sexta-feira, 7 de outubro de 2011

REALMENTE SEM SAÍDA










O ator novato Taylor Lautner protagoniza a figura do lobisomem da série “Crepúsculo”(Twilight). O seu colega Robert Pattinson (que se investe de vampiro, na mesma série) foi promovido a “estrela” pelo fato de ser uma estampa adorada pelas garotas que pagam ingresso em cinema e já leram os livros de Stephanie Powers (de “Crepúsculo”em diante). Se Pattinson está provando que pode fazer carreira em arte dramática, como em “Lembranças”(2010) e “Água Para Elefante” (2011), Lautner vai mal nesta variante de título “Sem Saída” (Abduction”, EUA, 2011). Nesse filme ele protagoniza Nathan, um jovem que descobre pela internet que é um dos meninos desaparecidos que deixaram de ser procurados pela policia. Vivendo com um casal que pensa ser seus pais biológicos ele arranca da mãe adotiva a informação de que, de fato, não é filho dela, e passa a investigar quem são seus verdadeiros progenitores e como foi levado à adoção.
Numa seqüência anterior à descoberta da foto que o identifica como um “outro”, Nathan, de ressaca depois de uma noite de farra com colegas, enfrenta o pai que o instiga ao aprendizado de pugilismo. A atitude estimula a ira do jovem, mas interessa perceber a capacidade do filho em não só se defender de um adversário como saber atacar e ardilosamente vencer. O espectador que desconhece a trama fica impressionado com a violência de quem pensa ser o pai do personagem.
Ao iniciar a busca pela identidade do jovem, o filme entra na clicheria do gênero espionagem, com a tônica de um “thriller”. Constroem-se os tipos-padrão da base afetiva, como a namorada que vivencia diversas armadilhas perpetradas por um vilão russo (apesar do fim da guerra fria ainda cabe esse tipo de malvado). Nesse tom, surgem os “furos” no roteiro, como no momento em que a casa da família de Nathan explode, ele e a garota se jogam na piscina, saem correndo para um hospital  e todos estão com as roupas perfeitamente enxutas. Da mesma forma, os tipos marginais invadem a casa de saúde com uma facilidade impressionante. E os agentes do governo, já que se trata de um caso de espionagem, também invadem espaços potencialmente privados sem qualquer trâmite burocrático. O casal foge de duas fontes: o russo e sua gangue e os agentes chefiados por um delegado corrupto (Alfred Molina). Como se não bastasse há um “coluna do meio”: o pai biológico do jovem definindo meios para o escape do filho, mesmo com um rastreamento eletrônico que desafia a tecnologia moderna (neste caso não se trata de pura ficção, mas de arranjo para que se acesse dados em tempo hábil). Vestuário, amor, medo e lutas desafiam o tempo diegético (aliás, a cena do beijo foi forçada pela produção para vender a participação de um dos ídolos juvenis de “Crepúsculo”). Há estratégias de mraketing para “vender” o “produto” ator, como a exploração de seu físico atlético colocado num jeito para que as fãs da franquia milionária estabeleçam as sintonias com o tipo e recomendem o filme às colegas.
Não há nenhuma coerência na trama do filme, escrita por Shawn Cristensen. Tanto que o bom diretor John Singleton(de “Os Donos da Rua”) não consegue eximir-se de responsabilidades pelos “furos”. Lugar comum, também, a terapia do rapaz quando conta à psicologa (Sigourney Weaver) um sonho em que vê um atentado e se esconde debaixo da cama. Ele é uma criança e a pessoa atacada é uma mulher, supostamente a sua mãe. Ao relato, a psicóloga não se mostra muito interessada embora se saiba, mais tarde, que também é agente do governo. Para completar, o “happy end” não fica no plano em que os maus são castigados. O filme deixa espaço para a sequencia em que o jovem casal troca carícias sentado em poltronas de um estádio. Ao que é possivel observar, a platéia gostou da brincadeira. Há humor para se ver o filme até o fim. 

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