Cena de "Amor", de Haneke, com Emanuelle Riva e Jjean Loius Trintignan
Este ano, uma boa parte dos filmes candidatos ao Oscar já é conhecida do
espectador local. É raro, pois a julgar, por exemplo, com a situação do ano passado, muito pouco esteve nas telas
grandes locais antes da grande premiação da Academia de Artes e Ciências de
Hollywood. Pode-se argumentar que os novos candidatos são mais comerciais,
ganhando das distribuidoras brasileiras um número de cópias capaz de atingir
frações de mercado consideradas menores. Por outro lado, aumenta o número de
edições digitais, ou seja, de filmes que são distribuídos sem usar película,
ganhando espaço “on line” e com isso ostentando mais economia e fluidez.
Até agora, dos candidatos a melhor filme, já foram exibidos no circuito
belenense: “Argo”, “Amor”, “Django Livre”, “Os Miseráveis”, “As Aventuras de
Pi”, “Lincoln”, “O Lado Bom da Vida” e “A Hora Mais Escura”. Faltou apenas
“Indomável Sonhadora”, ainda não anunciado e, possivelmente, a ser lançado
desde que receba algum prêmio (é um filme de produção independente e a
distribuição nesses casos é restrita). De qualquer forma, de nove títulos
concorrentes, o cinéfilo local já assistiu a oito. Um fenômeno que faz pensar
em uma nova estratégia de mercado.
No páreo de melhor filme estrangeiro só chegou às telonas locais o
provável vencedor “Amor”, produção que concorre pela Áustria. Faltam: “Kon
Tiki” da Noruega, “Rebelle” do Canadá, “No”, do Chile e “O Amante da Rainha”,
da Dinamarca. Todos eles são filmes de acesso comercial. O problema é, como eu
disse, a distribuição.
E as atrizes: já se sabe seu desempenho e o que renderam a ponto de
premio a excelente e idosa Emanuelle Riva por “Amor’. Também se sabe de
Jennifer Lawrence em “O Lado Bom da Vida”, de Naomi Watts em “O Impossível” e
de Jessica Chastain em “A Hora Mais Escura”. Falta a pequena Quvenzhané Wallis
por “Indomável Sonhadora”. É um trabalho excelente que a meu ver só deixa
espaço para Emanuelle Riva. Uma pena que a menina negra de Louisiana chegue na
época da francesa de “Hiroshima Meu Amor” brilhar como a moribunda do trabalho
do alemão Michael Haneke.
Todos apostam em Daniel Day Lewis para o prêmio de melhor ator. Sua
personificação de Lincoln no filme homônimo parece imbatível e o paraense pode
confrontar esse favoritismo com Denzel Washington de “Vôo”, Bradley Cooper de
“O Lado Bom da Vida”, e Hugh Jackman de “Os Miseráveis”. Só falta na comparação
Joaquin Phoenix em “O Mestre”, filme que andou nas telas do sudeste mas que
dificilmente atingirá as nossas.
O diretor favorito volta a ser Steven Spielberg por “Lincoln”. É o seu
filme mais denso, menos afeito às normas do cinema comercial norte-americano.
Mas já foi visto em Belém os trabalhos de Ang Lee (“Pi”), David O. Russel (“O
Lado Bom da Vida”), e Michael Haneke (“Amor”). Fica faltando Bem Zelklin por
“Indomável Sonhadora”.
Os roteiros adaptados também só deixam de lado para os cinéfilos locais
o de “Indomável Sonhadora”, mas os elaborados diretamente para cinema são todos
conhecidos: “”Amor”, “Django Livre”, ”Vôo”, “A Hora Mais Escura” e “Moonlight
Kingdom” que esteve semana passada na sala Libero Luxardo.
A animação mais aplaudida é “Valente”, da PIXAR, campeã de muitos anos.
Deve ganhar de “Frankenweenie”, “ParaNorman”, “Piratas Pirados” e “Detona
Ralph”. Todos exibidos nos nossos cinemas.
Uma pena o Brasil estar de fora. O nosso candidato, “O Palhaço”, nem
chegou às finalistas. E tínhamos filmes como “Xingu” e “Sangue Sujo”.
Com tanto conhecimento quem vai a cinema por nossas bandas deve estar
atento à transmissão da entrega dos Oscar neste domingo de noite. Um programa
criticável, mas sempre curioso.