sexta-feira, 26 de outubro de 2012

JAMES BOND CINQUENTÃO- NA PROGRAMAÇÃO


 Daniel Craig e a Rainha Elizabeth
Grandes atrações estreiam esta semana em Belém: “007 Operação Skyfall” e “Gonzaga de Pai pra Filho”. Eses filmes devem estar em salas dos dois circuitos comerciais nos shoppings da cidade.
Na área extra prossegue “Fausto”, de Alexandr Sokurov, no Cine Estação (de hoje a domingo), já considerado um dos melhores filmes deste ano pela critica local. E, no Olympia, segue a mostra de melodramas com títulos que marcaram época.

“007 Operação Skyfall” (EUA, 2012) é o 23º filme do personagem criado por Ian Fleming. Com exceção de Tarzan ele é o mais duradouro tipo em aventuras filmadas. Desde 1962, ou seja, exatamente há 50 anos, quando estreou “O Satânico Dr No”(Dr No), essa figura já teve as caras dos atores: Sean Connery (6 filmes), George Lazenby (1), Roger Moore (7), Timothy Dalton (2), Pierce Brosnan (4) e agora Daniel Craig(3).
O personagem 007 ganhou fama quando o então presidente John Kenneedy disse,numa entrevista, que seu livro de cabeceira, na época, era “Dr No”. Logo os produtores Harry Saltzman e Albert Broccoli assumiram a tarefa de levar a trama ao cinema e escolheram o ator escocês Sean Connery para o papel principal. Iniciava-se a grande franquia que resistiu ao autor da obra literária original e hoje se adapta às novas tecnologias adentrando pelo terreno da ficção cientifica.

O novo filme, um detalhe do passado de Bond (Daniel Craig), leva-o a um conflito com M (Judi Dench), sua chefa imediata, e um motivo de suspense quando entra em cena M16. Alias, o diretor Sam Mendes evitou contar a trama para a imprensa internacional. O trailler já mostra que Bond fica em perigo de morte. Mas isso não é novidade. Resta saber como esse perigo vai prender o espectador na poltrona do cinema por mais de duas horas.

“Gonzaga De Pai Pra Filho”(Brasil, 2012) é dirigido por Breno Silveira (de “Os Filhos de Francisco” e do recente “Na Beira do Caminho”) e se baseia em entrevista com Gozaguinha, o filho do Rei do Baião, falecido prematuramente em um desastre. Há menção ao relacionamento tumultuoso entre pai e filho e a infância difícil do músico.
Muito se espera desta homenagem ao compositor e sanfoneiro que faria 100 anos neste 2012. As filmagens foram feitas na terra dele, Exu (Pe), e no Rio de Janeiro. O filme ganha lançamento nacional e tem Júlio Andrade como Gonzaguinha e Nivaldo Expedito de Carvalho como Gonzagão (ou Lua).

No cinema Olympia encerra-se a mostra de melodramas clássicos hoje com “Madame X” e amanhã com “Amar foi Minha Ruína”. No domingo haverá um programa especial de filmes de animação (curta metragem) homenageando o dia consagrado a esse gênero de cinema. E na 3ª feira inicia uma nova mostra, desta vez dedicada aos melhores filmes dirigidos por Alfred Hitchcock. Serão exibidos: “O Homem que Sabia Demais”, “Intriga Internacional”, “Janela Indiscreta”, “Os Pássaros”, “Um Corpo que Cai” e “Psicose”.

“Amar foi minha Ruina”(Leave her to Heaven/EUA,1946) baseia-se no livro de Bem Ames Williams e focaliza uma socialite (Gene Tierney) que se casa com um homem(Cornel Wilde) que conheceu numa viagem de trem desprezando o interesse que por ela tinha um politico (Vicent Price) em ascensão. Desfazer o casamento sem perder status, além de alimentar ciúmes da irmã (Jeanne Crain), faz com que ela tome atitudes dramáticas. O desempenho de Tierney foi muito elogiado e ela chegou a ter uma indicação(a única de sua carreira)ao Oscar. Direção de John M. Stahl.
“Madame X” (1966), filme de David Lowe Rich deu motivo a uma das primeiras telenovelas brasileiras (“A Ré Misteriosa”, na TV Tupi). No filme, Lana Turner protagoniza a mulher fracassada no casamento que se torna criminosa e é defendida em júri pelo filho que não sabe ser ela a sua mãe.

As sessões do Olympia são sempre às 18h30 e o ingresso é gratuito.

FAUSTO E SOKUROV


 
Cena de "Faust", de Alexander Sokurov
O Dr. Johann Wolgang von Goethe (1749-1832), escritor alemão e também cientista, liderou a literatura romântica européia, no final do século XVIII e inicio do XIX. Sua obra traduz-se entre romances, peças de teatro, poemas, autobiografias, teoria da arte, literatura e ciências naturais. Muito se escreveu sobre sua figura e sua produção literária, mas o que o imortalizou foi o poema “Faust”. Essa obra partiu da lenda de Fausto que seria o Dr. Johannes Georg Faust (1480-1540), misto de médico, alquimista e mágico, inspirador de contos populares e da obra do escritor Christopher Marlowe em “A Trágica História do Doutor Fausto”(1604). Nas histórias que circulavam dizia-se que esse personagem teria vendido a alma ao demônio (Mefistofeles, que quer dizer “Sem Luz”). Isso era visto como parte de possiveis blasfemias que irritaram os membros da igreja, na época, projetando essa obra de Goethe como símbolo do mal.
A criação de “Faust”, ocupou a vida de Goethe, com o primeiro esboço surgindo em 1775 (mais conhecido como Proto-Fausto ou Urfaust), seguindo-se a “Faust, ein Fragment” (Fausto, um fragmento), em 1791, não publicado, com a versão definitiva escrita e publicada em 1808, intitulada “Faust, eine Tragödie – “Fausto, uma tragédia”.

O cinema teria sido a última arte a alcançar o “Fausto” goetheano. O filme de F.W. Murnau, “Fausto (Faust – Eine Deutsche Volkssage, 1926) insere-se entre os mais importantes do movimento expressionista europeu. Esse diretor alemão jogou a lenda como se contou por gerações, evidenciando, no claro e escuro, na cenografia e no enquadramento, a magia e o horror. Foi o começo de uma exploração direta e indireta do mago maldito. Exemplo do enfoque indireto, “O Retrato de Doran Gray”, de Oscar Wilde (1890), onde a perenidade da beleza de um hedonista seria “negociada” com o demônio através de um quadro onde a velhice abominada pelo personagem seria registrada em troca de sua eterna juventude.

O filme de Alexandr Sokurov, “Faust”(Russia/Alemanha, 2010), difere das demais versões, pois, capta a obra de Goethe lançando um olhar acurado sob o ponto e vista imagético da Idade Média, discutindo o mito a partir da exposição do terror imposto pela religiosidade dominadora na Alemanha do período.

A narrativa inicia com uma cena de dissecção de cadáver onde o doutor Fausto está preocupado não apenas em conhecer a constituição fisica do organismo humano, seguindo por aí a tarefa dos anatomistas de um tempo, mas identificar o processo de “onde se acha a alma e a vida”. E na busca pelas condições vitais humanas, o doutor começa uma caminhada pelo cenário de seu tempo, ao lado de um fauno, e em seguida, de um “espirito das trevas”, que lhe propõe um pacto com o diabo para ganhar não só conhecimento e tempo de vida como o amor de uma jovem que ele encontra e por quem logo se apaixona: Margarida(Margaret).

Sokurov investe no aspecto plástico, contando com a fotografia de Bruno Delbonnel que usa o tom pastel, lembrando o sépia, para dinensionar o espaço seguido pelos personagens ao longo da caminhada que a principio é uma busca cientifica, depois, uma fuga, quando Fausto, inadvertidamente, mata um homem. Delbonnel não chega a se utilizar do recurso expressionista de Murnau mas assume a forma de um pesadelo através dos tons nada agradáveis e do uso de lentes que deformam as imagens sem que a pontuação force uma idéia de que só em determinados momentos os tipos estão caminhando por uma concepção de inferno.

Este novo “Fausto” deve ser visto e entendido na sua abrangência pictórica, histórica (o quadro de uma época) e dramática (o que se passa no intimo do principal personagem). A direção de arte constrói vielas, casas rusticas, um aceno ao “caligarismo” ou a gênese do expressionismo no cinema. Seria um pesadelo que muitos cineastas tentaram recriar através dos tempos e eu lembro o recente “Dr. Parnassus”(2009) de Terry Gilliam.

Poucos filmes são tão ricos em todos os sentidos de observação. A narrativa do diretor prossegue avessa ao ritmo do cinema comercial, especialmente de Hollywood. E o novo Fausto também dista longe do que fez Claude Autant-Lara em “O Homem que Vendeu a Alma” (Margueritte de la nuit/1955). É uma visão nova e inquietante de um velho, mas sempre inquietante tema. Imperdível!


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

PARANORMALIDADE E CINEMA


Cena de "Atividade Paranormal 4": desperdício de tempo.
A paranormalidade, condição ou situação de quem ou do que é paranormal, diz respeito a fenômenos não explicados rotineiramente pela ciência, sobrenaturais. O cinema tem se valido desses fenômenos a partir do medo que gera o desconhecimento. Um evento não explicado ocorrendo em determinado ambiente é implicitamente um fato que amedronta. E filmes como “Atividades Paranormais” se apegam a isso. Essas “atividades”, que já atingem a quarta edição, seguem uma linha narrativa sem roteiro, imitando o cinema amador na busca de um realismo que possa estimular o medo. Sempre em foco dependências de uma casa, pessoas de uma família, crianças e objetos que se movem de forma barulhenta principalmente à noite. A regra é nunca “mostrar” o fantasma, ou, se for preciso, deixar que se veja um vulto, uma nuvem, nada de monstros ou qualquer figura bizarra que se evidencia pelo aspecto físico. O pavor surge, por exemplo, de um objeto que cai, de um rosto que aparece de súbito em primeiro plano seguido de um acorde brusco, ou de uma diferença de iluminação (também súbita) no quadro.
O quarto episódio dessa série de filmes faturou a maior bilheteria da semana nos EUA. O custo da “brincadeira” é baixissimo, mas, a julgar pelo que rende, pode-se afirmar que a fórmula não se exauriu – e nem adianta mencionar diretor ou atores, visto que tudo faz parte de uma engrenagem harmônica que seduz produtores ávidos de lucro fácil. O título do flme já referenda a amostragem de fenômenos de psicocinese, como o movimento de objetos físicos etc., sem qualquer explicação para o público no esquema dos ruidos demonstrados. É só isso e nada mais.

Um filme que discute a paranormalidade, “Poder Paranormal” (Red Lights/Espanha, EUA, 2012, 1h53m) teve rápida passagem em uma sala de cinema distante do centro da cidade. Talvez porque não tenha como objetivo assustar os espectadores (que se divertem gritando ou segurando o parceiro de poltrona). O roteiro (também a direção, a edição e a produção) do espanhol Rodrigo Cortés trata de dois cientistas, uma veterana (Sigourneyy Weaver) e seu assistente Tom Buckley (Cillian Murphy) que visitam casas onde os moradores afirmam existir fantasmas circulando nas dependências. A primeira seqüencia trata disso. Mas é reticente. Diz-se de recursos para levantar mesas em reuniões mediúnicas forjadas, mas não se conclui a observação. Os pesquisadores preparam-se para enfrentar um famoso médium, afastado de todos há 30 anos desde a morte de uma pessoa em uma de suas sessões. O personagem (Robert De Niro) é cego e a sua volta em um teatro com ingresso pago, leva multidão a assisti-lo trazendo admiração em meio à expectativa.
Margaret, a pesquisadora de meia idade, guarda do médium que ora volta à cena uma conversa com ela quando seu filho sofre um desastre entrando em estado de coma. Ela não quer desligar os aparelhos, pois espera encontrar, com suas pesquisas, indicios de uma existência além da vida. Mas o médium afirma estar vendo uma criança, próxima da pesquisadora, que pedia que a libertasse. “-Deixe-a ir”, diz ele. Isso a leva a ter prudência em um novo encontro com o medium. E seu colega segue essa prudência. Fatos acontecem que levam o filme à uma sequencia apoteótica, criticada pelos céticos observadores.

De fato, Cortés apresenta duas variantes de linguagem. A primeira é moldada no ceticismo dos cientistas e vê de longe os chamados fenômenos paranormais. A segunda é uma licença ao recurso formal de espetáculo. Isso realmente destoa. Ainda mais quando o que seria certamente explicado pelo espectador atento ganha um aspecto redundante na fala de um personagem.
Mas “Poder Paranormal", ou “Luz Vermelha”(Red Lights) da tradução original, está acima desses ensaios de franquia sem qualquer responsabilidade seja cinematográfica seja cientifica. É um filme sério, procura ser antidogmático, e o diretor de “Enterrado Vivo” torna a mostrar que tem imaginação e sabe fazer cinema. Felizmente não aderiu ao “caça níquel” dos atuais colegas norte-americanos.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

DISCUSSÃO EM FAMILIA

Charles Boyer e Bette Davis em "Tudo Isto e o Céu Também"

Raro experimento de Roman Polanski na área do teatro, “O Deus da Carnificina” (Carnage/UK, EUA,2011) foi adaptado de uma peça da francesa Yasmina Rez, lançada em Londres. Focaliza duas famílias discutindo em uma sala o desentendimento entre seus filhos. O que pode se restringir a uma conversa civilizada que apare arestas acaba se transformando numa espécie de “campo de batalha” onde as pessoas deixam vazar sua violência interior. O filme foi premiado nos EUA (Boston), Espanha, França e Veneza, além de ter sido candidato a 11 outros prêmios. Salientam-se as atrizes Jodie Foster e Kate Winslet, mães que se digladiam por seus filhos e que acabam por expor simpatias que nunca haviam exteriorizado. No elenco, ainda, Christoph Waltz e John C. Relly. Interessante é como Polanski mantém a unidade de lugar (tudo se passa entre quatro paredes) e, mesmo assim, faz cinema com a movimentação intensa de câmera e oportunidade dos cortes. Ao que se sabe, a realização se deu em pouco tempo, como se o diretor filmasse a peça do modo como foi encenada. Só que usou várias câmeras. Filme inédito nos cinemas locais.
Filmes que recentemente estiveram nos cinemas comerciais chegam às locadoras de DVD. Entre outros: “Branca de Neve e o Caçador”, “Prometheus”, “A Era do Gelo 4”, “Sombras da Noite”, e “Battleship, A Batalha dos Mares”. Todos comentados aqui na coluna quando de seus lançamentos em tela grande. Nada de excepcional.

Outro exemplar em DVD que ainda prende a atenção depois de 72 anos de editado é “Tudo Isto e o Céu Também”(All This and Heaven Too/EUA, 1940). A super-atriz Bette Davis, longe da imagem de megera que deixou em títulos como “A Malvada” (1950), “Pérfida”( 1941), “O Que Terá Acontecido á Baby Jane”(1962), neste filme representa uma jovem que na Paris do século XIX se emprega como governanta de um duque (Charles Boyer), incitando o ciúme doentio da esposa deste (Barabara O”Neil). O relacionamento acaba em tragédia e a historia é contada em “flash-back” pela principal personagem feminina quando professora nos EUA. Narrando os acontecimentos que a vitimaram consegue dissipar a antipatia das alunas moldada no que a mídia registrou do conflito passado. Uma direção segura de Anatole Litvak (“A Noite dos Generais”, ”Anastácia”) mantém o melodrama potencial em um plano que vence os cacoetes comuns no gênero e na época da produção.
“Anjo da Rua”(Street Angel/EUA, 1928) é um dos últimos filmes de sucesso da fase silenciosa. Janet Gaynor, atriz de “Aurora”(de Murnau) chegou a morar no Brasil por um tempo. Protagoniza uma jovem pobre que necessita de dinheiro para comprar remédio para a mãe doente e não hesita em roubar para isso. É presa, foge, mete-se num circo, ganha a simpatia de um pintor, mas um acidente leva-a às ruas e com muito sacrifício consegue reverter um quadro doloroso. Direção de Frank Bozarge, cineasta que se tornou famoso no gênero deste “Anjo...”.

Outro filme de décadas passadas que teve seu momento de gloria é “Duas Semanas de Prazer” (Holiday Inn/EUA, 1942) de Mark Sandrich (“O Picolino”). Fred Astaire e Bing Crosby revezam romances e números musicais de Irving Berlin. Foi o filme que lançou a canção “White Christmas”, premiada com o Oscar.

Este espaço tem propiciado a referência somente a filmes que são lançados nas locadoras. Mas em casas que comemrcializam DVDs acompanho e tenho adquirido cópias de produções importantes como “Para Sempre Mozart” (1996) de Jean-Luc Godard, filme que faz parte das nove obras que ele chamou de Histórias do Cinema realizadas entre 1996-1998; “O Livro de Cabeceira” (1996), de Peter Greneway; “Segredos do Poder” (1998), de Mike Nichols sobre campanhas eleitorais norte-americanas. Na próxima segunda feira vou tratar deles, haja vista que estão a disposição dos que têm sua sala particular de cinema.

O FASCINIO DOS MELODRAMAS

Barbara Stanwyck protagoniza "Stella Dallas"

Inicia-se hoje, 23/10, no Cine Olympia, uma mostra com 5 filmes do gênero melodrama. Este programa foi escolhido pelos próprios frequentadores do cinema que pediram alguns títulos por e-mail. Mas antes de me reportar aos títulos, veja-se a que vem esse gênero.
Alguns autores referem o aparecimento do melodrama em torno dos últimos anos do século XVIII e início do XIX. Segundo Sid Vasconcelos em “O olhar melodramático” (2005)  enquanto forma dramática (...) possui grandes paralelos com as mudanças sócio-políticas vivenciadas pelos países europeus, sobretudo a França, após a Revolução Francesa”. Para esse autor, o tempo de presença desse gênero se deve a duas caracteristicas fundamentais: o melodrama toca “em pontos de fácil apelo ao grande público como os sentimentos mais imediatamente impactantes, notadamente os relativos aos dramas familiares e afetivos”, enfocando o parâmetro pessoal mais do que o social, nas motivações dos personagens. A outra caracteristica é “o de sua adaptação ou mescla com subgêneros, estilos, temáticas, universos culturais os mais distintos”, demonstrando o endereço a certo público interessado nas argumentações que ele desenvolve.

O gênero pede um estudo mais substancioso e sua inserção na programação de cinema quer demonstrar que apesar de ele ser mal visto por alguns analistas como meio estético cinematográfico deve ser analisado pelos reflexos sociais que o intermediam com a cultura. Vejam-se os títulos escolhidos para esta mostra: “Stella Dallas”(1937/hoje), está inscrito na categoria de clássico; “Sublime Obsessão”(1954/amanhã); “Imitação da Vida”(1959/5aFeira),“Madame X” (1966/6aFeira) e “Amar Foi Minha Ruina”(1945/sábado).
“Stella Dallas” adaptado de um romance de Olive Riggins Prouty, filmado em 1925 por Henry King, com Ronald Colman e Belle Benett. Nesta versão de 1937, a atriz Barbara Stanwyck protagoniza a mãe solteira que se desvela no cuidado com a filha e quando esta cresce, namora e casa com um homem rico há um distanciamento dramático entre as duas, com a mãe sequer recebendo convite para o casamento( que observa de longe, entre lágrimas).

O diretor King Vidor(1894-1982) é um dos mestres do cinema norte-americano. Deixou obras-primas como “A Turba” (The Crowd/1928) e “Aleluia”(Hallelujah/1929), além de títulos aplaudidos como “A Furia do Desejo”(Ruby/1952) e “Guerra e Paz”(War and Peace/1956). Narrando a história na linha neorealista, Vidor extrai desempenhos marcantes do elenco.
“Sublime Obsessão”(Magnificent Obsession) é a segunda versão do livro de Lloyd C.Douglas, o autor de “O Manto Sagrado”. A primeira versão foi em 1935, dirigida por John M.Stahl, com Irene Dunne e Robert Taylor nos papéis que passariam a ser de Jane Wyman e Rock Hudson na que será (re)vista agora, com direção de Douglasb Sirk. Jane interpreta a heroína de meia-idade que é acidentada por culpa de um “playboy” e fica tetraplégica. Arrependido do que fez ele estuda medicina e se torna o especialista capaz de tratar a sua vitima (e amada). Um dos filmes preferidos da platéia no seu tempo de estreia e um dos mais solicitados para uma reapresentação.

“Imitação da Vida”(Imitation of Life) também teve uma filmagem anterior (em 1934) por J. Stahl (o mesmo diretor do primeiro “Sublime Obsessão”), com Claudette Colbert no papel que passaria a ser de Lana Turner, na segunda versão. O livro original é de Fannie Hurst e há muito a ver com “Stella Dallas” só que é a mãe negra repudiada pela filha mestiça. Os críticos franceses elegeram como o conceito “a voir”(a ver-obrigatoriamente).
“Madame X” segue o original literário de Alexandre Bisson. Lana Turner protagoniza a mulher repudiada pela classe social do marido, que deixa o lar e o único filho por não se entender com a sogra e passa a viver no anonimato de forma desregrada até matar, bêbada, um homem que ameaçou dizer a todos quem ela é. Presa, ela vai ser defendida por um jovem advogado. Direção de David Lowell Richie. O tema foi tratado numa das primeiras telenovelas brasileiras: “A Ré Misteriosa”(1966), dirigida por Geraldo Vietri para a TV Tupi.

“Amar Foi Minha Ruina” (Leave Her to Heaven) baseada no romance de Bem Ammes Williams, com Gene Tierney, candidata ao Oscar. Ela é a obsessiva Elen Harland, noiva de um político, mas casa-se com um jovem que conheceu numa viagem de trem. Passa a ter ciúmes deste e arrependimento pelo amor à primeira vista. Inesquecível a sequencia em que se atira grávida de uma escada para matar o filho. Direção de (também) Jonh M.Stahl.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

SUCESSOS DE ONTEM


Walter Mathau e Gregory Peck em "Miragem" (1965).

Dois filmes interpretados pelo ator Gregory Peck chegam em DVD às locadoras: “Miragem” (EUA, 1965) e “Pavilhão 7”. No primeiro, Peck protagoniza um homem que durante um blecaute, em NY, fica confuso e, ao se encontrar com uma mulher (Dian Baker) ao descer a escada de um prédio sem energia elétrica percebe que ela o conhece e, na descida, passa por 3 andares no subsolo. Logo depois vem a saber que esse local não existe conforme ele descreve. Este mistério embala algo muito mais sério integrado a um estado de amnésia parcial do personagem devido a uma série de acontecimentos envolvendo, inclusive, a manipulação de fórmulas químicas e industria farmaceutica que podem ser perniciosos à humanidade. Outros eventos interligados fazem do filme um thriller sempre interessante. A direção é de Edwad Dmitryk e o roteiro de Peter Stone baseado no livro de Howard Fast.
O outro filme, “Pavilhão 7” (Capitain Newman MD/EUA,1963), anterior a “Miragem”,  Peck personifica o Capitão Newman, um médico encarregado da enfermaria psiquiátrica de um hospital militar, no ultimo ano da 2ª Guerra Mundial. O enfoque maior é o coronel Norval Bliss (Eddie Albert), internado contra a vontade dos superiores do médico, mas mantido no hospital por ser responsável pela morte de muiitos soldados levados a uma missão difícil, episódio trágico causado por um surto de insanidade do militar. No plano romântico, há o tipo feminino interpretado pela atriz Angie Dickinson, investida de enfermeira militar e assessora de Newman. O filme é dirigido por David Miller e foi candidato aos Oscar de roteiro, som e de melhor ator coadjuvante a Bobby Darin, numa “ponta” que não justifica tanto entusiasmo. O diretor realizou mais de 50 filmes de gêneros variados, do melodrama juvenil “Vida de Minha Vida”(Our Very Own/1950) a suspense como “A Teia da Renda Negra”(Midnight Lace/1960). Interessante é observar que o filme chama atenção para a atitude dos militares de alta patente em relação aos soldados que enfrentam o front da guerra e que desabam em depressão no ambiente que têm que permanecer, sendo chamados de fracos e covardes ao apresentarem sintomas mórbidos.

“Uma Estranha Mulher” (La Truite/França,1982) é o penúltimo filme do diretor Joseph Losey (1909-1984). É protagonizado por Isabelle Huppert investida de uma jovem que deixa a sua província para ir ao Japão onde vive um romance com um homem casado (Jean Pierre Cassel). A esposa deste é interpretada por Jeanne Moreau. Não é nem de longe um dos melhores trabalhos do diretor de “O Menino de Cabelos Verdes”(1948), “Cerimonia Secreta” (1968) e “O Assassinato de Trotsky”(1972).
Notícia muito boa é que uma nova distribuidora está lançando uma série de filmes dos anos 1930/40. Há um titulo de um tempo anterior que estimula o cinéfilo: “Ouro e Maldição”(Greed/1924) de Erich Von Stroheim. Este ganha 2 discos que devem perfazer os quase 300 minutos da obra que em sua concepção gerou mais de 5 horas e foi radicalmente reduzida por conta dos produtores. O tema serviu mais tarde a outro clássico: “O Tesouro de Sierra Madre”(The Treasure of Sierra Madre/1948) de John Huston.

Dentre os outros filmes dessa nova distribuidora, M.D.V.R. chegam obras que se tornaram marcos da historia do cinema em diversos setores. Entre eles: ”O Véu Pintado” (1934), de Richard Boleslawski, com Greta Garbo; “Tudo Isto e o Céu Também” (1940), com Charles Boyer e Bette Davis; “Seis Destinos” (1942) com um grande elenco sob a direção de Julien Duvivier; “Piloto de Provas”(1938) com Clark Gable; “Bola de Fogo”(1941), de Ernst Lubitsch, com Gary Cooper; e “Anjo da Rua”(1928) com Janet Gaynor e a atriz brasileira Lia Torá. A distribuidora chega em boa hora nessa revisão da Hollywood de um período profícuo e geralmente elogiado pelos críticos (e hoje historiadores de cinema).

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

CARNAVAL DEVOTO , UM DOCUMENTÁRIO SOBRE O CÍRIO DE NAZARÉ


 Da Casa de produção “3 boludos y 1 perro”, via Renata Maués, uma das produtora do referido documentário, as explicações sobre o trabalho da equipe que se encontra em Belém, nestes dias de filmagens:
O doc-ficção longa metragem "Carnaval Devoto", de Regiana Queiroz, rodado entre as cidades de Vigia de Nazaré e Belém do Pará, durante a festa do Círio de Nazaré agora em outubro de 2012 é um filme estruturado na obra de Dante Alighieri, A Divina Comédia, e mostra o caminho percorrido por uma personagem de ficção que vai ao inferno, passa pela agonia do purgatório até receber a graça da redenção e alcançar o céu, em uma analogia que remete às manifestações profanas, festivas, alimentares, culturais e religiosas que são a marca mais intensa do Círio de Nazaré, registrado como o maior evento de devoção católica no mundo e Patrimônio Imaterial da Humanidade.

Nesta base de ficção documental, são percorridos todos os passos desta festa grandiosa que mostra um traço importante da cultura paraense: a fé do seu povo e a intimidade com que se relaciona com N. S. de Nazaré, padroeira do estado, aqui chamada carinhosamente de Naza, Nazica, Mãezinha, Mãe da Amazônia, entre outros adjetivos de aproximação nessa manifestação que veio a ser chamada também de "carnaval devoto", primeiro por um dos nossos maiores romancistas, Dalcídio Jurandir e, posteriormente, reafirmado este termo, pelo antropólogo Isidoro Alves em seu livro homônimo.

O documentário vai mostrar desde os rituais alimentares, festividades que antecedem, homenagens rendidas pelas diversas classes e categorias de devotos da Virgem, incluindo as consideradas profanas, como a famosa Festa da Chiquita, do movimento LGBT, romarias paralelas, brinquedos típicos, representações como o Auto do Círio, evento da classe artística que ocorre há mais de 10 anos e depoimentos de antropólogos, historiadores, artistas e pessoas comuns, através de um fio condutor ficcional.

Curtam o link da nossa página para acompanhar os próximos dias de gravação em Belém do Pará:

Também é importante conhecer o trabalho da diretora Regiana Queiroz, brasileira, radicada na Europa entre Milão e Paris, o que pode ser visto em sua página de vídeos já realizados anteriormente:

Direção: Regiana Queiroz
Produção Executiva: Renata Maués e Regiana Queiroz
Direção de Produção: Renata Maués
1° Assistente de Direção: Raphael Nunes
2° Assistente de Direção: André Felipe Damasceno
Equipe de Produção: Tássia Barros, André Felipe Damasceno, Ricardo Silva e Gullyt Medeiros
Fotografia de Cena: Tássia Barros
Consultoria Antropológica: Heraldo Maués
Trilha Sonora e Sonoplastia: Carlos Zarattini
Edição: Regiana Queiroz

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O REI DAS SELVAS


John Weissmuller como Tarzan e Jane, Boy e Cheeta, a família ecológica.

Sou da geração em que os heróis de diversas aventuras em diversos cenários já eram, em sua maioria, criações norte-americanas. Era o domínio desse mercado cultural sobre a América Latina. Quando criança, meus irmãos, primos e eu líamos as historias de cowboys, especialmente as que surgiam em quadrinhos como “Pequeno Xerife” e, também, os romances de capa-e-espada e de Tarzan, histórias da preferência tanto de meninas quanto de meninos. Na pré-adolescência, as meninas ainda abriam espaço para autores como M. Delly (pseudônimo dos irmãos franceses Fréderic Henri Pettijean de la Rosiére e Jeanne Marie Henriette Pettijean de la Rosiére), Max Du Veuzit (pseudônimo de Mme Alphonsine Vavasseur-Archer Simonete), escritores publicados na Coleçao Azul da Cia Editora Nacional. Hoje, Tarzan é lembrado, ao comemorar cem anos da criação pelo escritor Edgar Rice Burroughs(1875-1950). Em 1912 ele escreveu também “Princesa de Marte” uma das muitas historias de ficção cientifica que imaginou para as tirinhas de jornal e que depois lançaria em livros.
O cinema ajudou a imortalizar a figura de Tarzan. O primeiro livro em que surgiu, “Tarzan, O Homem Macaco”(Tarzan the Ape Man) foi filmado em 1932, por W.S. Van Dyke, protagonizado pelo campeão olímpico de natação Johnny Weissmuller (1904-1984) que estreava nessenpersonagem (havia atuado antes em filmes de menor importância). Teria inicio, então, uma série que levou gerações ao cinema. E é um pouco desta série que vai ser revisto agora, em Belém, no Cine Olympia, a partir da próxima terça feira ( 16/10), com ingresso franqueado.

Não lembro quantos filmes de Tarzan assisti. Mas era interessante observar como os produtores conseguiam reproduzir as aventuras desse tipo com a tecnologia e o orçamento disponiveis. Segundo informações da época, apenas um filme da série produzido anos 1930 a 50 teve como locação o continente africano. O comum era desenhar uma “selva” e construí-la no estúdio, com intercessões de cenas compostas por animais correndo ou crocodilos. A “casa” de Tarzan era bem construída numa árvore improvisada e a macaquinha Xita (Cheeta) nem sempre era interpretada pelo mesmo animal (a mais frequente morreu há 2 anos).
Os pré-adolescentes e jovens se entusiasmavam pelas peripécias que se repetiam em cada filme e, muito antes das hoje “politicamente corretas” campanhas ecológicas anotava-se a luta de Tarzan pela conservação do meio ambiente, libertando animais aprisionados por caçadores inescrupulosos e evitando o desmatamento. Ficou célebre o grito do herói para chamar seus amigos da selva, especialmente o elefante Tantor. Weissmuller faleceu depois de meses com o Mal de Alzheimmer e em seus anos de doença gritava como nos filmes em seu devaneio. Após terminar seu contrato com o produtor Sol Lesser, esse ator faria de uma série com base nos quadrinhos desenhados por Alex Raymond, seguindo historias de Don Moore: “Jim das Selvas”. Sem sucesso. O publico o elegeu “o melhor Tarzan”e isso ficou.

Os filmes que serão exibidos na próxima semana, pela ordem de exibição:

“Tarzan o Homem Macaco”(Tarzan the Ape Man/1932), “A Companheira de Tarzan”(Tarzan and his Mate/1934), “A Fuga de Tarzan” (Tarzan’s Escape/1936),“O Filho de Tarzan”(Tarzan Finds a Son/1939), “O Tesouro de Tarzan”(Trazan’s Secret Treasure/1941) e “Tarzan Contra o Mundo”(Tarzan’s New York Adventure/1942). Todos interpretados por Weissmuller com a atriz Maureen O’Sullivan protagonizando Jane e Johnny Sheffield como “Boy” o garoto achado num avião que se acidenta na selva, sendo criado pelo casal, em sua casa-árvore.

As aventuras cinematográficas de Tarzan começaram a ser produzidas na empresa Metro e depois foram assumidas pela RKO. A saída de Weissmuller da séria deixou Lex Barker para o papel. Houve uma queda nos lançamentos dos filmes , sendo o tipo assumido pelo ator Gordon Scott. Mas a série  já estava sem atrativos apesar do uso da cor. Em 1984, os ingleses realizaram “Greystoke, a Lenda de Tarzan”(Greystoke,the Legend of Tarzan Lord of the Apes) dirigido por Hugh Hudson com Christopher Lambert no papel-título.O filme foi candidato a Oscar de ator coadjuvante (Sir Ralph Richardson), roteiro e maquilagem.E ganhou o Bafta de maquilagem além de ser candidato no Festival de Veneza e no César(prêmio francês). Esse exemplar não tinha a ingenuidade dos antigos sucessos, mas seria até uma homenagem às origens do “rei das selvas”.

 

FILMES DO CIRIO E DAS CRIANÇAS


  Imagem da animação "Nossa Senhora dos Miritis" de Andrei Miralha.

Ao avaliar a produção de filmes sobre o Círio de Nazaré vê-se que há uma produção significativa focalizando essa festa maior dos paraenses. A maioria tem sido realizada em curta metragem. Esta semana serão exibidos ao menos três deles no centenário Cine Olympia: “Nossa Senhora dos Miritis”, animação de Andrei Miralha; “Quero Ser Anjo”, de Martha Nassar; e “Mãos de Outubro”, de Vitor Souza. Os filmes compõe um programa que estará na tela até 6ª feira (dia 12).

Recuperando alguns títulos que focalizaram o Cirio, inicio referindo um curta metragem cujo roteiro foi premiado pela Prefeitura Municipal de Belém – PMB, quando à frente da Secretaria de Turismo se encontrava o amigo jornalista Edwaldo Martins (também produtor de um desses curtas históricos, na bitola Super-8mm -  “Cirio,Outubro 10”, dirigido por João de Jesus Paes Loureiro). O selecionado no concurso da prefeitura chamava-se “Cirio em 3 Tempos”, com roteiro dos irmãos Bandeira – Euclides e Walter – que focalizava a procissão de ontem, hoje (o ano da realização) e amanhã. A fotografia esmaecida, a considerada normal e a super-exposição davam, à narrativa, o tom no tempo. Infelizmente o filme acabou sendo realizado por cinegrafista do sudeste, sem o cuidado na fotografia.

Há o “Círio de Nazaré”, de Alan K. Guimarães e Januário Guedes (26 min./2001), documentário registrando a procissão e outras celebrações componentes do complexo ritual entre o religioso e o profano intrinseco da cultura paraense. Há também ”Os Promesseiros”(2001) de Chico Carneiro, tratando do percurso de quatro amigos, moradores da cidade de Castanhal, cumprindo promessa de vir a Belém na véspera do Círio, através dos rios Inhangapi e Guamá, e a odisséia desse percurso até Belém. A jornalista Ursula Vidal realizou o documentário em 35 min., “Marias e Josés de Nazaré”(1999), captando a fala do caboclo ribeirinho sobre a festa.

Muitos cineastas e documentaristas amadores e profissionais curtametragistas já se concentraram nesse tema. No plano de longa metragem, o começo pode estar com o filme inglês “O Fim do Rio”(The End of the River) de 1947, dirigido por Derek Twist, com os atores Bibi Ferreira e Sabu. Certamente é a primeira vez em que se vê e ouve trechos da procissão com o povo cantando “Ó Virgem Mãe Amorosa”.

Há pelo menos dois títulos do cineasta Libero Luxardo (além dos curtas dele, Milton Mendonça e Fernando Melo): “Um Dia Qualquer”(1962) e “Brutos Inocentes-episódio “A Promessa”(1974). E há o que Jorge Bodanzsky filmou com Orlando Senna em “Iracema”(1978).

Mais e mais existe sobre a Festa de Nazaré, de fragmentos em cine-jornais a médios e curtas locais e de outros recantos. O comum, durante a procissão, é ver pessoas filmando. A festa religiosa é vendida como uma atração folclórica de inestimável valor. E ganha cinemas e TVs do mundo, de alguma forma levando o nosso Pará além de seus horizontes.
          Um outro tema desta semana é o Dia de Criança, comemorado dois dias antes do Círio. Presentemente esta faixa etária tem sido contemplada pelo cinema, ganhando terreno com a facilidade que a informática deu aos desenhos animados. O que era privilegio de Walt Disney se tornou stand de quase todas as produtoras norteamericanas, especialmente a Fox, a Columbia e a Universal. Outra grande empresa, a Paramount, distribui a produção da DreamWorks, e a própria Disney abre espaço para a sua subsidiária atual PIXAR, com muitos filmes incentivando a imaginação e o talento de desenhistas & editores. É significativo o fato de a animação se tornar uma forte categoria na premiação do Oscar, concorrendo a prêmios nas mais variadas categorias. Além disso, algumas aventuras sugerem acenos aos infantes.

Este ano, a garotada pode assistir a “Hotel Transilvânia”, ”Tinker Bell - O Segredo das Fadas” e “O Diário de Tati”(este nacional com atores). Isso sem falar dos filmes de westerns, aventuras, adaptações de quadrinhos, tudo na faixa “livre”. Melhor do que em outros períodos onde nada surgia para essa faixa geracional.

A criança de hoje não fica apenas defronte do televisor. Ela é uma das consumidoras de filmes nos cinemas e exige, muitas vezes, o processo 3D. Com isso, ela ganha campo num terreno até então exíguo. Afinal, se ela paga meio ingresso, sempre há o acompanhante que paga inteira.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

LOOPER

Bruce Willis e Joseph Gordon-Levitt em "Looper, Assassinos do Futuro"
      A idéia de que no futuro a viagem no tempo está disponível apenas no mercado negro e os criminosos serão enviados para o passado onde/quando serão eliminados é um meio de imaginar o mundo entre a realdade concreta e a virtual. Nesse caso, é uma forma de inviabilizar os crimes cometidos posto que os criminosos seriam excluidos antes de seus atos. No enredo do filme “Looper: Assassinos do Futuro” (EUA/2012), ora em cartaz, um dos policiais do tempo presente (no caso o ano de 2044, em Kansas City) é um dos assassinos que aluga seus serviços à máfia, visto que esta acha complicado livrar-se dos corpos no futuro. Essa organização usa os Loopers para seus serviçoes e Joe (Joseph Gordon Levitt, de "50/50" e "A Origem") faz parte dela. Certo dia recebe do futuro um personagem que descobre ser este a versão  mais velha de si próprio (Bruce Willis) deslocado no tempo por se constituir, no futuro, uma ameaça à máfia. Este “outro eu” será seu adversário e lutará para tentar sobreviver. É uma questão de vida ou morte.

A trama, criada pelo cineasta de 38 anos Rian Johnson, gera uma ficção cientifica imaginosa que não se perde nos detalhes delicados que podem leva-la a indefensáveis “furos”. Ao deslocar a viagem ao futuro ao mercado negro e ao uso desta e da organização dos Loopers, também foge à crítica de que é um filme fascista, pois não é o Estado que elimina os criminosos, mas o próprio crime que se precavém de acusações à sua maneira de tratar os ditos “traidores”.

A narrativa acompanha Joe quando ele resolve fugir de Megan City, a cidade onde trabalha, seguindo para o Oriente. Uma legenda pontua os anos que vão passando. Quando surge o “velho Joe” a seqüencia é interrompida. Este fora casado com uma oriental que morrera na hora em que o seu apartamento é invadido pelos asseclas do “chefão" da máfia. Perseguido no tempo por Joe jovem, ele tem clareza de que se conseguir eliminar o algoz, a sua esposa, por quem é apaixonado, voltará à vida.

O diretor não esmiúça detalhes das viagens no tempo nem se detém nas personalidades que focaliza. Se esse enredo fosse da lavra de um cineasta como Alain Resnais (que ainda vive e é considerado um dos autores de cinema que fez do tempo uma de suas “personagens”) tudo seria diferente. Mas Rian Johnson quer fazer filme comercial mesmo que exija um nível acima do que está sendo produzido hoje na linha “blockbuster”. Por isso, a narrativa é dedicada à narração da trama. Pouco se diz do cenário que é o mundo de mais de 30 anos a nossa frente. Até por conta dos limites da produção que quase sempre se exime dos recursos de CGI, tratando as sequencias com o realismo possível.

É interessante que o dècor não está preocupado, com o processo desintegrado desse futuro mostrado como tantos filmes já o fizeram. A cidade é captada com algumas alterações, e o interior das casas, também. O senso asseptico passa pelo despojamento de uma decoração estética futurista, embora seja possivel reconhecer que o apartamento de Joe, por exemplo, quarda certa mudança em seus arranjos.

São muitos os filmes que tratam de viagens no tempo. Clássicos como “Daqui a Cem Anos” (Things to Come/UK, 1936), “A Maquina do Tempo” (The Time Machine/EUA,1960) ou “De Volta Para o Futuro” (Back to the Future/EUA,1985) em suas três versões, são sempre lembrados até por suas falhas (o primeiro, por exemplo, só previa uma viagem à lua em 2036). Mesmo esses títulos preferem muito mais o meio fácil de comunicação, passando o tema sem aprofundá-lo, achando melhor brincar com o que se chama “paradoxo temporal”, ou seja, a idéia de que qualquer mudança efetuada num determinado momento pode mudar todo o futuro que se conte a partir daí. O trabalho de agora procura eximir-se de falhas e mantém a atenção do espectador com as suas divagações cientificas. Para alguns pode ser um programa de difícil acompanhamento, mas está acima da média ofertada pelos cinemas comerciais atualmente.
“Looper” chega a surpreender. Estreou semana passada desde Los Angeles depois de sessões especiais em diversos países como a Inglaterra. Isto demonstra confiança dos produtores ao trabalho do diretor-roteirista de currículo minúsculo (apenas mais dois filmes para o cinema).

 

FILMES DE CABECEIRA


 
A locução “filme de cabeceira” vem da época em que os livros eram colocados perto da cama para ler antes de dormir. Se antes eraum esforço de linguagem para definir títulos importantes para o cinéfilo e não se poderia colocar latas ou maletas de filmes na cabeceira da cama pela inviabilidade nesse tipo de manuseio, hoje isto já é possível. Os nossos filmes prediletos já podem estar perto de onde deitamos para o repouso, ou numa estante ou no criado mudo bem ao alcance da mão.

Panorama chegou a fazer uma enquete em torno dos filmes preferidos dos leitores e os quais desejavam ver editados em alguma forma de vídeo (na época era VHS, agora DVD ou Bluray). Vale a pena voltar ao assunto quando se sabe que muitos títulos considerados perdidos ainda podem surgir editados nessas formas que fazem o cinema doméstico.
Seguindo o tema, vejam os filmes que já se acham nas locadoras ou lojas comerciais e que marcaram a memória de muitos cinéfilos ou fãs (no caso, é preferível o termo fã ao cinéfilo que implicita uma preferência mais acurada e não apenas emocional). Vou referir aqui alguns que já se acham em circulação.

“O Beco das Almas Perdidas”(Nightmare Alley /EUA,1947) traz Tyrone Power como um mentalista que trabalha em um circo revelando o que os espectadores pensam. Em certo momento, o que seria um truque passa a adquirir caracteres misteriosos. Direção de Edmond Goulding, com Joan Blondell e Coleen Gray.
“Revolta em Alto Mar” (The Bounty/EUA 1984) é mais uma versão do motim no navio inglês Bounty, no século XIX, livro de Richard Houghs e roteiro para cinema de Robert Bolt. A direção é de Roger Donaldson e apesar de existir outra versão, de 1962 dirigida por Lewis Milestone, com Marlon Brando, esta que agora é editada em DVD no Brasil só é superada pela de 1935 dirigida por Frank Lloyd que mereceu o Oscar do ano. Mel Gibson interpreta o imediato Fletcher Christian e Anthony Hopkins se faz de Comandante Blyth. No elenco ainda está Laurence Olivier como o Almirante Hood.

Em Bluray foram editados clássicos como “Quo Vadis”, “Cantando na Chuva”, e a animação “Cinderela”, os dois últimos filmes em edições comemorativas de seus 60 anos.
“Quo Vadis”(EUA,1950) é a versão mais aplaudida e nem por isso fiel ao original literário do romance de Henrik Sienkiewicz. Dirigida por Mervyn LeRoy para a Metro, apresenta o ator Robert Taylor como o capitão das forças militares romanas recém-chegado de uma batalha vitoriosa e que se apaixona por Lygia (Deborah Kerr), filha adotiva de um ex-oficial e membro da então jovem seita amaldiçoada pelas hordas de Nero: os cristãos. O filme explora um “happy end” que desafia a História, mas ainda hoje é uma superprodução (filmada nos estúdios de Cinecittá/Roma) admirável. No disco há comentários de críticos, historiadores e cineastas. Por aqui o filme fez grande sucesso de público.

“Cantando na Chuva”(Singin’Rain/EUA, 1951) circula agora, ao ser colocado entre os 10 melhores filmes de todos os tempos pela revista inglesa Sigh & Sound. Um musical que deixou gratas lembranças e ainda empolga especialmente devido aos números executados pelo mestre do gênero, Gene Kelly. Na caixa do Bluray estão brindes como uma capa amarela de chuva com a inscrição do título, e um caderno contando a historia da produção. Curioso é que omite dados sobre o diretor Stanely Donen, ainda vivo (só ele e Debbie Reynolds ainda existem).
“Cinderela” ou “A Gata Borralheira”(EUA,1951) é a versão do clássico de Perrault. A equipe da Disney realizou a sua obra-prima e o filme entre nós ganhou uma estreia marcante nos antigos cinemas Moderno e Independência. A dublagem também ficou entre as melhores de qualquer época no gênero. A nova edição, remasterizada e com imagem de alta resolução tem bônus contando a historia de como se processou o trabalho. Raro presente para todas as idades.

Mas há muitos filmes que foram vistos e se quer rever. As distribuidoras surpreendem achando relíquias que se pensava jamais ter contato. Aos leitores e leitoras: mandem por email os títulos de seus preferidos ou “de cabeceira”fazendo “corrente” para serem copiados em DVD. É sempre bom estimular a distribuição.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O MEDO DO SOBRENATURAL

As "gêmeas-fantasmas" em "O Iluminado", de Stanley Kubrick. No Olympia.
 
Em sua última fase, nesta temporada, o Festival de Filmes de Terror, com exibições no cine Olympia. Amanhã (05/10) será a vez de “O Enigma do Outro Mundo”(The Thing), de John Carpenter; no sábado, a vez é de “O Exorcista”(The Exorcist) de William Friedkin; e no domingo pontua por lá “O Iluminado” (Shining), de Stanley Kubrick. A mostra vem sendo realizada desde julho último, sofrendo uma interrupção devido a problemas técnicos no cinema. Esses filmes encerram o Festival e, na semana do Cirio, há uma programação específica com filmes paraenses sobre a nossa festa maior.

“O Enigma do Outro Mundo” foi realizado em 1982, com roteiro de Bill Lancaster, história de John W. Campell Jr. e direção de John Carpenter. Houve uma versão em 1951, com produção e co-direção de Howard Hawks, embora nos créditos a direção seja de Christian Niby, com o título de “O Monstro do Ártico”( The Thing from Another World). Esta historia, escrita em agosto de 1938 de título “Who GoesThere?” ganhou um prequel em 2011 e com o mesmo titulo do filme de John Carpenter, ou seja, “O Enigma do Outro Mundo”.

Basicamente é um disco voador caído no gelo da Antártica e um ser vegetal é liberado atacando os membros de uma estação meteorológica existente nas proximidades. No filme de 1982, que vai ser revisto agora, o aspecto visual tão caro aos trabalhos do diretor de “Halloween” e “A Névoa” é o mais importante. Realizado a cores (o original de 1951 era em preto e branco) dimensiona o terror com matizes escuros e o enquadramento em tela panorâmica procura evidenciar o papel das personagens no ambiente. É um dos trabalhos mais bem realizados de Carpenter, diretor de 28 filmes até o momento. Trata-se de uma obra que se tornou clássica.

“O Exorcista” é um clássico de 1973 que gerou diversas continuações e filmes semelhantes. Baseou-se no livro de William Peter Blatty responsável também pelo roteiro que acompanhou as filmagens. Ele trabalhava numa divisão psiquiátricas da Força Aérea e praticamente criou um subgênero cinematográfico. O diretor William Friedkin tem 36 filmes no currículo e pertence à geração que veio da TV nos anos 60. Seu trabalho ganhou elogios, prêmios e influenciou muitos colegas. A estreante Linda Blair, hoje com 62 anos, tinha apenas 8 anos quando protagonizou a menina possuída pelo demônio, Regan. Foi o seu maior momento na carreira. Tanto a garota quanto a protagonista do papel de sua mãe, a atriz Ellen Bustryn, foram muito elogiadas. Ainda no elenco figurou o ator dos filmes de Ingmar Bergman e que ainda está atuando no cinema, Max Von Sidow. Outro ator foi Jason Miller falecido em 2001.

Poucos filmes tiveram tanta propaganda sugestiva como “O Exorcista”. Comentava-se o pavor que irradiava à plateia com crises de vômito a imitar o que acontecia com a personagem de Linda Blair. Era o tipo do programa que era acessado com uma resposta emotiva predeterminada. Ainda hoje é um dos “filmes de terror” mais solicitados em DVD ou Bluray.

“O Iluminado”(Shining) é de 1980 e se baseou num livro de Stephen King. Jack Nicholson protagoniza o escritor que se hospeda, com a esposa (Shelleyv Duval) e filho menor (Danny Loyd) num hotel situado numa região montanhosa, isolado do mundo, quando há uma tempestade de neve. Ali haviam morrido várias pessoas. E os fantasmas aparecem para o menino, levando o pai a um processo de loucura a partir do momento em que se acha presente no passado do lugar, tomando parte no cenário dos crimes acontecidos. Sequências aterradoras proliferam com ênfase numa delas em que o personagem de Nicholson circula num labirinto de hera em busca de suas presas. Outra é a das meninas-fantasmas aparecendo para o garoto que rodeia a casa vazia em um velocípede.

O perfeccionismo de Stanley Kubrick ficou marcado pelas narrativas dos interpretes. Mas Stephen King não gostou da adpatação e produziu a sua versão para a TV, em 1997, dirigida por Mick Garris. Na verdade, um teleplay rotineiro que nem de longe mostra a inventiva e o aspecto plástico do trabalho do consagrado cineasta de “2001 Uma Odisséia no Espaço”.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O PROCESSO DE ORCAR WILDE


Peter Finch como Oscar Wilde, num desempenho muito bom
 
Um dos bons lançamentos em DVD é “Os Crimes de Oscar Wilde”(The Trials of Oscar Wilde"/UK 1960) de Ken Hughes com Peter Finch no papel do famoso poeta e teatrólogo. Também vale a pena procurar por “O Pirata” (The Pirate/EUA, 1948) musical da Metro com Gene Kelly e Judy Garland. E dentre os clássicos está a coletânea“As Bruxas”(Les Streghe/Itália, 1967), com episódios dirigidos por “monstros sagrados”do cinema italiano: Luchino Visconti, Mauro Bolognini, Franco Rosi, Pier Paolo Pasolini e Vittorio De Sica.

“O Crimes de Oscar Wilde” tem roteiro do diretor Ken Hughes baseado na peça de John Furnell, por sua vez inspirada no livro de Montgomery Hyde. O ator Peter Finch protagoniza o célebre escritor de “O Retrato de Dorian Gray”, acusado de homossexualismo, um crime, na época da Rainha Vitória. O filme considera, em especial, o relacionamento de Wilde com o jovem Lord Alfred Douglas (John Fraser), filho do Marquês de Queensberry (Lionel Jeffries). O caso é levado a júri pelo próprio Wilde como motivo de ofensa. Mas o promotor Sir Edward Carson (James Mason) consegue colocar a questão em posição inversa e o acusador passa a ser o réu. Uma boa reconstituição de época, uma narrativa dinâmica que afasta a ideia da origem teatral e, especialmente, um elenco bem entrosado nas personagens, fazem do filme um excelente programa. Um filme que trata do que hoje conhecemos como diversidade sexual sendo, esta, desrepeitada. “Os Crimes....” se achava meio esquecido mesmo considerando a filmografia do diretor, o mesmo de “Servidão Humana”(1964) e“Cromwell”(1970).

“O Pirata” agrega os melhores nomes do metromusical: Arthur Freed produtor, Albert Hackett e Frances Goodrich roteiristas (os mesmos de “A Felicidade não se Compra”), Gene Kelly (como coreografo e principal intérprete), Judy Garland, e a musica de Cole Porter (marcante o número “Be a Clown” que seria incluído com Donald O’Connor em “Cantando na Chuva”). A fraqueza do filme está no argumento, que trata de uma jovem hispana apaixonada pelas aventuras de um famoso pirata e que a mãe quer que case com o prefeito de sua cidade. Sabe-se, depois, que ele é o pirata, embora a jovem vá conhecer e se apaixonar por um ator/saltimbanco.
 

Em “As Bruxas”, Dino di Laurentis homenageia a sua esposa Silvana Mangano, com 5 histórias, cada uma dirigida por um nome famoso na indústria do cinema. Luchino Visconti dirige “A Bruxa Queimada Viva” (La Strega Bruciata Viva); Mauro Bolognini dirige“Senso Civico”, com Alberto Sordi. Franco Rosi foi responsável por “La Siciliana”; Pier Paolo Pasolini trata de “A Terra Vista da Lua”(La Terra Vista de la Luna), com Totó, e Vittorio de Sica dirige “Um Dia como Outro” (Uma Sera comme le Altre), com Clint Eastwood. O episódio de Visconti é o que mais desnorteia do tom de comédia que preside os outros. E é o mais longo. Os de Bolognini e Rosi são curtíssimos, especialmente o de Rosi, uma glosa à fama de violento que se dá ao siciliano. Mas o que me pareceu mais substancial foi o de Vittorio De Sica, acompanhado de seu roteirista predileto Cezare Zavatini. Mangano e Eastwood protagonizam marido e mulher com anos de casados que enfrentam uma rotina sufocante em relação às expectativas da mulher. Entre devaneios e realidade vê-se o casal em um tempo e espaço. O filme chegou a ser exibido em um cinema de Belém, mas não marcou época.

“Em Busca da Fé”(Higher Ground/EUA 2011) é o primeiro filme dirigido pela atriz Vera Farmiga. Com roteiro de Carolyn Briggs e Tim Metcalf narra a historia de uma jovem pertencente a uma congregação religiosa que passa a ter dúvidas de sua fé. O original é o livro de memórias da roterista Carolyn, de título “The Dark World”. Bons atores não conseguem fazer uma reflexão sobre o tema e o resultado parece insuficiente. A própria diretora assume o papel principal. Mesmo com suas notórias deficiências, o filme foi candidato a 5 prêmios de entidades norte-americanas inclusive do Festival de Sundance, dedicado ao cinema independente.