Tom Hanks é um dos mais ativos e simpáticos atores de Hollywood. Tem 56 anos. Em “Larry Crowe,O Amor Está de Volta”(Larry Crowe/EUA,2011), desempenhou o tipo de um ex-cozinheiro da Marinha que ao dar baixa emprega-se numa agencia de entregas até ser despedido. O patrão alega que a falta de um diploma para gerar uma promoção (e a firma está na fase de “enxugar” finanças como muitas do mercado norte-americano atual – como se viu no excelente filme “A Grande Virada”) tende a ser a responsável por essa dispensa. Sem outra chance de trabalho, o personagem resolve voltar a estudar. E matricula-se num curso de economia e oratória. É nesse novo cenário que encontra a professora interpretada por Julia Roberts (44 anos hoje), em processo de divórcio, com quem vai se relacionar afetivamente.
“Larry Crowe...”é o segundo filme que Hanks dirige (o primeiro foi “O Sonho Não Acabou”/TheWonders, em 1996, descontando-se episódios de séries e programas especiais deTV). O roteiro é dele e da sua amiga Nia Vardalos, autora & atriz de “CasamentoGrego” (My Big Fat Grek Wedding/2002). Ambos, certamente dividem a responsabilidade pela superficialidade da trama.
O filme é do tipo que desde a sequência inicial já se sabe o que vai acontecer. O aluno mais velho da classe e a professora mal humorada vão acabar literalmente em uma das cafeterias onde a pizza é o prato de resistência (nas últimas cenas ele serve, num restaurante onde passa a trabalhar, o prato que lhe parece mais saboroso – e não se veja isso como metáfora da simpatia dele ou dela). Apesar de Larry, o herói de Hanks, ser o mais maduro de um grupo de colegiais com quem passa a conviver, a sua performance é digna de figurar entre os anúncios de rejuvenescimento. Usa todos os artificios para demonstrar a vitalidade que já se tornam “pesados” para ele, como andar de moto com a turma, ser paquerado por uma garota bem jovem causando ciúmes ao namorado dela. E somente quando é convidado a falar em sala de aula sobre a sua experiência de vida é que cita a sua trajetória nomeando os lugares por onde andou quando marinheiro, todos coincidentemente ligados aos temas já tratados pelos colegas.
Hanks está fisicamente aparentando o cinqüentão que é. Mais gordo, com aparência de quem andou fazendo plástica (ou foi alvo de muita maquilagem nos bastidores) cai no chavão do “vira broto” como se dizia no final do século passado. E se o tipo não ajuda em um romance, pesa ainda menos a condução do roteiro, com facilidades no modo como ele e a mestra vão se enamorar. A postura do aluno, deixando a professora em casa meio “alta” pela bebida, sem aproveitar a chance de “avançar o sinal” (que ela lhe dá com um beijo) é uma das únicas pistas da maturidade que ele exibe. Seria o galã do passado, e Vardalos quer dizer que esse modelo cai bem nos tempos modernos.
A mim o filme passou apenas o tédio. Não me deu chance de sorrir dos feitos do “garotão”. E creio que não estou só nesta apreciação: “Larry Crowe” não foi bem nas bilheterias e criticas em seu país de origem. Talvez seja uma comédia romântica considerada muito recatada para uma época de licenciosidades (vejam o trailler de “Amizade Colorida” em exibição e as pornochanchadas americanas). Ou o público já esteja farto do gênero, a vertente intermediaria entre os blockbuster extraídos de quadrinhos.
A perspectivade um tipo que Tom Hanks vive fora do modelo atual, “sarado”, não quer dizer que essa idade seja de pensar em envelhecimento. Ocorre que o argumento não combina com a figura do ator e é extremamente frágil e superficial.
REGISTRO
O ator norte-americano Cliff Robertson (Oscar por “Os 2 Mundos de Charly”/1988) faleceu no fim de semana. Ele tinha 88 anos e viveu 108 tipos entre cinema e TV, além de escrever e dirigir 3 filmes. Era um dos atores a quem eu tinha simpatia e gostava de seu desempenho.
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