sexta-feira, 14 de outubro de 2011

PARAISO PERDIDO



O cineasta norte-americano Terrence Malick tem 67 anos e está no cinema desde 1969, embora no âmbito da realização só tenha criado 8 filmes como diretor (contando-se um curta-metragem e dois projetos a estrear) e 12 como roteirista (também contando os inéditos). É o novo “enfant-terrible” do cinema americano. Perfeccionista, leva meses filmando e assim mesmo depois de outro longo tempo na concepção do roteiro e direção de arte. Interferindo em quase todos os quesitos de suas produções, trabalha até a música (como também monitora os diretores de fotografia). Esse modo de fazer cinema lembra outro excêntrico: Stanley Kubrick. Coincidentemente os sobrenomes rimam.

Depois de “A Árvore da Vida”, melhor filme do ano para a critica mundial (e deve repetir a posição por aqui), a sua obra está sendo revista até por parecer inédita para muitos cinéfilos que assumiram o amor pelo cinema nos últimos anos. É assim que “Cinzas do Paraiso” ou “Dias do Paraíso”(Days of Heaven/1978), seu segundo longa metragem, está programado para a Sessão Cult da ACCPA neste sábado no cine Libero Luxardo.

O filme narra a odisséia de um jovem aventureiro (Richard Gere em seu 4° desempenho ) que busca trabalho na área rural dos EUA nos anos 1930, levando consigo a esposa (Brooke Adams) que diz ser sua irmã. Quando arranja uma vaga numa fazenda onde o proprietário (Sam Shepard) está diagnosticado como doente incurável, a companheira passa a ser a paixão deste personagem que não demora em pedi-la em casamento. Mas não demora e o homem descobre a máscara do “irmão” da namorada. E os ciúmes levam à uma tragédia.

Caracteriza, o cinema de Malick, um cuidado todo especial para com a imagem. A fotografia do espanhol Nestor Almendros consegue verdadeiros quadros de cenas da colheita ou simples visão panorâmica do campo. A direção de arte, a cargo de Jack Fist dá a dimensão temporal, os tempo e espaço que John Steinbeck descreveu em “As Vinhas da Ira”(1940) e ganhou o cinema num dos melhores filmes de John Ford.

Amargo na sua perspectiva de reformular a vida dos tipos focalizados, “Dias do Paraíso” segue o que o anterior “Terra de Ninguém”(Badlands/ 1973 ) mostrou: a zona rural onde os personagens encontram um destino cruel no momento em que desistem de melhorar sua qualidade de vida.

No final da sessão deste sábado, haverá um debate que tratará da obra de Malick. E certamente entrarão no enfoque outros trabalhos desse diretor, ainda mais pelo fato de “A Árvore da Vida” estar programado para o mesmo Cine Libero Luxardo no próximo mês.

Este programa extra se junta a “Deuses e Homens” e “Contra o Tempo” no que vale a pena assistir no citcuito exibidor extra nesses dias. Os dois filmes citados já foram alvos de comentários aqui na coluna. A minha “dieta” cinematográfica passa, depois deles, ao DVD. E eu cito como um dos mais atrativos que assisti ultimamente “De Coração Partido” (Like Dandelion Dust), produção independente dirigida por John Gunn , adaptado de um best-seller de Karen Kingsbury . Será comentado na próxima 2ª feira. Por ora fica a recomendação do filme de Terrence Malick. Com um adendo para a curiosa mudança de titulo em português: nas telas grandes intitulou-se de “Cinzas do Paraíso”. No DVD seguiu-se o original e ficou “Dias do Paraíso”. Raro momento em que apelou para o bom senso.

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