O segundo filme de longa metragem
do jovem diretor inglês Duncan Jones (filho do cantor e ator David Bowe)
“Contra o Tempo”(Source Code/EUA,2011), apresenta um tema interessante já usado
em outros filmes. O primeiro trabalho desse diretor, “Lunar” (Moon, UK, 2009),
foi uma ficção-cientifica inteligente, mostrando como astronautas na lua podem
sofrer de claustrofobia – e de depressão por conta da solidão ambiente.
Neste novo trabalho, vindo de um
roteiro de Ben Ripley (outro amante do gênero sci-fi) o diretor focaliza um
capitão da aeronáutica norte-americana que foi muito ferido em combate e passa
a ser cobaia de um experimento militar que visa caçar terroristas antes que estes
ataquem alvos percebidos pela inteligência do governo. Para isso, esse oficial,
Steve (Jake Gyllenhaal), é transportado no tempo para um trem que se sabe vai
explodir por conta da ação de um sabotador. O rapaz só descobre que é outra
pessoa, dentro do trem, quando vai ao banheiro e se olha no espelho. Daí em
diante ele passa a ser uma das vitimas da explosão. Só que na hora da “morte”
volta ao laboratório. Uma das técnicas do projeto (Vera Farmiga) força-o a regressar
ao momento do incidente. E nessas viagens temporais (são mais duas), ele
encontra e se apaixona por uma jovem passageira (Michelle Monagham). No fim da
história há uma opção poética: Steve pode ter realmente morrido ou pode ter
ficado numa fração de tempo e espaço com a sua eleita.
O filme é sempre instigante. A
direção imprime um dinamismo que vai da economia de planos aos cortes bruscos.
Há, por exemplo, uma repetição de enquadramentos em seqüências de ida e vinda
ao trem em movimento. A repetição passa de um “déja vu” e gradativamente vai
mudando quando o viajante temporal investiga a ação e descobre a bomba que irá
detonar. Daí a descoberta do terrorista é outro passo. E estes são mostrados de
forma gradativa, enfatizado que a investigação se faz devagar, procurando
sempre driblar os minutos que têm para achar o vilão na certeza de que vai
haver um desastre e a missão é evitar que isto aconteça.
Jake Gyllenhaal é um dos atores
mais solicitados do novo cinema de Hollywood. Sua carreira foi impulsionada em “O
Segredo de Brokback Mountain”(ele protagoniza
um dos caubóis) embora já demonstrasse talento em “Donnie Darko”(EUA, 2001) visto
aqui só em DVD, e “ Céu de Outubro”(também só visto em Belém nas telinhas).
Hoje já conta com títulos importantes em sua atuação como “Zodíaco”, “Entre
Irmãos”, e concessões comerciais como “Amor e Outras Drogas”. A atriz Michelle
Monagham apresentou-se como coadjuvante de muitos filmes como “Terra Fria” e
“Um Parto de Viagem”. Ganha o principal papel nesse thriller inventivo de Duncan
Jones. Este, por sinal, aguarda oportunidade para outro trabalho. Como não está
preso a contratos com os estúdios norte-americanos, espera a chance de realizar
outra obra inventiva, lembrando o escritor Phillip K.Dick no modo como vê a
ficção cientifica.
É de admirar um suspense em que se
sabe o que vai acontecer e, mesmo assim, crie muito interesse na trama. E o
argumento não deixa de ser curioso, saindo da mesmice que hoje polui histórias
cabíveis na antiga série de TV “Além da Imaginação”. Por esses atributos
“Contra o Tempo” é a melhor estréia das salas comerciais na semana. Confira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário