terça-feira, 24 de agosto de 2010

APRENDIZ DE FEITICEIRO


















“Feitiço” algum salvará a maioria dos blockbusters atuais. Este “Aprendiz de Feiticeiro” (The Sorcer’s Aprendice/EUA, 2010, 110min.), dirigido por Jon Turteltaub de um roteiro concebido por cinco profissionais (Lawrence Konner, Mark Rosenthal, Matt Lopez, Doug Miro e Carlo Bernard) tem produção do magnata Jerry Bruckheimer e do império Disney e aborda o retorno de um feiticeiro e de magos do tempo do Rei Arthur (século XV), ameaçando a tecnologia moderna e estimulando um novo herói que pode ser, com um pouco de imaginação (?), a reencarnação de Merlin, o mago-maior da Inglaterra de Arthur.

A historia pode ser contada em poucas linhas: na sua eterna luta contra Morgana, esta representando o mal, o velho Merlin consegue prendê-la numa espécie de arca. O feiticeiro Balthazar guarda a relíquia através dos séculos e no século XX esta reliquia pode ser encontrada com o dono de um antiquário em Nova York. Eis que por lá aparece um garoto que pretende presentear a namorada e acaba desorganizando a loja, libertando um dos magos maus. Dez anos depois o mesmo garoto, que sentiu um forte impacto (urinou nas calças no primeiro encontro com a magia medieval) está sendo “nomeado” o aprendiz de Balthazar, preparando-se para enfrentar Morgana não por coincidência, no momento em que o seu romance merece uma resposta de verdadeiro herói para se solidificar.

O filme divide-se entre comédia de “nerds” – como os norte-americanos gostam de ver – e uma profusão de efeitos especiais agradáveis ao mesmo público. Esta fórmula também funciona em países como o Brasil, mas o exibidor deve ter lamentado o fato de “Aprendiz de Feiticeiro” só ter chegado às suas salas depois das férias de julho. Melhor bilheteria com certeza teria o filme se fosse lançado dias antes. Enfim, há os finais de semana quando, em Belém, as salas de cinema são disputadas por multidões que se sentem felizardas ao alcançar ingresso para a sessão preferida.

Nicolas Cage atua como o feiticeiro e assina a produção executiva com outros colegas. O sobrinho de Francis Coppola dificilmente convence como ator. Entretanto, dirigido por Werner Herzog, no ano passado, apresentou-se muito bem como o policial que passa a dividir toxico com quem prende para suportar ferimento causado em uma missão (“Vicio Frenético”/The Bad Lieutenant,2009, refilmagem de um titulo de Abel Ferrara). Interpretando o personagem Balthazar ele soma pontos na ficha de canastrão. Só não está pior porque as expressões mais densas são diluídas nos efeitos digitais. E o melhor de seu protagonismo de feiticeiro está no que mais interessante existe no filme, uma evocação de um desenho Disney, “A Espada era a Lei” (The Sword in the Stone/1963) dirigido por Wolfgang Reitherman: um duelo de mágicas, no desenho entre Merlin e uma bruxa, aqui entre o feiticeiro e depois o seu aprendiz contra Morgana que reaparece com toda a força de seus poderes.

“Aprendiz de Feiticeiro” é o tipo do filme que o espectador percebe que há semelhança com outros exemplares, ou um “deja vu” de narrativa. Desta vez, esse fenômeno só é complexo pela enxurrada de coisas do gênero. A narrativa de Turteltaud libera o efeito vídeo-game hoje tão solicitado pela garotada. São dezenas de seqüências moldadas em computadores. Há até mesmo um dragão egresso de Chinatown. Volta-se a minha assertiva certa vez neste espaço: “muito barulho por nada”.

Pergunta-se: o que o espectador esperaria? Que Morgana vencesse a luta ? Que o mocinho moderno perdesse a namorada? E/ou que o mágico matusalêmico morresse? Aliás, há ameaça de Balthazar sucumbir no final da disputa com a inimiga. Mas se ele ou seu espírito alçam vôo é uma questão de sucesso popular do novo filme: se faturar bem, o personagem vai estar na expectativa para uma nova seqüência. Se não der certo em dólares, vai descansar em paz. E o público torce por esta última opção.

Em tempo: “O Aprendiz de Feiticeiro” está sendo exibido ao lado de “O Último Mestre do Ar”.

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