domingo, 25 de setembro de 2011

CÓPIA FIEL




Em seu primeiro filme ocidental – “Cópia Fiel”(Copie Conforme/França, 2010) – o iraniano Abbas Kiarostami (“Gosto d Cereja” (1997) investe num tema insólito: o valor da cópia. Não é bem o que Orson Welles dissertou em “Verdades e Mentiras” onde a discussão ficava nas artes plásticas, embora a densidade desta discussão levasse a outros paradigmas como a arte-farsa. Mas o filme de Kiarostami abrange outros planos dessa outra realidade que pode surgir de diversas maneiras e em diversos setores da atividade humana.
O roteiro do próprio diretor inicia com a palestra de um escritor inglês, JasonMiller(William Shimell), em Toscana, que está lançando o seu mais novo livro e o tema é justamente a cópia, o que representa uma recriação da obra de arte. Na platéia, a dona de um antiquário, Elle (Juliette Binoche), atenta para o assunto que muito a interessa (afinal lida com relíquias que podem ser falsas), ao mesmo tempo tolera as indagações do filho menor que não tem paciência de aturar a fala do inglês. Terminada a palestra ela se acerca do escritor e passa a vagar com ele pela vila de Lucignano, indo a um café, caminhando, ao tempo em que discutem o tema que ele levantou.
O filme não se fecha no argumento de que uma cópia possui o mesmo valor afetivo, ou mesmo intelectual (desde que se concerne à repercussão cerebral do encontro do consumidor com o trabalho em foco) do original. Deixa para o espectador discutir. Mas amplia a abordagem mostrando os diversos ângulos da mentira vestida de verdade. Um deles: Elle e Miller passam por marido e mulher ao brincar com um garçom num pequeno restaurante. Continuando o passeio eles também continuam como um casal casado ao encontrar outros casais na situação. Não há, como o espectador pode esperar acostumado com as comédias românticas de Hollywood, um relacionamento intimo conseqüente. Se eles são cópias de marido e mulher comportam-se como esboços da situação evocada. Não atendem aos detalhes da realidade que imitam. O que há, na verdade, é a exposição do que é representado nessa situação.
E o filme é cheio de detalhes, muitos exclusivamente formais, indicando matéria para se discutir o que é real e o que é ficção ou representação. Certos enquadramentos endossam a visão fantasiosa que os personagens querem viver (como quando Miller está numa janela vendo o cenário que a localidade lhe oferece). Seria um caso de incutir novas personalidades em certas pessoas pela imposição e fatos que elas passam a viver? Por outro lado, a discussão leva ao valor da cópia. Ela possui o mesmo valor de um original? Um quadro pintado por um renascentista e copiado por um artista moderno (como Welles mostrou em seu “canto de cisne”) é vendido como peça antiga e quem comprou tem horror de pensar num engano. E um filme copiado por um aventureiro (em película ou em DVD)? Possui o mesmo efeito para quem o assiste posto que as imagens gravadas são as mesmas da original,não mudam (no máximo, quando preservam o enquadramento e a banda sonora original só deixam desvios técnicos que podem passar como do mecanismo de projeção) ?
Oscar Wilde dizia que a vida imita a arte mais do que esta imita a vida. Contudo, o filme de Kiarostami abrange outros planos dessa representação ao evidenciar a expressão da arte no comportamento humano. Seus personagens vão continuar casados de fantasia? Ou se lembrarão sempre do tempo em que viveram uma cópia de sua situação civil ou mesmo afetiva? Essas e outras questões são jogadas para o/a espectador/a, como Antonioni jogou em “Blow Up”, ou em “A Aventura”. O cineasta iraniano diverte-se copiando temas e alertando que cinema, como “a ilusão repetida 24vezes por segundo” pode ser muito divertido quando enigmático. E emocionante ao explorar o jogo conceitual revelado, tornando-o mais exato.

Um belo filme que deixa o cinéfilo discutindo por muito tempo.

CONAN,O BÁRBARO




O personagem bárbaro, Conan, foi criado por Robert E. Howard em um “pulp fiction”(literaturade ficção) ou “pocket book”. Chegou ao cinema em 1982 pelas mãos de John Millius. Foi o filme que revelou o halterofilista austríaco vencedor do concurso de Mister Universo, Arnold Schwarzenegger. Aos olhos de hoje, quando os blockbuster apoiados em épocas passadas tomaram o sinônimo de “mau gosto”, essa produção ganhou o Globo de Ouro de melhor revelação feminina (Sandahl Bergman) e em compensação resultou numa outra qualificação de premiação, a “Framboeza”, categoria de pior ator a Schwarzenegger, mais tarde governador da Califórnia.

Hoje o tipo e o tema voltam às telas dentro do esquema de lucro fácil quando os executivos das produtoras procuram revisar os roteiros antigos e contam o que as bilheterias mundiais registraram no período hábil.

O novo “Conan, o Bárbaro (Conan, the Barbarian/EUA/2011) inicia com uma cena de extremo mau gosto: a esposa gestante, ferida no campo de batalha, pede ao marido que deseja ver o filho antes de morrer. Ele então toma nas mãos uma faca e corta-a nos moldes de uma“cesariana”. A personagem ainda segura a criança e lhe dá o nome de Conan.

O pequeno é criado pelo pai e instruído no manejo da espada. Mas o tempo é o pré-medieval, ou seja, no fim da idade antiga, quando os bárbaros destroem grandes impérios. Não demora e uma briga de facções leva o velho guerreiro à morte. O filho, rapaz, vê tudo e desde este momento assume uma missão de vingança. O resto é fácil de avaliar. E na construção do espetáculo cinematográfico atual entram em cena muito CGI e, com isso, detalhes de barbaridades (o tipo é hábil em decapitar adversários).

Há muita luta, muito sangue e, uma fotografia que encobre na penumbra “funcional” (cabem as aspas) detalha o escabroso, tudo no intuito de mostrar a valentia do novo Conan. Isso e o relacionamento morno com a mocinha convocada: Tamara (RaquelNichols). O machismo do herói trata a jovem sem chance de qualquer plano lírico. Ela também maneja a espada e isso parece o bastante para ser rotulada de “mulher do vingador”.

É de supor que um filme como este é nocivo para uma platéia que vê as coisas na superfície e acha divertida a exibição de violência. Quanto mais explicita a selvageria, mais esse tipo de platéia aplaude. Veja as sessões nos cinemas quando a garotada está em massa. Os produtores desse tipo de programa e, neste caso, figura o diretor Marcus Nispel, sabem dessa preferência. E eles pouco se importam se depois de uma sessão de “banho de sangue” um espectador imaturo se arma para as imitações nas esquinas (ou em sua própria casa). A responsabilidade de comerciantes que fazem cinema deveria colaborar para diminuir a perspectiva de violência. Não vejo necessidade de mostrar um corpo esquartejado para dizer que Conan matou alguém. O primeiro filme expunha menos esse artefato de guerra, era mais sutil. A explicitude é geralmente uma prova de incapacidade narrativa.

Há,contudo, maior violência no baixo nível estético dessas produções. É isso que mais auxilia no vazio mental de cabeças que pouco ou nada reconhecem entre a ficção e a realidade. É só lembrar o episódio com o filme “Clube da Luta (EUA,1999) em que o ex-estudante de medicina Mateus da Costa Meira (6º ano),29, entrou em uma sala de cinema do Morumbi Shopping (zona sul de São Paulo) e atirou em 60 pessoas que estavam assistindo ao filme, matando três, tentando matar outras quatro - que ficaram feridas – e colocando em risco a vida de outras 15 pessoas. Ele foi preso e condenado a 120 anos de reclusão, em 2004.

A verdade é que não é só o diretor Marcus Nispel o responsável pelo abacaxi em cartaz nacional. Há todo um arsenal de produção colaborando para o pior. E Schwarzenegger deve se sentir um Laurence Olivier ao ver o trabalho do jovem Jason Mamoa, o seu sucessor como o mocinho bárbaro. Aliás, bárbaro é mesmo o filme todo. Não no sentido de bravata (há quem lance o adjetivo como elogio). É mesmo sinônimo de péssimo.


CINEMA VENEZUELANO



A distribuição comercial de filmes no Brasil omite o público da cinematografia sul americana. A rigor, da latino-americana. É o caso do que se faz na Venezuela. O cinema venezuelano chega agora à Belém através da embaixada daquele país, primeiramente com exibições na UFPA e em seguida no cinema Olympia.

O que foi possivel observar no que me foi dado a ver é a exposição de uma proposta nacionalista que me lembrou o tempo da Mosfilm quando os cineastas, de alguma forma, procuravam mostrar os novos valores do regime soviético cuja cultura era negada a ver. Compreendo o aspecto político da empreitada, mas não se diga que isto é obstáculo para se fazer bom cinema, a exemplo, o que foi produzido pela Mosfilm. Grandes obras da cinematografia universal foram encomendadas, como os trabalhos de Eisenstein (“OEncouraçado Potenkim”, “Outubro”), Pudovkin (“A Mãe”), Djovenko e mesmo autores modernos como Grigori Tchoucrai (“A Balada do Soldado”).

“Zamorra”(2009) de Roman Chalbaud é um exemplo do que me referi. Narra o papel de Ezequiel Zamorra na luta contra oligarquias que impeliam sacrifícios à população humilde na Venezuela do século XIX. A exaltação dos valores do personagem importa mais do que a narrativa histórica, adotando-se um sectarismo que sintetiza episódios em favor de uma espécie de Robin Hood sul americano. A produção tenta aprimorar na reconstituição de época e o modo de narrar, bem acadêmico, expõe o filme a um publico menos exigente. Mas a condução do elenco não é boa, as falas soam declamações e o episódio em seu tempo está mal orientado. Contudo, o que se tem é um cinema venezuelano extraindo de seu formato narrativo o que se propõe a evidenciar.

“Tambores de Água: Um Encontro Ancestral”(2008) é um documentário muito interessante. Focaliza a manifestação musical de afro-descendentes expressa em repiques que formam trechos musicais em ritmos próprios da herança étnica. Um trabalho simples da cineasta Clarissa Duque que se recomenda especialmente aos antropólogos ou estudantes de antropologia e/ou ciências sociais de um modo geral.

“Miranda Regressa”(2007), co-produção com Cuba é outro filme de época,bem melhor - especialmente em termos de produção - do que “Zamorra”. Aqui se tem uma entrevista com o lider revolucionário Francisco Miranda numa prisão de Caracas em 1916. Em flash-back vê-se a atuação desse herói militar não só naVenezuela como na Espanha e em Cuba. Um requinte no figurino e locações é ajudado por uma fotografia que realça o tempo da ação com cores a valer um mural dos acontecimentos. Infelizmente o artesanato não ganha mais campo por percalços do elenco e pela ambição do roteiro em captar todo o processo de formação do líder em pouco mais de hora e meia de projeção. Mas é um trabalho que revela o diretor Luís Alberto Lamata embora críticos da própria Venezuela tenham achado insuficiente.

Esses filmes, além de “A Classe”(2007) de José Antônio Varela, que colegas da critica gostaram, e o documentário do norte americano OliverStone(diretor de “JFK” ) “Ao Sul da Fronteira”, mostram uma fonte de cinema em Belém que é totalmente inédito. Um projeto oportuno da Embaixada da Venezuela e da ACCPA. Cada um dos 5 filmes deve ocupar uma semana no quase centenário cinema Olympia. Com ingresso franqueado ao público em sessões diárias (sempre às 18,30 h).

REGISTRO

Agradeço ao circuito Cinépolis a chance de ter participado, a convite, de mais uma “sessão cabine”, na última 3ª Feira. Espero que outros programas do tipo sejam realizados e, nessa espera, conto com títulos que certamente terão por parte da critica uma boa receptividade como foi o caso de “A Árvore daVida”. E espero que esse evento se preocupe com filmes mais densos como “Melancolia”, de Lars Vom Trier, ou “Fausto”, de Sokurov vencedor agora doFestival de Veneza e já adquirido para exibições no Brasil através da Imovision. Uma circulada entre os próximos lançamentos e a efetivação dessa “sessão cabine” aos jornalistas é uma forma de construir mais um canal de comunicação aos programas que serão exibidos nessas salas.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

FELIZ POR ESTAR VIVA



Claude Miller, 69 anos, tem um currículo extenso, seja como professor (da Universidade de Columbia e Escola de Artes Visuais (EUA) seja como cineasta (20 filmes, 12 prêmios) seja como assistente (trabalhou com Jean-Luc Godard em “Week End”), seja como roteirista e até como ator. Ele e seu filho Nathan dirigiram “Feliz que Minha Mãe Esteja Viva”(Je Suis Heureux qui ma Mére Soit Vivent/França 2009) só circulando por aqui em DVD.

O roteiro dos dois diretores e de Alain Le Henry de uma história (real) de Emmanuel Carrière focaliza o jovem Thomas (Vincent Rottiers), criado com a mãe e o irmão bem mais novo. Ele é obcecado pela mãe, mas esta tem uma vida errante e acaba por entregar o garoto, então com 12 anos a um internato. Lá cresce um revoltado. É adotado por um casal, mas persegue a mãe biológica. Quando a encontra, passa a morar com ela, contudo, não recebe o afeto que exige, para muitos confundido com Complexo de Édipo. Acaba ferindo-a mortalmente (que já está em outro relacionamento quase esfacelado e tem outro filho). Ela não morre e ainda vai inocentá-lo em júri.

O filme é muito bem narrado, com excelentes desempenhos. O que falta é um maior aprofundamento no personagem principal. Não se define bem quem é realmente Thomas. O tipo só não fica mais reticente por culpa do rendimento do ator, uma boa máscara (e bem explorada em vários closes). Há, sem dúvida” a evidencia da relação entre filho adotivo já crescido e a expectativa de que a família que tinha seria melhor, mesmo que os pais reservem a ele um bom tratamento, a ponto de o pai cair em depressão quando o filho revoltado sai de casa. E não retorna mais do adoecimento, mantendo-se num hospital onde recebe os cuidados.

Nos momentos finais, o drama é centralizado na conversa das duas mães do personagem: a biológica, convalescente do atentado cometido pelo filho, e a adotiva. A primeira diz para a segunda: “Você criou ele...e fez um péssimo trabalho”. Na verdade, a visão de culpa pelo abandono dos filhos obriga-a a defender-se projetando seu sentimento, na outra mulher. Vale a pena ver.

Para o cinéfilo está na FOXVIDEO um titulo raro: “Amor na Cidade” (Amore in Cittá/Itália,1953). Não foi programado para os cinemas locais nem foi exibido nos cineclubes de décadas passadas. São episódios sobre o tema que dá o titulo imaginado pelo roteirista Cezare Zavattini. A direção é de velhos diretores: Carlo Lizzani, Michelangelo Antonioni, Dino Risi, Francesco Maseli, Federico Fellini e Alberto Lattuada. O primeiro entrevista prostitutas nas ruas romanas. Antonioni entrevista quem tentou suicídio. Risi focaliza um baile onde pessoas de classe média-baixa, com diversas idades, tentam se divertir. Fellini diz que o fato aconteceu com ele quando era repórter: foi visitar uma agência de matrimonio (arranjava maridos e mulheres para os clientes) e acaba conhecendo uma jovem que só espera casar com um homem rico para se manter. Maseli cria um drama comovente focalizando uma Jovem mãe, abandonada pelo namorado e sem recursos, que é obrigada a criar o filho pequeno e, em desespero, acaba abandonando o menino num bosque. E Lattuada é o único a fazer comédia, observando o comportamento dos italianos na época, especialmente dos “paqueras”.

Tantos cineastas ilustres mostram seus talentos de diversas formas. O estilo é jornalístico. Curioso sempre.

Também vale a pena assistir a “Lope” o filme que o brasileiro Adroucha Waddington realizou na Espanha sobre a vida do poeta Lope de la Veja. Filme de época muito interessante.


DVDs MAIS LOCADOS (FOXVIDEO)
Velozes e Furiosos 5 - Operação Rio
A Garota da Capa Vermelha
Água para Elefantes
Padre
Pânico 4
Fúria sobre Rodas
Em um Mundo Melhor
Biutiful
Reencontrando a Felicidade
O Poder e a Lei

LARRY CROWE, A VOLTA DO AMOR



Tom Hanks é um dos mais ativos e simpáticos atores de Hollywood. Tem 56 anos. Em “Larry Crowe,O Amor Está de Volta”(Larry Crowe/EUA,2011), desempenhou o tipo de um ex-cozinheiro da Marinha que ao dar baixa emprega-se numa agencia de entregas até ser despedido. O patrão alega que a falta de um diploma para gerar uma promoção (e a firma está na fase de “enxugar” finanças como muitas do mercado norte-americano atual – como se viu no excelente filme “A Grande Virada”) tende a ser a responsável por essa dispensa. Sem outra chance de trabalho, o personagem resolve voltar a estudar. E matricula-se num curso de economia e oratória. É nesse novo cenário que encontra a professora interpretada por Julia Roberts (44 anos hoje), em processo de divórcio, com quem vai se relacionar afetivamente.

“Larry Crowe...”é o segundo filme que Hanks dirige (o primeiro foi “O Sonho Não Acabou”/TheWonders, em 1996, descontando-se episódios de séries e programas especiais deTV). O roteiro é dele e da sua amiga Nia Vardalos, autora & atriz de “CasamentoGrego” (My Big Fat Grek Wedding/2002). Ambos, certamente dividem a responsabilidade pela superficialidade da trama.

O filme é do tipo que desde a sequência inicial já se sabe o que vai acontecer. O aluno mais velho da classe e a professora mal humorada vão acabar literalmente em uma das cafeterias onde a pizza é o prato de resistência (nas últimas cenas ele serve, num restaurante onde passa a trabalhar, o prato que lhe parece mais saboroso – e não se veja isso como metáfora da simpatia dele ou dela). Apesar de Larry, o herói de Hanks, ser o mais maduro de um grupo de colegiais com quem passa a conviver, a sua performance é digna de figurar entre os anúncios de rejuvenescimento. Usa todos os artificios para demonstrar a vitalidade que já se tornam “pesados” para ele, como andar de moto com a turma, ser paquerado por uma garota bem jovem causando ciúmes ao namorado dela. E somente quando é convidado a falar em sala de aula sobre a sua experiência de vida é que cita a sua trajetória nomeando os lugares por onde andou quando marinheiro, todos coincidentemente ligados aos temas já tratados pelos colegas.

Hanks está fisicamente aparentando o cinqüentão que é. Mais gordo, com aparência de quem andou fazendo plástica (ou foi alvo de muita maquilagem nos bastidores) cai no chavão do “vira broto” como se dizia no final do século passado. E se o tipo não ajuda em um romance, pesa ainda menos a condução do roteiro, com facilidades no modo como ele e a mestra vão se enamorar. A postura do aluno, deixando a professora em casa meio “alta” pela bebida, sem aproveitar a chance de “avançar o sinal” (que ela lhe dá com um beijo) é uma das únicas pistas da maturidade que ele exibe. Seria o galã do passado, e Vardalos quer dizer que esse modelo cai bem nos tempos modernos.

A mim o filme passou apenas o tédio. Não me deu chance de sorrir dos feitos do “garotão”. E creio que não estou só nesta apreciação: “Larry Crowe” não foi bem nas bilheterias e criticas em seu país de origem. Talvez seja uma comédia romântica considerada muito recatada para uma época de licenciosidades (vejam o trailler de “Amizade Colorida” em exibição e as pornochanchadas americanas). Ou o público já esteja farto do gênero, a vertente intermediaria entre os blockbuster extraídos de quadrinhos.

A perspectivade um tipo que Tom Hanks vive fora do modelo atual, “sarado”, não quer dizer que essa idade seja de pensar em envelhecimento. Ocorre que o argumento não combina com a figura do ator e é extremamente frágil e superficial.

REGISTRO

O ator norte-americano Cliff Robertson (Oscar por “Os 2 Mundos de Charly”/1988) faleceu no fim de semana. Ele tinha 88 anos e viveu 108 tipos entre cinema e TV, além de escrever e dirigir 3 filmes. Era um dos atores a quem eu tinha simpatia e gostava de seu desempenho.

INIMIGOS AMIGOS



Assim como os cowboys e os índios se unem contra os extraterrenos em “Cowboys & Aliens”, e assim como “Megamente” passou de vilão a herói no desenho da DreamWorks, a impetuosa Chapeuzinho Vermelho de Charles Perrault associa-se ao Lobo Mau, seu inimigo, em “Deu a Louca no Chapeuzinho 2” (Hoodwinked Too! Hood VS Evil/EUA,2011) de Mike Disa. E mais: a vovozinha é presa por outro vilão (ou vilã) e a culpa cabe ao seqüestro de João(Hansel) e Maria (Gretel) personagens dos irmãos Grimm.

A moda de "salada cultural" pode confundir as crianças, mas os desenhos animados modernos, todos tridimensionais (mesmo se projetados em 2D), têm interesse que a confusão estimule a ação. Hoje não basta dizer que Chapeuzinho, ao visitar a avó, depara-se com o lobo malvado que deseja a velhinha como jantar. É preciso dar mais ênfase a ação e, no desenho em cartaz, a heroína chega a ir para a cidade grande na sua busca pelos seqüestradores e enfrenta o trânsito (que não deixa de ser outro vilão).

Infelizmente a animação é pobre, a narrativa primária, a idéia original naufraga numa trama mal engendrada. Pode ser que os espectadores bem pequenos gostem do programa. É de supor que os adultos vão se ressentir com essa mexida nos ícones de sua infância. É preciso, então, entender que nestes tempos de entrada de novos mercados no mundo das fábulas, as evidências confluem para a associação dos personagens e da mítica que estes criaram nas suas aventuras para a geração passada e se reelaborem para convencer a nova, acostumada a tratar com uma diversidade de tipos nos jogos eletrônicos. Qualquer dia desses veremos a avó da Chapeuzinho em luta de morte com o lenhador que a salvou.

Mas o melhor deste final de semana está em dois programas extras agendados pela ACCPA: “O Espantalho” e “A Comilança”. O primeiro, no original “Scarecrow”, é de 1973 e o melhor do diretor Jerry Schatzberg. A trama segue dois personagens, um ex-presidiário (Gene Hackman) e um andarilho que pretende voltar para a família desejando conhecer um filho que nasceu (Al Pacino). Eles viajam juntos pretendendo manter uma atividade empresarial em comum: uma garagem especializada em lavagem de veículos. No caminho encontram muitas personagens e situações que servem para dimensionar seus caracteres. É um “road movie” que adentra pelo cinema introspectivo. Raridade na época. Foi vencedor do Festival de Cannes.

“A Comilança” (La Grande Bouffe/França, 1973) é o filme mais conhecido do diretor italiano Marco Ferreri (1928-1997). No enredo,ele enfoca uma reunião de amigos com prostitutas para uma porfia: comer até morrer. Nesta simbologia da exacerbação dos prazeres como bandeira de uma classe, ganha uma narrativa suficientemente dinâmica para manter o interesse num assunto praticamente fechado a uma unidade de lugar. Grandes intérpretes ajudam: Marcello Mastroianni, Philippe Noiret, Ugo Tognazzi, Michel Piccoli e Andrea Ferrol encabeçam o elenco. Ferreri foi candidato a Palma de Ouro no Festival de Cannes do ano na categoria de melhor diretor.

“A Comilança” estará no Cine Clube Alexandrino Moreira (IAP) nesta 2ª feira, 19, às 19 h.

E no Cine Olympia está um programa de filmes venezuelanos. Muito pouco ou quase nada se conhece da indústria cinematográfica daquele país a julgar pela programação das nossas salas comerciais “vendidas” para o cinema norte-americano. O programa é patrocinado pela Embaixada da Venezuela e começou 3ª feira com a exibição de “A Classe” de José Antonio Varela. Sessão diária (exceto 2ª feira) às 18,30 h.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

MARATONA CIRCUITO ITALIANO NO OI CINE ESTAÇÃO






Neste domingo, 18 de setembro, a partir das 10h, acontece a Maratona Circuito Italiano, com filmes que foram exibidos durante a XV Feira Pan-Amazônica do Livro. É a última oportunidade de assistir, em película, os clássicos ‘Morte em Veneza’, de Luchino Visconti; ‘O Passageiro – Profissão Repórter’, de Michelangelo Antonioni; ‘Os Contos de Canterbury’, de Pier Paolo Pasolini; ‘Assédio’, de Bernardo Bertolucci; e ‘A Doce Vida’, de Federico Fellini. A Maratona Circuito Italiano tem apoio do Instituto Italiano de Cultura. A entrada é franca.
A maratona faz jus ao protagonista da Feira do Livro 2011, que voltou a centrar o foco no livro. Os filmes de Visconti e Pasolini são livremente inspirados em obras literárias. Já os roteiros originais dos filmes de Bertolucci, Antonioni e Fellini provocam a discussão sobre a legitimidade do roteiro original enquanto publicação literária, que nos últimos vinte anos aquecem o mercado editorial e invadem a rede mundial de computadores.


‘Morte em Veneza’, de Luchino Visconti, narra a via-crúcis do compositor Gustave Aschenbach, em viagem para repousar após um período conturbado no plano artístico e pessoal. Em Veneza ele desenvolve uma atração perturbadora pela beleza efébica de Tadzio, um adolescente púbere em férias com a família pertencente à nobreza polonesa. Baseado na obra homônima de Thomas Mann, o filme navega pelas canais pútridos da famosa cidade sobre as águas, para ir além da questão da sexualidade e assim provocar uma série de interpretações estéticas no espectador-leitor.


‘Os Contos de Canterbury’, de Pasolini, tem como base uma coleção de histórias escritas a partir de 1387, por Geoffrey Chaucer, um dos consolidadores da língua inglesa. Nos contos, acontecimentos curiosos, passagens pitorescas, citações clássicas e ensinamentos morais relacionados à vida e aos costumes do século XIV na Ingalterra. A estrutura geral é inspirada em ‘Decameron’, de Boccaccio, outra adaptação de Pasolini para a Trilogolia da Vida (também representada por ‘As mil e uma noites’). Em um determinado momento, Pasolini renegou esses filmes, afirmando que foram apropriados equivocadamente pela indústria cultural, que os classificava como pornográficos. Pelo conteúdo classificado como erótico, os filmes da Trilogia da Vida foram proibidos nos Estados Unidos. No Brasil, só foram liberados para exibição pública após a abertura política.
Considerada uma das melhores produções do diretor Michelangelo Antonioni, ‘O Passageiro -



'Profissão Repórter’, apresenta, em belas imagens, como a incomunicabilidade pode se tornar, de fato, em estética por meio de planos arrojados, e a atenção especial para plano-sequência de sete minutos do ponto de vista da janela do quarto de um hotel, onde a narrativa dramática é feita a partir de ações vistas à distância, acompanhadas de sons misturados.
O plano-sequência também é objeto de culto em ‘Assédio’, de Bernardo Bertolucci, gravado originalmente para a TV italiana e depois codificado para a película. O filme foi rodado em Roma, nas redondezas da Praça da Espanha, no apartamento em que Gabriele D’Annunzio escreveu seu famoso romance Il piacere. Bertolucci é um cineasta ousado, que gosta de movimentos de câmera sofisticados, roteiros inteligentes e não tem medo de experimentar, mesmo quando trabalha com grandes orçamentos.


Enfim, ‘A Doce Vida’, de Federico Fellini, normalmente citado como marco da transição do Neo-realismo para o Simbolismo na carreira do diretor. A vida doce felliniana mostra uma Roma moderna e sofisticada, mas decadente, em dois momentos: antes e depois da morte do personagem Steiner. Há também Christa Paffgen, que adotou o pseudônimo de Nico e fez parte da banda Velvet Underground. Na sequencia da festa dos nobres, alguns dos garçons eram aristocratas verdadeiros, e a então modelo e cantora Nico interpreta a si mesma nesta cena.

SERVIÇO
Maratona Circuito Italiano
Local: OI Cine Estação. Entrada franca.

10h: Morte em Veneza
Direção: Luchino Visconti. Com Dirk Borgade e Silvana Mangano. Cor. 14 anos. 130m.

14h: Assédio
De: Bernardo Bertolucci. Com Claudio Santamaria e Thandie Newton. Cor. 92m. 14 anos.

16h: O Passageiro - Profissão Repórter
De: Michelangelo Antonioni. Com Jack Nicholson e Maria Schneider. Cor. 126m. 16 anos.

18h10: Os Contos de Canterbury
De: Pier Paolo Pasolini. Com: Pier Paolo Pasolini. Cor. 109m. 18 anos.

20h30: A Doce Vida
De: Federico Fellini. Com Marcello Mastroianni e Anita Ekberg. P & B. 167m. 14 anos.
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Secretaria de Estado de Cultura Assessoria de Imprensa
Contato: 4009-8717 ou 4009-8707

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O HOMEM DO FUTURO











As viagens no tempo são tão populares no cinema que já se pode pensar em um passeio turístico pelo passado ou futuro. De lembrança posso citar: “De Volta Para o Futuro”(1,2 e 3), “A Máquina do Tempo”(duas versões), “Em Algum Lugar do Passado”, Jamais te Esquecerei” e “Eu Te Amo,Eu Te Amo”. Agora chegou a vez do cinema brasileiro. “O Homem do Futuro”(Brasil/2011) de Claudio Torres vai ao assunto a partir de um roteiro do diretor que trata da aventura de um cientista, Zero (WagnerMoura), disposto a enfrentar os perigos de uma viagem no tempo através de um aparelho acelerador de partículas, viajando a vinte anos no passado para“consertar” um namoro interrompido com a colega Helena (Alinne Moraes).

O filme filia-se ao gênero comédia. Como tal, a ação básica se passa numa festa estudantil com banda de rock e o mais que se ajuste à juventude de 1991. Nessa festa estão o ainda aluno Zero e a namorada que está sendo assediada por outro colega. Os tipos para serem divertidos adotam posturas um tanto caricatas, principalmente Wagner Moura. Nesse tom ele fará contraste com a sua própria pessoa a chegar do futuro. São dois Zero se defrontando para ver se conduzem Helena ao altar. Ela, ambiciosa, pensa em um marido rico. Ele, do futuro, pode dizer que vai ser assim. Mas no passado, ou no presente da história, não convence demonstrando sempre hesitação e timidez. Ocorre que a condução dada pelo viajante do tempo não vai dar certo. No tempo atual Zero sabe que o melhor é deixar as coisas acontecerem de 1991 em diante apenas ajustando alguns fatos.E para isso volta a viajar no tempo. Chega a ter três Zero se defrontando. Para facilitar o efeito especial um deles usa faixas de crepe no rosto e outro traja um figurino de astronauta.

A “moral da história” é que não se deve mexer com o que está feito. Ou não se deve brincar com o destino. Pode-se ter como moral conformista, mas só assim Zero e Helena ficarão juntos numa limusine brindando o amor. Quer dizer: happy end precisa de soluções lucrativas, longe da idéia de que a “felicidade não se compra”.

O filme é divertido embora possa parecer confuso para certo público quando quer dar explicações cientificas como a Teoria das Cordas. Mas esse divertimento corre mais por conta do elenco. Wagner Moura é um dos atores mais interessantes do cinema brasileiro atualmente. A sua versatilidade é posta à prova nos 3 viajantes do tempo, todos diferentes do Capitão ou Coronel Nascimento dos dois exemplares de “Tropa de Elite”. E Alinne Moraes aproveita bem a chance de fazer cinema. Bem verdade interpreta um modelode “femme fatale”, mas é isto que deseja o argumento de Claudio Torres. Aliás,o cineasta ao que consta, aderiu de vez á comédia. Seu filme anterior, “Mulher Invisivel” chamou muito mais público do que o seu inaugural (e muito bom) “Redentor”.

“O Homem doFuturo” deixa a impressão de que poderia ser melhor. Mesmo com uma linguagem dinâmica, uma eficiente edição e uma produção de bom nível. O problema é encaixar a trama romântica no tom cômico objetivado. Nem sempre dá certo. Mesmo assim o filme tem chance de ser um dos sucessos populares do cinema nacional nesta época de vários campeões de bilheteria.


BIUTIFUL



Esta semana consegui assistir a um filme que não havia visto no circuito extra onde foi exibido: “Biutiful” (Espanha/México,2010),o novo trabalho de Alejandro González Iñarritu (“Babel”, “Amores Brutos”). Neste exemplar de um cinema fora dos padrões que estamos acostumados a ver num cotidiano de blockbuster & pobreza roliudiana, o cineasta traça o calvário de Uxbal(Javier Bardem), vitima de câncer terminal, médium capaz de conversar com os mortos, obrigado a patrocinar a imigração ilegal de chineses para poder sustentar um casal de filhos, pois a esposa (Maricel Álvarez) de quem está se divorciando não o ajuda, vivendo como prostituta e fazendo do álcool seu parceiro. Pelas condições marginais desse cotidiano, Uxbal está sempre fugindo da policia, mantendo pagamento de propina a um policial para conseguir satisfazer o mercado de trabalho do submundo onde circula.

O sofrimento do personagem não deixa brecha para qualquer traço de ironia. O roteiro de Iñarritu e também de Nicolás Giacobone e Armando Bó (estreante, nada a ver com o antigo ator domesmo nome) explora a servidão humana mostrando aspectos de uma crueldade sem limite. A seqüência inicial capta o personagem num bosque coberto de neve conversando com um rapaz que lhe chama a atenção para o barulho do vento na região. Não se sabe de quem se trata. É a única cena em que o sofrido herói consegue rir. Mais tarde o enigma é desvendado: o personagem é o pai que Uxbal não conheceu, morto ao fugir da ditadura Franco na Espanha. Em seguida passa-se a acompanhar a rotina das diversas figuras que circulam no seu cotidiano, em um cenário miserável onde permeia o banditismo seja com o trafico humano ou o tóxico,seja com o modo de iludir o serviço de imigração.

Não há brechas, em mais de duas horas de filme, para certas amabilidades entre essa turba que sobrevive. A pontuação narrativa estabelece o fulcro da questão: que pessoas são essas que insistem em sobreviver? Por amor, por compaixão, por respeito ao outro (cf. o carinho deUxbal para os imigrantes chineses, pelos filhos, pelas pessoas que pedem sua ajuda), por necessidade de se manter para garantir a sobrevivência de outras de quem é responsável? O tipo é um homem bom em meio aquele caos de podridão.

O cineasta dedica seu trabalho ao pai. Isto quer dizer que a realização teve as melhores intenções. O desempenho de Bardem pelo modo como ilustra tudo é magistral. Através dele se observa a ironia do nome que a filha de Uxbal escreve de acordo com a pronúncia em espanhol do que significa beleza em inglês (beatiful).

O filme é bem realizado explorando a crueldade sem trégua da vida. Sente-se na pele aquele mundo de misérias onde não há lugar para cidadãos que teimam em viver. Um dos filmes que deve estar entre os melhores do ano.

Outro lançamento na Foxvídeo é “A Filha de Minha Mulher” (Beau Pére/França,1981), de Bertrand Blier (“CoraçõesLoucos”). Com a morte da esposa, o musico sem sucesso Remy (Patrick Deware) assume o cuidado da enteada (Ariel Besse) posto que o pai dela (Maurice Ronet) é um boêmio ausente. Logo o padrasto e a jovem se sentem atraídos. O romance chega a um limite quando Remy conscientiza que não é para durar muito a afeição da adolescente.

O filme é muito bem dirigido, realçando os enquadramentos na projeção anamórfica que sabe utilizar o espaço como se em algumas situações tudo se passasse num palco onde os figurantes estariam vivendo a comédia de suas vidas.

Blier, aos 72 anos, ainda está ativo e este filme que ora se vê em DVD é dos seus melhores. Pena que a cópia não tenha sido remasterizada e as cores mostram-se desbotadas sem que isso tenha a ver com a história.

DVDS MAIS LOCADOS (FOXVIDEO)

  1. Água para Elefantes
  2. Sexo sem Compromisso
  3. Pânico 4
  4. Em um Mundo Melhor
  5. Caminho da Liberdade
  6. Padre
  7. Biutiful
  8. Não me Abandone Jamais
  9. Sucker Punch - Mundo Surreal
  10. Se Enlouquecer, Não Se Apaixone

AMOR À TODA PROVA




Três situações envolvendo relacionamentos amorosos são exploradas com algum humor e certa sobriedade na atual comédia romântica norte-americana, em destaque o filme “Amor à Toda Prova”(Crazym Stupid Love/EUA,2011), dirigido pela dupla Glenn Ficarra e John Requa ora em cartaz nacional.
É o caso de um casal às proximidades de completar bodas de prata quando a esposa (Julianne Moore) confessa ao marido tímido (Steve Carrel) que deseja o divorcio, pois está gostando de um colega de trabalho (Kevin Bacon) com quem já manteve um relacionamento intimo. A revelação leva o marido ao desespero. Primeiro, rompendo com a parceira e saindo de casa, depois procurando superar o trauma conquistando outras mulheres, de acordo com os ensinamentos dados por um amigo de ultima hora (Ryan Goslin). Este, ao conhecer uma garota se sente atraído por ela e perde a voracidade de aventureiro. Só que é a filha (Emma Stone) mais velha do casal em conflito e ao apresentá-lo ao pai, no momento em que este prepara uma cena romântica para reconquistar a sua amada esposa, a confusão se arma, pois tudo desfavorece as boas intenções do futuro genro, visto como o esperto galanteador de outrora. Por outro lado, outra tensão se instala entre o filho de 13 anos do casal e a sua babysiter (Analeigh Timpton).

A base dos problemas afetivos é examinada na busca pela alma gêmea, forma que o garoto apaixonado assume para explicar a sua afeição desmedida pela baby-sitter que é três anos mais velha. Na verdade, os que estão em processo de divórcio ainda se amam. O paquerador realmente achou a quem amar na figura da filha de seu “aluno” de investidas amorosas. E o menino acha muito natural ter encontrado a sua eleita na garota contratada para tomar conta de si e da irmã mais nova. Paralelamente a isso, a babá é apaixonada pelo pai do garoto. E quem entra e sai vazio na história é o amante casual da colega/mãe.

A produção anterior dos diretores foi “O Golpista do Ano” e escreveram roteiros interessantes como o de “Papai Noel às Avessas”. Mas aqui, contando com um bom elenco, tentam fazer o melhor. É preciso notar os enquadramentos. Há planos em que as personagens assumem todo o espaço do quadro deixando um vazio no meio quando isto tem razão de ser na história. Em planos do bar, por exemplo, o primeiro enfoque de Cal (Steve Carrel) é na extremidade oposta à câmera no balcão. Com isso se dimensiona a solidão do tipo em confronto com o aglomerado a sua volta, mas não se coloca a dimensão do quadro de forma afrontosa sempre apostando na funcionalidade narrativa, ou seja, dizer em imagens. Não fosse assim e o filme seria verborrágico. E com isso revelando uma origem teatral, nada a ver com o que escreveu Dan Folgeman, roteirista de animações da Pixar & Disney como “Carros” (1 e 2) e “Enrolados”.

Mas o que torna “Amor à Toda Prova” uma exceção na série de comédias bobas que Hollywood lança atualmente é mesmo o elenco. Steve Carrel é um ator que deixa no público a idéia de ser, na vida real, da forma que é visto no filme, um bobalhão avesso a uma dinâmica moderna de vida. A esposa vivida por Julianne Moore difere dos estereótipos do gênero, e chega a ser um desafio mostrando-se ainda ligada ao marido sem que isso deixe rastro de melodrama. Mas, revelação mesmo é o jovem Jonah Bobo como Robbie, o apaixonado. Expressivo, ele dá conta da máscara de um adolescente sofredor quando sente a rejeição da sua “eleita”.

O filme custou US$ 50.000 000 e já se pagou. Está entre as 10 maiores bilheterias nos EUA. É possível não haver seqüência porque as tramas se resolvem no final. Mas, por outro lado, os donos dos estúdios são capazes de tudo. Não se está explicando agora o Planeta dos Macacos?

O ESPANTALHO



Original: Scarecrow –EUA- 1973.
Direção de Jerry Shatzberg.
Roteiro de Gary Michael Wilde.
Elenco: Gene Hackman, Al Pacino,Dorothy Tristan.

Argumento: Max(Hackman) é um ex-presidiário que sonha recomeçar sua vida montando um posto para lavagem de veículos. Na estrada para Pittsburgh encontra Lionel (Pacino), ex-naval que pretende encontrar sua mulher e um filho que ainda não conhece. Os dois se tornam amigos e passam a viajar juntos encontrando situações inusitadas no longo percurso que se dispõe a fazer.

Importância Histórica: O filme foi premiado em Cannes (filme e diretor) e impulsionou as carreiras dos atores principais. É um exemplo de “road movie”(filme de estrada) onde um caminho árduo serve para dimensionar caracteres de personagens. Muito elogiado na época de seu lançamento mesmo assim não deu ao diretor muita chance na indústria. Fez poucos filmes até 2000 (hoje está com 84 anos) sendo que só dois chegaram ao Brasil:”Um Caso Muito Sério”(A Small Affair/1984) e ”Armação Perigosa”(Street Smart/1987).

SESSÃO ACCPA/CINE LÍBERO LUXARDO
SESSÃO CULT
"O ESPANTALHO"
CINE LÍBERO LUXARDO
SABÁDO DIA 17/09/11
HÓRÁRIO : 16 H
ENTRADA FRANCA
APÓS O FILME, DEBATE ENTRE O PÚBLICO PRESENTE E CRÍTICOS DA ACCPA

APOIO : ACCPA (ASSOCIAÇÃO DOS CRÍTICOS DE CINEMA DO PARÁ)

A COMILANÇA



Original: La Grande Bouffe - França 1973.
Direção de Marco Ferreri
Roteiro de Ferreri e Rafael Azcona.
Elenco: Marcello Mastroianni, Philippe Noiret, Michel Piccolio, Ugo Tognazzi, Andrea Ferreol.

Argumento: Um grupo de amigos depois de uma orgia com prostitutas reúne-se para comer.A idéia é comer até morrer.
Importância Histórica: Os personagens são chamados pelos nomes dos atores e são, respectivamente, um piloto de avião, um chefe de cozinha, um juiz e um produtor de TV. A idéia de comer até morrer é a metáfora da “intoxicação pelo prazer”, de ir às últimas conseqüências da satisfação pela gula, uma atividade que une Eros e Thanatos. Esta “farra gastronômica” marcou a obra do cineasta Ferreri, um dos mais rebeldes do cinema italiano na grande fase dos anos 60/70. Foi candidato a Palma de Ouro em Cannes e deu um prêmio ao diretor.

SESSÃO ACCPA/IAP
"A COMILANÇA"
CINECLUBE ALEXANDRINO MOREIRA (AUDITÓRIO DO IAP - INSTITUTO DE ARTES DO PARÁ)
SEGUNDA-FEIRA DIA 19/09/11
HORÁRIO : 19 H
ENTRADA FRANCA
INADEQUADO PARA MENORES DE 18 ANOS
APÓS O FILME, DEBATE ENTRE O PÚBLICO E CRÍTICOS DA ACCPA

APOIO : ACCPA (ASSOCIAÇÃO DOS CRÍTICOS DE CINEMA DO PARÁ)

FESTIVAL DE FILMES DA VENEZUELA - CINE OLYMPIA



DE 15/09 À 16/10/11

PROGRAMAÇÃO :

“A CLASSE” - De 13 à 18/09

Sinopse: Jovens que moram num bairro pobre da capital venezuelana tentam encontrar novos caminhos para melhorar suas vidas maIs enfrentam grandes dificuldades que vão testar seus limites como cidadãos. (2007)
Direção: José Antonio Varela

“ZAMORRA” - De 20 à 25/09

Sinopse: Em meados do século XIX, a polarização entre liberais e conservadores marca a agenda política da Venezuela. Camponeses e escravos vivem sob a tirania da oligarquia colonial e Ezequiel Zamora lidera luta pela distribuição equitativa das terras, marcando o fim das desigualdades sociais.
Direção: Román Chalbaud (2009)

“AO SUL DA FRONTEIRA” - De 27/09 à 02/10

Sinopse: Numa co-produção EUA/Venezuela, o diretor Oliver Stone registra sua viagem por cinco países da América Latina e as conversas informais com os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Hugo Chávez (Venezuela), Evo Morales (Bolívia), Fernando Lugo (Paraguai), Rafael Correa (Equador), Raul Castro (Cuba), Cristina Kirchner (Argentina) e seu marido, o ex-presidente argentino Nestor Kirchner.
Direção: Oilver Stone (2009)

“TAMBORES DE ÁGUA: UM ENCONTRO ANCESTRAL” - De 04 à 07/10

Sinopse: O documentário mostra a força das raízes africanas nas manifestações musicais venezuelanas. A história dos afrodescendentes venezuelanos desde sua chegada à Venezuela se desenrola quando seu protagonista consegue os tambores de água, uma prática musical muito peculiar e de grande beleza, que permite o encontro de dois continentes (África e América) no soar aquático de seus repiques, mostrando que não importa a distância quando as raízes são fortes o bastante para sobreviver através do tempo.
Direção: Clarissa Duque (2008)

“MIRANDA REGRESA” - De 11 à 16/10

Sinopse: Um jovem jornalista entra na cela do general Francisco Miranda, na Caracas de 10 de julho de 1816, para que o militar lhe conceda uma entrevista. Durante o encontro, desencadeou-se uma volta ao passado, fazendo uma retrospectiva da vida daquele que é considerado o mais universal dos venezuelanos.
Direção: Luis Alberto Lamata (2007)

*Os filmes serão exibidos numa única sessão às 18 h(De Terça à Domingo).
*Filmes inadequados para menores de 12 anos
* Exibição em DVD

*Apoio: Consulado Geral da Venezuela em Belém do Pará.