segunda-feira, 12 de setembro de 2011

AMOR À TODA PROVA




Três situações envolvendo relacionamentos amorosos são exploradas com algum humor e certa sobriedade na atual comédia romântica norte-americana, em destaque o filme “Amor à Toda Prova”(Crazym Stupid Love/EUA,2011), dirigido pela dupla Glenn Ficarra e John Requa ora em cartaz nacional.
É o caso de um casal às proximidades de completar bodas de prata quando a esposa (Julianne Moore) confessa ao marido tímido (Steve Carrel) que deseja o divorcio, pois está gostando de um colega de trabalho (Kevin Bacon) com quem já manteve um relacionamento intimo. A revelação leva o marido ao desespero. Primeiro, rompendo com a parceira e saindo de casa, depois procurando superar o trauma conquistando outras mulheres, de acordo com os ensinamentos dados por um amigo de ultima hora (Ryan Goslin). Este, ao conhecer uma garota se sente atraído por ela e perde a voracidade de aventureiro. Só que é a filha (Emma Stone) mais velha do casal em conflito e ao apresentá-lo ao pai, no momento em que este prepara uma cena romântica para reconquistar a sua amada esposa, a confusão se arma, pois tudo desfavorece as boas intenções do futuro genro, visto como o esperto galanteador de outrora. Por outro lado, outra tensão se instala entre o filho de 13 anos do casal e a sua babysiter (Analeigh Timpton).

A base dos problemas afetivos é examinada na busca pela alma gêmea, forma que o garoto apaixonado assume para explicar a sua afeição desmedida pela baby-sitter que é três anos mais velha. Na verdade, os que estão em processo de divórcio ainda se amam. O paquerador realmente achou a quem amar na figura da filha de seu “aluno” de investidas amorosas. E o menino acha muito natural ter encontrado a sua eleita na garota contratada para tomar conta de si e da irmã mais nova. Paralelamente a isso, a babá é apaixonada pelo pai do garoto. E quem entra e sai vazio na história é o amante casual da colega/mãe.

A produção anterior dos diretores foi “O Golpista do Ano” e escreveram roteiros interessantes como o de “Papai Noel às Avessas”. Mas aqui, contando com um bom elenco, tentam fazer o melhor. É preciso notar os enquadramentos. Há planos em que as personagens assumem todo o espaço do quadro deixando um vazio no meio quando isto tem razão de ser na história. Em planos do bar, por exemplo, o primeiro enfoque de Cal (Steve Carrel) é na extremidade oposta à câmera no balcão. Com isso se dimensiona a solidão do tipo em confronto com o aglomerado a sua volta, mas não se coloca a dimensão do quadro de forma afrontosa sempre apostando na funcionalidade narrativa, ou seja, dizer em imagens. Não fosse assim e o filme seria verborrágico. E com isso revelando uma origem teatral, nada a ver com o que escreveu Dan Folgeman, roteirista de animações da Pixar & Disney como “Carros” (1 e 2) e “Enrolados”.

Mas o que torna “Amor à Toda Prova” uma exceção na série de comédias bobas que Hollywood lança atualmente é mesmo o elenco. Steve Carrel é um ator que deixa no público a idéia de ser, na vida real, da forma que é visto no filme, um bobalhão avesso a uma dinâmica moderna de vida. A esposa vivida por Julianne Moore difere dos estereótipos do gênero, e chega a ser um desafio mostrando-se ainda ligada ao marido sem que isso deixe rastro de melodrama. Mas, revelação mesmo é o jovem Jonah Bobo como Robbie, o apaixonado. Expressivo, ele dá conta da máscara de um adolescente sofredor quando sente a rejeição da sua “eleita”.

O filme custou US$ 50.000 000 e já se pagou. Está entre as 10 maiores bilheterias nos EUA. É possível não haver seqüência porque as tramas se resolvem no final. Mas, por outro lado, os donos dos estúdios são capazes de tudo. Não se está explicando agora o Planeta dos Macacos?

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