sexta-feira, 28 de junho de 2013

COMÉDIAS NACIONAIS



"Minha Mãe é Uma Peça" em exibição. 

Num tempo em que o país mostra sinais convulsivos a comédia parece ser um remédio a lembrar como fez a sedação de males no Estado Novo e nos chamados “anos de chumbo”. Talvez não seja correto aliar o gênero ao que acontece na realidade nacional. Há um ditado antigo que afirma o fato de, no Brasil tudo acabar em samba. É mais simpático do que o posterior “acabar em pizza”. Mesmo porque traduz a índole do povo, uma alegria que se inseriu na cultura nacional a partir de sua gênese, embora não se tenha hoje essa convicção pelo rumo da carruagem. E se a comédia foi a arma de critica e o bálsamo para problemas graves do passado ela agora é um meio de uma ainda incipiente indústria cinematográfica lucrar nas bilheterias dando, a quem a produz, os beneficios que inclusive aliviam a carga dos subsídios que hoje impulsionam nossas produções cinematográficas.  O uso de estereótipos da televisão e atores que se combinam nas telenovelas têm sido benvindos também nesses quadros como meios de seduzir o público.
Filmes como “E Aí, Comeu?”(2012) e “De Pernas pro Ar”(2012) ilustram a preocupação de divertir uma plateia que paga ingresso para isso. Mas apostam numa alternativa cômica que surgiu nos anos 70 quando a censura do governo militar amarrava as ideias e suplantava o pudor dos norte-americanos no chamado Codigo Hays (aquele que Woody Allen criticou muito bem em seu “A Rosa Púrpura do Cairo”, 1985). Nos idos desse código e nos anos 70 era proibido mostrar qualquer cena que lembrasse sexo e tendência política cerceada pelo regime em voga. Tudo ou era “indecente” ou “subversivo”. E o recurso dos cineastas foi arranhar esse pudor. Veio a pornochanchada, diversificação da comédia ingênua de antes onde era possivel criticar governos, mas com a máscara de uma brincadeira (o caso de “Nem Sansão nem Dalila”, de Carlos Manga, 1951).
Hoje é contraproducente a utilização de tramas apoiadas em piadas chulas e a amostragem do sexo como aventuras de atores despidos (ou quase isso). Mas o que deu renda nos últimos anos foi esse quadro que se chamou de “neo pornochanchada”. Agora parece que cansou. Dois filmes em cartaz na cidade seguem um desvio: “Odeio o Dia dos Namorados”, de Roberto Santucci e “Minha Mãe é uma Peça”, de Andre Pollenz & Paulo Gustavo. O primeiro, já comentado aqui na coluna, inspira-se no famoso“Conto de Natal” de Charles Dickens e apresenta uma publicitária como um novo Sr. Scrooge, trocando a usura pelo mau humor diante de romance fracassado e de rigor excessivo no trabalho que lhe cabe. O filme não explorou de todo o potencial da ideia, mas deu chance à atriz Heloisa Perisée exibir seu talento. Ela é a mola-mestra dessa comédia, deixando apenas uma pequena parte para Marcelo Sabak, protagonisando o “espírito” do colega morto que lhe servirá de guia pelo tempo, a fim de constatar, primeiro, suas ações malsãs no passado, depois, que está agindo mal no presente, e em seguida insistindo no fato de que ela poderá receber o troco dessas atitudes em um futuro nada sedutor.
A outra comédia é baseada na peça de teatro que fez sucesso e chegou também à televisão. O ator-roteirista Paulo Gustavo interpreta travestindo-se, o tipo de dona Herminia, mulher aposentada e sem perspectiva de vida, que se muda de casa para a de uma tia, passando a dividir as impressões nada saudáveis desta e de uma vizinha.
“Minha Mãe é uma Peça” segue o texto original ampliando a projeção do que acha ser cômico. Mas se em “...Dia dos Namorados” a comédia se nutria de uma certa substancia, o texto & filme de “Minha Mãe...” prefere repetir o que lhe parece cômico. E a caricatura com isso ganha evidência dissipando qualquer substancia possível. O que se salienta é a fuga do chulo. Mas é pouco.
Se fugir das escaramuças é penetrar na veia cômica visual, o fato de travestir este gênero em um falso impulso para a comédia tende a subvencionar os ingressos adquiridos para um outro modelo de “cinema é a maior diversão” de tempos atrás.



A GUERRA DOS ZUMBIS





Brad Pitt & familia em "Guerra Mundial Z". Lançamento.

Na programação da semana, nas salas comerciais, há duas estreias: ”Guerra Mundial Z” e “Todo Mundo em Pânico 5”. Enquanto isso, o novo filme de Pedro Almodóvar, ”Os Amantes Passageiros” deve estrear em outros centros (e se diz que é “lançamento nacional”). No circuito extra, o cine Olympia fará uma homenagem ao cineasta Douglas Sirk, o mestre do melodrama, exibindo a reprise “Longe do Paraiso” (2002). No Cine Clube Alexandrino Moreira (IAP), 2ª feira, estará o sempre oportuno “O Ovo da Serpente”(1977) de Ingmar Bergman. E no Cine Estação, a partir de 5ª feira, será exibido o muito bom “Ana Karenina”(2012) de Joe Wright, candidato a Oscar este ano, e a reapresentação de “Tetro”(2009) o filme de Francis Ford Coppola (já exibido no Cine SESC).
“Guerra Mundial Z”(World War Z/EUA,2012) tem os roteiristas Matthew Michael Carnahan, Drew Goddard e Damon Lindelof responsáveis pelo tema em que uma pandemia de zumbis ameaça o mundo. No trailler, vê-se são pessoas fugindo de algum invasor, talvez alienígena, mas são mortos-vivos, uma população que extrapola a trama filmada duas vezes por George A.Romero e mais por tantos outros cineastas mundo afora.
Brad Pitt disse que realizou o filme “para as suas crianças” (ele cria um grupo adotado por ele e a esposa Angelina Jolie). Se for isso mesmo, supõe-se que os garotos devem gostar de sustos. Cadáveres que andam só ganharam sutileza em cinema em dois filmes que me lembro: em “A Morta Viva” (I Walked with a Zombie, 1942), de Jacques Tourneur, produzido por Val Lewton e em “Os Retornados’(Les Revenants, França 2007), dirigido por Robin Ampillo, com roteiro deste e de Brigitte Tijou. O suspense no novo caso trata de um casal (Pitt e Mireille Enos) convocado pelo governo norte-americano para conter a revolta dos zumbis. Festa de efeitos especiais sob a direção de Marc Forster (“Mais Estranho que a Ficção”, “Em Busca da Terra do Nunca”, “007 Quantum of Solace). Em cópias dubladas, legendadas em 3D e 2D.
O filme estreou nos EUA em 2° lugar nas bilheterias perdendo para “Universidade Monstros”.
“Todo Mundo em Pânico 5” (Scary Movie 5, EUA, 2013) tem como um liame de enredo a chegada de um casal do hospital onde nasceu seu bebê. Logo se percebe influencias demoníacas. E lá se vão 80 minutos de pretensa paródia de filmes de terror como “Atividade Paranormal”, “Mamma”, “A Entidade”, “A Morte do Demônio”, “A Origem” e mais alguns. De notar que na produção está David Zucker, nome que prestigiou a comédia nos anos 80 como “Apertem os Cintos o Piloto Sumiu”(1980)  e “Corra que a Policia Vem aí”(1988). Na direção está Malcom D. Lee. A critica internacional odiou.
“Longe do Paraíso” (Far from Heaven, EUA, 2002) trata de uma família norte-americana de classe média pontuando a figura de esposa dona de casa, do marido, um executivo de sucesso, e a vida correndo calma até que ela descobre  o envolvimento dele beijando um homem. Homossexualismo já não era tabu no cinema de Hollywood no começo deste século e o filme não trata o tema com sensacionalismo apenas mexe com a estrutura tradicional de uma classe e de uma instituição em um tempo. Direção e roteiro de Todd Haynes. O filme foi candidato a 4 Oscar e ganhou muitos prêmios internacionais, inclusive no Festival de Veneza onde Juliane Moore foi escolhida como melhor atriz. Quem contracena com ela é Dennis Quaid. Reprise oportuna no Olympia a partir de hoje, sexta feira. Projeção em película, com legendas. Horário diário (exceção de 2ª): 18h30.
“O Ovo da Serpente” (The Serpent’s Egg, EUA, Suécia, 1977) focaliza, no enredo, o drama do acrobata norte-americano Abel Rosemberg que depois do suicídio do irmão segue para Berlim trabalhar numa clinica. O período é do entre duas guerras mundiais e Abel descobre, no seu local de trabalho, uma experiência terríficante envolvendo seu professor & patrão. Ingmar Bergman, neste clássico, retrata a gênese do nazismo. No elenco, Liv Ullman e David Carradine.


O GOSTO DO ROUBO


“A Parte dos Anjos” 


O cineasta inglês Ken Loach, 76 anos, 45 de carreira, 26 filmes lançados, se notabilizou pela realização de filmes entre o drama, a comédia e outros gêneros, como seja, a temática política. É filho de operários, e segundo alguns comentários sobre sua filmografia, dedicou-se a explorar o cotidiano das condições de vida da classe operária, e/ ou a menos favorecida. Destaco, entre suas várias realizações, “Terra e Liberdade” (Land and Freedon, 1995) e "Pão e Rosas" (2000), embora muitos outros exemplares de sua criação tenham percorrido festivais e circulado em cinemas do mundo.
Entre nós (Cine Estação) está sendo exibida uma comédia de Loach, “A Parte dos Anjos” (The Angel’s Share, UK, Fr., Bélgica e Itália, 2012), filmada na Escócia, que também engrena o drama. Nesse filme, com menos rispidez às suas denúncias, retrata uma classe social apontando as dificuldades de personagens que tentam se firmar num cenário adverso. O roteiro escrito por Paul Laverty evidencia Robbie (Paul Brannigan), um jovem temperamental, egresso da prisão por atitude violenta e que volta a responder na justiça por agressão. Preste a se tornar pai (a sua namorada Leonie está grávida), ele ganha liberdade, mas com a ressalva de prestar serviços comunitários. Ao se apresentar para cumprir a pena, conhece Harry, o atencioso diretor que o ensina boas maneiras e como apreciar e degustar uísque. Também conhece um grupo de “condenados” os jovens Rhino (John Henshaw), a cleptomaníaca Mo (Jasmin Riggins) e Albert (Gary Maitland), um tipo desastrado. Enquanto isso, Robbie é ameaçado por um bando rival e convidado a sair do país pelo pai de namorada. Com dificuldade em arranjar emprego, aceita furtar um uísque raríssimo que está chegando à Londres para uma exposição e venda em leilão afamado. Com a habilidade de provador ele é a pessoa indicada para o roubo e o executa de forma minuciosa gerando o suspense que sintetiza um pouco a trama que em alguns momentos tende a se perder pelo número de personagens e situações.
Tudo funciona sem atropelos no ritmo. O que se lamenta é algum excesso. Não é possível guardar tantas personagens que surgem no caminho de Robbie. Mas isso não macula radicalmente o resultado, pois o filme funciona no que se refere à figura dramática principal e seus colegas. Se o filme não pertence ao grupo de denúncias sociais a que se acostumou Loach nem assim deixa de enquadrar o personagem central em uma classe esquecida e marcada por discriminação. Quando ele sai da prisão a ideia é refazer a vida, trabalhar honestamente. Ainda mais quando tem conhecimento de uma próxima paternidade. O problema é que o trabalho não é fácil naquele momento e há uma forte opressão por conta da família da sua amada. É nesse quadro que o rapaz vai aceitar o convite dos velhos companheiros de furtos e se meter numa operação mirabolante.
O filme não chega a um plano de angústia diante do espectador durante as estratégias de cometimento do roubo. Mas o pouco de uísque não chega aos valores de milhões ambicionados pelos ladrões. E o que resulta da operação não tem o mesmo fim. Claro que a trama engendra peripécias adversas na aventura dos quatro mostrando como eles fazem os arranjos chegarem a um plano eficiente, pelo menos para o momento. A parte hilária fica na expertise de um atrapalhado ajudante que desperdiça o líquido precioso conseguido a duras penas.
Trata-se de uma comédia de exceção, com o mesmo toque de humor inglês que foi visto nas produções dos antigos estúdios Ealing (lembro “As 8 Vitimas”, 1949). Mas considere-se que o cinema inglês mantém a aura crítica sob as ordens de uma comédia social sem apelar para inconveniências.
O filme deve estar em suas ultimas sessões neste final de semana no Cine Estação.


TERRORISMO SIDERAL


Star Trek, Além da Escuridão, a versão do JJ Abrahams 

A nova aventura da tripulação da nave Enterprise mexe com o que é moda no painel do banditismo cinematográfico: o terrorismo. Quem ameaça os astronautas e o mundo é um ideólogo do nazismo que pretende eliminar as “criaturas inferiores da Terra”. A ação se dá quando a nave já está com ordens de retornar ao seu mundo de origem e o capitão Kirk desobedece para salvar o amigo Spock de uma erupção vulcânica em um planeta habitado por criaturas primitivas que nem mesmo conhecem a roda. A proibição de tal atitude se dá pelo fato de os primitivos descobrirem a nave espacial e considerarem-na e os seus tripulantes como deuses. Questionado pelos superiores por sua ousadia Kirk, mesmo assim, ganha o comando para caçar o terrorista que incita uma população de certo mundo contra os terráqueos. A princípio seria matar o vilão até mesmo porque ele causou a morte de um oficial da frota a que pertence a Enterprise. Mas, por ironia, este elemento ganha a confiança de Kirk na luta contra guerreiros interplanetários. No final, o perverso que se denomina Khan é revelado como articulador de uma armadilha para matar o personagem (e o que acontece segue realmente o extermínio deste, embora não se tenha numa aventura juvenil e rica em fantasia, o fato de o protagonista morrer no final).“Star Trek, Além da Escuridão” (Star Trek, Inside Darkness, EUA, 2013) é o segundo filme da franquia, dirigido por JJ Abrams (do seriado “Lost”). Os admiradores exaltaram o filme. Há muita ação, muitos efeitos especiais e suspense. Mas quem não é “trekkie” (adepto da série nascida na TV, em 1966. Alguns acham que o termo é pejorativo preferindo ser chamados de trekkers.) não se apaixona. É mais provável perceber o filme como um blockbuster com a carga de efeitos especiais que estruturam mais da metade da produção, além de uma trama banal onde não faltam os elementos de proa que se estimam desde os tempos de cinema mudo: o protagonista central que é visto como o herói (e seus amigos) e o vilão. O primeiro sempre sai vitorioso e a fórmula implica nos problemas que cercam essa vitória.
JJ Abrams é um bom administrador, ou como se deve avalia-lo, um diretor de produções megalômanas. Curioso é ele ter referido em entrevista que nunca foi um aficionado de “Star Trek”. Atendeu aos produtores e realizou a contento o filme de 2009 (o 9° longa da espécie). Ganhou a chance de criar o atual, com mais de 210 milhões de dólares, e já está trabalhando no 7° episódio de outra franquia milionária: “Star Wars”(Guerra nas Estrelas).
Curioso também é observar neste novo “Star Trek” a tripulação formada de atores novos se levarmos em conta o inicio das aventuras em cinema. Chris Pine protagoniza Kirk, Spock é Zachary Quinto, Uhura é Zoe Saldana, Bones é Karl Urban, e a mocinha Carol é Alice Eve. Numa cena há a interferência do antigo interprete de Spock, o também diretor Leonard Nimoy, hoje, aos 82 anos, agora intérprete de TV. Curioso também é Spock estar em perigo perto de um vulcão e ele ser nativo do planeta Volcano. Veem-se muitas incursões de humor no roteiro. E isso eleva o resultado. Mesmo quem não é fã das peripécias dos astronautas da Enterprise consegue se divertir. E a projeção em 3D exigindo qualidade técnica só perde em algumas salas de Belém, especialmente as digitais do centro, que persistem em trabalhar com lâmpadas fracas.
O final do filme atual mostra Harrison ou Khan, o bandido (Benedict Cumberbatch), congelado numa capsula. Alguém observa que ele está “quieto”. Quem apostar que despertará no próximo filme pode estar certo. Nada é surpresa no espaço dos grandes estúdios produtores.


DICKENS E OS NAMORADOS

Heloisa Périssé e seus parceiros em "Odeio O Dia dos Namorados" 


Com direção de Roberto Santucci (“Bellini e a Esfinge”, 2002;”De Pernas pro Ar 1 e 2”, 2010, 2012; “Até que a Sorte nos Separe”, 2013) “Odeio o Dia dos Namorados”(Brasil, 2013) segue a tendência atual da produção cinematográfica brasileira em fazer comédia para se comunicar com o público (e dar algum lucro). O roteiro foi escrito por Paulo Cursino, e trata da publicitária Débora (Heloisa Périssé), mulher autoritária a partir de relacionamentos mal sucedidos. Quando sofre um desastre de carro, antes de cair no chão, vê o espirito do amigo Gilberto (Marcelo Saback), ex-colega de trabalho que morreu há algum tempo e que passa a lhe mostrar como a sua vida deve ser encarada, levando-a ao passado, a bastidores do presente e a um futuro que será a consequência de sua ação nesses outros tempos. Como se pode observar é uma adpatação da clássica historia de Charles Dickens “Um Conto de Natal”(A Christmas Carol, 1843) trocando-se a usura do velho Ebenezer Scrooge – a quem a confraternização natalina é apenas um prejuízo financeiro – pelo Dia dos Namorados onde se contabilizam romances.
Na primeira sequencia, Débora está “despachando” o noivo Heitor (Daniel Boaventura), privilegiando o seu trabalho. E em prosseguimento se vê o empenho dela numa campanha publicitária do conhecido bombom “Sonho de Valsa”, detalhando-se o seu relacionamento com funcionárias da firma onde funciona, em especial Carolina (Daniela Valente) a única que lhe é fiel e que Débora despede do quadro funcional num momento de raiva. Em seguida há o acidente. E as viagens no tempo ciceroneadas por Gilberto. O final dá direito a uma apoteose do tipo que foi visto em "Quem quer ser um Milionário"(2008), modo de dizer que tudo é fantasia, é a vida maquilada pelo cinema.
Um fator merece destaque: “Odeio o Dia dos Namorados” desloca-se da fórmula da pornochanchada e chega a ser imaginoso no modo como se inspira em Dickens. Aliás, o autor inglês é duas vezes citado explicitamente: na capa de um caderno durante uma refeição em uma lanchonete e num telefone celular. Se o publico que consome as comédias descerebradas que pululam nas telas como forma de manter um processo industrial (e em muitos países) desconhece quem escreveu “Um Conto de Natal” é um espasmo cultural que se passa despercebido pela maioria não deixa de marcar como uma espécie de assinatura a inspiração básica do enredo.
Impressiona, sobremodo, o uso de efeitos especiais como a imagem virtual de uma pessoa na sequencia final, a conjunção de imagens em determinados planos, o efeito de CGI no desastre rodoviário a lembrar os filmes de ação de Hollywood, e a própria dinâmica da edição, conseguindo narrar a história sem forçar certos detalhes.
Roberto Santucci desta vez acertou. Claro que não há sinal de cinema denso, do que intensifique certas situações e personagens dando mais substancias ao conjunto. Mas o objetivo foi comunicar, foi fazer rir. E louve-se o fato de se estimar um tipo de comédia que é realizado sem apelar para clichês como a pseudolicenciosidade que foi vista, por exemplo, em “E Ai, Comeu?" . "Odeio..." diverte. E muito se deve a atores como Heloisa Perissé e Marcelo Saback. Quando eles estão juntos percorrendo as fases da vida da primeira há o melhor do filme. Mesmo considerando que a pintura maniqueísta (bem e mal) não passa dos limites de convençao. Vale a pena assistir.

REGISTRO


Este espaço não poderia deixar de registrar, no dia 18, o aniversário do crítico de cinema e amigo Acyr Paiva de Castro. Para nós, de um tempo anterior em que o movimento da crítica tinha muitos espaços na imprensa para publicar as opiniões dos membros da APCC, Acyr era o mestre, sempre atento à teoria dos filmes e fazendo de seus textos um estilo de linguagem que marcava o espectador. Teve (e tem) cadeira cativa neste espaço onde ficou responsável, por muito tempo, pelo “cantinho do Acyr”. Ao amigo, um abraço forte pela data, com votos de muita saúde e paz em mais esta caminhada. Feliz aniversário, querido Acyr. 

FILMES DE SEMPRE


“Cerimonia de Casamento” de Robert Altman. Nas locadoras de DVD.

Cinema é a vida registrada que incita a memória. Dessa forma, o DVD está cumprindo a missão de trazer de volta filmes do passado, reativando lembranças e, com isso, abrindo espaço para novas considerações sobre temas & formas que em época remota receberam boas ou más referencias. Este mês chegam às locadoras obras discutidas quando em suas estreias como: “Tara Maldita”, “Romance”, ”Um Rosto de Mulher”, “Carrossel da Esperança”, “O Condenado de Altona” (atenção Edson, UFPA), “A Mulher do Rio”, “O Navio Condenado”, “Julia”, “Os Embalos de Sábado à Noite”, “Grease, no Tempo da Brilhantina”, “Flashdance”, “Cerimonia de Casamento”, “O Capanga de Hitler”, “Esposa só no Nome”, “Este Mundo Louco” e “Idilio em Dó Re Mi”.O que ainda guardo na memória é, sobretudo, “Os Embalos de Sábado à Noite”(Saturday Night Live, 1974), “Cerimônia de Casamento” e “Julia”. O primeiro foi o grande sucesso de público dos cinemas 1 e 2 em seus primórdios. Há uma história por traz disso: Alexandrino Moreira, proprietário das salas, havia contratado o filme com a filial da Paramount Pictures em Recife. Quando a estreia já estava marcada soube que Severiano Ribeiro havia marcado o mesmo titulo para os seus cinemas de Belém. Como o circuito Ribeiro era nacional, a empresa norte-americana achou que devia atendê-lo. Contrariado, Alexandrino chegou a se comunicar com Nova York, pedindo providencias da matriz da produtora. Ganhou a questão. Lançado nas duas casas, “Embalos...” ficou um mês em cartaz . E deixou moda, não só com o ritmo como nas calças boca de sino do galã John Travolta. E Travolta, um desconhecido até então, transformou-se em mito. Logo estaria filmando “Grease”, a evocação de um tempo anterior (os anos 50). Sempre com sucesso.
O filme dirigido por Robert Stigwood era apenas divertido. Mas refletia bem o comportamento de uma classe social. A música até hoje é ouvida em programas específicos.
“Cerimonia de Casamento”(A Wedding, EUA, 1978) marcou o estilo do diretor Robert Altman. Sua caracteristica principal da narrativa era colocar muitas personagens e situações que se cruzavam depois de serem dimensionadas em separado. Isso se vê nas bodas em uma mansão onde a matriarca (Lillian Gish, a atriz dos filmes de Griffith nos anos 10 e 20) falecia em seu quarto longe do burburinho. Os convidados são heterogêneos, e alguns não escondem suas animosidades. É um painel dramático com um senso cômico a ressaltar melhor o ridículo de algumas personagens. Um filme excelente que possivelmente irei testar na revisão.
“Carrossel da Esperança”(Jour de Fête, 1949) é a estreia de Jacques Tati como diretor. Ele protagoniza um carteiro de província. Depois desse filme criaria o tipo excêntrico Monsieur Hulôt que marcou a sua carreira. Vestido com uma capa alongada até quase aos pés, chapéu de feltro e bengala andava de forma muito peculiar e se apresentava com uma só palavra: Hulôt. Foi o responsável por obras primas como “As Férias do Sr Hulôt”, “Meu Tio” e “PLaytime”.
Não conheço “A Tara Maldita”(The Bad Sesd, EUA, 1956) que dizem ser o filme mais pessoal do diretor Mervyn Le Roy, o diretor de “Quo Vadis”(1951) e outros sucessos da MGM. Na época de lançamento, anos 50, foi alvo da censura em voga (ainda o Codigo Hays) por mostrar uma garotinha diabólica. No Brasil foi proibido para menores e ganhou pouco tempo em cartaz nos cinemas.
Bem, há muito para assistir em casa. E é bom que esta variação satisfaça o desejo de ver cinema pois, afora os programas extras, muito pouco há nas salas comerciais capaz disso.


DEPOIS DA TERRA

Pai e filho Smith em "Depois da Terra".

O cineasta indiano M.Night Shyamalan iniciou carreira como diretor de cinema apresentando três filmes promissores: “De Olhos Abertos”(Wide Awake,1998), “O Sexto Sentido”(Sixty Sens, 1999) e “Corpo Fechado”(Unbreakable, 2000). Em seguida procurou se firmar como autor em devaneios ora curiosos como em “A Vila” (The Village, 2004) e “A Dama na água”(Lady in Water, 2006), de certa forma perseguindo mal a ficção científica comum: “Sinais”(Signs, 2002) e “O Fim dos Tempos”((The Happening, 2010). Mas ao enveredar pela superprodução, ou blockbuster, denunciou uma ambição catastrófica como em“O Último Mestre do Ar”(The Last Airbander, 2010) e este “Depois da Terra”(After Earth, 2013).
Lamenta-se de começo o declínio gradual do cineasta. E tenta-se explicar quando ele parece ter contentado o ator Will Smith idealizador do argumento, pensando em promover o filho Jaden, seu companheiro de elenco em “A Procura da Felicidade”(The Porsuit of Hapiness/2006). Jaden agora com 14 anos ainda atuou em filmes como o novo “Karate Kid” (2010) e a terrível nova versão de “O Dia em que a Terra Parou”(The Day Earth Stood Stil, 2008). Como a fase entre “menino prodígio” e adolescente é difícil, especialmente na indústria de cinema, o pai resolveu dar-lhe um impulso. E pensou na historia futurista onde se vê que os seres humanos passaram a habitar outro planeta e a evitar a Terra que foi devastada por um monstro advindo da poluição ambiente (chamado de Ursa) e, nesse novo cenário, ganhar uma tecnologia que permite voos interplanetários de rotina e uma força de policia capaz de gerar a paz no cenário.
No enredo de “Depois da Terra”, o filho de um comandante policial é reprovado num exame de promoção a outro estágio da força. O pai procurando mostrar afeto uma vez que pouco para em casa, resolve levá-lo num voo sideral e por acidente eles chegam a Terra. Com a nave espatifada e o comandante ferido resta ao garoto ir procurar uma parte do aparelho onde está um sinalizador capaz de chamar socorro em seu mundo. O problema é que a região é povoada por animais ferozes e um exemplar de ursa que estava na espaçonave, como peça de museu, escapou da armação onde estava presa sendo solto no ambiente que lhe é propicio. Resta ao jovem lutar contra diversos obstáculos para cumprir a missão e salvar o pai.
O filme seria, por origem, uma aventura endereçada à juventude de anos atrás. Em literatura caberia na coleção Terramarear (da Companhia Editora Nacional) que a minha geração consumia com prazer. No cinema, poderia lembrar uma aventura de Tarzan se a proposta fosse mais modesta. Nada é se processa de substancioso além do simples registro em linguagem acadêmica da missão do pequeno astronauta. Ele que fora reprovado em estratégia de combate dá lições de ninja com saltos de guerreiro oriental a fazer inveja aos personagens do filme de Ang Lee como “O Tigre e o Dragão”(Hon wu Cang Long/2000). Há um recurso que lembra o Shyamalan do passado: nos momentos em que o pequeno personagem vê a irmã que havia morrido e afinal que vai estimular-lhe a vencer os muitos obstáculos que tem pela frente. Mas essa intercessão é mínima. O pouco se tem de informações sobre a família dos personagens (pai e filho) e do modo como viviam no mundo de onde também desloca-se de informações da mãe e das atitudes do pai em relação ao filho que se julga culpado da morte da irmã. Essa ideia de uma civilização extraterrena composta pelo gênero humano por absoluta necessidade de sobrevivência é bem colocada na animação “Wall E” (2008) de Andrew Stanton. Nesse exemplar, o quadro de um recurso de sobrevivência da humanidade fora de seu habitat é muito bem colocado. E o tom poético reduz o recado semelhante que “Depois da Terra” quer colocar no amor paterno e a correspondência filial com os Smith. O happy-end mostra o apelo dramático dos filmes de Hollywood: a reanimação física do pai e o aperto de mão mostrando a aproximação com o filho
Uma decepção levando-se em conta de quem veio.



O GRANDE GATSBY


"O Grande Gatsby" a nova versão, com Leonardo DiCaprio.

Cultuado como uma das obras mais expressivas da literatura norte-americana moderna, “O Grande Gatsby”(The Great Gatsby), escrito em 1925, ganhou a sua primeira versão cinematográfica logo no ano seguinte, dirigida por Herbert Brenon com Warner Baxter protagonizando o milionário do título, apaixonado por uma namorada de juventude que não esperou o seu retorno da guerra (a 1ª Mundial) casando-se com Tom Buchanan, um homem rico local. Uma adaptação do romance de Fitzgerald foi produzida em 1949, com o ator Alan Ladd vivendo o milionário. O título do filme em português: “Até o Céu Tem Limites”, dirigido por Elliott Nugent.
Nova versão do livro voltaria às telas em 1972 roteirizada por Francis Ford Coppolla e dirigida pelo inglês Jack Clayton (de “Os Inocentes” e “Todas as Noites às 9”), com Robert Redford no papel-título, Mia Farrow como a namorada Daisy, e Sam Waterston como Nick Carraway, o amigo de Jay Gatsby que serve de corifeu à historia. O filme aplicou recursos muito grandes e não fez sucesso nem de critica nem de público.
Houve também uma adaptação do romance para a televisão, em 2000, com Toby Stevens, Mira Sorvino e Paul Rudd nos principais papéis.
Surge agora esta versão de 2013 dirigida pelo australiano Baz Luhrmann com Leonardo DiCaprio interpretando o personagem-título, mais Carie Mulligan como Daisy, Joel Edgerton é Tom Buchanan e Tobey Maguire vivendo o corifeu Nick.
O filme abriu este ano o Festival de Cannes sob críticas. O diretor deu muitas explicações. Usou Nick como o próprio Fitzgerald, escrevendo o livro sobre o amigo. As duas principais versões mantêm alguma analogia que não se podia desprezar com relação ao original literário. A diferença em Luhrman é que ele caracterizou a sua filmografia, ora usando uma edição acelerada com efeitos visuais que procuram apoio na tecnologia 3D (como as letras das cartas de Daisy a Jay, ganhando primeiros planos e como que saindo da tela), ora maior evidência nas metáforas, como a imagem do óculos do out-door que seria “o olho de Deus” vendo os trágicos acontecimentos, e um final alongado, detendo-se no escritor, com chance de inserir frases que devem ter saído da veia poética do autor da obra literária. Mas todo esse arcabouço artesanal do diretor de“Moulin Rouge”(2001) e do alucinado “Romeu e Julieta”(1996) tem a meu ver certo esvaziamento tomando-se alguns aspectos: a escolha de seu elenco, por exemplo, como Leonardo DiCaprio (o Romeu, de Luhrman) vivendo um Gatsby que a mim não convenceu. Da mesma forma não se via o milionário apaixonado em Robert Redford. O tipo, pela construção do enredo (não li o romance), exigia um ator que transparecesse a tensão do homem maduro, envolto no mundo do crime (a venda de bebida na fase da “lei seca”), magoado por sua Daisy tê-lo trocado por outro. Nos dois filmes o grande desempenho fica nos intérpretes de Nick: tanto Sam Waterston como Tobey Maguire conseguem uma máscara expresiva para revelar os fatos (em off). Este último, inclusive, recebe um diferencial que é o apoio médico que o leva a escrever a história de seu amigo.
Também não se dimensiona a base da obra original, ou seja, o retrato de um milionário que traduz a gênese do capitalismo e o seu objetivo. A época passa nas festas onde o Charleston é o ritmo e as melindrosas dançam ao som de músicos negros. Não se evidencia o efeito da guerra e só se avança nas imagens do mundo financeiro no final do filme de agora, quando Nick já trata da crise que se esboça em Wall Street (pouco antes do choque de 1929).
Gatysby é para Fitzgerald – que chegou a escrever roteiro para cinema – o arquétipo do norte-americano que viveu o decantado “sonho”do país, ganhando fortuna de qualquer maneira e esperando muito do sentimento por que lhe parecia ideal, mas difícil de alcançar. Este símbolo de uma riqueza de árduo acesso é justamente o propiciador da morte do personagem, por meio de uma verdadeira armadilha colocada pelo marido da sua amada. E o fato de ela sair incólume do drama é a chave da farsa em que o dinheiro cai de repente de um trono, tornando-se vilão para que outra igura fuja do cenário com tudo o que ele quis e perdeu.

Um tema árduo que o cinema tornou a minimizar como um faustoso melodrama.

terça-feira, 11 de junho de 2013

"TEMPESTADE" & OUTROS FILMES


"Tempestade", filme alemão em exibição no Olympia.

Com 8 prêmios ganhos em festivais, a maioria em território alemão, “Tempestade”(Sturm/Alemanha, 2009) tem roteiro de Bernd Lange e do diretor Hans-Christian Schmidt. Trata da ousadia da promotora Hannah Maynard (Kerry Fox) que acusa um oficial sérvio de crimes de guerra na Bosnia. A testemunha das atrocidades usa de um argumento que a defesa contesta e prova a inverossimilhança. Essa testemunha acaba praticando o suicídio. Sem alternativas para defender a sua tese, Hannah viaja para Saravejo atrás de provas conta o militar. Encontra a irmã da testemunha suicida e esta passa a ajudá-la mesmo sabendo que com isso corre risco de vida.
O filme apresenta uma linguagem dinâmica e não precisa se distanciar do assunto básico para definir as personagens principais e focalizar o assunto no tempo e no espaço. Atinge uma narrativa de drama histórico-contemporâneo. E salienta o trabalho de Kerry Fox, uma atriz com 59 filmes no currículo (contando produções direcionadas para a TV) e 5 prêmios. A protagonização de Hannah convence sempre e o espectador é convidado a vibrar pelo seu trabalho.
Um excelente filme alemão que nos chega através do Instituto Goethe (SP). Está em cartaz no cine Olympia nos dias 12 e 14 às 18h30. Procurem ver. Somente com essa parceria com o Instituto Goethe temos tido possibilidade de mostrar novas escolas de cinema à nova geração de cinéfilos e aos contumazes espectadores do Olympia.

CINEMA MUDO

O programa que a FUNBEL o Instituto Carlos Gomes e a ACCPA estão realizando mensalmente, com exibição de filmes mudos acompanhados ao piano pelo grande pianista e professor Paulo José Campos de Mello exibe hoje (11), às 18h30, no Cine Olympia, o clássico de Chaplin “Em Busca do Ouro (The Golden Rush, EUA 1925). Evidentemente o acompanhamento será com trilha musical do próprio Chaplin que achava este filme, um de seus primeiros longas-metragens, o seu preferido. Trata-se do único em que o tipo do vagabundo Carlitos se sai muito bem na aventura e ganha a mocinha. Centrado na época da busca de ouro no Alaska, traz o personagem às voltas com tempestades de neve e o namoro com uma garota que conhece em um bar da região. Neste filme é célebre a sequencia em que Carlitos cria uma dança com miolos de pão espetados em dois garfos. Célebre também é  outro momento em que prepara um jantar para a eleita e ela não aparece. Como em todas as obras de Chaplin, a tristeza entra no enredo até como contraste da comédia. Obra de gênio, “Em Busca do Ouro” sempre merece uma revisão. E hoje vai ser apresentado o quadro semelhante ao tempo de seu lançamento, com a música debaixo da tela. Imperdível.

KEN LOACH

Outro programa que não deve passar em branco na agenda do cinéfilo é “A Parte dos Anjos” (The SAngel’s Share/UK, 2012) cartaz do Cine Estação em sessões nos dias 12, 16 e 23 deste mês (em sessões 18 e 20 horas). Ken Loach é um cineasta brilhante e famoso por seus filmes políticos. Desta vez abre espaço para a comédia mas, mesmo assim, não se furta à critica de uma classe e acompanha um ex-presidiário especializado em provar uísque. Ele só encontra um meio de vida, ainda mais pelo fato de a namorada estar grávida, juntando-se a colegas de furto que planejam roubar um pouco de um uísque raro que chega para exibição na Inglaterra. A meta é retirar um pouco desse uísque de um tonel. E o cuidado para isso gera o suspense.
Um filme vencedor do Premio de Juri em Cannes no ano passado além de 3 outros em outras mostras.


DVD: NOVAS E ANTIGAS ATRAÇÕES


"Faça Chuva, Faça Sol", grandes interpretações de atores ingleses num filme muito simples e de reflexão sobre a família.

Realizado com o objetivo de exibição na TV inglesa “Faça Chuva ou Faça Sol” (Come Rain, Come Shine, UK, 2010) é uma comédia da linha neorrealista que lembra os filmes italianos dos anos cinquenta. A primeiara sequencia capta o aniversário de Don, bem empregado numa indústria e que mora numa casa de classe média-alta, é casado e tem um filho de aproximadamente 6 anos. Os pais desse personagem vivem em um modesto apartamento mantendo-se com a aposentadoria que o marido recebe. Um dia sabe-se que Don é despedido do emprego, tem uma enorme dívida e pede ao pai que o ajude no que lhe parece salvação: comprar com 50 mil libras um terreno onde edificará uma fábrica. O ancião empenha seu apartamento e dá o dinheiro ao filho sem consultar a esposa. Esta quando sabe reclama. Mesmo porque eles também têm uma filha, que não é privilegiada. Logo se constata que a compra pretendida pelo filho é obra de um vigarista e tudo se perde.
O filme é muito simples, mas com excelentes desempenhos, em especial de David Jason (Don), veterano com 19 prêmios em seu currículo. A direção é de David Drury, vencedor de 7 prêmios incluindo o Bafta (o maior da Inglaterra) e o do Festival de San Francisco.
“7 Dias em Havana” (Seven Days in Havana, EUA, 2010) é composto de 7 episódios cada um dirigido por um cineasta e correspondente aos dias da semana na capital de Cuba. A exibição não privilegia os nomes dos diretores na hora em que se inicia cada episódio. O cinéfilo tem de consultar outras fontes para saber quem realizou os curtas entre Benicio del Toro, Pablo Trapero, Julio Medem, Elia Suleiman, Gaspar Noé, Juan Carlos Tabío e Laurent Cantet.
Como em todo filme do gênero, o conjunto é vulnerável a partes mais fracas. De qualquer forma é um olhar de Cuba por turistas e nativos. Programa curioso que revela um cotidiano em Havana e outras cidades do país pouco vistas e com uma magnifica imagem dessas cidades.
Em sua longa e prestigiada carreira o ator veterano Spencer Tracy (1960-1967) só ganhou 2 Oscar: um por “Marujo Intrépido” (Capitain Corageous, EUA, 1937) e o outro por “Com os Braços Abertos”(Boys Town, 1938). O primeiro filme chega agora em DVD ao mercado brasileiro. Tracy protagoniza um marinheiro português chamado Manuel e que dá apoio ao mimado garoto Harvey (Freddie Bartholomew) salvo quando cai no mar em meio a uma viagem com o pai. O marinheiro não só toma conta do menino como o estimula a gostar da profissão nautica. O filme é dirigido por Victor Fleming (de “O Mágico de Oz”, 1939) e baseia-se numa historia de Rudyard Kipling, o autor de “Mowgli, o Menino Lobo”. Sucesso na época de estreia, além de ter sido também candidato aos Oscar de melhor filme e melhor roteiro. No elenco, ainda, Lionel Barrymore (no tempo em que ainda andava, pois, o ator ficou paralitico por conta de uma artrite e mesmo assim, em cadeira de rodas, protagonizou o tipo de Mr. Potter em “A Felicidade Não se Compra”, 1946), Melvyn Douglas, John Carradine Mickey Rooney.
Relíquia dentre os que assisti esta semana é “Os Dragões da Noite” (The Eagle and the Hawk, EUA, 1933) de Stuart Walker com Cary Grant e Frederic March. Historia de pilotos na I Guerra Mundial, especialmente enfocando um veterano ríspido (March) em confronto com um colega (Grant) que de uma feita metralhou um paraquedista alemão. O final é emblemático e o roteiro baseia-se na historia de John Monk Saunders “Death in the Morning”. Carole Lombard (1908-1942) é a única mulher no elenco, mesmo assim em atuação diminuta.


sábado, 8 de junho de 2013

FAROESTE CABOCLO


Fabricio Boliveira e Isis Valverde em "Faroeste Caboclo" ( mais para Corbucci)
Não conheço a música de Renato Russo que deu origem ao roteiro escrito por Victor Aterino e Roger Bernstein para o filme “Faroeste Caboclo”(Brasil, 2013) dirigido por René Sampaio. Mas acredito que isso não faça falta diante do que vi em linguagem cinematográfica. Com uma narrativa linear trabalhada no tom profissional, ou seja, de acordo com o que se faz mundo afora em termos de cinema comercial, o filme trata de João de Santo Cristo (Fabricio Boliveira) um nordestino que deixa seu povoado localizado na Bahia depois de matar o assassino de seu pai (que presenciou quando ele ainda era criança), e tenta viver em Brasília, na época em que a capital federal saía do governo militar e já se confundia com as metrópoles onde o tráfico e os crimes de morte faziam parte da rotina. Depois de muito batalhar para sobreviver ao lado de um primo, conhece e se apaixona por Maria Lucia, uma jovem da classe média filha de um senador (Marcos Paulo). João passa a seguir os passos desse primo que negocia drogas. Gradativamente, o personagem vai se infiltrando no mundo do crime e os desníveis amorosos chegam a um final que lembra os duelos dos westerns seja norte-americano seja europeu.
Com a dose de violência cara ao produto de boa venda na indústria de filmes atual, “Faroeste Caboclo” usa dos estereótipos para seguir um modelo que me pareceu mais próximo aos trabalhos de cineastas italianos afora Sergio Leone (mais para Sergio Corbucci). Vale dizer com isso que o privilegio é o aspecto formal, a plasticidade de um agreste que abriga certa morbidez.
Colocar Brasília como uma Dodge City é uma ousadia que só teria procedência no aspecto critico, ou seja, numa visão tragicômica de mudanças de regime, como se as torturas do tempo dos ditadores tivesse gerado filhos e situações onde o sangue faz parte do cenário. Houve, é certo, quem visse um libelo da direita contra a emergência de lideres de esquerda. Não vi nada disso. No máximo é uma denúncia de que a capital de JK se tornou, por sua qualidade cosmopolita, um antro onde se encontram bandidos e mocinhos importados de todas as regiões do país. Da coleção de mesmices só falta dizer que João fugiu da seca em sua região de origem. Mas como a ideia é de construir um faroeste, este seria uma espécie de Django e, seus algozes traiçoeiros, funcionariam como os diversos vilões que o personagem encontraria dentro e fora dos“saloons”.
Um close do pai de João abre o filme. O primeiro tiro vem em seguida. Mas a ordem nem sempre é cronológica. Isso não quer dizer que algum delírio seja incluído para dimensionar certos tipos. Para o de João bastam algumas sequências de sua infância. Por aí vai sendo dimensionada a ira contida do interiorano pobre e órfão que perde sua familia pela violência contra os menos favorecidos muito visto e ouvido acontecer no nordeste. Uma narrativa em off é um recurso usado para a narrativa. Mas é o modo de a história caminhar de forma dinâmica. É de supor que a origem da trama foi mesmo para justificar uma desumanização na cidade recém-construida. Mas o processo como esta desumanização é colocada não pertence a um esquema em que se pintam bons e maus pela cara. Ninguém se ilude do mal-encarado Jeremias (Felipe Abide) e menos ainda de Marco Aurélio (Antonio Calloni). Como ninguém duvida de um final em que os maus serão destruídos pelas mãos de quem aprendeu a tentar sobreviver. E pode ser que uma figura híbrida colocada de forma a inspirar piedade, também desapareça.
O faroeste foi um gênero criado para mostrar de algum modo o processo de urbanização (chamado de civilização) adentrando no cenário agreste de uma região dos EUA. Como Brasília veio de uma geografia humana parecida vai a idéia de um filme sobre a afinidade territorial. E coube a esse feitio o decalque sobre a história nordestina de João.
  

CONSELHO ESVAZIADO


"Se Beber não Case 3" - Fim da série?
No lançamento do primeiro “Se Beber Não Case” (The Hangover/EUA,2009), a ideia de criar hilaridade sobre as despedidas de solteiro valeu como o superlativo do que foi visto em “A Última Festa de Solteiro” (The Bachelor/EUA,1984) de Neal Israel, com Tom Hanks no papel principal. O roteiro de Jon Lucas e Scott Moore que o diretor Todd Phillips aproveitou, apoiava-se na liberdade de expressão que existe hoje na produção industrial de Hollywood. O filme fez sucesso e como é de praxe, deu margem a uma continuação. O riso, como acontece com quase todas as franquias, evaporou-se. E mesmo assim, a bilheteria deu margem a este novo encontro de diretor, atores e personagens, deslocando a despedida de solteiro para uma campanha de amigos pela saúde do mais pândego entre eles (ou o mais caricaturado), Alan (Zach Galifanakis). Nessa nova missão, a terceira, a turma reencontra o chinês Chow (Jamie Chung) e desta vez ele personifica um ladrão de ladrões, sendo perseguido por quem roubou , nada mais do que o megabandido Marshall (John Goodman) e, em seguida, pelos próprios ex-camaradas que buscam Chow para salvar Doug (Justin Bartha), posto refém de Marshall para que receba de volta a sua fortuna.
O filme é constrangedor. Na plateia poucos sorrisos sonoros. Se houve vantagem na sessão em que estive ela é de que poucos espectadores deixaram a sala antes do final.
A comédia sem graça só tem um ponto válido: deve encerrar as peripécias de Phil (Bradley Cooper), Stu (Ed Helms) e os citados Alan e Doug. No final desse exemplar há o casamento de Alan com uma atendente de pequeno comércio que encontra no final da viagem para achar o agora vilão Chow. Ela é interpretada por Melissa McCarthy, atriz que protagonizou recentemente a figura central feminina em“Ladra sem Limites”(2013) , uma comédia também insuficiente, mas até pelo desempenho de Melissa bem mais agradável. O casamento parece indicar que o titulo nacional não se perdeu. Mas não se dá ao agora muito sério Alan (Zach) a “despedida” que se deu a amigos em outras temporadas. Interessante frisar que Zach é o termômetro do insucesso de “Se Beber Não Case III”: está amuado, longe das tiradas hilariantes que deixou em especial no “O Candidato” (The Campaign, 2012) onde interpretou um postulante ao senado norte-americano a valer como uma versão cômica do “Mr Smith Goes to Washington”(aqui “A Mulher Faz o Homem”,1939) de Frank Capra. Há uma sequencia do noivo com uma roupa que possa indicar uma gag , e os amigos dando adeus. Que seja mesmo um adeus. Não vi nada neste filme em cartaz que se possa evidenciar numa análise e que faça jus ao gênero a que se filia. É o exemplo de indecisão dos roteiristas e produtores. Eles lançam mão dos artifícios dos chamados “filmes de ação” e tentam casar esses artifícios com tiradas cômicas. Isso não é fácil até porque a comicidade calcada em “déjà vu” só dava resposta em clássicos do cinema mudo, copiados em alguns exemplos sonoros e até anamórficos como “Deu a Louca no Mundo”(It’s a mad, mad, mad world, 1963) .
“Se Beber Não Case III” é uma das muitas comédias em cartaz ou anunciadas. O gênero serve de paliativo ao violento exibido de forma explicita em tantos filmes atuais. Mas não está sendo devidamente aproveitado. Fazer rir não é fácil. Chaplin que o diga, pois, sabia disso.


terça-feira, 4 de junho de 2013

EM BUSCA DA FELICIDADE



Devid Striesow em"“Nunca Fui Tão Feliz". Exibição no Olympia.

A cena de exibição em Belém ganhou melhor dinâmica com a programação de filmes que saem do esquema tradicional em todos os lugares onde o comércio “abre as ordens” do que deverá ser visto pelo público. E é nessa função que a ACCPA apoiando a programação em salas populares como o cine Olympia, se torna exigente em criar sua maneira de enfrentar esses irresistíveis (para o público) aspectos de exibir filmes. De embaixada, de centros culturais e/ou outros entornos de distribuição cultural estão emergindo programas que o cinéfilo está acompanhando com muita sensibilidade.
Esta semana o Cine Olympia cai em mais esta trama de bons filmes e fugindo do mercado norte-americano. Está exibindo, desde sexta feira, a “Nunca Fui Tão Feliz“(So glücklich war ich noch nie, Alemanha, 2010). O filme parte de um argumento curioso: enquanto uma jovem visitante de uma boutique procura algo que não encontra, mexendo nos cabides de blusas e blazers, um homem aproxima-se e, ao presenciar o interesse dela para uma peça mais sofisticada, se apressa em querer comprar-lhe essa peça. Embora não consiga subverter a intenção da jovem por uma compra qualquer ele é preso. Sabe-se então que ele é reincidente em falcatruas. Cumprida a pena abriga-se na casa do irmão, que o recebe com muito afeto. Certo dia encontra a garota da blusa, uma prostituta que trabalha em um bordel proximo. Sem se importar com a profissão da jovem se apaixona por ela, tenta recomeçar a vida. Emprega-se de faxineiro em um predio numa segunda chance dada pelo patrão em nome do irmão. Vive dificieis situações para mostrar o que não é para a amada como o recomeço da “vigarice“. Em meio a promessas de mudanças de caráter, aproximação com a jovem amada e sua forma de ser, mete-se em transações ilicitas e a sessões de violencia tendem a um retorno de sua antiga vida.
O roteiro apoia-se no ator Devid Striesow, máscara de boa pessoa, sempre sorridente, afável, longe do estereotipo de uma figura marginal. A narrativa segue as peripécias de Frank, que leva o dedicado irmão Peter (Jorg Shuttauf) ao hospital quando um cafetão da jovem Tanja (Nadja Uhl) cobra a possivel saída da garota do bordel. Mesmo assim não é logo que vê denunciada as suas tramoias.
Assim como no recente “Sob você, a Cidade“ (2010), esse novo filme alemão usa muitos planos da cidade vista do alto, evidenciando os prédios altos como um apoio metafórico, especialmente no final, quando Frank ao lado de Tanja confessa-lhe sua felicidade. Acostumados aos estereótipos, essa sequencia pode ser vista em outra perspectiva dejá vu: ele ou os dois vão se atirar do telhado? Mas o seguimento da tomada mostra um novo arranjo do que ocorrerá, haja vista que os carros policiais vão chegando e cercam o lugar onde estão. Essa disposição do ser humano no espaço fisico abarrotado de construções é um recurso usado por cineastas de diversas nacionalidades quando querem dimensionar seus personagens. A idéia é da massificação, do comportamento das pessoas moldado pela exiguidade do espaço aberto. Um recurso que os ambientalistas podem ligar ao cada vez menor cenário natural das metrópoles. E assim sendo, quem vive entre gigantes de concreto armado passa a exibir temperamento ambiguo, caras alegres ou participativas mascarando recalques cada vez mais alimentados pela incapacidade de se expandir no meio.
Frank é o homem que quer ser feliz, acha que está conseguindo, ao usar meios marginais, mas compreende (e em dado momento confessa isso à namorada) que a felicidade não vai demorar muito. “Se eu voltar a ser preso a pena vai ser muito pior“ diz ele. E “sair velho“, confirma um policial. No caso, o romance vai ser interrompido. E não se diga que Tanja vai se manter livre das amarras de uma dona de pensão estereotipada de megera. A felicidade dos participantes desse jogo de repressões será muito pequeno.
O diretor do filme é Alexander Adolph, de 48 anos, com 13 roteiros e 5 direções no curriculo. Em Belém nada vimos desse cineasta até agora. Ele endossa o exemplo do pouco que nos chega pelas vias comerciais regulares seja para a tela grande seja para a pequena. É uma sorte a distribuição pelo Instituo Goethe de São Paulo (aproveito para corrigir o que publiquei antes quando o Cine Clube APCC nos anos 70, veiculava filmes daquele Instituto sediado em Salvador).
“Nuca Fui Tao Feliz“ está en cartaz no Olympia, sempre às 18h30, até 5a.Feira.


MONGE BUÑUELIANO



Vincent Cassel em "O Monge"

Dificil não encontrar em locadores & demais locais, cópias de filmes em videos que nos certificam de que os lançamentos comerciais nos cinemas de Belém são muito pobres, com as distribuidoras responsáveis deixando-nos numa opção negativa a cada semana. O importante, para aliviar a sede de bons e inéditos filmes, é que temos o circuito extra que tem proporcionado grandes programas com debates & tudo mais. E outra opção para os inéditos é a procura em cópias DVD, como alguns que assisti semana passada.
O Monge(Le Moine, França, Espanha, 2009), cujo roteiro escrito pelo também diretor Dominik Moll e Anne-Louise Trividic, se baseia no romance (homônimo) gótico de Matthew Lewis. O tema é a flexibilidade da fé. Na Espanha do século XVII Ambrosio (Vicent Cassel) é encontrado bebê na porta de um convento. Alguns monges pensam que é obra do diabo, pois o menino traz uma grande mancha no ombro esquerdo. Mas o superior diz que é um enviado de Deus. Já homem, o bebê achado torna-se monge e tem uma facilidade de se expressar que impressiona os fiéis em seus sermões. Certo dia chega ao convento um homem e uma pessoa que se encobre em máscara e o acompanhante diz que se trata de um queimado. Esse personagem, na verdade é uma jovem feiticeira, que seduz o sacerdote. Mas de quem este gosta mesmo, e sonha com esse alguém, é a filha de uma mulher vizinha do mosteiro. A feiticeira oferece uma fórmula de sedução para aplicar à jovem amada. Alguns fatos do passado irão mostrar-lhe quem é a jovem e o interesse secreto da feiticeira será descoberto, inclusive pela mancha no ombro. O endereço do monge, daí em diante, está a cargo de Satanás.
O filme é dirigido por Dominik Moll, alemão formado em Nova York e autor dos suspenses Harry Chegou Para Ajudar (2000) e Lemming– Instinto Animal (2005). “O Monge” ganhou prêmio de música em Hollywood. E muitos críticos viram semelhança com Simão do Deserto” (1965) de Luis Buñuel. De fato, há muito do “viejo brujono tema e na condução narrativa. Um filme importante que não chegou aos nossos cinemas. Vale a pena procurá-lo em DVD.
Curvas da Vida(Trouble with the Curve, EUA 2012) trata de beisebol tema (e jogo) em que o brasileiro não mostra afinidade. Mas tem Clint Eastwood, aos 82 anos, protagonizando um antigo técnico do esporte que está ficando cego, é rabugento e sente orgulho da filha advogada (Amy Adams) que é uma enciclopédia do seu esporte favorito (embora vivam distantes afetivamente). O time do velho técnico anda fraco e a jovem está estreando sociedade no escritório de advocacia em que atua. Há um esboço de romance no entorno do filme, mas o enfoque maior é o renitente ancião e sua cria de 33 anos. Roteiro muito esquemático de Randy Brown e direção do amigo e sócio de Eastwood na Malpaso (empresa dele) Robert Lorenz. Também não chegou por aqui.(O filme foi exibido no Moviecom Castanheira)
10 Anos de Pura Amizade(10 Years, EUA, 2012) apresenta um tema semelhante ao de O Grupo” (1966) de Sidney Lumet. Trata de colegas de colégio que se reúnem após 10 anos de formados em uma festa planejada para um hotel. É hora de matar saudades, mas, ao mesmo tempo, de testar sentimentos que vinham adormecidos. Bom tema desperdiçado no roteiro do diretor Jamie Lindem. Tudo é muito esquemático, a impressão é de que o espectador já deveria conhecer os personagens. E eles não apresentam características que levem a um quadro psicológico realista. Resta uma espécie de um videoclip sobre um encontro de amigos. Muito falado e pouco expressivo.
João e Maria, Caçadores de Bruxas(Hansel & Gretel Witch Hunres, EUA, 2013) foi exibido nos cinemas de Belém. É uma abordagem sensacionalista de conto de fada procurando usar o tema e personagens no que as HQ fazem com os super-heróis, endereçando em cinema para os chamados blockbusters. Um roteiro ruim coloca os tipos que a criançada (do meu tempo) conhecia ao ouvir a história e se emocionava. Eles são levados para a mata pelos pais, sendo encontrados por uma bruxa a quem ludibriam quando esta queria saber se estavam “gordinhos” para comê-los. Os dois se salvam ao fugir e, por vingança, se especializam em matar feiticeiros e o fazem de aluguel na Idade Média. Direção de Tommy Winkola. Ruim demais.(Exibido no Cinépolis Boulevard e Moviecom)