a técnica do roteiro se mantenha recorrente, a Paillard Bollex e o filme perfurado de 16 mm dão vez para uma câmera digital moderna. A edição possivelmente será feita em computador, usando-se os recursos de programas como o movie maker que tomou o lugar das antigas moviolas.
Mas cinema ainda não é a caneta de Cocteau. Para se ter uma idéia, com todo o automatismo, com um “storyboard” feito em um programa no micro, mesmo assim falta dosagem de planos, o ritmo só percebido quando o filme é exibido integralmente. Neste caso, entretanto, não se lamenta insucesso ou prejuízo como nos esforços com película, especialmente a de 35 mm. Refaz-se a edição cortando aqui e acolá até que o conjunto esteja de acordo com o roteirizado. No “caso de “O Palhaço,o Que é?...” foi muito difícil pois havia uma longa seqüência de colagem, ou seja, de planos obtidos de diversas fontes como uma colcha de retalhos da realidade atual. Para isso houve um outro meio de trabalho: a pesquisa de material registrado em multimídia. E com o cuidado de jogar com imagens de domínio público, assim como a trilha sonora.
Nos livros atuais de teoria do filme cita-se a “revolução” tecnológica e o seu efeito no cinema moderno. Reescreve-se a história contada a partir de Griffith. Mesmo assim, tudo é cinema. Como cinema é o que se faz para o vídeo, optando, preferencialmente, pelos planos próximos na idéia de que o material vai ser visto em tela pequena. Mas, quem disse que vai ser visto só em tela pequena? No mundo de datas-show e da TV widescreen, o enquadramento é um só: grande e retangular, como na tela remontada pelo cinemascope. O/a cineasta de hoje é feliz e não sabe.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

FIM DE ANO NOS CINEMAS








A chegada do fim do ano leva os cinemas comerciais a explorar os grandes lançamentos que agora ocupam uma faixa internacional como forma de diminuir o alcance da pirataria. Assim, permanecem em cartaz esta semana, em um bom numero de salas dos cinemas de Belém (PA), dois dos maiores êxitos comerciais do período: “Lua Nova” (New Moon) e “2012”.
Essa permanência diminui o número de estréias e deixa o cinéfilo belenense inteiramente ligado aos programas alternativos, em grande número esta semana:
a Sessão Cult do Libero Luxardo com “Paixões que Alucinam”;
a sessão Moviecom Arte (Castanheira, sala 4) com.”Juventude”, de Domingos de Oliveira;
duas sessões noturnas, no Cine-Teatro Maria Sylvia Nunes (Estação das Docas) com “Che - Parte 2, A Guerrilha”;
a estréia da Sessão Aventura, no Olympia, domingo às 16 h, com a primeira série (2 episódios) de “As Aventuras do Capitão Marvel” e o longa “O Filho de Tarzan, de Richard Thorpe com Johnny Weissmuller;
“Blow Up”, de Michelangelo Antonioni, segunda feira, 29/11, às 19 h, no Cineclube Alexandrino Moreira (Auditório do IAP);
e a programação da ABCeD e Curro Velho com "O Pagador de Promessa" de Anselmo Duarte, no Cine Clube Pedro Veriano, às 18h30, terça feira, 1º/12 (Casa da Linguagem).


No circuito Moviecom, está o desenho animado europeu “Planeta 51” (Planet 51/Espanha,2009), elogiado pela critica norte-americana. Uma idéia curiosa: um astronauta norte-americano pousa em planeta supostamente desabitado. Surpreende-se ao encontrar uma espécie de clone da Terra há 50 anos, lembrando as cidades desse tempo. Os seres são pequeninos e verdes. Na premissa, o filme celebra o próprio gênero ficção-cientifica no tempo em que se esboça a ação, configurando os ets da forma antiga e o roteiro atual conjuga a proposta “retrô” com a própria construção narrativa. O desenho é em 2D. Direção de Jorge Blanco, Javier Abad e Marcos Martinez de um roteiro de Joe Stillman. Cópias dubladas.

“Paixões que Alucinam”(Shock Corridor/EUA, 1963), de Samuel Fuller (1912-1997), diretor independente do cinema norte-americano. Realização bastante elogiada trata da odisséia de um jornalista que se interna num hospital para doentes mentais, objetivando descobrir um perigoso assassino refugiado. Roteiro próprio e atuação de Peter Breck, Constance Towers e Larry Tucker. Exibição sábado, às 16h no Cine Libero Luxardo (Sessão Cult).

“Juventude”(/Brasil,2008), direção e roteiro de Domingos de Oliveira, trata da memória de 3 sexagenários: o comerciante David (Paulo José), o cardiologista Ulisses (Aderbal Freire Filho) e o diretor de teatro Antonio (Domingos), que se reúnem na mansão de um deles em Petrópolis. Um pouco de autobiografia com muita sensibilidade.

“Che 2, A Guerrilha”(Che II/EUA,2008)- Segunda parte da biografia de Ernesto “Che”Guevara, de Steven Soderbergh. Inferior à primeira etapa trata da participação do médico argentino e colega de Fidel Castro na revolução cubana de 1959 em outra manifestação de guerrilha, no caso, a da Colômbia, onde ele seria morto. Benicio Del Toro é uma das boas coisas do filme.

“As Aventuras do Capitão Marvel”(EUA,1942), seriado de artesanato competente a cargo de dois diretores (John English e William Witney). A base é o herói dos quadrinhos, muito popular nos anos 40. Em 12 episódios, serão vistos domingo os dois primeiros
“O Filho de Tarzan” (EUA,1941), Johnny Weismuller como o herói criado por Edgar Rice Burroughs. O papel de Jane, a companheira do herói, é vivido por Maureen O’Sullivan, mãe da atriz Mia Farrow. E o menino, Boy, é Johnny Sheffield, que seria depois outro herói das selvas: Bomba.
A Sessão Aventura (ACCPA) recupera um aspecto da cultura local, como a predileção por filmes em episódios exibidos nas salas de bairro, em sessão vespertina aos sábados no Olympia, a mais de 50 anos.

“Blow Up”, de Michelangelo Antonioni, premiado internacionalmente. Um fotógrafo profissional descobre, ao ampliar uma foto entre as imagens capturadas em um bosque, o corpo de um homem morto. As diversas ampliações da foto confirmam o achado, mas não se sabe de mais detalhes. Cineclube Alexandrino Moreira (Auditório do IAP), segunda feira.
"O Pagador de Promessa" (1962), de Anselmo Duarte, único filme brasileiro a receber a Palma de Ouro em Cannes. Enfoca a odisséia de um agricultor diante da intolerância da Igreja, negando-lhe a entrada no recinto para pagar uma promessa pela cura de um burro, seu animal de trabalho. Cine Clube Pedro Veriano (Casa da Linguagem), terça feira.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

ASSIM ESTAVA ESCRITO






A indústria do cinema nos EUA, centralizada em Hollywood, fez mitos e edificou seu próprio mito. As revistas de cinema, as colunas de jornais como as de Hedda Hopper e Louella Pearson, os programas de rádio, demonstraram a tirania dos grandes estúdios, mesmo camuflada de “glamour”, evidenciando não o poder de mando dos donos da “fábrica”, mas a aura de astros e estrelas, de artistas que foram moldados de forma a cativar platéias com um charme que muitas vezes não possuíam.
No final dos anos 1940 e inicio dos 1950, a própria grande indústria passou a realizar filmes que satirizavam os seus domínios. Coincidentemente esses filmes emergiam numa fase em que havia interesse em demolir o Código de Produção, ou Código Hayes, uma censura interna que modulava o que o cinema norte-americano deveria pautar suas produções geralmente requintadas. Seriam metodicamente filmes críticos. E como os fãs, espalhados pelo mundo, tinham na escola americana sua linha de criação e viam artistas e técnicos como deuses, a amostragem “humana” (vale as aspas) dava-lhes um ar de blasfêmia. Desta fase são, entre outros, “Crepúsculo dos Deuses” (1949/50), “Assim Estava Escrito” (1952), “Cantando na Chuva” (1952), “A Condessa Descalça” (1952), ”Nasce Uma Estrela” (1954), “A Grande Chantagem” (1955), “A Deusa” (1958), “A Cidade dos Desiludidos” (1962), “A Noite Americana” (1973) e “Barton Fink” (1991). Um grupo caracterizado por uma estética primorosa, a forma, aliás, cabível numa ótica eminentemente critica a um sistema que, enfim, subvencionaria os produtos.
“Cinema Sobre Cinema” que a ACCPA programou para o Cine Clube Pedro Veriano (Casa da Linguagem) elegeu “Crepúsculo dos Deuses”(já exibido), “Assim Estava Escrito”(hoje, 24), “Cantando na Chuva”(em janeiro), “A Noite Americana”(em fevereiro) e “Barton Fink”(em março).
“Assim Estava Escrito”(The Bad and the Beautiful) é provavelmente um dos trabalhos mais pretensiosos do esquema critico aos grandes centros de produção cinematográfica dos EUA em um determinado período. Trata de um produtor famoso, ora desgastado com alguns insucessos, que pretende se reerguer convidando velhos comparsas para uma produção de vulto. São estes: uma atriz (interpretada por Lana Turner), um roteirista (Dick Powell), e um diretor de arte (Barry Sullivan). Quem advoga o pedido é o diretor do estúdio (Walter Pidgeon). Em “flash back” se sabe que esse produtor (bem representado por Kirk Douglas), não acompanhou como devia uma crise emocional da estrela, usou de um estratagema para livrar o roteirista da constante intervenção da esposa deste (Gloria Grahame), incitando-a a viajar com um galã latino (Gilbert Roland), por infelicidade mortos em um acidente de aviação. Outra culpa é que esse produtor tampouco valorizou o outro colega. Essas mágoas impedem que o trio prestigie o cineasta quando lhes pede apoio. E nessa panorâmica do passado observa-se como funciona/funcionava a grande empresa do ramo, como eram manipuladas idéias, textos, intérpretes, enfim como era trabalhada um enredo visando exclusivamente um determinado gosto de platéia.c
O cinema dos chamados “tycoons” é mostrado com mágoa, mas sem tirar de si a maquilagem glamourosa. Os críticos da época viram no filme forte influência do “Cidadão Kane” de Orson Welles. Até porque John Houseman, colega de Orson Welles no Grupo Mercury de rádio e teatro, também participou da produção de “Kane”. Dessa forma, o isolamento do produtor Jonathan Shields (Douglas) é semelhante ao do magnata jornalista Charles Foster Kane (Welles). Ambos tiveram o poder nas mãos e vêem fugir muito do que tinham, especialmente do que lhe causaria orgulho. A diferença é que Jonathan não tem a sua “rosebud”, ou seja, a boa lembrança da infância que marcou Kane. O roteiro premiado de Charles Schnee, vindo de um conto de Geoge Bradshaw publicado em 1951 no “Ladie’s Home Journal”, mostra o homem maduro que sempre ambiciona e jamais se entrega a um exame de consciência e jamais se mostra arrependido de seu passado.
O filme recebeu 5 Oscar (atriz coadjuvante: Gloria Grahame, direção de arte, fotografia, roteiro, figurino) perdeu um (o de ator) e ganhou muitos outros prêmios internacionais. Deu margem à uma continuação: “Two Weeks in Another Town”(A Cidade dos Desiludidos), mostrando como o cinema norte-americano foi buscar espaço na Europa por volta dos anos 60.
É importante tomar contato com esses documentos históricos. Um dos objetivos da ACCPA para que o público se inteire, hoje, da absorção da ideologia cinematográfica desse país.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

REVENDO KING VIDOR







O cineasta King Vidor (1895-1982), filho de fazendeiro rico, estudou em escola militar, descobriu o cinema como projecionista e passou a dirigir filmes aos 18 anos. Na fase silenciosa deixou uma obra-prima: “A Turba” (The Crowd), sem dúvida um dos maiores filmes de todos os tempos. Com o advento do som custeou experiências como “O Pão Nosso” (Our Daily Bread) e a versão da peça “Street Scene” de Elmer Rice vencedora do Prêmio Pulitzer. No Brasil, o filme foi intitulado “No Turbilhão da Metrópole”. Também impressionou com “Aleluia” (1929) com atuação de atores (e cantores) negros, e já em 1937, com o melodrama “Stella Dallas”, ainda hoje um clássico do melodrama (de minha predileção).
A obra de Vidor, especialmente os seus primeiros filmes, ainda é pouco vista no mercado brasileiro de DVD. Nem mesmo seus sucessos comerciais como “Fúria do Desejo” (Ruby/1956) alcançaram esta faixa que o revelaria à nova geração de cinéfilos. Foi lançado agora nessa mídia, o seu último trabalho, “Salomão e a Rainha de Sabá”(Salomon and Sheba/ 1959) e dois clássicos dos primeiros anos de implantação do sistema de som: “No Turbilhão de Metrópole” e “O Pão Nosso”. No primeiro, sem deixar o teatro de origem, conservando as falas e a quase unidade de cenário, Vidor insere um prólogo e um epílogo cinematográficos, mostrando o alvorecer na grande cidade e daí partindo em travelling para as ruas até chegar ao lugar escolhido para a ação. O roteiro do próprio autor da peça original detalha a vida de gente simples que vive alimentando “fofocas” e com isso acaba proporcionando um crime passional. No excelente “Pão Nosso” segue um casal que a depressão pós-1929, com o marido desempregado, aceita ir para uma fazenda hipotecada por um parente colateral. Sem experiência na zona rural, a salvação é quem aparece pedindo emprego. Logo se forma uma espécie de cooperativa, com todos trabalhando para o bem comum. O estremecimento começa com a chegada de uma mulher que se afeiçoa pelo dono do empreendimento e depois, com a falta de chuvas que leva os novos agricultores a canalizar água de um rio próximo. Os principais intérpretes, Tom Keene e Karen Morley, são os mesmos de “A Turba”(ainda inédito em DVD). Tudo funcionando muito bem na linha de uma escola realista a seguir o famoso “Ouro e Maldição” (Greed) de Eric Von Stroheim. Quem estuda cinema tem por obrigação conhecer a obra de King Vidor.
Também em DVD dois inéditos nos cinemas: “Memória Artificial”(Blank Slate/EUA,2009) misto de ficção - cientifica e aventura policial, e “Gallio, Refém do Medo”(Gallio/Itália, 2008) de Dario Argento.
“Memória Artificial” é dirigido e escrito por John Harrison e trata de uma prisioneira (que se sabe inocente) escolhida para receber a memória da vitima (fatal) de “serial killer”, na esperança de que assim venha a ser conhecido o assassino. Em meio à trama há, também, o assassinato de um policial e se sabe que pessoas do alto escalão do governo estão envolvidas no crime.Triller bem tratado.
“Gallio” mostra que o diretor de “O Gato de 9 Caudas” continua preferindo as seqüências de violência explicita, para isso seguindo “serial killer”(mais um) através de um delegado que já esteve preso (Adrian Brody). Há quem goste das “hemorragias” mostradas em diversos planos pelo cineasta que é sobrinho em segundo grau de Libero Luxardo. Mas quando essa preferência é gratuita, visando apenas chocar, naturalmente se condena. A sutileza é muitas vezes a prova de confiança do realizador com a sua platéia. Argento tem agora 68 anos, e se mostra coerente com o que fez há 30 anos.

OS DVDs MAIS LOCADOS (FOXVIDEO)

• A Mulher Invisível
• A Proposta
• Transformers - A Vingança dos Derrotados
• Trama Internacional
• Monstros Vs. Alienígenas
• Dragonball Evolution
• Minhas Adoráveis Ex-Namoradas
• Ano Um
• A Chamada
• Os Falsários