terça-feira, 31 de agosto de 2010

OS MERCENÁRIOS















As filmagens de “Os Mercenários” (The Expendables/EUA, 2010) trouxeram o ator Sylvester Stallone ao Brasil. Sequencias do filme foram capturadas no nosso ambiente e, em uma entrevista no período de lançamento do filme nos EUA, esse ator disse que “o pessoal (o brasileiro, diga-se) acha graça quando se mata à vontade e ainda oferece um macaquinho de lembrança”. Mais ou menos nesse tom. A mídia e as redes de relacionamento no Brasil deram amplo destaque ao dito visto que repercutiu mal e, após respostas violentas no twitter, o Rambo das telas desculpou-se. Mas o título ficou estigmatizado em nossas bandas. Ao assistí-lo agora se sabe que foi um tiro na água. A história se passa em uma ilha sul americana que fala espanhol e nada do Rio aparece na profundidade de campo.

O filme, dirigido pelo próprio Stallone é, primeiramente, uma espécie de homenagem aos velhos brutamontes da tela. Surgem: Jet Li, Dolph Lundgreen, Mike Rourke e, em um momento, Bruce Willis e o governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger. Este desfile de antigos tipos forjados nas contendas mais ferozes prova o quanto Stallone é estimado na classe. Aliás, ele é o arquétipo do tipo bruto, do grandalhão que pouco pensa, pouco fala, e age muito (principalmente atirando com a arma na mão). Seus Rambo e Rocky fizeram fortuna. Assim, esta figura quis fazer uma espécie de “festa de aniversário” reunindo os colegas. Quem foi convidado e faltou foi Jean Claude Van Damme dizendo não estar interessado no papel de Gunnar Jenses, que ficou com Lundgren.

O enredo é um fio de linha: mercenários bem sucedidos num país do oriente seguem para uma pequena república da America do Sul onde um ditador usa a força para fazer o que quer. Encontram um grupo resistente e não só tomam parte na briga como também ensinam os nativos a brigar. No meio desses guerrilheiros está uma garota que balança o coração do brutamonte norte-americano. Por causa dela ele retorna ao país após ter cumprido a missão que lhe diz respeito. E chega a ser torturado. Mas ninguém duvida que ele acabe vencendo embora se decepcione quando deixa a garota e segue com os amigos para comemorar mais uma vitória bélica entre jogos de dardo e bebida.

O filme é extremamente bobo. Na realidade é uma coleção de cenas de tiroteio e explosões. Claro que a maioria produzida digitalmente. Stallonne procura filmar com câmera na mão e produz muitos closes, além de preferir uma iluminação econômica (muitas cenas se passam de noite). Por isso é suficiente ver “Os Mercenários” na TV. Um big-close-up do herói tomando a tela panorâmica é até um elemento de terror. Stallone está maquilado para aparentar um tipo sujo e sofrido. A velhice não deve ter sido produto da equipe que faz o “make up”. O ator-diretor fez 64 anos no ultimo dia 6 de julho, já tem cinco projetos em andamento seja como diretor seja como ator e produtor. Em “Os Mercenários” ele, sabiamente, vê o que foi, ou seja, passa em revista o passado de sua carreira, revendo um tipo de cinema que fez sucesso nos idos de 1980. A novidade, se é que se pode dizer assim, é uma exibição mais explicita de violência. A exacerbação de cenas de luta que leva ao cansaço do espectador. Um mal que no fim das contas não é privilegio de Stallone, mas um modismo alcançado este ano através de titulo como “Salt”, “Encontro Explosivo” e, mesmo, “A Origem” (apesar de alguns destes usarem a violência como um detalhe de pesadelos).

Não creio que o gênero que hoje se chama de “ação” esteja sofrendo qualquer tipo de rearrumação e, com isso, fazendo bem ao cinema, mesmo como indústria. A repetição das tramas e da forma de trabalho torna o espetáculo cansativo. Não se guarda mais a porfia pelo “mocinho”, pela vitória objetivada de quem luta por alguma causa. E isto porque este tipo atual de “mocinho” vestiu a roupa do bandido. Uma aposta na mania do vídeo-game, na pressa com que a juventude, principalmente, gosta de ver nas telas. Por isso mesmo, uma homenagem aos 80 acaba se tornando anacrônica. Ao que consta, os tipos de antanho eram menos barulhentos e explosivos.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

CRIAÇÃO E LEMBRANÇAS






















Séries de TV, versão em filmes e outras produções têm tratado do naturalista inglês Charles Darwin. O mais recente trabalho é “Criação” (Criation/EUA, 2009), filme dirigido pelo inglês Jon Amiel (de “Sommersby, O Retorno de um Estranhio”) que trata da vida do autor da Teoria da Evolução das Espécies. O roteiro tenta mostrar o pai de família um tanto tímido que se afeiçoa de uma de suas filhas, a mais velha, falecida aos 10 anos de idade. O espírito dessa criança surge constantemente diante do pai que ao conceber a idéia de que as criaturas vivas foram formadas por gerações mutantes, ganhando sempre o mais forte no processo evolutivo, esboça um dialogo nem sempre cordato com a esposa, religiosa convicta.

A narrativa não faz jus ao tema. Pouco se deixa das idéias científicas do personagem focalizado, de como passou a conceber a mutação das espécies. Fica mais o tom romanesco, humanizando, por assim dizer, um tipo controvertido, afinal um autor que mudou o pensamento da humanidade, reescrevendo a versão da Criação como está no Genesis.

Paul Bettany protagoniza Darwin num tipo apático, e Jennifer Connely interpreta a esposa que no fim das contas compreende o trabalho do marido e, mesmo sem duvidar da criação divina, concorda para que ele publique seu trabalho.
O assunto que evidenciou Darwin deve ter ficado para outro projeto. Este, chegado por aqui só em DVD, é curioso, pois reporta outras seqüências de sua vida.

“Lembranças”(Remember Me/EUA,2009) foi exibido nos cinemas locais devido à figura tornada popular do ator Robert Pattison, devido ao seu desempenho na série “Crepúsculo”. O filme é bem narrado iniciando com o assassinato de uma mulher em um metrô, vitima de um assalto quando está esperando o trem com a sua filha menor. Daí abre-se para seqüências captadas anos depois quando a menina, cujo pai é delegado de policia, conhece um rapaz, filho de um executivo, cujo irmão mais velho havia se suicidado. O drama dessas famílias une as personagens, ambas em choque com os pais. No fim há uma surpresa. Quando as situações conflitivas se encaminham para um processo de bem estar.
Dirigido por Allen Coultier poderia ter melhor rendimento nas bilheterias e diante da critica (a recepção foi apenas razoável). Mas é um bom filme. Elenco e narrativa funcionam para gerar emoções sem o contágio da pieguice.

“O Direito de Amar”(The Single Man/EUA, 2009) é um bom filme em que o principal personagem é um homossexual carente. Ele, brilhantemente interpretado por Colin Firth, só tem uma pessoa com quem troca idéias: Charley (Julianne Moore), mulher alcoólatra que por algumas vezes tentou seduzir o amigo e vizinho de apartamento. O quadro afetivo desses personagens é visto pelo diretor Tom Ford com certa elegância de estilo. Poucas vezes assisti a um tratamento tão bem conduzido no cinema, de forma tão bem tratada, a lembrar apenas o interpretado por Marcello Mastroianni em “Um Dia Muito Especial”(coincidentemente também apegado à uma mulher, no caso vivida por Sophia Loren).
O filme de Tom Ford entusiasmou a critica. Recebeu 14 prêmios e 23 indicações, incluindo a um Oscar para Colin Firth (realmente impecável).
Inédito em nossos cinemas e um título a ser descoberto.

“A Casa de Chá do Luar de Agosto”(Tea House of August Moon/EUA 1956) revela a transposição para o cinema de uma peça de John Patrick. Quem dirige é o especialista no gênero, Daniel Mann. Enfoca a atitude dos norte-americanos, no final da 2ª.Guerra, tentando ser simpáticos com os dominados japoneses. Em Okinawa, pensam em edificar uma escola, mas o povo quer, primeiro, uma casa de chá com direito a performance de gueixas. O capitão, vivido pelo veterano ator Glenn Ford tenta dobrar a idéia do seu superior (Paul Ford) e para isso conta com a ajuda do habitante do lugar, Sakini (Marlon Brando irreconhecível na maquilagem de asiático). Machiko Kyo uma atriz famosa na época, interpreta a “mocinha” da história. Teatro filmado.


DVDS MAIS LOCADOS (FOXVIDEO)

Uma Noite Fora de Série
Dupla Implacável
Caçador de Recompensas
O Primeiro Mentiroso
Chico Xavier - O Filme
Ameaça Terrorista
Lembranças
Quincas Berro D'água
Zona Verde
Criação

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

“MOBY DICK” NA CINEMATECA





Este domingo estará de volta ao cinema Olympia a “Sessão Cinemateca” programada pela ACCPA. E será com o clássico “Moby Dick”, de John Huston, interpretado por Gregory Peck e Orson Welles. O lançamento se prende a recente exibição de “Capitão Achab”, de Philippe Ramos, uma concepção da obra literária de Herman Melville que vê o personagem, um obsessivo caçador de baleia, na sua infância e juventude. Em “Moby Dick” a ação se limita à perseguição do cachalote branco que mutilou Ahab (ou Achab), terminando com a sua luta com o que se chamou de “Fera do Mar” (subtítulo do filme em português).
A sessão Cinemateca será, como de habito, às 16 horas com ingresso franqueado.

Nesta 6ª Feira há uma novidade: a exibição do filme “de ação” dirigido por Robert Luketic (o mesmo de “Verdade Nua e Crua”) “Um Par Perfeito”(Killers, EUA, 2010, 90 min.), com Ashton Kutcher, Katherine Heigl (da série de tv “Grey’a Anatomy) e o veterano Tom Selleck. No argumento, Spencer(Ashton) é o namorados dos sonhos de Jan (Katherine) mas o que parece ser o par ideal revela-se um pesadelo quando ela descobre ser ele um matador a serviço do governo e na mira da morte de adversários. Ao que tudo indica mais um filme de heróis e vilões com muito barulho e nenhuma substancia.

Mais ou menos nesse tom, assisti a “Os Mercenarios”(Expandable, EUA, 2010) de Sylvester Stallone, que será alvo de comentário neste espaço, na próxima semana. Uma produção que o ex-Rocky e Rambo protagonizou no Rio de Janeiro e que causou protestos quando ele revelou, em uma entrevista, que “filmar ali (no Rio) seria como matar à vontade e todo mundo rir, agradecendo com o presente de um macaquinho à guisa de lembrança”. Certo que depois o ator-diretor se desculpou mas o mal estava feito. E não precisava nem ter viajado. Seu filme é ambientado numa região em que se fala espanhol e tem o caráter de uma “homenagem” ao gênero que abraçou nos anos 1980, inclusive com a reunião de estrelas desse nível, até mesmo do agora governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger.

Interessante neste final de semana é a volta ao cartaz da programação extra do misto de animação e musical “Musica e Fantasia” (Allegro,non Troppo) de Buno Bozzetto. Realizado para ser uma parodia do clássico “Fantasia” da equipe de Walt Disney acabou ganhando público por sua própria condição de comédia, intercalando os números musicais animados e situações de chanchada onde o próprio diretor atua. Quem viu o filme no saudoso Cinema 1 lembra de pelo menos duas sequencias: a que ilustra “Bolero” de Ravel e a de “Valsa Triste” e Sibelius. Na primeira, uma garrafa de Coca Cola atirada de uma nave espacial dá inicio ao processo de evolução das espécies relatado por Darwin; e na segunda, um gato percorre espaços e lembra a casa onde morou, hoje em ruínas. Cenas da família que viveu na casa seguem os tons da musica enfatizando o que propõe os acordes muito bem ilustrados. O filme estará até domingo no Olímpia em horário habitual do cinema, ou seja, às 18h30. Ingresso franqueado.

Ainda é possível assistir, hoje, a dois programas interessantes: o polêmico “A Origem”, motivo de muita discussão de amigos em reuniões diversas, e “Meu Malvado Favorito”, uma animação que pode não apresentar novidade mas consegue ser extremamente divertida.

No plano bem inferior está a decepção de “O Ultimo Mestre do Ar”, obra que deixa dúvida a quem vinha acompanhando com interesse a trajetória do cineasta M. Night Shyamalan, responsável por títulos marcantes como “O Sexto Sentido” e “Corpo Fechado”. Tentando a linha da ficção infanto-juvenil ele lança o que pensa transformar em uma série, mostrando um avatar com jeito de ninja interpretado por um garoto calouro que se mostra sem direção nas seqüências.

E por falar em programas ruins, o ano está cheio. A crítica local ainda não conseguiu chegar aos 10 títulos do final do ano (e nos outros anos isto já era conseguido em agosto). A salvação continua sendo as cópias de filmes que chegam em DVD.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O NOVO KARATE KID & FILMES PORTUGUESES




Retomada da franquia exibida nos anos 1980, “Karate Kid” (EUA, 2010) vai entrar esta semana nas salas exibidoras de Belém, sendo versão de filmes cuja argumentação revelou os atores Pat Morita (1932-2005) e Ralph Macchio.

Quem for assistir vai ver que o mesmo esquece os filmes do mesmo nome produzidos respectivamente em 1984, 1986 e 1989. Como muitas franquias dessa época, tudo passa a ser visto da estaca zero. E, neste caso, o roteiro de Christopher Murphey de uma história de Robert Mark Kamen, base do original de 26 anos atrás, deixa de lado os antigos personagens e segue um garoto norte-americano (Jaden Smith) em viagem para Pequim (China) em companhia da mãe (Zhiheng Wang) onde vai encontrar algum preconceito na escola e a conseqüente necessidade de aprender mandarim e kung-fu com um mestre de obras local (Jackie Chan estreando papel dramático). Paralelamente a essas aulas, o menino trava amizade com uma coleguinha de classe que se aprimora na arte de tocar violino. Ele prestigia o recital que ela executa e ela está na platéia torcendo por ele quando desafia contendores na porfia pela taça de campeão de artes marciais.

O filme é previsível desde a primeira cena, mas o diretor Harald Zwart (de “A Pantera Cor de Rosa 2”, o que seria um agravante) consegue imprimir um bom ritmo apoiado na simpatia do elenco e na cor local (os exteriores foram filmados mesmo em Pequim). A sequencia do torneio de kung-fu é o ponto alto da narrativa, com Jaden Smith convencendo, apesar de viver um estereotipo. Ele é filho do ator Will Smith, protagonista ao lado do pai de “A Procura da Felicidade”/The Porsuit of Happyness e também ator na versão moderna de “O Dia em que a Terra Parou”/The Day the Earth Stood Still.

Embora haja previsibilidade na elaboração dos tipos um ponto pouco explorado anteriormente e que hoje está na ordem do dia é a questão do “bulling” na escola. É que o adolescente norte-americano que se muda para Beijim, sofre agressões verbais e psicológicas indo até as mais sérias como a agressão física de seus colegas. A reviravolta do efeito estressante ao garoto é que será o seu aprendizado das artes marciais cuja filosofia de combate se estabelece como a de um caminho da paz e não ao da guerra violenta recebida de um instrutor, por seus colegas. O filme é mais um programa para a garotada. Bem melhor do que “O Último Mestre do Ar”, de Night Shyamalan, embora perca para as animações “Meu Malvado Favorito” e “Shrek Para Sempre”.

Esta semana o belenense terá a oportunidade de assistir a exemplares do cinema português, raro entre nós. Sessões no Cine Líbero Luxardo vão exibir dois títulos novos: “Portugal S.A.”, de Ruy Guerra e “Religiosa Portuguesa” de Eugène Green. O primeiro filme será exibido no sábado e o segundo no domingo

O argumento de “Portugal S/A” (Portugal, 2004, 90 min.) pode ser assim resumido: Jacinto, um executivo poderoso do regime fascista Alexandre Boaventura, que se exilou no Brasil com a Revolução de Abril. Vive dividido entre a política e os negócios privados como entre a lealdade ao patrão e sua ética pessoal. Seus dilemas aumentam com o retorno ao país da sedutora e inteligente Fátima, seu amor do passado.

Quanto a “A Religiosa Portuguesa” (Portugal/França, 2009, 127 min.) trata de Julie de Hauranne, uma jovem atriz francesa filha de uma mulher de descendência portuguesa, que chega a Lisboa pela primeira vez para participar de um filme baseado nas Cartas Portuguesas, de Guilleragues, escritor francês do século XVII. Rapidamente, ela se deixa influenciar por uma freira que vai rezar todas as noites na capela da Nossa Senhora do Monte, na colina da Graça. Esta personagem leva-a a novos conhecimentos e um novo sentido de vida. O filme recebeu boas criticas em Portugal.

“Cinema Paradiso”(Itália, 1989) será exibido na próxima terça feira, fazendo parte do programa “Cinema Sobre Cinema” que o Cine Clube PV da Casa da Linguagem vem efetuando na última 3ª.Feira de cada mês em promoção da ACCPA.

Esse filme revelou o diretor Giuseppe Tornatore. Grande sucesso de publico no plano internacional aborda o nascimento e morte de um cinema de cidade do interior. Os grandes momentos da casa e a sua decadência são vistos através do projecionista Alfredo (Philippe Noiret) e seu protegido Totó (na infância Salvatore Cascio, na juventude Marco Leonardi e na idade adulta Jacques Pérrin). Um toque de amor ao cinema como arte e espetáculo popular. Lembra outro filme realizado na mesma época, “Splendor”, de Ettore Scola. Mas com um apelo emocional muito mais forte.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

APRENDIZ DE FEITICEIRO


















“Feitiço” algum salvará a maioria dos blockbusters atuais. Este “Aprendiz de Feiticeiro” (The Sorcer’s Aprendice/EUA, 2010, 110min.), dirigido por Jon Turteltaub de um roteiro concebido por cinco profissionais (Lawrence Konner, Mark Rosenthal, Matt Lopez, Doug Miro e Carlo Bernard) tem produção do magnata Jerry Bruckheimer e do império Disney e aborda o retorno de um feiticeiro e de magos do tempo do Rei Arthur (século XV), ameaçando a tecnologia moderna e estimulando um novo herói que pode ser, com um pouco de imaginação (?), a reencarnação de Merlin, o mago-maior da Inglaterra de Arthur.

A historia pode ser contada em poucas linhas: na sua eterna luta contra Morgana, esta representando o mal, o velho Merlin consegue prendê-la numa espécie de arca. O feiticeiro Balthazar guarda a relíquia através dos séculos e no século XX esta reliquia pode ser encontrada com o dono de um antiquário em Nova York. Eis que por lá aparece um garoto que pretende presentear a namorada e acaba desorganizando a loja, libertando um dos magos maus. Dez anos depois o mesmo garoto, que sentiu um forte impacto (urinou nas calças no primeiro encontro com a magia medieval) está sendo “nomeado” o aprendiz de Balthazar, preparando-se para enfrentar Morgana não por coincidência, no momento em que o seu romance merece uma resposta de verdadeiro herói para se solidificar.

O filme divide-se entre comédia de “nerds” – como os norte-americanos gostam de ver – e uma profusão de efeitos especiais agradáveis ao mesmo público. Esta fórmula também funciona em países como o Brasil, mas o exibidor deve ter lamentado o fato de “Aprendiz de Feiticeiro” só ter chegado às suas salas depois das férias de julho. Melhor bilheteria com certeza teria o filme se fosse lançado dias antes. Enfim, há os finais de semana quando, em Belém, as salas de cinema são disputadas por multidões que se sentem felizardas ao alcançar ingresso para a sessão preferida.

Nicolas Cage atua como o feiticeiro e assina a produção executiva com outros colegas. O sobrinho de Francis Coppola dificilmente convence como ator. Entretanto, dirigido por Werner Herzog, no ano passado, apresentou-se muito bem como o policial que passa a dividir toxico com quem prende para suportar ferimento causado em uma missão (“Vicio Frenético”/The Bad Lieutenant,2009, refilmagem de um titulo de Abel Ferrara). Interpretando o personagem Balthazar ele soma pontos na ficha de canastrão. Só não está pior porque as expressões mais densas são diluídas nos efeitos digitais. E o melhor de seu protagonismo de feiticeiro está no que mais interessante existe no filme, uma evocação de um desenho Disney, “A Espada era a Lei” (The Sword in the Stone/1963) dirigido por Wolfgang Reitherman: um duelo de mágicas, no desenho entre Merlin e uma bruxa, aqui entre o feiticeiro e depois o seu aprendiz contra Morgana que reaparece com toda a força de seus poderes.

“Aprendiz de Feiticeiro” é o tipo do filme que o espectador percebe que há semelhança com outros exemplares, ou um “deja vu” de narrativa. Desta vez, esse fenômeno só é complexo pela enxurrada de coisas do gênero. A narrativa de Turteltaud libera o efeito vídeo-game hoje tão solicitado pela garotada. São dezenas de seqüências moldadas em computadores. Há até mesmo um dragão egresso de Chinatown. Volta-se a minha assertiva certa vez neste espaço: “muito barulho por nada”.

Pergunta-se: o que o espectador esperaria? Que Morgana vencesse a luta ? Que o mocinho moderno perdesse a namorada? E/ou que o mágico matusalêmico morresse? Aliás, há ameaça de Balthazar sucumbir no final da disputa com a inimiga. Mas se ele ou seu espírito alçam vôo é uma questão de sucesso popular do novo filme: se faturar bem, o personagem vai estar na expectativa para uma nova seqüência. Se não der certo em dólares, vai descansar em paz. E o público torce por esta última opção.

Em tempo: “O Aprendiz de Feiticeiro” está sendo exibido ao lado de “O Último Mestre do Ar”.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

CLÁSSICOS LEGITIMOS







Nos dias atuais, o termo “clássico” tornou-se sinônimo de antigo. Especialmente em cinema e, mais evidentemente, em DVD. Se na prateleira especifica de uma locadora ou loja especializada você encontra filmes como “Cárcere de Mulheres”, produção mexicana de Miguel M. Delgado, felizmente encontra, também, títulos marcantes, alguns inegavelmente ligados a capítulos da história do cinema.

É o caso de “Anatomia do Medo” (Ikimono no Kiroku/Japão, 1955) de Akira Kurosawa. Neste exemplar, o mestre que revelou ao mundo ocidental o cinema japonês com “Rashomon”(1950), trata do pavor que seus conterrâneos adquiriram de uma guerra nuclear a partir dos fatos ocorridos em Hiroshima. O enredo trata do patriarca de uma grande família, Kiiji Nakajima, que constrói um abrigo anti-atômico para abrigar a si e aos seus. Gasta recurso considerável. Mas ao saber que a radioatividade assola o ambiente ele pára a obra e passa a arquitetar uma viagem para o Brasil, ciente de que na America do Sul não chegam os efeitos colaterais de uma explosão nuclear. A família resiste à idéia, mas o velho pai insiste. Após circular entre a burocracia em cartórios e contatos com japoneses residentes em S. Paulo acontece um acidente na fabrica que ele preside e resta um dilema: deixar tudo, inclusive os seus funcionários à míngua, ou abdicar da idéia de viajar. No final da trama Nakajima se vê confinado ao hospício, esperando ali o fim da civilização.

O filme reflete uma situação que não foi exclusiva dos japoneses. Uma nova guerra mundial com reflexo no uso de armas de destruição em massa gerou um subgênero de ficção-cientifica agregado ao terror. Mas, no caso da obra de Kurosawa é um raro exemplar do quanto a tragédia de Hiroshima e Nagasaki afetou os japoneses de um modo geral. Toshiro Mifune está irreconhecível no protagonismo do papel e Takashui Shimura, grande ator que Kurosawa dirigiu admiravelmente em “Viver” (Ikiru/1952) interpreta o tipo do melhor amigo do angustiado industrial. Aos que alugarem esse filme devem atentar para os enquadramentos. A sequencia final, com a câmera fixa em médio plano deixa ver de um lado, Shimura descendo a escada do hospital depois de ver o amigo e a filha deste subindo para visitar o pai. Excelente poder de síntese.

A expressão acabrunhada do amigo pelo que presenciou contrasta com a da jovem conformada (e quem sabe confortada) com a situação que livrou os parentes de uma viagem que podia levar-lhes à falência.

Outro clássico que chega é “Eu Te Amo, Eu Te Amo” (Je T’Aime, Je T’Aime/França 1968) de Alain Resnais. O roteiro de Jack Sternberg com Resnais n parceria leva à última instância a abordagem sobre a memória que o cineasta evoca desde “Hiroshima Mon Amour” (1950). O texto reflete sobre um quase suicida que é usado por cientistas para testar uma viagem no tempo. Ocorre que a cronologia dessa incursão pelo passado se perde e ele passa a viver de forma aleatória a sua vida, revisando conceitos. Um filme interessante e curioso, a ser visto agora quando se comenta “A Origem”, de Christopher Nolan e sua intromissão nos sonhos das pessoas.

Novidade e surpresa é “Casamento Silencioso” (Nunta Muta/Romênia,2008), de Horatiu Malaele. O roteiro reflete bem o ódio dos romenos pelos comunistas que governaram seu país por alguns anos. Trata da odisséia dos habitantes de uma aldeia, que se prepara para o casamento dos jovens Mara e Iancu, colocando fim às fofocas sobre as suas relações intimas. No dia do casamento, uma grande festa está sendo iniciada, quando chegam autoridades militares informando a proibição de qualquer evento por mais de uma semana, devido a morte de Stalin “o grande amigo do povo”. O pai de Mara não desanima e convida a todos, em silêncio a rearrumarem a mesa do grande banquete no interior da casa. Em silencio, os convidados se comunicam por gestos. Até que ao presenciarem a chegada de tropas, iniciam os cantos e as danças sendo alcançados pelos soldados que destroem a casa e matam a maioria dos convidados.

O filme inicia com a preparação de uma equipe da TV, na atualidade, para realizar um documentário sobre temas fantásticos. Onde era uma aldeia os comunistas criaram uma fabrica e quando substituídos por capitalistas, esta fechou e voltou a se construir uma aldeia. Tudo isso é motivo de reflexão num trabalho que exige tragédia, humor, fantasia e cultura especifica. Um filme muito bom e extremanete político sem perder o humor, que se fosse exibido em alguma sala de Belém, este ano, seria cogitado para a lista de melhores do final do ano (uma lista, por sinal, paupérrima até agora).


DVDS MAIS LOCADOS (FOXVIDEO)
1. Dupla Implacável
2. Chico Xavier - O Filme
3. Caçador de Recompensas
4. Lembranças
5. Zona Verde
6. Quincas Berro D'água
7. Ameaça Terrorista
8. Criação
9. Ilha do Medo
10. Amor entre Vampiros

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

BONS PROGRAMAS EXTRAS














Os cinemas comerciais da cidade, nesta sexta,20/08, apresentam um único lançamento: “O Último Mestre do Ar”(cópia em 3D e dublada, na sala 2 do Moviecom Pátio e em 2D na sala 7 do Moviecom Castanheira).

Muitos filmes estão prosseguindo a carreira iniciada semanas atrás, sendo os melhores: “A Origem”, “Meu Malvado Favorito” e “Shrek Para Sempre”. Na programação extra há programas que deixaram de ser vistos nos cinemas e inéditos para os cinéfilos.

Assim, o Cine Libero Luxardo exibe no sábado, às 16h, “O Oitavo Dia”, na Sessão Cult, dando continuidade ao ”O Segredo de Seus Olhos”, até domingo, 22.

No Cine Estação, fazendo a matinal de domingo, 22, às 10 h, está “O Mundo Imaginário do Dr Parnassus”.

No Olympia,“Capitão Achab”. E no Instituto de Artes do Pará – IAP, na segunda feira, 23 às 19h, “As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant”.

“O Ùltimo Mestre do Ar”(The Last Airbender/EUA, 2010) baseia-se numa série animada da Nickelodeon e marca a entrada, na área do blockbuster, de M. Night Shyamalan, diretor norte-americano de raízes indianas. Ao que se supõe, parece uma chance desesperada de o cineasta fugir do fracasso que seguiu seus filmes imediatamente anteriores: “O Fim dos Tempos” (Happening,EUA, 2008) e “A Dama na Água”(Lady in the Water, EUA, 2006). O roteiro deste novo filme é do diretor, como de habito no cinema que faz, e o argumento pode ser resumido da seguinte forma: Vang (Noah Ringer) descobre que é o único Avatar com o poder de manipular todos os quatro elementos – água, terra, fogo e ar. Vang se reúne com Katara (Nicola Peltz), uma Waterbender controladora das águas e seu irmão Sokka (Jackson Rathbone), para restaurar o equilíbrio de seu mundo em luta desde que o Reino do Fogo declarou guerra aos reinos do ar, da água e da terra.

A estréia do filme nos Estados Unidos correspondeu razoavelmente em termos comerciais, mas a crítica foi dura. Quem enalteceu o Shyamalan de “O Sexto Sentido”, “Corpo Fechado”, “Sinais” e, mesmo, “A Vila”, atacou firme esse seu novo trabalho considerando que o autor seria um logro, ou teria esgotado cedo o seu potencial.

Shyamalan é um tipo anômalo de cineasta norte-americano, ligado aos grandes estúdios. Tem a sua sede na Filadélfia, não sai de lá e escreve o que acha interessante para o seu próprio consumo. De qualquer forma é um criador, um raro caso na indústria cinematográfica de assumir um filme por inteiro. Toda a realização de seus filmes ele assume integralmente, seja bom ou ruim.

O filme chega em 3D. Vai ocupar a sala 2 do Moviecom Pátio Belém. Deve divertir como foi o desempenho do filme “Meu Malvado Favorito”, que vai sair desse espaço para dar lugar ao novo programa.

“O Oitavo Dia” (L’Huitiéme Jour/França.1996) foi objeto de comentário neste espaço. Trata de uma relação de amizade entre um jovem portador da Síndrome de Down e um executivo em crise familiar. A solidariedade entre os dois emerge de forma nada ortodoxa, contemplando as necessidades do momento em que se aproximam e definem seus objetivos de vida. Os dois intérpretes ganharam juntos a Palma de melhor ator no Festival de Cannes : Daniel Auteil e Pascal Duquenne. Um trabalho exemplar do diretor belga Jaco Van Dermael, o mesmo do também excelente “O Homem de Duas Vidas”. Sessão Cult deste sábado, 21/08 às 16h, no Cine Libero Luxardo (Centur).

“As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant”( Die bitteren Tränen der Petra von Kant/Alemanha,1972) é a versão da peça teatral escrita por Rainer Werner Fassbinder com roteiro e direção dele próprio. Trata de uma mulher profissional da moda que vive bem com sua secretária Marlene, mas que se apaixona pela novata Karin desejosa de ser modelo. O triangulo amoroso é tratado em falas que traduzem dramas íntimos de forma direta. O filme teve a mesma repercussão de sucesso da peça teatral. Em Belém o filme foi exibido pelo então Cine Clube da APCC, no Grêmio Literário Português, na segunda metade dos anos 1970._A exibição atual será nesta 2ª feira, às 19 h, no Cine Clube AGM (IAP/Nazaré ao lado da Basílica).

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O OITAVO DIA






“O Homem de 2 Vidas” (Toto Le Hero/Belgica, 1991) do cineasta Jaco Van Dormael é admirável pela forma como trata uma falsa biografia a partir da idéia de que um homem teria sido trocado, ao nascer, por outro que seria futuramente seu vizinho. As duas vidas seriam, portanto, a que ele vivia e a que o vizinho vivia, o que ele achava uma usurpação.

Em “O Oitavo Dia”(L’Huitiéme Jour/Belgica, França,1996) Dormael retorna a muitos detalhes de seu trabalho anterior. Aqui não é um insatisfeito que culpa seus dissabores pelo que acha melhor no possível herdeiro de sua identidade. Sua nova versão de avaliar a condição humana é de apresentar um jovem com a Sindrome de Down que é internado num hospital especializado desde a morte da mãe e que supõe que esta ainda vive sendo, o seu objetivo maior, voltar para casa (ele conversa em sonhos com ela). Quando ele resolve fugir desse lugar, e no caminho é atropelado por um executivo que atravessa uma crise familiar, o fato gera uma grande amizade entre os dois. George (Pascal Duquene) e Harry (Daniel Auteil) passam a gerar emoções em quem os acompanha numa viagem de reencontro. O doente a se achar sem a mãe visto que a irmã não o quer em casa, enquanto o executivo espera recuperar seu posto de marido e pai, visto que sua esposa quer deixá-lo pela incompatibilidade dele entre o trabalho e a familia (certo dia ele se esquecera de ir buscar as duas filhas numa estação ferroviária).

George é a forma da ingenuidade, um meio de Dormael analisar uma pessoa com disturbio genético ou síndrome de Down (pela presença de um cromossomo 21 parcial) como um ser humano que pode ser alegre e independente e, com isso, dispensar o olhar de compaixão dos outros. Há seqüências que incomodam os céticos, como as visões da mãe coladas à música de um intérprete latino. E há soluções fantasiosas como Harry/Auteil soltando foguetes no aniversário de uma das filhas para dizer que é um pai devotado (mesmo distraído). Essa busca do amor por caminhos simples, por artifícios musicais (não só da música latina), incomoda quem não aceita um misto de comédia e drama, mais ainda quando os gêneros saem de personagens potencialmente dramáticas. Mas, assim como Thomas (Thomas Godet), o menino “de duas vidas” que definia as viagens do pai como se ele desaparecesse por trás da porta (e ao som de uma canção francesa muito popular), os heróis de “L’Huitiéme Jour” perseguem a forma chapliniana de sorrir entre lágrimas. A mim o filme tocou sobremaneira e o final, quando George se define numa paráfrase bíblica dizendo que “no oitavo dia Deus fez o George e viu que era bom” expulsei qualquer senso critico. Dispensei a racionalidade em favor do sentimento considerando que este também produz a estética no cinema.
Conferir a obra de Chaplim para confirmar.

“O Oitavo Dia” ganhou em Cannes a palma destinada a melhor ator (dividida entre Pascal Duquene e Daniel Auteil). O filme foi candidato ao Globo de Ouro e a mais de dez prêmios internacionais e, apesar de tantas honras, não chegou a ser exibido nos cinemas de Belém (o poster esteve na sala do Cine Olimpia nos tempos de atividade comercial desse cinema). Quanto a Jaco Van Dormael realizou em 2009 um outro filme, de título “Mr Nobody”, mas, até agora não sei de distrubuição brasileira. Trata-se de um diretor-autor, até agora dono de um estilo fluente, sem desvios herméticos.

Mas a sua qualidade de mexer com elos dramáticos e sentimentais se contrapõe ao que é exigido pelo cânone em que vivem alguns adoradores do cinema moderno. Menos a quem não tem preconceitos e sabe discernir a beleza polimorfa dessa arte.
Para mim, um filme excelente. Sua exibição está prevista para este sábado, às 16 h, na Sessão Cult da ACCPA, no Cine Libero Luxardo (Centur).

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

MEU MALVADO FAVORITO

















O superlativo do vilão rende um herói de coração aberto que se aposenta das maldades para se dedicar a três meninas órfãs cujos dotes são apropriados para que ele construa planos que pretende aplicar em determinado momento. Com essa idéia, Ken Daurio e Cinco Paul, roteiristas contratados pela empresa Ilumination, aliada aos estudios da Universal Pictures, subsidiam os diretores Pierre Coffin e Chris Renaud da animação “Meu Malvado Favorito” (Despicable Me, EUA, 2010, 95 min.), a mais próxima do que a PIXAR vem realizando, ou seja, a animação que encanta crianças e motiva os adultos.

No enredo, Gru, o grandalhão malvado concebe o maior roubo do século: o do nosso satélite natural. Para roubar a lua ele tem pela frente o filho de um banqueiro, Vector, inventor ardiloso que entre muitas peraltices substituiu as pirâmides do Egito por moldes de plástico. Sem o financiamento bancário, Gru pretende invadir a fortaleza onde mora Vector e se apossar da tecnologia que este criou para diminuir os objetos, pois seu foco é a lua. Na espionagem que faz à fortaleza de Vector, percebe a facilidade com que as três orfãs vendendoras de bombons conseguem sensibilizar o garoto. Assim, Gru vai ao orfanato da cidade e adota as meninas que havia expulsado de sua casa tempos antes. Elas seriam as “iscas” para chegar ao concorrente e transformar o seu sonho maluco em realidade.
Gru é apresentado através de suas pequenas maldades, logo após ter noticias do novo inventor que supõe superá-lo em invenções malsãs. Assim, ora ele apresenta um brinquedo feito de um balão para estourar no rosto de uma criança, ora bate com o seu carro-jato em pobres motoristas que passam. Curioso é que este vilão lembra por sua fisionomia o inspetor de restaurantes que foi visto em “Ratatouille”, da PIXAR, Anton Ego. O que difere é o corpo mais gordo, típico de desenhos tidos como “de vanguarda” (como os da UPA), produzidos não só por norte-americanos, nos idos de 1950/60.

O que os realizadores objetivaram foi, a meu ver, conseguido: muitas situações realmente criadas para o envolvimento com o humor, uma critica diplomática aos poderosos das finanças, uma abordagem cômica das aventuras do tipo James Bond, e uma trama sentimental irresistível posto que mexe com crianças (mesmo as mais ingênuas a desafiar qualquer figura explorada pela Disney).

O filme ainda ganha um bônus: a edição em 3D. Os efeitos são ótimos e o espectador ganha mais motivo de diversão nos primeiros planos elaborados para o suspense.
É louvável, também, o fato de a animação explorar uma nota saudável à garotada. Os bons sentimentos, como o amor ao próximo, ganham pontos acima de ambições mirabolantes. O gigante Gru acaba “se derretendo” com as suas filhas adotivas e é emblemático o momento em que ele dá um beijo de boa noite em cada uma delas, tarefa que antes tinha sido cobrada pela garota menor e ele havia dispensado com a pose de grandalhão insensível.

As cópias brasileiras, todas dubladas, levam ao inconveniente desse tipo de técnica que é a perda de avaliar performances elogiadas de atores norte-americanos como Steve Carrel (Gru) e a veterana Julie Andrews que dubla a voz da mãe de Gru. Os nossos dubladores estão, contudo, à altura da competência dos originais, como se vê no sotaque russo (ou de algum outro país do leste, certamente) exibido por Gru e bem copiado pelo dublador nacional (o comediante Leandro Hassum; Vector é assumido pela voz de Marcius Melhem). O que fica com o espectador mais exigente é a curiosidade de ouvir os originais de astros de Hollywood nesses papeis dos tipos hilários do filme.

“Meu Malvado Favorito” foi para mim uma surpresa. Ao sair da sessão domingo me deparei com netas/o e filha, na fila e, com prazer, recomendei-lhes o que havia visto. O filme é muito interessante. E não quer ser mais do que isso, mesmo com os “recados” que alertei. É o tipo do programa que o norte-americano chama de “all family”. Vitória de mais um estúdio especifico a provar que o império Disney não é mais exclusivo do gênero.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

CAPITÃO ACHAB




















O nome Moby Dick é conhecido de todas as gerações. Muitos desconhecem, entretanto, que se trata de um romance do escritor norte americano Herman Meville, lançado em três fasciculos, em Londres/1851 e, depois, em NY, em edição integral.

Os que conhecem a obra e o filme homônimo de John Huston, de 1956, com Gregory Peck, perguntam se o que explora o diretor-roteirista Phillippe Ramos em seu “Capitão Achab”(Capitain Achab/França, 2007) é parte dessa fonte original (seja literária seja cinematográfica). Na verdade o argumento foi imaginado por Ramos. Ele concebeu uma estrutura psicológica que define o temperamento de Achab, ou Ahab, dando margem a que seja melhor avaliado o sentimento de vingança que o personagem carrega e transfere à caça do cachalote branco que lhe cortou uma perna.

O filme é dividido em 5 capítulos e cada um narrado por um personagem que participa da ação. A sequencia inicial mostra a morte da mãe do bebê Achab, sua dependência de um pai alcoólatra e violento, o aprendizado de criança sozinha (o pai o deixava na cabana onde moravam e saia para a caça, negando-se a levar o filho). Em seguida, o menino é levado a morar com uma tia, visto que o pai fora assassinado. Na nova familia, deve seguir as regras impostas pelo marido da tia sempre próximo ao tratamento violênto que moldou o seu caráter. Nessa fase, ao fugir de casa, é atacado por marginal procurado pela policia e, muito ferido, é colocado num barco à deriva. Encalha em um local isolado sendo socorrido por um padre que o abriga. Mas apesar dos cuidados deste, Achab não se deixa domar. Foge e se engaja na Marinha com predominio da pesca baleeira. É nessa profissão que, anos mais tarde, encontra a baleia branca temida por todos os que singram os mares. Perdendo uma perna na caçada, ganha outro socorro na casa de uma viúva. Mas nem mutilado e amado ele perde o impeto do mar. Com uma prótese do osso de um animal marinho, volta à caça da baleia que o mutilou. O último episódio é contado por Starbuck, um amigo nauta sobrevivente da fúria do animal que destrói o barco Pequod. Achab lanceta de morte a baleia, lançando-se no mar.

Há diferenças do original literário para as versões do cinema. O filme de John Huston enfoca diretamente a última caça à baleia. Em “Capitão Achab” é dimensionado um tipo e uma atitude indo às raízes disso. Naturalmente a escolha é mais difícil. Como a produção usa recursos limitados é a fórmula. Não há efeitos especiais modernos nem cenas de multidões. Nem mesmo um barco como Huston usou alocando o que a Disney construira para “20 Mil Léguas Submarinas”. Dessa forma, o jovem diretor francês, um apaixonado pela história de Melville (filmou 5 anos antes outra versão), opta pela introspecção. Detalha comportamentos, usa o manancial filosófico de Melville na estrutura do tipo principal, mostra como crianças maltratadas podem se tornar violentas, como o sentimento de vingança se sobrepõe até mesmo a um amor encontrado numa fase já madura da vida.

A iluminação, a cargo de Laurent Desmet e a direção de arte de Bruno Dumont, Rebeca Villareal, Erika Von Weissenberg e Tomas Westerlund,,conseguem criar o clima claustrofóbico que dá o tom necessário à gênese do personagem. Sendo ele próprio um editor (aqui auxiliado por Emmanuel Manzano), Ramos usa seqüências longas de planos fixos, algumas de plano-sequência, e prefere planos médios a closes, aproximando-se dessa forma à estética de cineastas alemães como Fassbinder ou a conterrâneos seus como Godard. Com isso, a idéia de um solitário vingador é esboçada até mesmo com poucas falas. Também ajudam atores como Virgil Leclair (Achab Criança), Jean-François Stevenin (o pai) e a máscara pétrea de Denis Lavant (Achab adulto).

Há momentos excelentes como a síntese da morte da mãe, abrindo o filme com um travelling sobre o corpo nu da mulher morta. Há cenas desnecessárias como o último plano do tipo sob uma arvore, após a seqüência de sua morte, forçando a narrativa poética. Também soa no mínimo estranha a inclusão de um filme antigo em preto e branco de caça à baleia para chegar ao embate com Moby Dick. O assunto podia ser sugerido, acompanhando a métrica que vinha sendo usada. Mesmo porque o filme foge do espetacular. Moby Dick é mais do que um animal: é um pesadelo ou a síntese do drama de Achab. Um filme de exceção a ser visto por quem estuda cinema.

CC PEDRO VERIANO e ABDeC-Pa: O CINEMA BRASILEIRO EM FOCO










Nesta terça-feira, 17 de agosto, o Ponto de Exibição da ABDeC-Pa, Cineclube Pedro Veriano exibe filmes da Programadora Brasil que retratam momentos do cinema no Brasil. Dentre eles, está a re-exibição do documentário "Que filme tu vai fazer?", produzido em 1992, com depoimentos de realizadores paraenses.

"Que filme tu vai fazer?" de Denoy de Oliveira registra um momento de perplexidade e resistência. Quando o governo Fernando Collor de Mello fecha a Embrafilme e outros órgãos de regulamentação do cinema brasileiro, o diretor começa a entrevistar cineastas de norte a sul do país. Dessa prospecção resulta um inventário de projetos, sonhos, frustrações e esperança, antes da “retomada” da produção audiovisual a partir de meados dos anos 1990.

Já Kátia Maciel, no documentário "A fila", registra a absurda burocracia a que foram submetidos os cineastas brasileiros no início da “retomada”. O trio Henrique Silveira, Luciana Tanure e Marília Rocha, no curta-metragem "Duralex, sedlex", documenta as rememorações de Zé Japonês, técnico mineiro em conserto e manutenção de equipamentos cinematográficos. E, na ficção "A hora vagabunda", Rafael Conde lança seu olhar sobre as inquietações de uma juventude que aspira ao cinema ao mesmo tempo em que é marginalizada por ele.

Programação

HISTÓRIAS DO CINEMA BRASILEIRO:

A fila ( Katia Maciel, RJ, 1993), A hora vagabunda ( Rafael Conde , MG, 1998) Duralex, sedlex ( Henrique Silveira, Luciana Tanure e Marília Rocha, MG, 2001 ) Que filme tu vai fazer? ( Denoy de Oliveira, SP, 1992).

Sobre o CCPV

O Ponto de Exibição Cineclube Pedro Veriano, é uma parceria entre a ABDeC-Pa e a Fundação Curro Velho, através do projeto do Governo Federal Cine Mais Cultura.
Atualmente as exibições do CCPV são realizadas todas as terças-feiras, sempre às 18h30 no auditório da Casa da Linguagem em Belém, no entanto ainda neste semestre a sede da Fundação Curro Velho, no bairro do Telégrafo, contará com exibições do Cineclube.

Serviço
História do Cinema Brasileiro, nesta terça, 17/08/10, às 18h30 no Ponto de Exibição - Cineclube Pedro Veriano - Casa da Linguagem, que fica na Avenida Nazaré s/n. Entrada franca.


Dani Franco - Jornalista DRT-Pa 1749
Diretoria ABDeC-Pa
(91) 8167 5745 / 8889 3639
www.abdecpara.blogspot.com
msn: danifrancoeu@hotmail.com

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

SUA MAJESTADE, A PORCA




















O cineasta francês Jean-Jacques Annaud dedicou o seu filme “Quando a Porca Torce o Rabo”(Sa Majesté MInor/Espanha/França, 2007, 80 min.) ao roteirista Gerard Brach, responsável pelos roteiros de filmes bem sucedidos, especialmente os que foram dirigidos por este diretor como “O Nome da Rosa” e “A Guerra do Fogo”. O próprio Annaud confessou não ter gostado deste roteiro. E o filme não foi bem nas bilheterias internacionais sendo guinado ao DVD em países com o nosso.

O tema é insólito. Numa época distante, séculos antes de Cristo, numa ilha do Mar Egeu “quando era difícil distinguir animais irracionais dos homens”(sic), um rapaz de uma tribo, Minor (José Garcia) criado com os porcos, que só sabia grunhir sem poder dizer uma só palavra e namorando uma porca, é alvo de preconceito e violência dos habitantes do lugar que certa vez o amarram no campo feito espantalho. Mas um acidente que o faz morrer e retornar dos mortos o torna esperto. Dentre as muitas aventuras encontra um fauno que o sodomiza, um centauro, ninfas, e chega a fazer sexo com uma jovem que usa máscara. Nesse meio tempo, a filha do chefe da tribo está para casar-se com um poeta. Mas ela deseja o “porco”. E outro acidente, como uma pomba considerada sagrada fazer ninho na cabeleira de Minor, leva-o ao posto de rei local. Nessa qualidade ele quer a jovem noiva do poeta. Mas as coisas se complicam e no fim da história o “porco” está na floresta vivendo com Sátiro, o fauno, e as belas ninfas.

A comédia que engloba elementos da mitologia grega e detalhes do que Brach escreveu para Annaud em “A Guerra do Fogo” pode parecer exagerada, forçando a sátira ao que se aprende na escola sobre a infância do gênero humano. Mas é por isso mesmo que o filme se evidencia. O roteirista elaborou uma espécie de parodia do seu “Guerra do Fogo”. Ou uma seqüência divertida uma vez que aquele filme terminava com os primeiros lampejos de Inteligência da espécie.

Há o que rir neste exemplar de Annaud/Brach e alguns intérpretes, como Jose Garcia e Vincent Cassel estão hilários. Há um esforço da direção em dar corpo a um enredo absurdo, uma glosa que mexe com a própria Teoria da Evolução das Espécies. Pode não ter saído um trabalho do gosto do roteirista, falecido seis dias após o lançamento do filme, mas não deixa de ser um exemplar original de comédia burlesca, uma brincadeira com os primórdios da civilização (e não é à toa a licença grega).

“Mary e Max-Uma Amizade Diferente”(Mary Et Max/ Belgica, 2009) é uma espécie de “Nunca te Vi, Sempre te Amei” (aquele filme em que Anne Bancroft se comunica anos a fio com Anthony Hopkins, ele bibliotecário em Londres, ela uma leitora compulsiva nos EUA), em animação stop-motion. E da mesma forma, com um final dramático. A pequena e tímida Mary corresponde-se com o aposentado Max, ela na Europa ele nos EUA, trocando lembranças e confessando pensamentos até que ela, adulta e depois de um casamento frustrado, decide conhecê-lo viajando para a America. Mas já é tarde para isso.

O filme de Adam Elliot é um poema comovente. Os bonecos têm traços diversos dos que se conhece, o “background” é grotesco, mas a capa de irrealidade ajuda na trama que evoca um amor platônico. Foi uma das animações candidatas ao Oscar da categoria, perdendo, e neste caso sem reclamos, para “Up”, a obra-prima dos estúdios PIXAR.

Os amantes dos antigos filmes dos estúdios Metro-Goldwing-Mayer não devem festejar a revisão de “Agora sou Tua”(To Please a Lady/1950) de Clarence Brown, com Clark Gable e Barbara Stanwyck. Romance bobo entre um campeão de corridas e uma jornalista de “fofocas”. Nada do cineasta de clássicos como a versão de “Ana Karenina” com Greta Garbo. Aliás, alguns filmes norte-americanos do gênero romântico que circulam em cópias DVD têm mostrado a fragilidade de temas e realização, sejam antigos ou novos. Fraquíssimos mesmo.

DVDS MAIS LOCADOS (FOXVIDEO)
1. Chico Xavier - O Filme
2. Zona Verde
3. Ilha do Medo
4. Um Sonho Possível
5. Meu Namorado é uma Super Estrela
6. Alice No País das Maravilhas
7. Entre Irmãos
8. Casa Comigo?
9. Missão Quase Impossível
10. A Estrada

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

ACHAB E PARNASSUS





Nas salas comerciais da cidade estréiam: “O Aprendiz de Feiticeiro” e “Os Mercenários”. Nas salas especiais teremos: “Capitão Achab” (Olympia), “O Mundo Fantástico do Dr Parnassus”(Cine Estação), e, nos horários da ACCPA, a volta de “Música e Fantasia”(amanhã na Sessão Cult) do Cine Libero Luxardo. Neste cinema, por sinal, continua até domingo em horário normal (19h30) o vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro, a produção argentina ”O Segredo de Seus Olhos”.

“Aprendiz de Feiticeiro” (The Sorcer’s Aprendice /EUA, 2010) é uma produção de Jerry Bruckheimer para os estúdios da Disney, com direção de Jon Turteltaub. O roteiro de Doug Miro, Carlo Bernard e Matt Lopez trata dos mitos ingleses, focalizando a luta do mago Merlin contra Morgana, personagens importantes da saga do rei Arthr. Merlin consegue prender a inimiga num vaso, junto com um comparsa. A relíquia fica protegida pelo feiticeiro Balthazar Blake (Nicolas Cage) e nos dias atuais é quebrada acidentalmente por um garoto que visita a loja de antiguidades mantida pelo tal feiticeiro em Nova York. Começa, então, uma batalha moderna contra gênios do mal.
Como se pode observar pelo resumo do argumento, o filme segue a linha (ou a “mina”) das fantasias que pedem muitos efeitos digitais e são endereçadas, primordialmente, ao público infantil.

Nicolas Cage é um dos produtores. Mas o filme não fez o sucesso esperado nas bilheterias norte-americanas. Certamente o público já está cansando da exploração desenfreada de lendas medievais ou mais atrás no tempo. Tudo sem o necessário humor para se ver com agrado nos tempos modernos.

“Mercenários” (THe Expendables/EUA<2010) é o filme que Sylvester Stallone protagonizou com seqüências no Brasil, especificamente no Rio de Janeiro. Um nação hipotética chamada Vilena abriga um ditador sanguinário a quem Barney (Stallone) e amigos são convocados para enfrentar,auxiliados pela cidadã Sandra (Giselle Itié) moradora do lugar.
Intérpretes de filmes do gênero como Dolph Lundgren e Jet Li estão no elenco. Todos lembram o que Stallone (que dirige, produz e co-escreve o filme) disse sobre as filmagens no nosso país (“eles riem e agradecem a matança com macaquinhos”). Depois se desculpou do “gracejo”. Sei lá, mas em nome do bom gosto e do brio nacional o bom seria ignorar este lançamento.

“Capitão Achab” (Captain Achab/França 2007) inspira-se no clássico literário de Herman Meville “Moby Dick”, filmado em 1956 por John Huston com o elenco encabeçado por Gregory Peck e Orson Welles. Nesta nova versão, o jovem cineasta Philippe Ramos focaliza Achab (ou Ahab) na infância, apresentando o famoso caçador de baleias como um garoto religioso, tímido, mas capaz de se dedicar à navegação, conseguindo enfrentar a baleia branca Moby Dick.

O filme é dividido em três episódios, o primeiro abordando o menino criado em Massachusetts que perde a mãe, o pai é alcoólatra, passa a morar com um tio. Nos outros episódios ele segue o seu destino de homem do mar, fazendo analogia do ventre da baleia com o útero materno. Uma experiência cinematográfica aclamada pelos críticos, especialmente os franceses.
A exibição está no Olympia, todos os dias, às 18,30 (exceto 2ª.feira). Imperdível.

“O Fantástico Dr. Parnassus” (The Imaginarium of Dr Parnassus/Ingl/EUA,França e Canadá, 2007) é o novo filme do ex-Monty Phyton Terry Gilliam, tratando de um mágico que fez pacto com o diabo para ganhar a vida eterna em troca da filha de 16 anos. A aventura da jovem com um homem que a trupe do mágico salva da forca é a base de uma festa visual. No período em que realizava esse filme faleceu o ator Heath Ledger que era um dos intérpretes. Dois colegas foram chamados para desempenhar as cenas de seu personagem: Johnny Depp e Jude Law.
O filme estará em exibição no Cine Estação no dia 18/08 às 18 h e 20h30 e no domingo, 15, em bem-vinda matinal às 10 h.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O MUNDO IMAGINÁRIO DO DR.PARNASSUS




Integrante do grupo de comediantes ingleses Monty Phyton e como diretor de cinema, Terry Gilliam logo demonstrou inclinação pelo estilo fantástico, pelas imagens elaboradas de espaços fictícios. Dele são as obras bastante elogiadas como “Brazil”, “Os 12 Macacos”, “O Pescador de Ilusões” e “As Aventuras do Barão Muchausen”. Agora Gilliam chega com “O Mundo Imaginário do dr.Parnassus”(The Imaginarium of Dr Parnassus/EUA, 2009), ficção enfocando uma trupe comandada por um mágico (o Parnassus do titulo), que vaga pelas cidades (não importa de que país anglo-saxão), seduzindo espectadores com seus truques mirabolantes.

Parnassus(Christopher Plummer), beberrão inveterado, fez um pacto com o diabo há alguns anos. Segundo este pacto, ele teria a vida eterna, mas daria o seu filho ou filha ao demônio (Tom Waits) quando ele ou ela atingisse 16 anos. É esta a idade de Valentina (Lily Cole), a sua linda filha única. Naturalmente o item do contrato é contestado e Parnassus reluta em entregar a sua garota ao demo. Nesse ínterim a trupe abriga Tony (Heath Ledger), um enforcado que ao escapar da corda passa a sofrer de amnésia. O romance entre Tony e Valentina e as manhas do diabo são entrecortadas com os números de mágica apresentados e as aventuras em que se mete Tony.

O que mais se evidencia aos olhos do espectador ao assistir o filme é a fotografia de Nicola Porini e a direção de arte de Anastasia Masaro. É um deslumbramento a sucessão de imagens oníricas onde uma forma que privilegia o fantástico consegue até mesmo que Gilliam resolva um grande problema acontecido durante as filmagens. Explico: o filme estava em sua fase inicial quando faleceu Heath Ledger, o premiado ator que personificou o Coringa de “Batman, O Cavaleiro das Trevas”. Desta vez um diretor não seguiu a lição de um colega (Ridley Scott) que incluiu planos com cenas representadas pelo falecido Oliver Reed durante as filmagens em “Gladiador”. Faltava muito para que Ledger concluísse seu tempo de desempenho no filme e o melhor foi substituí-lo por dois outros intérpretes: Johnny Depp e Jude Law. O espectador não sente as mudanças nem tanto pelas fisionomias, mas pela posição surrealista em que se coloca o personagem, aqui e ali em momentos que pedem comportamentos dispares.

O problema do filme é que o roteiro (de Gilliam e Charles McKewon) é fragmentado e não por culpa dos tropeços de filmagem. Havia pouca trama e muita fantasia a explorar e essa situação deu ao cineasta uma preocupação preponderantemente pictórica. Pode-se dizer que “...Dr Parnassus” é, em síntese, uma das magias do principal intérprete. E essas magias tendem ao surreal, valem por si e não carecem de explicações.

Apesar da pretensão de deslumbramento, o filme aposta na estrutura fabulista e, nesse ponto, lembramo-nos dos recursos que o diretor aplicou para explorar a vida dos irmãos Grimm(“The Brothers Grimm/2005). O melhor, portanto, é absorver o trabalho de Gilliam como um dos contos dos irmãos alemães que deram ao mundo muitas histórias de fadas, ainda hoje contados para as crianças, como Branca de Neve e Cinderella. Nesse ponto, a visão do velho Parnassus procede em cinema como uma síntese da força imaginativa dos autores clássicos de contos de fadas. O filme caberia, portanto, numa seqüência do trabalho de quatro anos atrás. Pena é que as situações surjam embaralhadas e, com isso, o resultado afaste o público infantil. Mas quem conhece os trabalhos de Terry Gilliam para o cinema não vai se decepcionar. O filme é bem afinado com o seu estilo, até na fração de humor herdada do grupo Phyton. Um programa interessante e divertido.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

CURSO DE PRODUÇÃO DE PROJETOS AUDIOVISUAIS




A Caiana Filmes está com as inscrições abertas ao público para o curso Elaboração e Produção de Projetos Audiovisuais, destinando-se a apresentar as técnicas de formatação de projetos de cinema e Vídeo, tanto para captação de recursos como para concursos abertos em todo o país. A intenção é possibilitar que os alunos preparem os seus próprios projetos durante o curso. A cada aula serão ministrados conteúdos sobre os tópicos que compõe um projeto, permitindo que os alunos apliquem as informações em seus próprios projetos. Estes serão analisados pelo professor e pelos demais alunos aula a aula. As orientações do professor baseiam-se nas experiências práticas de sua produtora Caiana Filmes que já formatou, captou e realizou projetos audiovisuais vencedores de editais dentro e fora do Estado do Pará como DOCTV, Petrobras, Minc, Prêmio Estimulo, alem das aprovações em lei de incentivo.

Público Alvo

Artistas, produtores, estudantes de artes e produção cultural, interessados em ingressar no mercado de audiovisual através de um projeto, pesquisadores e demais interessados na área audiovisual.

Quem é João Inácio

É cineasta e já trabalha há onze anos na produção e exibição de cinema. Desenvolveu durante sete anos o projeto Cinema BR em Movimento no Estado do Pará, trabalhando a distribuição alternativa de filmes e a inserção da linguagem cinematográfica na grade curricular de escolas públicas.

Endereço para contato

CAIANA FILMES
Fone: 33434252 / 33434254
Tv. Diogo Moia 986 - entre 14 de Março e Alcindo Cacela
O curso terá aulas de 14 de agosto à 11 de setembro de 2010 sempre aos Sábados
Horário:16h às 19h
Investimento: R$100,00

FILME & MEMÓRIA




O roteiro de Christopher Nolan para “A Origem”(Inception/EUA, 2010) é como um quebra-cabeça ironicamente “dentro de cabeças”. A idéia básica é uma invasão nos sonhos das pessoas, roubando idéias que essas pessoas projetam ao dormir. E vai mais adiante: o ladrão (bom desempenho de Leonardo di Caprio), aceita outra tarefa de um negociador à altura do interesse do “assaltante” para roubar mentes: ao invés de furtar segredos do inconsciente ele deverá colocar uma espécie de ordem numa cabeça, no caso, a de um herdeiro que pode se rebelar e não vender uma propriedade objetivada pelo patrocinador da operação.

Devassar a memória, ou os sonhos, é um papel abraçado pelo cinema de diversas formas e de diferentes enredos ao longo de sua história. Mas a implantação de uma mensagem na mente de alguém é um trabalho menos evidente (pode ser até original). Há filme que já evidenciaram isso. No momento, lembro “Quando Fala o Coração”(Spellbound, EUA, 1945) de Alfred Hitchcock, em que o ator Gregory Peck personificava um psiquiatra a ser “analisado”. No célebre “Um Cão Andaluz”(Um Chien Andalouz, 1929) e também em “A Idade do Ouro”(L’Age D’Or, 1930), a imagem de um sonho era dirigida por Luis Buñuel e seu parceiro Salvador Dali (que afirmou até a morte ser integralmente dele o filme). Mas neste caso, o reflexo projeta outras análises que não o do sintoma comercial do filme de Nolan.

Imagens retorcidas, desfocadas, embaralhadas, eram geralmente as usadas pelos cineastas que se aventuravam a retratar sonhos. Em um filme pouco lembrado, ”Ladrão de Sonhos” (La Cité des Enfants Perdus/1995) Jean Pierre Jeunet e Marc Caro presenciavam um vilão roubar sonhos de crianças. Neste caso não era preciso desfocar a imagem onírica. Mesmo porque era uma constante no processo narrativo. Mas, em “Freud, Além da Alma”(Freud/EUA,1962), de John Huston, as investigações do “pai da psicanálise” eram mostradas dentro da fórmula tradicional do desfoque, e note-se que isso não implicava forçosamente, numa amostragem surrealista (sob o ponto de vista estético). Era apenas um recurso para pontuar a ação.

O filme de Christopher Nolan também não se aventura em caminhar pelos velhos caminhos dos sonhos cinematográficos desfocados. Mesmo porque o modo de contar a historia já pontua o que é sonho e o que é realidade. Assim, ele mescla algumas seqüências à guisa de suspense. O caso do momento em que um carro está preste a cair de uma ponte com diversas personagens importantes e sabendo-se que essas personagens estão sonhando como se sabe que estão sendo acompanhadas por outros sonhadores e que devem acordar antes que se passem 20 minutos sob pena de ficarem no que chamam de “limbo”, um processo comatoso que as levariam a morte.
O que mais aproxima o espectador de “A Origem” é a intromissão das lembranças da esposa do principal personagem, uma suicida que deixou nele a culpa de ele ter sido o responsável pela sua morte. A imagem da mulher transforma-se numa constante quando o ladrão de sonhos trabalha em outras cabeças. Chega ate a se colocar de frente contra o marido, assumindo posições irrefletidas para quem está acompanhando a narrativa. Surpresa, no caso, é a solução que ele dá para esta perseguição. Se o exemplo fosse adotado os terapeutas mundiais ficariam sem trabalho.

É possível que certas pessoas saiam do cinema com perguntas sobre as múltiplas cenas de ação se intrometendo num enredo que diz respeito, especialmente, a sonhos roubados. Será que os sonhos, ou os pesadelos, evocam as perseguições de que foram vitimas, recentemente, Tom Cruise & Cameron Diaz ou Angelina Jolie? Uma coisa é certa, sem essas perseguições o filme não ganharia espaço nos nossos cinemas. Para o exibidor, o que pesa é a ação. Temas “cabeças” é coisa de “cinema de arte”, gênero esconjurado por quem trabalha essa arte como um tipo de comercio.

Alguns críticos têm expressado convicção de que “A Origem” integra-se aos “filmes de assalto”, tanto pelas seqüências de planejamento das ações de um golpe a ser perpetrado como pelas imprevisões do advento dos que pretendem evitar esse golpe. Na verdade, o espectador vai seguir essa lógica, menos a de estar acompanhando a odisséia de um “ladrão de idéias”, por suposto, visto que a narrativa conduz a isso.

É nesse diapasão que o filme leva a ser tratado como blockbuster, mais um, na origem da realização. Mas sempre interessante para que se possa tratar dele.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

A ORIGEM




Falar em cinema introspectivo leva à memória os filmes de Michelangelo Antonioni que exploram a incomunicabilidade do ser humano. Também leva a pensa em Ingmar Bergman e seus “gritos e sussurros” ou a exploração das “personas” de suas heroínas. Agora, Christopher Nolan, diretor de “Amnesia”(Memento) e “Insonia”(Insomnia), promovido pela indústria após dirigir “Batman, O Cavaleiro das Trevas”(The Dark Knight), abraça o tema com dedicação. Em “A Origem”(Inception), cartaz nacional, segue de perto o que mostrou nos dois primeiros filmes citados e estréia como roteirista solo. Em linhas gerais, o enredo trata de um tipo configurado como ladrão auxiliado por uma tecnologia avançada, que consegue penetrar nos sonhos das pessoas e, com isso, captar-lhes os segredos. Após várias missões do gênero ele se oferece para fazer o contrário: colocar uma idéia, ou memória, no subconsciente de um jovem herdeiro de um magnata que pode responder pelo destino de uma indústria de interesse múltiplo.

O grande problema do espião de sonhos é que ele guarda detalhes de sua vida pessoal que não consegue esquecer quando em trabalho. Desejoso de ver o casal de filhos, órfãos de mãe, ele quer acabar logo com a missão diferente a que se dedicou e ir ao encontro deles. Por isso, duas crianças invadem sua mente e principalmente a esposa, uma suicida.

A continuidade narrativa mostra que a mulher praticou o ato suicida devido à interferência do marido na sua mente, com isso maculando a sua auto-estima, ou personalidade. A imagem desta pessoa querida que reclama de si a responsabilidade por sua morte mescla-se aqui e ali às invasões oníricas do personagem. Tanto que esse tipo, por suposto, é a vilã da luta pela implantação da idéia na mente do herdeiro cobiçado.

Muita ação chega entre os espasmos de memória. É como se as pessoas(ou o analista) incorporassem as lembranças como peças de um vídeo-game. “Jogando” a vida como num pesadelo, muitos homens armados surgem atirando no objetivo (a pessoa analisada) e para acordar alguém é preciso de um “chute”, ou seja, um susto que interrompa o sonho. Este movimento é objetivado na violência (como quem bate em quem está dormindo para que acorde). Com um detalhe: se o tempo de despertar for retardado, quem morre no sonho pode morrer na realidade. Motivo para um suspense de filme de ação.

Não sei, sinceramente, se a idéia de Nolan é a ideal para se resolver em cinema. As seqüências de lutas são longas, barulhentas, dignas de qualquer blockbuster (daí a fácil comercialização do produto/filme). Não seria mais interessante sugerir esses confrontos ao invés de mostrá-los? Afinal, quem sonha constrói a sua realidade nesse período do sono. Mas Nolan tenta explicar com a presença de uma jovem arquiteta que se põe a “desenhar” o cenário do sonho objetivado. É como se você perdesse a privacidade até dormindo. E quem está sonhando está absorvendo uma violência alheia como o processo de roubo industrial que se verifica.

O filme não é de fácil assimilação embora não seja nenhum “Ano Passado em Mariembad”. Idas e vindas no interior da mente dos sonhadores é uma ousadia maior do que a que foi explorada em “Quero ser John Malkovich” onde a entrada de um intruso no cérebro de um ator era um ato”realista”. Aqui em “A Origem” pululam detalhes que arranham a psicologia. Há por exemplo, uma opção do “ladrão” em buscar um contratante seu antes que ele próprio possa sucumbir afogado numa cena irreal com liame real (demorando no sonho pode vir a morrer de fato). Esse espaço de tempo naturalmente não se mede de forma cronológica. Mas a arquiteta que se salva do afogamento onde vários tipos se arriscam diz, convicta, que o herói vai sobreviver.

Não é premonição, mas uma cronometragem que só ela, no caso, aposta em fazer. Como sabe se o rapaz vai acordar a tempo?
Leonardo di Caprio está muito bem e presente em quase todos os planos. A francesa que mereceu o Oscar por “Piaf”, Marianne Cotillard, é a suicida amada que resiste naturalmente na memória do marido. Mas é nesse viés a maior interrogação do filme: como ele pode esquecê-la desde que pede a ela que se afaste de seus sonhos? Seria bom se dosse possível abandonar idéias malsãs com uma simples ordem às próprias idéias. Esquecer não é tão fácil.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

CINEASTAS & GÊNEROS




Já referi, neste espaço, o interessante que foi deparar com um Alfred Hitchcock dirigindo comédia em “Um Casal do Barulho” (Mr and Mrs Smith/1942). Os/as leitores/as precisam ver o que Luis Buñuel fez em “A Morte Neste Jardim” (La Mort en ce Jardin/França, México, 1956), realizado um ano antes do polêmico “Nazarin”, marco da presença do cineasta no México.

Se Hithcock se mostrava obediente ao roteiro de Norman Krasna atendendo à sua amiga Carole Lombard a quem prometeu o filme, Luis Buñuel e seu roteirista Luis Alcoriza (de “Alucinado”/El) foram buscar na obra literária de José André Lacour uma trama que colocava um padre como herói de um grupo liderado por um ladrão de diamantes, perdido na selva sul-americana próxima à fronteira com o Brasil.

Contumaz em suas criticas aos religiosos e sempre admirador da escola surrealista, o cineasta espanhol de tantas obras-primas criou uma aventura que lembra o “Masculino e Feminino” de Cecil B. De Mille (até na inverossimilhança, com pessoas que se livram de obstáculos na mata virgem como turistas deslocados), com o sacerdote católico sacrificando-se para que os companheiros de aventura consigam escapar com vida de tantas situações perigosas. O filme foi realizado a cores, no México, e daí em diante o autor de “Viridiana” faria dezenas de obras (até a versão de “O Morro dos Ventos Uivantes” intitulado “Abismos de Passion”, no Brasil intitulado de “Escravos do Rancor”, criticada na época e hoje muito bem posicionada no olhar de certa ala da critica). O “viejo brujo” retornaria, em seguida à França onde assumiu a sua preferência pelo surrealismo em títulos memoráveis como “O Charme Discreto da Burguesia”.

“A Morte Neste Jardim” está circulando em DVD.
E em se tratando de cinema mexicano, quem não conheceu os dramalhões da indústria desse país nos anos 1950 deve assistir em DVD “Carcere de Mulheres” (Carcel des Mujeres/1951) de Miguel M. Delgado. O diretor notabilizou-se através dos filmes que realizou para o comediante Mario Moreno “Cantinflas”. Neste melodrama ele utiliza atrizes de fama como Sarita Montiel, Miroslava e Kathy Jurado e mostra duas prisioneiras ligadas ao mesmo crime: a morte de um homem que seria amante das duas. O artesanato lembra a telenovela dos primeiros anos do gênero, até mesmo pelos parcos recursos de produção. É apenas uma curiosidade a ser descoberta por quem estuda cinema sem preconceito.

E melodrama também é “O Medo Devora a Alma”(Angs Essen Beele Auf/Alemanha 1974) de Reiner Werner Fassbinder. Exibido pelo então Cine Clube APCC ainda nos anos 1970 como “Todos o Chamavam Ali” trata de um imigrante marroquino na Alemanha que se casa com uma viúva, conseguindo com isso ganhar amparo, mas, por outro lado, sente o peso da diferença cultural.

Fassbinder, um dos mais expressivos diretores do novo cinema alemão, admirava os filmes do conterrâneo Douglas Sirk realizados nos EUA. Por isso, sua produção de melodramas. Mas mantendo muita classe. O filme que agora está em cópia DVD, é um belo exemplo.

“Furia do Desejo”(Ruby Gentry/EUA, 1951) fez sucesso popular quando lançado no período. Dirigido e produzido por King Vidor, o grande diretor de “A Turba”, focaliza a história de uma ambiciosa garota do sul dos EUA na primeira metade do século XX. Ela, Ruby Gentry (Jennifer Jones), revolta-se quando o homem que ama casa-se com uma fazendeira. Essa revolta leva-a a aceitar o pedido de casamento de um latifundiário que poucos meses depois morre em um acidente no mar quando ambos se encontram em um passei. Herdando uma fortuna significativa e entrando na fofoca dos habitantes da região onde mora como assassina do marido, ela inicia uma operação de vingança que chega ao seu antigo amor.
Entre os atores, estão os veteranos já falecidos Charlton Heston e Karl Malden interpretando papeis importantes na historia.

REGISTRO

No dia de hoje, Pedro Veriano aniversaria. Com a simplicidade que sempre viveu em meio a tanto conhecimento não só sobre cinema, mas de outros temas como a medicina, a História, a science fiction entre outros, comtemplado com uma cultura geral e herdeiro de sua geração, o amigo e companheiro de vida há 54 anos merece nossos parabéns e em especial o abraço dos meus "sete" (como diria Joaquim Antunes de seus leitores). Como a festa da alegria pela vida.
Obrigada PV por ter nascido e por conviver com a gente para a melhoria do mundo.

DVDs MAIS LOCADOS (FOXVIDEO)

1. Chico Xavier - O Filme
2. Um Sonho Possível
3. Alice No País das Maravilhas
4. Ilha do Medo
5. Entre Irmãos
6. Meu Namorado é uma Super Estrela
7. Casa Comigo?
8. A Estrada
9. O Livro de Eli
10. Missão Quase Impossível

sábado, 7 de agosto de 2010

O SEGREDO DE SEUS OLHOS




Quando se pensava que o Oscar de filme estrangeiro ficasse este ano com o filme alemão “A Linha Branca” os argentinos surpreenderam com “O Segredo de Seus Olhos”(El Secreto de Sus Ojos/2009) de Juan José Campanella. Foi um feito mais inesperado do que o fiasco da seleção de futebol comandada com ufanismo por Maradona. Mas um filme de bom nível a ser descoberto internacionalmente. E mais: um ato de justiça a um cineasta que vem acertando há alguns anos como provam “O Mesmo Amor, A Mesma Chuva”(1999), “O Filho da Noiva”(2001) e “O Clube da Lua”(2004).

Reunindo a dupla de atores de “O Mesmo Amor...”, Ricardo Darin e Soledad Vllamil, o diretor-roteirista-editor, com base em um romance de Eduardo Sacheri, aborda o relacionamento de um oficial de justiça, hoje aposentado, com uma promotora. Ele decide escrever um romance contando um caso em que atuou, há 25 anos, quando a esposa de um bancário foi estuprada e assassinada. O fecho deste drama não o satisfez. Hoje a promotora está casada e com filhos adultos. A lembrança pede passagem no presente espelhando não só o caso relatado como o que sentia e sente o autor. E esse vai-e-vem no tempo é abordado por Campanella de forma delicada, sem forçar a narrativa com momentos cerebrais, sem afastar o público de uma linha dramática que o prenda no cinema.

A montagem e a maquilagem funcionam de forma que o tempo seja percebido sem macular um interesse pelo que se conta e o que sentem as personagens. Não é uma tarefa fácil, como não se usa de uma técnica à maneira do que Alain Resnais fez em seus primeiros longas (“Hiroshima Meu Amor” e “O Ano Passado em Mariembad”). Os tipos envelhecem e rejuvenescem de acordo com o período focalizado e este é o liame a seguir um enredo que em tese não apresenta novidade mas não deixa de fascinar.

“O Segredo de Seus Olhos” exibe cuidados estéticos como planos-sequência (o vôo de helicóptero até chegar a um estádio), desfoques (no inicio ao se acompanhar os passos de uma figura), uso de closes auxiliados por uma iluminação econômica, enfim, o que se use de linguagem cinematográfica para seguir duas histórias bem distantes no tempo, mas colocadas de forma simultânea.

Há muito bons filmes argentinos que não chegam ao nosso mercado. Mas vejo-os em canais da TV fechada. E em DVD.Há pouco assisti nesta mídia “A Janela” onde se focalizava um homem idoso a espera do filho que deve chegar de viagem e sabe de seus limites de vida. Podia adentrar pelo melodrama vulgar que afinal é uma tradição latina (é só lembrar produções mexicanas dos anos 1950). Também mereceu Oscar “A História Oficial”,focando a ditadura que reinou no país por volta da década de 1970.

São filmes bem narrados, com enredos fortes e de critica social e política. Nada de arroubos “geniais”que levam os realizadores a pensar primeiro nos festivais internacionais. Com isso não é tão espantoso, pelo menos para mim, o sucesso mundial do novo filme de Campanella. Sabe-se que esse cineasta emprestou seu conhecimento trabalhando bem em series de TV nos EUA, realizando episódios de “House”, “Law & Order SVU” e “Law & Order”. Séries de minha preferência.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

OPINIÃO ALHEIA: VAMPIROS HOJE
























A universitária Ana Carolina Branco, do Curso de Designer de Produto/IESAM, que tem o cinema de animação japonês como seu hobby de estudos, saiu um momento dessa liturgia para dar sua opinião sobre um texto que eu escrevi dos filmes de vampiros. Abaixo fiz complemento essa opinião da Carolina. (LMA)

VAMPIROS HOJE

Estórias vampirescas, antes o tema perfeito para um conto de terror, durante muitos anos foi motivo de noites mal-dormidas para qualquer criança, atualmente se encontram no passado.

O que se observa, nos dias de hoje, seja em filmes, livros, ou mesmo nos próprios quadrinhos, é a busca pelo novo, por estórias que chamem a atenção de um grande público. Posso não ser uma doutora no assunto, mas vejo como muitas dessas obras que surgem resultarem buscas às lendas ou fatos famosos do passado, alguns ligados á cultura do seu próprio país, outros ligados a uma cultura já globalizada.

Então o que faz com que a nossa juventude se interesse por filmes como “Eclipse”? Se eu respondesse a essa questão diria que o fato da globalização ser algo tão próximo a nós acaba fazendo com que aos poucos adotemos a cultura de outro país como a nossa própria, não esquecendo também de que se tornou costume a quebra de antigos tabus, como a de bruxas e fantasmas. Aqueles que há anos eram vistos como os malvados, os "anticristos", agora ganham novas personalidades, são humanizados, passam a viver romances e, com seus poderes, tornam-se os heróis das próximas estórias. Para finalizar, a escolha do elenco é a parte primordial, afinal a aparência é essencial na venda dos produtos...(Carolina Álvares Branco)

NOVOS VALORES

O texto de uma universitária de 19 anos reflete uma opinião interessante sobre um tema que ganha espaço nos comentários atuais sobre cinema fantástico. Ela vê, sob o ponto de vista cultural, a nova onda de “vampirismo”. Procede a idéia de que a globalização faz com que as espectadoras de hoje aplaudam como tietes as personagens criadas pela escritora norte-americana Stephanie Mayer. Mas no bojo disso há um parâmetro psicológico que se mescla à questão cultural – ou a homogeneização do tema.

Alguns estudiosos do assunto acreditam que a juventude de hoje ganha com esse tipo de história (na literatura e no cinema) a chance de expandir a sua predileção pelo romântico, uma tendência natural hoje controlada pela moda, pela ojeriza ao que rotula de “quadrado”, ou “old fashion”. Essas pessoas não querem ver os melodramas antigos até porque são “antigos”. Mas se antes os galãs eram príncipes, cavalheiros ou mesmo plebeus bem apessoados que sabiam conjugar o verbo amar, hoje eles são herdeiros de lendas que viam os personagens como monstros. Um Drácula como concebeu Bram Stoker e no cinema ganhou a imagem de Bela Lugosi serve de referência negativa (mas ainda assim referência), ao tipo do vampiro estudante (como um seu colega se equipara da mesma forma ao lobisomem de Lon Chaney). Afinal, a Fera ganhou o coração da Bela. E, além disso, há dois fatores a considerar: a proposta do amor imortal e “proibido”. Como se Romeu e Julieta não se encontrassem além da vida, mas na própria vida. O coração fala mais alto e se Fera se transforma em Adônis o que dela fica é a frase de Jean Cocteau:”-Pobre de nós, as feras, que só sabemos sofrer e morrer”.Seria como não apenas se apiedar mas amar o que pode ser feio para uns mas belo para outros.

Nessa “onda” vampira o que se reflete para os/as jovens, portanto, é muito mais o lado romântico e a “quebra” com os tipos tabus de tempos pretéritos estilhaçando o veredicto de outros anti-valores como o “feio” refletido no “monstro”, o “belo” configurado em imagens que nem sempre se delineiam na concepção estética reconhecida. Essa amalgama é que faz dos/as jovens de hoje os verdadeiros responsáveis por tudo de novo que possa mudar o preconceito social (LMA).

terça-feira, 3 de agosto de 2010

SALT




Lançado na semana passada em Belém,“Encontro Explosivo”(Knight and Day, EUA, 2010) mostrou a exacerbação do chamado “action-movie”, com as cenas de ação tomando conta de 80% da narrativa. A proposta seria agrupada numa forma surrealista de exibir o que interessa aos produtores: a perseguição permanente e fugindo de toda lógica, do casal de heróis por elementos ligados ao Estado ou de inimigos do Estado. Agora com “Salt”(EUA, 2010, 100 min.) a idéia praticamente se repete. Soma-se apenas uma diferença: a base da perseguição adentra pelos meandros da espionagem internacional, com a protagonista e provável “heroína” sendo questionada se é espiã norte-americana, fazendo jus ao emprego na CIA, ou russa, assumindo a qualidade de contra-espiã.

A trama questiona a posição de Eve Salt (Angelina Jolie) até o final do filme. Logo no inicio as imagens apresentam-na sendo torturada e depois libertada pelos oficiais da Coréia do Norte. Como consegue a liberdade, depois de conhecida como espiã americana, não se explica. Há menção, do responsável por fazer a troca e ir buscá-la no cárcere da nação comunista, o seu chefe imediato,Ted Winter (Liev Schreiber) de que a liberdade deveu-se a insistência de um jovem e ele aponta para uma pessoa que está esperando-a no carro. Subseqüente, a personagem é focalizada em casa, com o marido (justamente o jovem do carro), um cientista que estuda tipos de aranha, sendo também focada no trabalho com o mesmo agente que antes a libertara da prisão coreana. É nesse momento que os dois são chamados para avaliar o que diz um espião russo capturado pela inteligência. Salt interroga-o por dominar bem seu idioma. Mas é gravada a revelação, feita pelo prisioneiro, de que a moça é uma espiã russa. E ao invés de se explicar para os seus superiores ela parte em fuga, atrás do marido (eles comemorariam nesse dia aniversário de casamento). Daí em diante não há o que contar. Seqüências bem montadas com o auxilio de efeitos digitais mostram Salt entre correrias, desastres de carro (como de praxe em filmes do gênero), pulos de grandes alturas sem se machucar, enfim, peripécias dignas de super-heróis de gibi. Tudo até se ver o encontro dela com os chefões da espionagem russa que pretendem produzir um ataque nuclear à Casa Branca.

O espectador fica sempre indagando quem é, realmente, Eve Salt. Entre demonstrações de fidelidade aos lados opostos de briga ela vai se saindo bem até mesmo quando vê o marido ser friamente assassinado pelos russos. Este seria o teste de fidelidade da agente. Mas seria o bastante ou ela havia sido treinada para enfrentar até mesmo grandes traumas emocionais?

Não se pede muita lógica na ação e menos no enredo. O filme é mais um novo “encontro explosivo”, apenas com um fio de meada mais sedutor e o empenho de Angelina Jolie num papel que lembra a sua atuação em “Lara Croft, Tomb Rider”, exemplar do gênero com base em um videogame.

Angelina pode ficar de fora de muitas seqüências perigosas, deixando dublês e CGI fazerem por ela. Mas como está em quase todos os planos chega a criar a dúvida no espectador com a capacidade física apresentada. E a maquilagem, ajuda muito fazendo parecer cansada a personagem que desafia qualquer mortal.

Aliás, interessante nos dias atuais a escolha de mulheres para esse tipo de aventura no cinema e, Angelina Joli tem sido sempre predestinada a essas grandes aventuras. Não se pode dizer que somente agora os produtores descobriram a figura feminina para incluí-la nesse meio da fantasia da ação. Se fizermos um retrospecto na História vamos encontrar, nos quadrinhos e nos filmes, Mary Marvel, Narda (parceira do Mandrake), Diana (Fantasma) Lois Lane (Super-Homem) que sendo namoradas àquela altura vivenciaram aventuras com seus pares. Mas hoje o sistema é outro. As mulheres impuseram sua forma de ser lutadoras e o cinema tem achado que isso serve para mostrá-las nas ficções como heróicas na política do mando. É bom para a imagem feminina? Até certo ponto é reconhecimento desse gênero na parceria em todas as formas de convivência humana. Mas geralmente a fantasia detona o que pode ser verdadeiro em outras lógicas.

Sobre “Salt”, um critico norte-americano disse em outras palavras que é “o melhor de um filme ruim”. Pode ser. Quem busca um tipo de cinema mais denso, mais responsável, mais preocupado com o que deseja expressar (e o que vale a pena ser expresso) pode passar ao largo. Mas é difícil despegar os olhos da tela nas pouco mais de hora e meia de correrias. Um programa divertido, com todos os lugares-comuns disponíveis, e uma pseudo crítica a certos valores, até mesmo à qualidade de herói (ou heroína).

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Cinema Noir em Noite de Estudos


Noite de Estudos de Cinema abre o ciclo de estudos sobre Cinema Noir


Promovido pela Caiana Filmes e idealizado por Marco Antonio Moreira- ACCPA, a Noite de Estudos de Cinema tem mais uma sessão dia 06/08 às 19h com o filme "O Falcão Maltês" de John Huston. A sessão será seguida de debate com Marco Antonio que abordará característica do filme e do gênero a qual ele pertence, como parte da primeira turma de estudos de cinema Noir.ENTRADA FRANCA

Considerado com o primeiro filme noir, O Falcão Maltês é dos raros filmes que consegue apoiar toda a trama nos diálogos. Roteirizado por John Huston, baseado no livro de Dashiell Hammett, e levado aos cinemas pela terceira vez, a película é obrigatória aos fãs do gênero noir.

Com protagonista cínicos e damas dúbias O gênero Noir, traz em sua trama repleta de intrigas e traições, surgiu ainda nos anos 20, nos livros do ex-detetive Dashiell Hammett, com uma narrativa muito pertinente a linguagem cinematográfica, mas somente em 1941 que Hollywood forjou seu primeiro filme autênticamente noir: O Falcão Maltês, também conhecido no Brasil como Relíquia Macabra, de feliz estréia na direção do John Huston que até então só roteirizava. O belo filme já estava em sua terceira refilmagem da Warner de realizar uma adaptação do romance. A versão de Huston é uma obra prima fazendo das versões anteriores de 1931 e 1936 fracas tentativas. O filme mantém-se fiel à letra e ao espírito cínico e ousado do romance, em que a ação já está praticamente decomposta em quadros semelhantes aos planos e seqüências cinematográficos.

Considerado uma síntese do gênero noir, O Falcão Maltês, com um enredo repleto de surpresas e reviravoltas que envolve o detetive de San Francisco Sam Spade, que marcou a carreira de Bogart, contratado por uma misteriosa mulher (Mary Astor) para ajudá-la a se apossar de uma estatueta recheada de pedras preciosas, atrás da qual também estão os escroques personagens de Sidney Greenstreet e Peter Lorre. Spade transita por esse ninho de cobras usando toda a sua argúcia e sangue frio para escapar ileso, usando todas as armas e recursos de que dispõe, num retrato raro de uma América corrupta, obscura e violenta. Ao contrário do atual gênero policial, o filme (e o estilo noir que ele inaugurou) se concentra muito mais na tensão entre quatro paredes e na brutalidade dos diálogos do que nos tiros e perseguições. A despeito de sua caracterização noturna em becos e salas mal iluminadas, com radical utilização das sombras e do claro-escuro, em parte fiel ao romance de Hammett como herança do expressionismo alemão, mas também porque, sofrendo de esparsos recursos durante a Guerra Mundial, a Warner assim disfarçava a pobreza dos cenários, O Falcão Maltês é uma obra-prima dentro de um universo cinematográfico peculiar e um clássico do cinema em todos os tempos.

Noite de Estudos de Cinema com O Falcão Maltês dia 06 de agosto às 19h
Seguida de Debate com Marco Antonio Moreira - ACCPA
Local: Caiana Filmes - Diogo Moia 986 Fone: 33434352

msn: contato@caianfilmes.com
www.caianafilmes.com
http://caianafilmes.blogspot.com/

COLETÂNEAS EM DVD




Coletânea de filmes de curta metragem não é uma opção recente. O cinema europeu já apresentou algumas (os norte-americanos menos). Agora chega ao DVD no Brasil 3 discos do gênero: “As Bonecas”, “Primeiros Filmes” e “Nova York, Eu Te Amo”.

“As Bonecas”(Le Bambole/Itália 1965) apresenta episódios dirigidos por Dino Risi, Mauro Bolognini, Franco Rosi e Luigi Comencini. O assinado por Risi (“O Telefonema”/La Telefonata) é protagonizado por Ugo Tognazzi e trás os estereótipos culturais daquele momento. Aborda a situação de um homem, ansioso para ir para a cama com a esposa que está pendurada num telefone falando com a mãe. Quando a espera não dá certo ele apela para a vizinha “vamp” que se exibe semi-nua. Como se vê é o silencio social às “escapadas” dos maridos justificadas e aceitas através do riso fácil.

Essa coletânea é distribuída pela ClassicLine e o problema é que todos os episódios estão dublados em inglês sem opção pelo original italiano. É meio estranho assistir Tognazzi falando inglês assim como situações típicas dos italianos surgirem nesse idioma. Essa gravação depreciou a coletânea, a meu ver.

“Primeiros Filmes” é uma preciosidade por se tratar do embrião da Nouvelle Vague. Os diretores que encabeçaram o movimento de renovação estética do cinema francês (e depois alcançaram o mundo) surgem em seus primeiros ensaios. Há filmes de Godard, Jean-Pierre Melville, Jacques Rivette, Maurice Pialat, Alain Resnais, Jacques Doniol Valcroze, e Patrice Laconte. Há um do grupo em que Godard surge associado a François Truffaut e outro de parceria com Claude Chabrol e ainda outro com roteiro de Eric Rohmer. Alguns não têm muita consistência, demonstrando algumas carências, mas já se acham obras de vulto. É programa obrigatório para quem estuda cinema.

“New York, Eu Te Amo”(New Yoork I Love You. EUA,2009) é assinado por 11 diretores. Alguns episódios (todos são mostrados em continuidade, sem que se saiba na hora, de quem é o curta que está assistindo) são vinhetas, outros fracos como o de Mira Nair que abre o disco. Mas há belezas como o episódio de Shekar Kippur, um encontro sobrenatural de uma cantora com um camareiro de hotel; e o de Joshua Marston onde um casal de idosos passeia por uma praia.

O enfoque não é turismo na “big apple”: é um painel de romances que captam a grande cidade norte-americana de pano de fundo. O produtor já realizou “Paris Te Amo” e até um exemplar que enfoca o Rio de Janeiro. Quem se aventura a fazer “Belém, Te Amo”?

Da época em que Elizabeth Taylor e Richard Burton formavam um dos casais mais focalizados pela mídia, é “Adeus às Ilusões”(The Sandpiper/EUA,1965) de Vicente Minnelli extraído de um roteiro de Dalton Trumbo e Michael Wilson por sua vez advindos de um argumento de Irene e Louis Kamp adaptado do romance do mesmo nome escrito por Martin Ransohoff.

A bela paisagem, a música até hoje ouvida com certa freqüência e o carisma do elenco ajuda muito uma história de infidelidade conjugal que tropeça feio no fim. O melhor, acima da beleza plástica do cenário, é algumas falas e o discurso do pastor interpretado por Burton quando assume a sua condição de adultero.

Surpresa foi “Bons Costumes”( Easy Virtu/EUA, Ingl, 2009) de Stephan Elliot. O roteiro vem de uma peça de Noel Coward e focaliza uma família aristocrata na Inglaterra de 1920 que se surpreende com a chegada do filho mais velho casado com uma jovem norte-americana viúva, campeã de automobilismo, com passado em que se conta um processo judicial. O choque cultural é bem mostrado, com excelentes desempenhos de Jéssica Biel, Kristin Scott Thomas e Colin Firth.

Muito bom também o drama húngaro “Opium, Diário de uma Mulher Enlouquecida”(Opium/Hungria, 2008) de Janos Szasz. O assunto é o tratamento psiquiátrico no inicio do século XX, com um médico não resistindo ao sexo com uma cliente, atormentada desde a infância e vitima de verdadeira tortura no hospital. Ela escreve um diário e entrega a esse médico, que publica como se fosse uma observação clinica de sua autoria. Desempenhos primorosos especialmente de Kristi Stubo.

DVDs MAIS LOCADOS (FOXVIDEO)
Entre Irmãos
Nova York, Eu te Amo
Amélia
Alice no País das Maravilhas
Um Sonho Possível
Maré de Azar
O Livro de Eli
Impacto Mortal – A Vingança
Simplesmente Complicado
Missão Quase Impossível