sábado, 29 de outubro de 2011

OS CAMPEÕES DOS GRITOS



Hollywood entregou no último final de semana os prêmios SCREAM, dados a filmes que se dedicaram ao suspense & fantasia ou, como o nome da premiação indica, os filmes capazes de provocar gritos da platéia.

O vencedor foi “Harry Potter a Relíquia da Morte 2ª. Parte”(Harry Potter and the Deathly Hallows –Part 2), seguindo o vencedor do ano passado (a 1ª.Parte do último filme da franquia baseada nos livros de JK Rowlings). Os atores Daniel Radcliff e Ralph Fiennes, do mesmo filme, foram contemplados respectivamente como melhor ator em fantasia e melhor vilão. O filme também ganhou o prêmio de melhor roteiro.

“O Cisne Negro” agraciou o diretor Darren Aronofsky o “Scream” de melhor diretor e, pelo mesmo filme, Natalie Portman e Mila Kunis ganharam como melhor atriz principal e melhor coadjuvante respectivamente.

“Super 8” de JJ Abrams, produzido por Steven Spielberg, foi o vencedor na categoria de ficção-cientifica. Mila Jovovich arrebatou o prêmio de melhor atriz desse gênero por seu papel em “Resident Evil After Life”.

Chris Evans foi considerado o melhor intérprete em filme de super-herói por “Capitão America”. E “Scott Pilgrim VS The World” foi o melhor filme de quadrinho cômico, assim como o escolhido por ter a melhor cena de luta.

O melhor filme na categoria independente foi “Monstros”, enquanto que o recente “Piratas do Caribe On Stranger Tides” ficou com a melhor seqüência de perseguição, deixando para o “Piranha 3D” a categoria de “mutilação” (não posso dizer se é devido aos esquartejamentos produzidos pelo peixe ou pela qualidade do filme).

O novo“Transformers” foi o melhor em 3D. Ganharam prêmios honorários: Robert Downey Jr. e Nicolas Cage. O primeiro vem provando a sua versatilidade em comédias, filmes de ação e títulos mais densos fugindo às intempéries que se acumularam no tempo em que esteve atolado em anfetaminas. Mas Cage não convence desde a aventura policial que fez para Werner Herzog: ”Vicio Frenético”(2009).

O evento encerrou com previews, ou seja, em pré-estréias, como a do primeiro filme de terror estrelado por Daniel Radcliff intitulado “The Woman in Black” e, ainda, de “Ghost Rider: Spirit of Vengeance” e “Paranormal Activity 3”,(com estréia anunciada para amanhã, sexta, 21, nos cinemas brasileiros). E com prêmios aos atores do filme mais aguardado: "Batman, The Dark Kinght Rises": Anne Hathaway , Joseph Gordon-Levitt e Gary Oldman.

Como se observa, o cinema comercial ganha loas de especialistas em produções ligadas ao mercado especifico. No caso, o cinema “de emoções”, tendo-se por isso o que promete sustos e satisfaz um tipo de público que vai às salas escuras para se divertir, se possível aludindo ao que gosta de ver ou brincar em casa, como os diversos jogos e, obviamente, os filmes do gênero feitos em outros tempos ou diretamente para a televisão. Com isso, a indústria vai se mantendo em alta, apesar das crises econômicas que abatem os diversos países atualmente. Essa “louca paixão” pelo divertissment será sempre a dosagem dos produtores para estabelecer seus limites com a arte. Esta última, quem produz e cria, somente os loucos de plantão. Mas também vai ganhando uma ou outra possibilidade de manter um status no pódio do interesse de alguns. Assim, não desaparece. Escasseia.

REGISTRO

A semana passada a morte levou dois nomes ligados ao cinema: o humorista José Vasconcelos, que para as câmeras de cinema e TV foi intérprete de 14 filmes e escreveu um. Os mais conhecidos: “Os Maridos Traem e as Mulheres Subtraem”(1970, de um roteiro seu), além de dois filmes dos Trapalhões: “No Reino da Fantasia”(1985) e “No Rabo do Cometa”(1986). Como coadjuvante estrelou “O Casamento de Romeu e Julieta”(2005), uma comédia interessante dirigida por Bruno Barreto.

O outro que se “encantou” foi Leon Cakoff, criador da Mostra de Cinema de S. Paulo. Distribuiu filmes, produziu e chegou a dirigir o curta “Volta Sempre Abbas”(1999) e o documentário “Bem Vindo a S. Paulo”(2004). Foi, também, ator numa “ponta” como Getulio Vargas no longa”O País dos Tenentes”(1987) de João Batista de Andrade. Cakoff foi um apaixonado por cinema trazendo ao Brasil filmes que dificilmente alcançariam o mercado nacional. Uma perda irreparável para o incentivo ao bom cinema.


REFILMAGENS & CONTINUAÇÕES



No excelente “Barton Fink”(EUA/1991), dirigido pelos irmãos Coen, um dos personagens que interpreta um intelectual de Nova York, depois de lançar um livro transformado em best-seller (a história é ambientada em 1941), é contratado por Hollywood para escrever um filme de lutas. A proposta é milionária e o dono do estúdio contratante lhe dá a idéia de como fazer um roteiro. Seria um filme destinado a um ator. Nada de asas à imaginação, no caso de um criador literário. Tudo deve se render às características do foco visado. E o “tudo” é uma espécie de coletânea das situações que o ator interpretou em muitos filmes.

A crítica dos Coen foi fundo na fórmula da indústria em apostar no que já foi visto e deu lucro. Os donos das empresas produtoras achavam que seria melhor investir em filmes cujos custos já haviam sido pagos nas bilheterias do que arriscar em fórmulas novas.

Se a história de “Barton Fink” era ambientada na chamada “era de ouro” da cinematografia norte-americana, o que acontece agora não parece ter mudado. A ordem é repetir. E quando não se repete se continua. É assim que se justifica um “Os 3 Mosqueteiros”, a mais nova versão do livro de Dumas, pai (já somam perto de 40 na história do cinema) remake no mesmo estilo das antigas aventuras ou novas formas de se ver o que já foi visto.

E nesse mesmo tom, antes do final do ano devem chegar “The Thing”(A Coisa/1951), terceira versão da queda de um ovni no Ártico e de um alien vegetal ser saído do gelo para aterrorizar uma base cientifica. A primeira versão teve como título, no Brasil “O Monstro do Ártico” e foi produzida por Howard Hawks com direção de um protegido dele, Christian Nyby. Era curiosa e pertencia a uma série de produções B-Pictures do gênero ficção-cientifica, na época, um tipo de filme que testava o público mais exigente, pois, esse gênero só era explorado por seriados e produções de baixo orçamento. A segunda versão foi dirigida por John Carpenter data de 1982. Nesse momento ganha efeitos especiais, 3D, e direção do estreante Matthijs van Heijningen.

Outro “remake” próximo é de “Footlosse, Ritmo de Louco”(1984), drama que mescla o musical, no caso, usando o ritmo do rock. O filme dirigido por Herbert Ross ganha nova roupagem por Craig Brewer (de “Ritmo de um Sonho” e “Entre o Céu e o Inferno”). E o ator da vez é Kenny Wormald, que na versão original foi vivido por Kevin Bacon.

Na área das continuações mais um programa terá lançamento, “Atividade Paranormal”(agora o 3), de Henry Joost Ariel Schulman e Christopher B. Landon . Desnecessário dizer do que se trata.

Também de volta, John English, o detetive trapalhão criado pelo comediante inglês Rowan Atkinson. O filme chama-se “O Retorno de John English”. Rowan deixou de lado o seu personagem cultuado na TV, Mr.Bean.

Ainda previsto: “Pequenos Espiões 4”, mais um capítulo de uma franquia dedicada aos menores de 14 anos. Outros seguem o ritmo das continuações: “Harry Feet 2”, “Alvin e os Esquilos 3”, “Missão Impossivel: Protocolo Fantasma” e “Sherlock Holmes e o Jogo das Sombras”.

E não esperem mudanças em 2012. Nessa linha já estão com previsão para o próximo ano: “Transformers”, “Thor”, “Superman”, “Batman”(que se for tão bom quanto “O Cavaleiro das Trevas” até que merece aplausos), outra “Bela Adormecida”, agora com atores, e a segunda parte de “Amanhecer’ (a primeira estréia agora em novembro) o que seria o encerramento da série“Crepúsculo’.

Como se vê, Hollywood investe forte numa mina supostamente em declinio, entre as mídias que circulam hoje em vários formatos. O cinema está pegando a forma dessas mídias e concorrendo com elas nesses “remakes”e, também, com tecnologias que incitam a novidade e tiram de casa o público mais acomodado para uma sessão de cinema externa. Na sessão que assisti a “Os três Mosqueteiros” percebi muitas pessoas na faixa de idosos que estavam por lá curtindo as peripécias dos clássicos espadachins. Sem dúvida, personagens míticos que circulavam na época de nossa juventude, devido a leitura de romances e épicos que essa geração tinha por hábito fazer. Mas é percebido também que o interesse vai além de avaliar o movimento na imaginação de outrem é investir em saber como essa nova geração está pensando os ídolos de outrora.



OS MOSQUETEIROS DO REI



Três livros de Alexandre Dumas - pai (1802-1970) estão entre os mais filmados: “Os Irmãos Corsos”(1844), “O Conde de Monte Cristo”(concluido em 1844) e “Os 3 Mosqueteiros”. A ordem é crescente: “Os 3 Mosqueteiros”(foi Inicialmente publicado no estilo folhetim, no jornal Siècle, de março a julho de 1844, sendo lançado como livro no mesmo ano e reeditado em 1846) e geraram perto de 40 filmes entre produções para cinema, TV e desenho animado, (além de paródias) destinados aos dois veículos de mídia. A popularidade certamente cabe ao enredo de aventuras, palco para manifestações de ação muito caras à cinematografia desde que ela se tornou um negócio lucrativo. E para dissipar dúvidas, uma versão de “...Mosqueteiros” surgiu em 1898 na Inglaterra (“Os Irmãos Corsos” chegaram no mesmo ano por George Albert Smith nos EUA). Eram filmes curtos, como se fazia na época, e a inspiração literária prendia-se à popularidade que gozavam as obras do escritor francês.

De todas as versões de “Os 3 Mosqueteiros” as que mais satisfizeram aos leitores de Dumas foram: a de 1949, dirigida por George Sidney, um diretor de musicais, com Gene Kelly no papel de D’Artagnan; e a de Richard Lester (o cineasta que levou os Beatles à Sétima Arte com “A Hard’s Day Night”), dividida, em 1973 1974 como “Os 3 Mosqueteiros” e “A Vingança de Milady”.

Este “Os 3 Mosqueteiros”(The Three Musketeers/EUA,2011) que está ciiirculando agora nos cinemas (estreando primeiro no Brasil e só daqui a 15 dias nos EUA) é uma extravagância que atende à platéia jovem do novo século. A começar pela escolha do diretor, Paul W. Anderson, o mesmo da franquia “Resident Evil”e de outros filmes de ação como“Predador vs, Alien”. Este cineasta, um inglês de 46 anos, começou carreira em trabalhos em sua terra natal com “Shopping” (1994) uma produção independente que focalizava grupos rivais de jovens. Não entusiasmou o público e logo foi tratado como um filme “medíocre”, confirmando o qualificatvo pelo que viria a fazer:“Mortal Kombat”, “Resident Evil” , deixando apenas uma ficção - cientifica curiosa com “O Enigma do Horizonte”(1997).

O modo como Anderson vê cinema está bem expresso nesta nova adaptação da história dos valentes soldados do rei Luis XIII, aliados por contingência ao “roceiro” D’Artagnan na luta contra a ânsia de poder do Cardeal Richelieu. A base argumentaativa é a mesma do concebido pelo livro editado pela primeira vez no século XIX. Mas, as mudanças drásticas cabem aos roteiristas Alex Litvak( de “Predadores”) e Andrew Davies (de “Bridget Jones”, “O Alfaiate do Panamá” e mais 79 titulos incuindo trabalhos para a TV). E essas mudanças chegam a ser inventivas (o que dá substância ao filme dpara não se perder na mediocridade total): como dirigíveis voadores que içam caravelas e propiciam combates aéreos com direito a uma aterrissagem na torre da Catedral de Notre Dame , com direito a destruir parte desse monumento sem causar aflição aos heróicos conflitantes elo “bem público” que estão arransando.

Vê-se ainda a mudança de comportamentos de personagens, os que morrem, na versão literária não perecem adiante das câmeras. E até mesmo a infidelidade da rainha é diluída na concepção de que o Duque de Buckinham não é simplesmente um amante, mas um inglês inimigo da França e tem cancha para continuar lutando quando o filme termina (margem para uma seqüência que já deve estar sendo cogitada, dependendo da bilheteria internacional deste exemplar).

Outra “novidade” é o D’Artagnan do ator Logan Lerman, de apenas 18 anos quando filmou (hoje tem 19). Um garoto brigão, inventido e dominador dos lances de espadachins veteranos. Seu desempenho é muito eficaz no conjunto mostrando uma pleiade geracional (e não os velhos guerreiros do rei) que deve cair no agrado dos fãs de vídeo-game, possivelmente comparando os lances desta mídia com o que vêem de seus personagens atuais e se assistirem a este filme vão gostar dele.

Há mais assunto sobre “remakes” de filmes, o que estarei tratando nos próximos textos e, talvez, volte ao tema dos Mosqueteiros posto que traduzem um modismo e inventividade nas telas atuais.

OS FILHOS DA BRUXA



Com “A Bruxa de Blair”(The Blair Witch Project) em 1999 surgiu a fórmula de fazer cinema amador com roupa profissional. Explico: com as facilidades dos novos equipamentos de filmagem a feição de filme amadorista é capaz de ganhar uma edição para salas comerciais e se ombrear com a produção dos grandes estúdios. Reduzem-se os custos e vende-se o projeto como se fosse um documentário do acontecimento em foco. Foi assim que Daniel Wyrick e Eduardo Sanchez fizeram “A Bruxa...”, um arremedo de telerportagem sobre estudantes que desapareceram nas matas de Maryland quando foram pesquisar um mito regional personificado numa feiticeira que moraria no lugar. Segundo o roteiro, dos próprios diretores, os pesquisadores não foram encontrados. Só a mochila de um deles com fitas de vídeo (VHS) gravadas. Ali estava o material do drama que gerou o filme de 81 minutos, sucesso absoluto de público não só nos EUA, mas em vários países do mundo.

A idéia dos jovens norte-americanos gerou um filme espanhol (REC, 2008), um uruguaio(La Casa Muda, 2011), recentemente um norte-americano (Apollo 18, 2011) e a série “Atividade Paranormal” ora em seu 3° exemplar. Isso entre outros títulos da mesma linha.

“Atividade... ” foi realizado em 2007, ganhou uma sequência em 2010 e agora prossegue com uma edição de 2011 (Paranormal Activity, EUA, 2011, 84 min.). De inicio se vê um casal que aluga uma casa e descobre que há fantasmas no lugar. Como o rapaz é um apaixonado por filmagens digitais, o que a sua câmera registra é o filme que passa na tela grande do cinema. No segundo exemplar, os mesmos personagens colocam câmeras em diversos pontos da residência já com a disposição de flagar o que esteja de fato acontecendo, entre ruidos e sons. Neste terceiro exemplar o salto temporal é para 1988, com a câmera acompanhando as irmãs ainda crianças Katie (Chloe Csengery) e Kristi (Jessica Tyler Brown) que se mudam com os pais para uma nova casa. Os filmes deixados não só pelo pai como pela avó são revisados por um amigo da família. Assim é que a história regride para 1988 e a menor, Katie, em meio ao turbilhão de eventos, diz que tem um amigo invisível a que chama de Toby. A partir daí passa-se a ver objetos se movendo, sons estranhos, e fatos mais assustadores em escala progressiva.

A narrativa é construída de forma a que se pense que tudo o que se vê é o que ficou na memória da pequena filmadora doméstica. Por isso, a fotografia é estourada, os cortes súbitos, a música incidental resume-se no que se ouve no ambiente não desprezando os acordes para momentos em que a imagem entra de súbito (seja por brincadeira de personagem seja por um tipo de ação não explicado). A idéia é deixar com a platéia a noção de uma cópia da realidade. Tanto que a projeção começa sem créditos. Tudo simula o improviso.

Bem, analisando este material depara-se logo com a falha presente em todos os exemplares do gênero: há movimentos inexplicáveis. Se a filmadora está em um tripé, fixa em um aposento, como é possivel ver detalhes (planos próximos ou mais distantes)? E, também, certos movimentos, como o que surge com uma manifestação “paranormal”?

Depois há a questão do tempo da ação, que não corresponde à narrativa, e a postura do elenco. Não parece que alguém se machuca seriamente como alguns planos deixam ver. E a exceção das meninas, especialmente de Jessica Tyler Brown, que protagoniza Kristi criança, não há sinais de traumas nas “fitas”gravadas.

O filme, como os outros da fórmula objetiva assustar enganando. E consegue. No fim de semana de estréia norte-americana apresentou um lucro de U$ 54 milhões. Um recorde para o mês. Isto quer dizer que as “atividades paranormais”não foram de todo explicadas. Ano que vem tem mais, com certeza.

Na sessão que estive muitas pessoas se retiraram da sala. Não sei se por temor das sequencias que ainda faltavam ou por qualquer outro motivo. O certo é que há também os desistentes, daí porque não se pode dizer que há unanimidade de gosto entre o público.

CINEMA PARA CRIANÇA & LUCRO



Não é à toa a enxurrada de filmes endereçados aos pequenos espectadores. Mais hoje do que ontem. E a primeira explicação pousa nesta qualidade histórica: nos seus primórdios, o cinema queria conquistar as platéias adultas até como forma de se firmar economicamente (cf. estudos sobre o “primerio cinema” com o livro de Flávia Cezarino). Os grandes estúdios norte-americanos, construídos em sua maioria por emigrantes judeus, viam um veio lucrativo na atração de quem podia pagar ingresso para descobrir o fascínio das imagens em movimento ( e as classes menos abastadas estavam por lá deixando seu níquel). E este cliente era seduzido pela novidade, por uma fantasia que extrapolava o parâmetro infantil (para a criança, o maravilhoso fazia/faz parte de seu raciocínio). Nos idos da “cena muda”, os filmes aplaudidos pelos infantes eram as comédia visuais que se produziam com vistas aos adultos. Mas vou ao que interessa agora. Por que, numa semana comum em uma cidade como Belém do Pará observa-se que cerca de 5 títulos próprios para menores de 12 anos estão sendo exibidos nos cinemas, contra 4 para adultos? Coincidência? Em primeiro lugar há uma explicação mercadológica: a criança insiste com os pais para ir ao cinema (tenho netos nessa idade). E vai. Como vai acompanhado são mais ingressos vendidos. Além disso, 30% dos filmes “infantis” são exibidos no processo 3D e isto quer dizer entrada mais cara. O sistema de projeção tridimensional é o mais procurado pela tecnologia de potencial de venda.

Antes as crianças ganhavam temporadas de desenhos dos Estúdios Disney e filmes de aventuras ingênuas, alguns abordando contos de fadas ou histórias das “mil e uma noites”. Certa vez, tratei disso neste espaço, criticando as ingenuidades que apelavam até para a falta de incentivo à inteligência de nossas crianças Também continuavam a surgir comédias onde a graça era tentada preponderantemente pela ação (poucas vezes os diálogos eram mais importantes no enredo). Hoje há necessidade de uma tecnologia que leve a criançada (garotos e garotas, diga-se) a preencher uma expectativa alicerçada nos “games” e nos programas de TV. Chega a tecnologia do CGI, e todos os “cartoons” editados com auxilio de computadores, ganhando uma forma tridimensional por mais que a projeção seja em 2D.

Um filme como “Gigantes de Aço” é aplaudido pela garotada que não quer saber se os robôs em cena são pessoas fantasiadas ou desenhos. Pode-se dizer a ela que os atores trabalham com atores, sim, mas estes são transformados, na edição, por animações que traduzam as máquinas especificadas no roteiro. Da mesma forma, na versão moderna de “Os 3 Mosqueteiros”, a técnica digital leva as personagens para naves que são transportadas por dirigíveis e abordadas por outras do mesmo feitio como se as antigas batalhas marítimas passassem ao cenário aéreo naturalmente. E os meninos e meninas do século XXI preferem um Comandante de aeronave chamado Blood a um Capitão Blood de galeras do modelo vivido pelo veterado ator de uma geração, a minha, Errol Flynn.

As animações que antes eram restritas à “oficina” Disney, hoje ganham campo em quase todas as produtoras de Hollywood: há os desenhos da produtora DreamWorks (ligada a Paramount), a Blue Sky da Twenty Century Fox (onde trabalha o brasileiro Carlos Saldanha), a da Universal (que criou o divertido “Meu Malvado Favorito”), da Columbia Pictures (como “Tá Chovendo Hamburger”) e de muitas empresas menores. A média atual, contando-se apenas a produção norte-americana, é de uma animação por lançamento semanal (na próxima já estará nas telas dos EUA “O Gato de Botas” da DreamWorks, com desenhos dos autores do aplaudido filme Shrek).

E na linha européia também há filmes do gênero. Recentemente assistimos por aqui ao excelente “O Mágico” (Le Illusioniste) do francês Sylvain Chomet (autor de “As Bicicletas de Belleville”, outro exemplar desta fonte). Mas essa produção é mais distante do nosso mercado, e bem mais exigente esteticamente.

Por hoje, penso no fator mercadológico do cinema que domina o Brasil vindo dos EUA. Uma tradição que ainda não foi possivel mudar. A distribuição e a exibição andam juntas e os lucros são pensados mais do que a diversidade estética para esse tipo de produto. Pelo menos na “praça” de Belém”.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

LUTADORES DE AÇO



Como parte da série “Além da Imaginação”(Twilight Zone), Richard Matheson, escritor especializado em ficção - cientifica escreveu o roteiro de “Steel”(Aço), episódio produzido em 1963 e dirigido por Don Weiss tendo Lee Marvin no papel principal . Este mesmo roteiro serviu de inspiração ao que escreveram John Gatins e Dan Gilroy atribuindo a história original a Jeremy Leven (não citam Matheson) para “Gigantes de Aço”(Real Steel/EUA, 2011) dirigido por Shawn Levy. Trata de uma época futura em que a profilaxia da violência levou a limitar as lutas de boxe aos robôs. Cada participante usa um robô de sua propriedade e a competição segue o mesmo caminho das lutas tradicionais não se sabendo, apenas, se existem classes de peso.

A idéia deixa margem à construção do relacionamento entre pai e filho bem a gosto do produtor Steven Spielberg. O menino, órfão de mãe, está sendo disputado na justiça pelos tios, e o pai, ex-pugilista e agora fabricante de robôs para lutas a partir de sucatas ou de compra de modelos baratos, precisa de dinheiro e aceita desistir do pátrio poder, a que tem direito, por determinada quantia. Mesmo assim, o menino tem de passar uma temporada com ele enquanto os tios por afinidade vão viajar para a Europa. Nesta temporada, Max, o garoto, passa a ser o grande amigo e ajudante do pai, solidificando uma grande amizade.

O roteiro desdobra-se na parte esportiva, detalhando a competição dos gigantescos bonecos, e na relação pai e filho, ganhando campo a partir do momento em que o menino, acostumado a jogar vídeogame, encontra um robô enterrado na lama e o conserta com seus conhecimentos nos jogos, levando-o a competir nas lutas domésticas até atingir a técnica para enfrentar elementos profissionais.

“Gigantes de Aço”é o tipo do filme em que os acontecimentos e situações são antecipadamente conhecidos, mas, mesmo assim, a ação é acompanhada com muito interesse. E isto é devido não só ao “toque Spielberg” (produtor executivo), que em seus trabalhos tem o hábito de incluir crianças em busca de afeto, como aos dois atores principais, o já veterano Hugh Jackman (42 filmes, entre estes “A Senha” e três “X-Men”) e o menino canadense Dakota Goyo (16 titulos no currículo, iniciando-se aos 5 anos em comercial de TV). Bem dirigidos por Shawn Levy (que se redime do segundo “Uma Noite no Museu”), eles conferem o tom sentimental desejado.

Este é o tipo de filme em que a mesmice serve aos bons propósitos. Se a ferocidade natural do ser humano continua a ser demonstrada mesmo quando se troca, num ringue, pessoas por máquinas (a torcida é a mesma), a construção do relacionamento familiar a partir de um homem que mal conheceu a sua parceira (falecida sem que haja indicios dos detalhes ) e uma criança que renegou ao nascer, passa por detalhes construtivos como a demonstração de inteligência jovem (o menino impõe suas idéias e na maioria das vezes acerta) e uma rara visão do futuro em termos cinematográficos (a ação se passa em 2020) sem os excessos fantasiosos comuns no gênero. Além disso, um vilão é punido de forma sutil, como a demonstrar que “os maus por si se destroem”(não há revanche do herói). Igualmente, o processo competitivo aparece como arma de dois gumes, seja na fé que o menino deposita em seu engenho, seja na ambição desmedida de quem maneja a área esportiva, jamais aceitando concorrente à altura, preferindo comprar o contendor a experimentar uma possível derrota.

Um programa comercial de bom nível. Mais não se deve esperar mais do que desejam os realizadores associados à Disney. As crianças, especialmente, vão gostar muito.

CINZAS DE UM POETA



O pintor Salvador Dali e o poeta Federico Garcia Lorca têm retratado um episódio das suas vidas em “Poucas Cinzas, Salvador Dali”(Little Ashes/UK, 2008). Com direção de Paul Morisson, roteiro de Philippa Gloslett, o filme repassa o relacionamento intimo que houve entre os dois intelectuais espanhóis numa época de repressão, justamente nos anos que chegariam à guerra civil ganha pela extrema direita comandada pelo Generalíssimo Francisco Franco.

Poucas informações chegaram aos dias de hoje sobre o homossexualismo de Lorca e a correspondência do artista que juntamente com Luis Buñuel faria os filmes surrealistas “Um Cão Andaluz” e “A Idade do Ouro”. Esta falta de profundidade no trato de personagens e igualmente do cenário político que os envolveu é sentida, mas o filme consegue sobressair-se quando se sustenta em grandes interpretações. As garotas que agora inscreveram sua paixão por Robert Pattinson, o vampiro da série “Crepúsculo”(iniciada no mesmo ano deste filme) podem ficar surpresas com as cenas românticas entre ele, que protagoniza Dali e Javier Beltran, ator espanhol que estréia em longa-metragem de cinema. Pattinson é um bom ator como demonstrou, também, em “Lembranças”. No seu currículo já se conta 22 prêmios e 16 candidaturas embora entre essas estejam duas para o Framboesa, troféu dado pelos jornalistas norte-americanos aos piores desempenhos de um determinado período (no caso, o do vampiro da franquia baseada nos livros de Stephanie Meyer e em “Lembranças”. Penso ser uma injustiça pois o jovem esteve bem interpretando o mocinho que morre na catástrofe do World Trade Center em 2001.

No filme,Salvador Dali teria abandonado o amigo amado quando seguiu para a França atendendo a Luis Buñuel e se engajou no movimento surrealista, passando a viver com a jovem Gala (Arly Jover) que declarou ser “a sua musa”. Lorca se engajaria na resistência ao regime de Franco e seria morto pelos homens a serviço do futuro ditador espanhol.

Um drama histórico muito interessante pela abordagem pouco usada em cinema, pelo tratamento que lhe deram roteirista e diretor, conseguindo um bom ritmo e aproveitando uma competente direção de arte que recria a época da ação.

Filme inédito nos cinemas locais. O DVD já está nas locadoras.

Um clássico autêntico agora em DVD é “O Vôo do Fênix” de Robert Aldrich (1965). O enredo segue o livro de Trevor Dudley Smith em roteiro de Lukas Heler contando como sobreviventes de um desastre de aviação no deserto do Saara conseguiram construir dos restos do avião acidentado um novo aparelho e, com isso, levantar vôo até a povoação próxima.

O filme foi candidato aos Oscar de montagem e de ator coadjuvante (Ian Bannen). James Stewart protagoniza o comandante. No elenco, Hardy Krüger, Ernst Borgnine, Christian Marquand, Richard Attenborough (que dirigiria “Gandhi”), Peter Finch , Ronald Fraser e Dan Duryea. Esse tema foi refilmado em 2004 por John Moore com Dennis Quaid. Nem de longe se compara ao resultado obtido por Robert Aldrich cineasta que deixou obra marcantes como “A Grande Chantagem”(1955), “O Que Terá Acontecido a Baby Jane ?”(1962) e “Os 12 Condenados”(1967).

Compensando os bons lançamentos em DVD está “Sangue Rebelde “(Capitain Lightfoot/1955) de Douglas Sirk, o cineasta que se notabilizou com melodramas como “Imitação da Vida” e “Sublime Obsessão”. Nesse filme, ele convida outra vez Rock Hudson então o galã preferido da Universal Pictures, para interpretar o papel de Michael Martin, revolucionário irlandês. Mas além das locações na Irlanda pouco se salva do que sem restringe a uma aventura nos moldes de Hollywood.

DVDS MAIS LOCADOS( FOXVIDEO)

  1. Transformers - O Lado Oculto da Lua
  2. Os Agentes do Destino
  3. X-Men: Primeira Classe
  4. Os Pinguins do Papai
  5. Hanna
  6. O Noivo da Minha Melhor Amiga
  7. Uma Manhã Gloriosa
  8. Piratas do Caribe - Navegando em Águas Misteriosas
  9. Incêndios
  10. Thor

DECISÕES AMARGAS



Esta semana, no “pacote” de vídeos domésticos que assisti, ao menos dois merecem uma indicação para o público que procura um bom filme para ver em casa. O primeiro,“De Coração Partido”(Like Dandelion Dust/EUA,2009), cujo tema é tenso e emocionante por mais que se procure achar que a intensidade sentimental prejudique algum senso critico. Na verdade, quem dita esse senso é o acúmulo cultural que temos aprendido em termos de sentimento ma-paterno.

O enredo trata de um menino, Joey (Maxwell Pery Cotton) que vive bem como único filho de um casal de classe média-alta, Jack e Molly Campbell (Cole Hauser e Kate Levering) e que, de repente, é guinado à casa dos pais biológicos que desconhecia: o ex-presidiário e alcoólatra Rip Porter(Barry Pepper) e sua esposa Wendy (Mira Sorvino) que sofre violência doméstica, denuncia o marido causando-lhe a prisão. Mas com ele convive após o tempo de liberdade. Nesse momento, ao saber da gravidez e maternidade da esposa que deu a criança para adoção, Rip, ao perceber que não havia assinado nenhum documento para esse fim, vai à justiça e consegue a posse da criança por demonstrar que um guarda forjou a assinatura dele quando estava preso.

O drama ambienta-se em duas frentes: a da família que adotou Joey e o trata com muito carinho e a do violento Rip que tenta se redimir na aceitação do filho, mas logo revela seu temperamento quando retorna à violência contra a esposa e o filho.

A disputa dos pais (adotivos e biológicos) caminha em paralelo com rotinas que sequenciam para sérios conflitos. A narrativa estruturada pelo diretor Jon Gun trabalha um roteiro muito bem escrito, sem medo de ser objetivo, da trinca Stephen Rivelle e Michael Lachance, com base num romance de Karen Kingsbury.

Nada é supérfluo como nada é aprofundado. O que interessa são os fatos e eles colocam em cheque o preceito legal (neste caso com uma análise parcimoniosa do comportamento de quem deveria ficar com a criança) assim como apresenta um comportamento desesperado dos adotantes o que de certa forma exterioriza o amor pelo filho que criam desde recém-nascido (o menino já tem 5 anos).

A hegemonia artesanal não deixa que se guarde uma sequência especifica, mas o filme tem momentos de grande intensidade dramática, como a hora em que Rip briga com o menino para levá-lo ao chuveiro (colocando-o vestido e aos prantos).

Para render o que rende, o trabalho do diretor contou com um elenco afiado. Especialmente com os desempenhos muito convincentes de Mira Sorvino e Barry Pepper.

Mas é preciso estar atento à narrativa que se estrutura para mostrar a forma de inclinação aos tipos que vão ser apresentados. A primeira sequência é a da violência doméstica contra a mulher e a prisão do marido. Ai já se qualificou um “bad men”que ao sair da prisão diz estar regenerado. A segunda sequência é de outra forma, contrária à primeira: o carinho do pai adotivo ao filho e o tratamento familiar num plano traquilo e de luxo. Nesses dois momentos o filme já criou as expectativas de quem é quem no drama e então o espectador/a já definiu quem deve ficar com a criança. Esse elemento do cinema é importante reconhecer para mostrar a ideologia de um filme na construção narrativa.

Um dos bons DVDs que vi últimente. Produção “out Hollywood” que não alcançou os nossos cinemas. Felizmente chegou às locadoras. Vale a pena conhecer.

Também merece uma sessão doméstica o contundente “Fora da Lei”(Hors la Loi/França, Argélia, 2010) de Rachid Bouchareb. Apenas a indicação e sobre ele comentarei na próxima semana. Quem não conhece a história das lutas da Argélia por sua independência da França esse é um bom momento para ter acesso a um dos fatos mais sangrentos da História. Tem comparativo com “Deuses e Homens”(Des Hommes et des Dieux/França,2010) ora em exibição em Belém (Cine Estação de hoje a 6ª Feira).

DVDS MAIS LOCADOS( FOXVIDEO)

1. Os Agentes do Destino

2. Transformers - O Lado Oculto da Lua

3. Os Pinguins do Papai

4. X-Men: Primeira Classe

5. Thor

6. Uma Manhã Gloriosa

7. Piratas do Caribe - Navegando em Águas Misteriosas

8. Velozes e Furiosos 5 - Operação Rio

9. Um Novo Despertar

10. Qualquer Gato Vira-Lata

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

AMIGOS ÍNTIMOS



Os “takes” atuais que versam sobre sexo casual e amor estão na ordem do dia, pelo menos no cinema. É o que se deduz das recentes produções da lavra de Hollywood. Mesclam o gênero comédia e o selfcore com as evidências de um discurso que trata sobre a liberdade sexual e o desempenho do par, por suposto, “ficante” e faturam, com isso, um lucro fácil. A base é essa e o acúmulo da discussão sobre o tema é zero.

Nessa vertente está “Amizade Colorida”(Friends with Benefits/EUA,2011), considerada uma comédia romântica. O enredo, vindo de um roteiro do diretor Will Gluck, de parceria com Keith Meryman e David A. Newman, lembra muito o recente “Sexo sem Compromisso” (No String Attached/EUA,2011) escrito por Elizabeth Menwether e Michael Samonek de uma história da primeira. O núcleo da trama é a mesma: um casal jovem que pensa manter-se unido apenas por relações sexuais regulares não consegue alijar desses encontros um liame de afeto mais denso. Lembrando a peça de Alfred DeMusset “não se brinca com o amor”, o jogo de bons amigos desejado, em principio, faz a recrutadora de talentos Jamie (Mila Kunis) se envolver com o rapaz de San Franisco que tenta emprego em Nova York, Dylan (Justin Timberlake), mas a amizade na cama não consegue manter uma exclusividade. Ela o ajuda na apresentação ao novo cargo e, recebendo-o em seu quarto acaba registrando uma afeição onde cabe o ciúme e, nesse ponto, envereda relacionamento familiar (com a mãe dela e os pais dele) afirmando um compromisso.

Não se pode negar que o diretor Will Gluck consegue explorar uma certa química entre os principais intérpretes. Mas exagera nas cenas de sexo. Assim como Natalie Portman e Ashton Kutcher iam aos limites do “selfcore”(a imitação da relação sexual no citado filme de Ivan Reitman), Mila Kunis e Justin Timberlake tiram e vestem roupas nesta comédia com uma continuidade que chega a ser entediante, desprezando o teor cômico proposto na produção (pelo menos o filme é vendido como comédia). De minha parte não achei nenhum humor nas peripécias dos “ficantes” diante das inúmeras gags sob os lençóes. Mesmo o enredo não dá chance para o espectador exibir gargalhadas, mas, pelo que se observa dos blogs que tratam do filme os comentários são favoráveis ao estilo da comédia. O que salta na história é o drama de um jovem inexperiente, “filhinho de papai”, que tenta se firmar na metrópole usando a nova amizade com uma expert em caça-talentos, como um meio de conseguir o seu objetivo.

No filme há um único plano interessante: quando o casal está em Los Angeles debruçado sobre o letreiro Hollywood, marco da cidade do cinema. Ali é proibido o tipo de aproximação e um helicóptero aparece para chamar a atenção dos dois (ela ameaçando se atirar por trás das letras, morro abaixo). Seria uma síntese da ficção que deseja assumir um patamar de realidade (no caso, o romance que nasceu entre os que seriam apenas amigos). Fora isso, tudo é lugar comum no gênero. Não há nada a destacar, nem mesmo outras características dos lugares em relação aos tipos. E o espectador desse tipo de filme sabe de antemão como as coisas vão se encaminhar e concluir. É disso que vivem os produtores copiando as versões de enredos que “deram certo” na comercialização mundial e, portanto, dão lucro para as empresas.

A comédia romântica tem sido um veio de bilheteria igual ou melhor do que os filmes épicos adaptados ou não de histórias em quadrinho. E a guerra do box-office ganha mais um parceiro que é o filme dito infantil. Geralmente editado em 3D custa ingresso mais caro e os pais instigados pelos filhos compram esses ingressos para ver o que nem sempre vale a pena. E agora há ainda o replay de franquias. Refilmou-se “A Hora do Espanto” (já em cartaz) e se observa que muitos outros filmes de sucesso no passado ganham edições que tentam “explicá-los” abordando suas origens. Escassez de imaginação. Ou a mania de apostar no já visto que foi bem sucedido nas bilheterias. Creio que as duas coisas. O problema é que o espectador que deixa a sala de vídeo pela do cinema agora de shoping é mais o de faixa etária jovem e adolescente. E isso é sério. A arte que o cinema firmou como a Sétima deixa-se esvair pela pobreza intelectual e, mesmo de uma diversão inventiva, cumprindo um papel tão devastador nessa platéia que poderia estar melhor aprendendo com ela.


SUSPENSE FRANCÊS



Os críticos franceses elogiaram o cineasta Fred Cavayé como um novo Hitchcock. Depois de “Tudo com Ela” (Pour Elle/2008) que o americano refilmou com o nome de “72 Horas”(The Next Three Days/2010) esse diretor surge com este “À Queima Roupa” (À Bout Portant/2010), lançado por aqui em DVD, onde centraliza a ação num enfermeiro que socorre um bandido ferido e, por isso, é perseguido por adversários deste a ponto de seqüestrarem a esposa do enfermeiro, em final de gestação(e após de receber conselho médico para repousar.

Todo o roteiro prende-se à luta deste cidadão comum em tentar salvar a esposa sabendo que o perigo é maior a partir da fragilidade de saúde que ela enfrenta. É um corre-corre contra o tempo em que o personagem é forçado a agir com violência em determinados momentos e por isso passa a ser perseguido também pela policia (e há um policial corrupto na trama que embaralha os fatos).

Cavayé sabe manejar a fórmula que estimula o espectador a ficar sempre atento. A sequencia inicial molda o cenário com a amostragem do que possa gerar perigo – trama entre bandidos e política, mulher do enfermeiro em consulta médica. Em seguida, ele acelera a narrativa com seqüências curtas , muitos planos próximos, edição “metralhadora”(que o norte-americano chama de “machine gun cut”). Para conseguir o efeito desejado é necessário, claro, que o elenco se porte convenientemente. O ator Gille Lelouche deixa a máscara do homem aflito. A atriz Elena Anaya explora a impressão da gestante em perigo. E os coadjuvantes introjetam o perfil enquadrado em estereótipos. Aliás, o desejo do diretor é fazer suspense. E como o próprio Hitchcock definiu o gênero em “Pacto Sinistro”(Stranger on a Train/1951) explicando o tiroteio num carrossel cheio de crianças (“o cinema pode se valer de situações aparentemente absurdas para melhor se expressar), vale tudo para manter o clima tenso que o espectador pode saber que dificilmente renderá uma tragédia mas, mesmo assim, sente-se cúmplice dos acontecimentos.

“À Queima Roupa” foi titulo de outros filmes como o “Point Blank” de John Boorman com Lee Marvin (e este filme francês também ganhou no mercado norte-americano o título de “Point Blank”, ou seja, o mesmo “À Queima Roupa”). Mas nada é semelhante. O que era guerra de gansgters aqui é, principalmente, guerra de um individuo contra tudo e todos para salvar uma pessoa querida.

O filme não chegou aos nossos cinemas como não chegou “Tudo por Ela”. Não fosse o DVD e a “periferia” ficaria sem conhecer Fred Cavayé realmente um nome a gravar.

Outro filme em DVD que assisti esta semana foi “O Dragao do Gelo”(Wyven/Canadá 2009). Trata-se de um exemplar da linha B que lembra muitos “filmes de monstro” realizados por Hollywood nos anos 1950. Desta vez a figura central é um dragão pré-historico que emerge de um rio e assola uma pequena cidade do Canadá. O monstro tem predileção por carne humana e não falta o “mocinho” que vai enfrentá-lo. Um glossário de clicheria só diferindo dos modelos antigos pelo uso de efeitos digitais que produzem um dragão tridimensional interessante.

O filme dirigido por Steven Monroe de um roteiro de Jason Bourque foi produzido para a TV. Ganha DVD no Brasil com honras de lançamento de cinema.

DVDS MAIS LOCADOS (FOXVIDEO)

  1. X-Men: Primeira Classe
  2. Thor
  3. Piratas do Caribe - Navegando em Águas Misteriosas
  4. Uma Manhã Gloriosa
  5. Velozes e Furiosos 5 - Operação Rio
  6. Namorados para Sempre
  7. Um Novo Despertar
  8. Qualquer Gato Vira-Lata
  9. A Ocasião Faz o Ladrão
  10. A Garota da Capa Vermelha