sexta-feira, 7 de outubro de 2011

INVESTIGANDO NO TEMPO




O segundo filme de longa metragem do jovem diretor inglês Duncan Jones (filho do cantor e ator David Bowe) “Contra o Tempo”(Source Code/EUA,2011), apresenta um tema interessante já usado em outros filmes. O primeiro trabalho desse diretor, “Lunar” (Moon, UK, 2009), foi uma ficção-cientifica inteligente, mostrando como astronautas na lua podem sofrer de claustrofobia – e de depressão por conta da solidão ambiente.
Neste novo trabalho, vindo de um roteiro de Ben Ripley (outro amante do gênero sci-fi) o diretor focaliza um capitão da aeronáutica norte-americana que foi muito ferido em combate e passa a ser cobaia de um experimento militar que visa caçar terroristas antes que estes ataquem alvos percebidos pela inteligência do governo. Para isso, esse oficial, Steve (Jake Gyllenhaal), é transportado no tempo para um trem que se sabe vai explodir por conta da ação de um sabotador. O rapaz só descobre que é outra pessoa, dentro do trem, quando vai ao banheiro e se olha no espelho. Daí em diante ele passa a ser uma das vitimas da explosão. Só que na hora da “morte” volta ao laboratório. Uma das técnicas do projeto (Vera Farmiga) força-o a regressar ao momento do incidente. E nessas viagens temporais (são mais duas), ele encontra e se apaixona por uma jovem passageira (Michelle Monagham). No fim da história há uma opção poética: Steve pode ter realmente morrido ou pode ter ficado numa fração de tempo e espaço com a sua eleita.
O filme é sempre instigante. A direção imprime um dinamismo que vai da economia de planos aos cortes bruscos. Há, por exemplo, uma repetição de enquadramentos em seqüências de ida e vinda ao trem em movimento. A repetição passa de um “déja vu” e gradativamente vai mudando quando o viajante temporal investiga a ação e descobre a bomba que irá detonar. Daí a descoberta do terrorista é outro passo. E estes são mostrados de forma gradativa, enfatizado que a investigação se faz devagar, procurando sempre driblar os minutos que têm para achar o vilão na certeza de que vai haver um desastre e a missão é evitar que isto aconteça.
Jake Gyllenhaal é um dos atores mais solicitados do novo cinema de Hollywood. Sua carreira foi impulsionada em “O Segredo de Brokback Mountain”(ele  protagoniza um dos caubóis) embora já demonstrasse talento em “Donnie Darko”(EUA, 2001) visto aqui só em DVD, e “ Céu de Outubro”(também só visto em Belém nas telinhas). Hoje já conta com títulos importantes em sua atuação como “Zodíaco”, “Entre Irmãos”, e concessões comerciais como “Amor e Outras Drogas”. A atriz Michelle Monagham apresentou-se como coadjuvante de muitos filmes como “Terra Fria” e “Um Parto de Viagem”. Ganha o principal papel nesse thriller inventivo de Duncan Jones. Este, por sinal, aguarda oportunidade para outro trabalho. Como não está preso a contratos com os estúdios norte-americanos, espera a chance de realizar outra obra inventiva, lembrando o escritor Phillip K.Dick no modo como vê a ficção cientifica.
É de admirar um suspense em que se sabe o que vai acontecer e, mesmo assim, crie muito interesse na trama. E o argumento não deixa de ser curioso, saindo da mesmice que hoje polui histórias cabíveis na antiga série de TV “Além da Imaginação”. Por esses atributos “Contra o Tempo” é a melhor estréia das salas comerciais na semana. Confira. 

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