terça-feira, 31 de janeiro de 2012

AGAMENON OU O CAMALEÃO BRASILEIRO




A comicidade televisiva nem sempre se dá bem no cinema. É o que se deduz ao assisitir “As Aventuras de Agamenon, o Repórter” (Brasil/2011). Posso até tirar o termo “nem sempre”. As linguagens diferem, e o que provoca risos em programas como “Casseta & Planeta” pode gerar irritação num longa-metragem realizado para tela grande. Até porque o tempo das gags e diálogos, ou o cruzamento destes para constituir um filme de longa-metragem, ultrapassa o limite entre o exposto e o efeito.

O roteiro de Marcelo Madureira e Hubert Aranha segue a fórmula do criativo “Zelig”(1983) de Woody Allen. É composto de esquetes onde se vê o protagonista, um repórter de “O Globo”, às voltas com figuras famosas e situações que fizeram história. Tal qual o que ocorria com Zelig, o tipo que era visto ao lado do Papa, de Einstein, de presidentes de vários países e de criminosos, com a ressalva de que era uma espécie de camaleão, ”mudando de cor” ou se adaptando a cada situação exposta.

O filme brasileiro dirigido por Victor Lopes começa com o que eu suponho ser uma das anedotas do texto: o repórter Pedro Bial (isso mesmo, o apresentar do Big Brother), fala do “colega” Agamenon dizendo que “ele escreve diariamente todos os domingos”(sic). Daí tenta entrevistar o personagem que mora dentro de um carro defronte a redação de “O Globo”. Mas o tipo teria ido comprar cigarro num bar próximo, segundo a voz da esposa de dentro do carro. Bial caminha e ao chegar lá, com os cameramens é recebido à bala. Imagem que serve a outro momento & situação. É perda de tempo tentar chegar a um liame de enredo, ou acompanhar os esquetes numa ordem qualquer. Tudo é disperso, e na linha do filme de Allen são exibidas entrevistas com personalidades que vão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a Paulo Coelho, passando por Ruy Castro, Nelson Mota, Fernanda Montenegro e mais quem achou a brincadeira uma diversão que a próprio Globo estaria patrocinando.

Se o Zelig se definia como um mutante persistente, o cameleão que a música colocada na trilha sonora explica Agamenon, não deixa pista de sua verve, sem mesmo se adéqua ao tempo. No começo, que data de 1949 , ele é interpretado pelo comediante Marcelo Adnet (de “Onde Está a Felicidade?”, outro filme nacional frustrado), passando depois a ser o próprio roteirista Hubert do grupo Casseta & Planeta. Isso pouco adianta. Se a idéia era se apegar ao surrealismo, o personagem poderia vagar em tempo e espaço numa onipresença absurda como o seu tipo. Mas o resultado acaba por mesclar, simplesmente, cenas de documentários com a inclusão da imagem do herói gaiato. Ele é visto entrevistando Gandhi, Einstein, e passa ao lado de Hitler, surge no Vaticano no momento da eleição de um papa. Nada dessas incursões define uma anedota espirituosa. A graça seria o próprio modo da intromissão. Até aí a influencia (ou plágio) de “Zelig”.

Procurar o motivo de fazer rir inteligentemente é mesmo procurar Agamenon em seu carro. Nunca está presente. E eu poderia ter deixado de tratar deste filme que já saiu do cartaz, mas achei-o tão irritante que previno quem vá procurá-lo no DVD. É mesmo perda de tempo. E engano de imaginação.


HOMENAGEM A THEO ANGELOPOULOS



"PAISAGEM NA NEBLINA"

Original: Topio Stin Omichi – Grécia, 1988
Direção: Theo Angelopoulos
Com Tania Palaiologou e Michalis Zeke.
Sinopse: Dois irmãos ainda crianças partem da Grécia em um trem para a Alemanha, onde esperam encontrar o pai que nunca conheceram. Durante a viagem, eles enfrentam sérias dificuldades e são obrigados a amadurecer.
Importância Histórica: Vencedor do Leão de Prata no Festival de Veneza e eleito como melhor filme pelo European Film Award, “Paisagem na Neblina” consolidou o estilo humanista e introspectivo do cineasta Angelopoulos, conquistando a crítica mundial que na sua maioria, indica este seu trabalho como uma obra-prima do cinema. Exibido no Brasil somente nos anos 90, este filme colaborou para revelar ao público brasileiro o talento e a genialidade de Theo Angelopoulos que anos depois realizaria “Um Olhar a Cada Dia”, uma das mais belas homenagens ao cinema e “A Eternidade e um Dia” que venceu a Palma de Ouro de melhor filme no Festival de Cannes. A exibição deste filme é uma homenagem da ACCPA ao diretor Theo Angelopoulos que faleceu no dia 24/01/12.
SESSÃO ACCPA/CINE LÍBERO LUXARDO
SESSÃO CULT
"PAISAGEM NA NEBLINA"
CINE LÍBERO LUXARDO
SABÁDO DIA 04/02/12
HORÁRIO : 16H
ENTRADA FRANCA
APÓS O FILME, DEBATE ENTRE O PÚBLICO PRESENTE E CRÍTICOS DA ACCPA (Associação dos Críticos de Cinema do Pará)
(Texto ACCPA)

J.EDGAR NO OLHAR DE EASTWOOD


As sutilezas de uma criação levam, às vezes, certos olhares a não perceberem o que está por trás do produto criado. E o cinema tem essa possibilidade se um filme é elaborado por um autor autêntico. Orson Welles foi marcado por seu “Cidadão Kane” por ter mostrado, a partir das imagens de um trenó, quem poderia ser aquela figura que, em recortes de sua vida, fora tão contraditório e farsante. Não que houvesse uma biografia daquele grande homem conhecido na sociedade como jornalista e político, mas porque uma palavra balbuciada em seus estertores de morte – “rosebud” – significava muito mais do que se construída uma evidência linear de quem era ou não era esse personagem que no final da vida teve como único pensamento a infância que lhe dera, ao menos, um presente.
Clint Eastwood é um desses autores do cinema. Já demonstrou isso várias vezes. Tem suas caracteristicas formais inantingíveis, ou seja, constrói personagens sem fazer deles “herois” ou “bandidos” do tipo que o cinema norte-americano marcou desde que se estruturou, “fazendo cabeças” do/a espectador/a e, com isso, não levando este público a pensar.

É isso o que se esclarece em “J. Edgar” ( EUA, 2011), o mais recente filme desse diretor, com roteiro de Dustin Lance Black (Milk), cuja estrutura é extraida de relatos autobiográficos do próprio Hoover. O que é possivel considerar de uma narrativa dialética partindo dessa figura, que dita suas memórias a um funcionário do FBI? Comparecem variados tempos dessa narrativa, cujo olhar para traz evoca um balanço dinâmico de sua carreira até chegar ao topo do poder sendo, antes, um funcionário da Biblioteca do Congresso Americano, depois, empregando-se no Departamento de Justiça dos EUA onde avançou rapidamente na carreira. Indicado em 1919 para investigar estrageiros suspeitos de subversão teve diante de si nada menos do que Emma Goldman e, desse estágio, foi responsável pela expulsão de um número expressivo de pessoas. Esse trabalho é que o levou a galgar rapidamente outras funções sendo chefe de departamento. E pela obsessão em pesquisar qualquer coisa cadastrando e catalogando, por exemplo, livros na Biblioteca do Senado, se interessa por criar algo mais diligente quando está no combate aos que considera inimigos públicos do país como o arquivo de pessoas abarcando a população. É bom frizar  que àquela altura não havia computador e suas idéias de monitorar a vida das pessoas a partir das impressões digitais ainda se constituiam em sua expectativa fantástica de eliminar os inimigos da nação, tipo, os comunistas.  

Alternado tempos, o filme mostra a dedicação de J. Edgar  pela mãe (não se interessa pelo pai). A sequência sobre esse fascinio é capturada de um episódio em criança quando esta o obriga a repetir que ele será um vitorioso, será ilustre e terá muito poder. As cacaracteristicas pessoais estremamente seguras e fortes desta,  intermediam a consistência ao devotamento a ela.

As posições profissionais tomadas são sempre da dimensão de um lider que controla tudo e o que será feito no Departamento que dirige. Assume com isso uma política da ordem e, com esta convicção, visita senadores, presidentes, e/ ou outras figuras que possam lhe ser úteis não só no prosseguimento de suas idéias de extirpar os “maus elementos” da sociedade americana – para ele, os movimentos sociais que  demandam políticas de igualdade, e/ou seus próprios funcionários quando não estão coesos com suas idéias – mas, principalmente para criar o tal Bureau (FBI, em 1924)que seria o órgão de informação do governo, mas também seu próprio poder secreto para divulgar fatos de pessoas ilustres ou não, mas sempre necassárias para ele em qualquer ocasião quando, por iniciativa própria e por ideologia conservadora fazia dessa informação a sua arma particular para conseguir mais poder e controle sobre todos. Era, por isso, um manipulador hábil e eficiente, pois, sem fatos concretos, forjava uma notícia divulgando inverdades de seus compatriotas. As justificativas para isso dizia serem parte importante para a segurança do país.

A vida pessoal e afetiva de Hoover é mesclada nessa dialética entre os sub-temas do eixo central explorado por Eastwood que é a escolha de um parceiro em quem confiava e com quem passou a dividir também espaços pessoais. Volto ao assunto.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

OSCAR EM DVD

Os lançamentos internacionais como forma de as empresas driblarem a pirataria (e mesmo o download consentido) faz com que alguns filmes candidatos a Oscar, em fevereiro já estejam nas locadoras de vídeo do Brasil.
Este ano o/a leitor/a pode encontrar “Toda Forma de Amor” (candidato a ator coadjuvante), “A Árvore da Vida”(filme,diretor,fotografia) “Meia Noite em Paris”(filme,diretor,roteiro original,direção de arte), “Rango”(animação),“Kung Fu Panda 2”(animação), “Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 2”(efeitos visuais,direção de arte, edição de som), “Rio” (musica),“Transformers, O Lado Oculto da Lua” (efeitos visuais , som e edição de som),“Gigantes de Aço” (efeitos visuais) e “O Planeta dos Macacos: A Origem”(efeitos visuais). Esses filmes também podem ser encontrados em blu-ray.
De importante mesmo é rever em casa “A Árvore da Vida”, “Meia Noite em Paris”, “Rango” e “Toda Forma de Amor”. Este último titulo, assisti semana passada e constatei que realmente o veterano Christopher Plummer mereceu a indicação de melhor ator coadjuvante. Ele protagoniza um viúvo, que depois de mais de 40 anos de casado e com um filho adulto, revela ser gay. O filho apóia o seu romance com um rapaz, mas isto acontece quando o personagem tem poucos anos de vida. Um romance paralelo do filho e o papel que um cão representa para a família é a base sentimental sem ser piegas. O animal,aliás, irmana com a cadela de “O Artista” (a chegar aos cinemas em fevereiro) como excelentes intérpretes. Eles mereciam Oscar pelo desempenho.
Mas gostei bastante do filme de Plummer dirigido por Mike Mills. Aliás, este ator também está (e bem) em “Millenium, Os Homens que não Amavam as Mulheres” em cartaz nos cinemas. A imagem que Plummer deixou ao incorporar o Barão Von Trapp em “A Noviça Rebelde” está cada vez mais distante. Mas o ator não gosta que se fale de seu papel nesse filme. Esnobismo. Plummer deu bem o recado do viúvo que desposa a noviça Marie (Julie Andrews). O filme tem enorme fã clube ainda hoje. Agora um detalhe: o papel dele em“Dr,Parnassus” é bem melhor do que os recentes e citados. Não ganhou indicação ao Oscar do ano anterior.
“A Árvore da Vida”, melhor filme para os nossos críticos e para muitos colegas internacionais, não figurou entre os candidatos a Globo de Ouro, mas o pessoal da academia de Hollywood rendeu homenagem ao talento do diretor-roteirista Terrence Malick. É um filme detestado pelo público e amado pelos cinéfilos autênticos. Sua linguagem sai dos parâmetros normais do cinema industrial e adentra pelo terreno introspectivo aliado à uma concepção do valor da família, do “fruto do grande processo da criação do mundo”.
“Rango” surpreendeu no terreno da animação. Ao invés de seguir a linha infantil do gênero foi buscar inspiração na historia do cinema, mexendo com tipos e filmes de diversos gêneros. Foi o primeiro trabalho do diretor Gore Verbinski, de “Piratas do Caribe I”, nessa técnica.
Os candidatos a prêmios técnicos não saem das categorias a que foram colocados. A exceção pode ser “O Planeta dos Macacos, A Origem”, uma abordagem interessante na gênese de uma franquia nascida de um bom filme de 1968.
A partir de agora vou referir os filmes exibidos em tevê fechada, visto que os leitores deste espaço devem ser assinantes e /ou se interessam pelos programas. Hoje ressalto três filmes exemplares: “Periferia”, dirigido por Bogdan George Apetri, romeno (MAX);  “Les Invités de mon père, de Annie Le Ny, francês, (TV Monde) e “As Praias de Agnès” (francês, TV Cult, foto). O primeiro é um estudo sobre a condição humana a partir do drama de uma mulher marcada pelos erros do passado que espera superar tudo e viver a liberdade. “Les invites ...” elabora um painel familiar com ênfase em marcadores sociais, principalmente sobre a situação geracional. E o terceiro, dirigido por Agnès Varda, cineasta francesa, é um painel bio-filmográfico dessa grande diretora que com esse documentário revela estar "de saída" do cinema, ao completar 80 anos. A criatividade marca a narrativa e constroi um envolvimento com essa mulher que com sua arte também fez parte das lutas das mulheres francesas por conquistas sociais. 
MELHORES DA SEMANA
1.   “As Praias de Agnès” (francês, TV Cult, foto)
2.   “Toda Forma de Amor”(EUA)
3.   “MILLENIUN – Os Homens que não amavam as Mulheres” (versão sueca, TV)
4.   “Periferia" (Romeno, TV)
5.   “Les Invités de mon père (francês, TV)
6.   “Fogo na Planície”, de Kon Ichikawa

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

FÁBULA MODERNA



Novos programas em DVD “entram em cena” na sessão diária de quem, além da atividade para este jornal, tem interesse em assistir às novidades que são lançadas nesse circuito de vídeo. Esta semana assisti alguns inéditos e outros não.
“Menino de Ouro”(Foster/UK 2010, foto) é uma raridade posto que um filme subestimado, exibido em brancas nuvens fora de seu país natal, a Inglaterra. O diretor-roteirista Jonathan Newman havia filmado a mesma historia, em um curta-metragem de 2005. Considerou ampliar para o longa tendo de mudar o ator infantil, Preston Nyman, hoje com 15 anos. Achou Maurice Cole. E ele é o perfeito Eli (antes e chamava Zach), um misterioso garoto de 7 anos que surge no orfanato onde um casal procura adotar uma criança para minorar a dor da perda do único filho, vitimado por aceidente de carro e, pela incapacidade da mãe (Zooey/Tony Collete), apenas no entender dela (não dos médicos que a assistiam) em gerar outra criança. Eli acena para quem seria a sua mãe adotiva. E aparece na casa dela, viajando de taxi, com papéis de adoção sem que o tratamento burocrático para  isso tivesse sido concluído. Como a diretora do orfanato é acidentada e não pode responder pelo caso, o menino vai ficando em um novo lar e as suas atitudes, próprias de adulto, geram entusiasmo especialmente por Alec (Joan Gruffud) o pai adotivo, diretor de uma fábrica de brinquedos e está próximo de ir à falência com a crise econômica do momento. Em tudo o garoto Eli dá o seu palpite dando jeito. Veste-se sempre num figurino clássico - paletó, gravata e chapéu – e diz que “um homem deve estar sempre bem vestido”. Complementando o mistério, há um mendigo no jardim e no cemitério próximos à casa de Alec & Zooey, que diz acreditar em fadas e não se furta em aceitar uma ceia de Natal com a família do amiguinho excêntrico.
O filme é desses que hoje causa estranhamento na produção de um cinema pretensamente realista. O tom de fábula, acima de um conto de Natal melodramático, implica numa atenção com risos e lágrimas dos espectadores. Os interpretes fazem a festa, especialmente o garoto Maurice que mesmo pesquisando na web não consegui encontrar nenhum dado sobre ele, salvo o ter participado, depois deste “Menino de Ouro”, em um episódio da telesérie “Doctor Who”(2011). Ele é uma graça na sua pose de homenzinho sabido (e, na verdade, mais alguma coisa que se vai saber durante o filme).
O programa “all family” de boa qualidade que chega às locadoras. Aproveitem.
Premiado internacionalmente “Missão do Gerente  de Recursos Humanos”(The Human Resources Manager/Israel,2010) trata da morte da funcionária romena de uma indústria de massas em um atentado terrorista em Tel-Aviv. O gerente que dá título ao filme leva o corpo para a terra dela, mas a mãe da morta explica que a jovem filha não gostava dali, que seu sonho era morar em Israel. Começa então a viagem de volta que é feita num tanque de guerra uma vez que o veiculo da viagem inicial foi danificado.  Uma critica à burocracia e uma metáfora da situação política atual do Oriente Méio. Direção de Eran Rikus. Imperdível. Inédito por aqui.
Outro filme inglês inédito nos cinemas é “Reflexos”(Broken/UK 2010). A superstição de que um espelho que se quebre é azar para quem quebrou mescla-se com “Alice no País do Espelho” de Lewis Carrol. Uma radiologista é a peça mais importante dessa trama de terror cuja narrativa se mostra confusa numa linguagem pretensiosa. Mas que não deixa de ser interessante. Direção e roteiro de Sean Ellis. Fotografia premiada no Stiges (Festival de Catalonia).
Na oportunidade, retorno á uma lista de 5 DVDs indicados por este espaço aos leitores. E solicito àqueles que assistirem a um bom programa nessa mídia, podem mandar para a colunista que publicarei nesta seção. É um serviço aos que andam à cata de bons dvds.

DVDS INDICADOS
1.   Menino de Ouro
2.   Missão do Gerente  de Recursos Humanos
3.   Toda Forma de Amor
4.   O Pequeno Polegar
5.   Reflexos 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

SHERLOCK MODERNO?



Quem leu os livros e/ou assistiu aos filmes antigos de aventuras de Sherlock Holmes, o detetive inglês imaginado por Sir Conan Doyle, pergunta-se, ao ver essas novas versões para cinema do herói clássico, se vale a liberdade tomada com o tipo e as intrigas mirabolantes. A iniciar-se pelo tipo. Ninguém concebe um Sherlock Holmes sem o corpo esguio, a capa de tecido quadriculado, o boné do mesmo tecido, a lupa que empregava ao pesquisar as pistas deixadas pelos criminosos e o poder de dedução que o fazia desvendar intricados mistérios. Nada disso existe no atual personagem vivido pelo ator Robert Downey Jr. em “Sherlock Holmes”(2009) e “Sherlock Holmes e o Jogo das Sombras”(Sherlock Holmes: A Game of Shadows/2011). Além de a forma física diferir radicalmente, o novo detetive é ágil como herói de quadrinhos da Marvel, bom de briga, desafiador de perigos dignos dos seriados de aventuras (os antigos e os de TV) e apenas radicaliza uma postura que antes se viu de forma preconceituosa como tendência homossexual (nunca explicita na literatura).
No novo filme de Guy Ritchie, cineasta inglês que foi marido da cantora e atriz Madonna e realizou pelo menos um filme premiado, “Snatch, Porcos e Diamantes”(2000), Holmes vai atrás de seu arquiinimigo o professor Moriaty (Jared Harris) que deseja um conflito entre Alemanha & aliados com o grupo formado pela Grã Bretanha e França (principalmente). A ação não chega a 1914, mas abre espaço para o que se deu naquele ano quando o arquiduque Francisco Fernando foi assassinado, junto com a esposa, pelo sérvio Gavrilo Pincip dando inicio à 1ª Guerra Mundial.

A aventura que cerca o processo de investigação dá direito a acrobacias em trens que percorrem pontes e abismos e até alguns números de artes marciais. Seria esta a forma que os roteiristas Kieren e Michele Mulroney (ele ator de cerca de 38 filmes, incluindo-se teleplays e tele séries) acharam melhor para o filme agradar aos jovens espectadores alcançando essa faixa etária. Em outras palavras, seria deixar Holmes mais próximo de Bond (James/007), ou de algum outro super-herói de trânsito livre nos quadrinhos e games.
A narração de Ritchie é um dínamo, com profusão de cortes, predileção por planos próximos, aproveitamento das sombras como forma de lembrar o investigador inglês. E é bem inglês na fala, arrastando silabas como a lembrar que apesar do tipo atlético o “mocinho”é mesmo o criado por Conan Doyle.  Mas não convence.

Esta narrativa, contudo, torna o filme atraente para uma certa ala. Lembra Richard Lester da fase dos Beatles. Para divertir ainda mais o espectador deve esquecer o soturno detetive de historias, a exemplo, “O Cão dos Baskerville”. Mas não é inédita a licença cinematográfica sobre o personagem. Billy Wilder não só usou um Holmes atípico como colocou na trama de “A Vida Intima de Sherlock Holmes” (The Private Life of Sherlock Holmes/UK,EUA,1970) um submarino na época da Rainha Vitória a ser confundido com o lendário Monstro do Lago Ness.
Persistente é a relação de Holmes com o amigo médico John Watson. A amizade, nos livros, usa-a como escada para a ironia do detetive e o sucesso de suas deduções, num diálogo primoroso. Mas sempre deixou margem a um elo intimo. Qual a natureza do afeto entre os dois? No filme de Ritchie, o de agora (em cartaz nos cinemas brasileiros), há uma seqüência de Holmes travestido (para se refugiar de bandidos) e a sabotagem que ele produz no casamento de Watson, atirando a esposa deste (logo depois do casamento) da porta do trem em movimento para o rio (onde seria “pescada” pelo irmão dele, Mucroft Holmes, interpretado por Stephen Fry). Este e outros detalhes são inseridos para dar um toque de comicidade à trama. O objetivo, afinal, é entretenimento. Esquecendo a literatura criada por Conan Doyle e, no cinema, o protagonismo do veterano ator Basil Rathbone(o Holmes clássico do cinema), esta sequência de aventuras com o detetive inglês pode até dar certo. A mim, não. Acostumada desde criança a essa literatura de suspense e de detetives clássicos (Edgard Allan Poe, Agatha Christie, Raymond Chandler, George Simennon, Ellery Quinn, Dashiel Hamett etc) e tendo em Sherlock Holmes o meu preferido, não concebo esse malabarismo coreográfico do atual tipo para atrair público. Clássico é clássico e a estatura desse conceito deve remeter ao respeito do cinema aos tipos concebidos. No filme anterior as evidências de modernização da figura até que deixavam em paz uma certa traquilidade na concepção, mas neste, apesar de conveniente (no meu modo de olhar o público, digo) me deixa insensível. Não foi o meu detetive inglês que vi no filme de Ritchie.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

OS PREMIADOS DO “GLOBO DE OURO”


Quem tem no sangue a veia de cinéfilo, pode ter outras marcas, mas aquela tem chances viscerais de levar o/a espectador/a de carteirinha a se tornar um aficcionado de qualquer premiação nesse teor. As críticas a esse tipo de pessoa (que eu sou) são sempre existentes, mas já tenho idade e tempo de atividade na área de para absorvê-las.
Neste preâmbulo, confesso que estive na “primeira fila” do 69º Globo de Ouro realizado em Los Angeles (EUA) na noite do último domingo (15/01). Lista de concorrentes e caneta a postos, além do celular para interagir no twitter, fiquei até o final do evento presenciando as escolhas feitas pela associação da imprensa estrangeira de Hollywood desde 1944. Esta é formada por 88 jornalistas que não são necessariamente críticos, que com suas regras de votação e campanhas promocionais formam suas listas de ganhadores de mais essa estatueta. Diz-se que esses profissionais são bem menos restritivos que os do Oscar. Duas brasileiras participam da comissão: Paoula Abou-Jaoude e Ana Maria Baiana, além de outros de países da América do Sul como Argentina (dois membros) e Chile/Peru (um representante).

Sem elaborar uma lista nos moldes jornalisticos – haja vista que desde ontem esse formato já está na midia – creio que uma “passada” mais pessoal confere minha visão sobre o evento & suas indicações, porque aqui prefiro me postar como uma espectadora qualquer.
Veja-se, por exemplo, o tom da festa: muito simples, sem a ambientação do que se vê no Oscar, onde números musicais e performances são sempre um condutor de chamarizes para estimular o interesse da platéia. Esta, numa panorâmica da câmera e em flashes pontuais revela “casa cheia” entre renomados, iniciantes e alguns desconhecidos atores (em locais aonde os filmes e as séries de tv não chegam). Mas há também os que eu chamei no twiter de “papagaios de pirata”: aqueles que se postam diante das câmeras da imprensa e esperam ao menos ser vistos em seus belos (ou feios) modelos de vestidos e/ou uma “carinha nova” marcando presença. Os que são chamados para uma entrevista sem dúvida são aqueles que já são sucesso de público. A exemplo, George Clooney, que foi palmeado pela turma do sereno do “tapete vermelho”. Charme, mesmo, foi o que propiciou Hellen Mirren, não só na entrada do auditório, mas quando se pronunciou, juntamente com Sidney Poitier, na homenagem da noite a Morgan Freeman, agraciado com o prêmio Cecil B. de Mille pela sua obra no cinema. O momento da entrada ao palco do veterano Poitier foi admirável: toda a platéia de pé, saudando-o. Belissimo tom de respeito a um ator que deve ter enfrentado discriminações no momento em que iniciou carreira na terra do cinema, Hollyood, que ainda era “politicamente incorreta” em relação aos negros & papéis nos filmes.

Outro momento que surprendeu foi quando Martin Scorcese foi chamado para receber o prêmio de melhor diretor por “A Invenção de Hugo Cabret” (2011). Respeito e admiração, também, na homenagem que recebeu.
Woody Allen foi o ganhador da estatueta de melhor roteiro para "Meia-Noite em Paris", competindo com "The Artist", de Michel Hazanavicius, "Os Descendentes", de Nat Faxon, Alexander Payne e Jim Rash, "Tudo pelo Poder", de George Clooney, e "O Homem Que Mudou o Jogo", de Stan Chervin, Aaron Sorkin e Steven Zaillian. Mas o cineasta não foi receber o prêmio nem mandou representante. Coisas do Woody.

Os premiados para o cinema, como forma de manter a informação aos meus leitores, além dos já indicados acima:
1)Filme Comédia ou Musical: The Artist; 2)Filme Drama: Os Descendentes/The Descendants; 3)Filme Estrangeiro: A Separation/A Separação (Irã); 4) Filme de Animação: The Adventures of Tintin/ As Aventuras de Tintin; 5) Atriz de Comédia: Michelle Williams por My Week With Marilyn/Uma Semana com Marilyn;6) Ator de Comédia: Jean Dujardin por The Artist; 7)Atriz de Drama: Meryl Streep por The Iron Lady; 8)Ator de Drama: George Clooney por The Descendants; 9)Atriz Coadjuvante: Octavia Spencer por The Help/ Histórias Cruzadas; 10)Ator Coadjuvante: Christopher Plummer por Toda Forma de Amor/Beginners; 11)Diretor: Martin Scorsese por Hugo; 12)Roteirista: Woody Allen por Midnight in Paris/ Meia-Noite em Paris; 13)Música Original: Ludovic Bource por The Artist; 14)Canção Original: Masterpiece de W.E.

Em primeira mão, publico a lista dos críticos norte-americanos (IMDB) dos seus melhores, alguns coincidentes com os do Globo de Ouro. Vejam: Melhor filme: The Artist: Melhor Ator: George Clooney(Os Descendentes); Melhor atriz: Viola Davis (Histórias Cruzadas, 2011); Ator coadjuvante: Christopher Plummer(Toda Forma de Amor, 2010); Atriz coadjuvante: Octavia Spender (Histórias Cruzadas, 2011). Na animação, preferiram “Rango” e não “Tintin”. A direção coube a Michael Hazanavicius (The Artist); roteiro original , Woody Allen (Meia Noite em Paris, 2011); e o adaptado foi para os roteiiristas de “O Homem que Mudou o Jogo, 2011.
Sobre os premiados da tv, outro dia comento.  

(A foto acima é do elenco de "The Artist")

CINEMA DE ONTEM - O DVD NAS PARADAS


 O DVD testa a memória dos cinéfilos e dos chamados fãs de filmes antigos.
 O filme “Desde que Partiste”(Since You Went Away/EUA,1943, foto) é o típico exemplar do armamento moral dos norte-americanos que tiveram parentes convocados para lutar na Europa ou no Japão (2ª.Guerra Mundial). Dirigido por Clarence Brown focaliza a situação de uma esposa (Claudette Colbert) ao lado das filhas (Jennifer Jones e Shirley Temple) lamentando a partida do marido para o front e, para suportar a perda de recursos, aluga um quarto da casa para um velho coronel (Monty Wooley). Uma das filhas (Jones)apaixona-se por um jovem que também vai para a guerra (Robert Walker), só que neste caso ela sofre a perda do namorado. Ainda no elenco, como o tio das meninas, surge Joseph Cotten. Tudo girando em torno do esforço de guerra, do “bem servir à pátria”. Piegas e um pouco monótono, embora seja possivel assistí-lo até o final, o que se pode dizer dele é que em cortes necessários o tamanho seria reduzido sem recorrências desnecessárias.
Também do passado, mas com uma ingenuidade cativante ainda hoje é “Um Conto de Natal”(The Great Rupert/EUA,1950) da dupla George Pal & Irving Pichel, a mesma de “Destino à Lua”(realizado no mesmo ano). Jimmy Durante inperpreta um malabarista desempregado que se abriga com esposa e filha (Terry Moore, ainda bem jovem) na casa de um usurário que ao receber dinheiro guarda as notas no rodapé de uma parede de um aposento emparelhado ao dos abrigados. Um esquilo que servia a um número de teatro de outro artista circense também se abriga no lugar e, ao ver o dinheiro entrar no buraco onde se acomoda, joga tudo fora. Acontece uma chuva de dólares que todos pensam cair do céu.
Um filme menor muito simpático ainda hoje que não chegou a ser projetado nas telas grandes locais (e pelo que sei nem em outras brasileiras). O esquilo é um dos puppetoons, bonecos que deram fama a George Pal e levou-o da Hungria a Hollywood. O ruim é que a cópia do DVD está colorizada(o original é em preto e branco). Procure ver tirando a cor de sua TV.
Ainda no rol dos velhos cartazes, o interessante “Al Capone”(EUA/1959) de Richard Wilson com Rod Steiger. O famoso gangster ganhou várias biografias cinematográficas. A mais conhecida é “Scarface”(1932) de Howard Hawks (com Capone ainda vivo daí não ser dito o nome dele). Neste exemplar do diretor de “Convite a um Pistoleiro” há uma proposta didática focando Al desde que chega do Brooklyn a Chicago onde reinou a partir da venda de bebida na época da “lei seca”. Steiger compõe bem o tipo. Mas o filme não se aprofunda em nada: é um “reader’s digest” da trajetória do famoso bandido. Mesmo assim, ainda hoje se acompanha com interesse.
Antigo e descartável é “A Deusa do Amor”(One touch of Venus/EUA, 1948). Adaptado de um musical de S.J.Perelman e Ogeden Nash com base numa história de F. Anstein trata sobre o modo como uma estatua da deusa grega (Venus/ Ava Gardner) ganha vida e seduz o antiquário interpretado por Robert Walker. A direção é de William Seiter e Gregory LaCava colaborou sem crédito. Como Ava, que é a melhor figura em cena, não canta nem dança (nem os seus parceiros) o filme não se situa no gênero de onde veio. E nem serve como comédia romântica. Melhor seria ter ficado no passado que pode ter seduzido alguns fãs.

Como se vê, o bombardeio de cópias de filmes em DVD está explorando, hoje, um mercado bem específico e não se resume a copiar os lançamentos atuais que não chegam ao mercado, mas aqueles que tiveram fama e cujo público prefere o cinema doméstico a sala escura dos cinemas de rua (hoje de shopping). As imagens da memória, o cinema e a forma de digerir o que chega ao mercado estão interelacionados, sem sombra de dúvida.

CENTENÁRIO DO OLYMPIA & HOMENAGEM A MAZZAROPI


Cine Olympia

De 17 à 29/01/2012

Horário : 18:30 h

Entrada Franca

Livre

 MOSTRA:O CINEMA DE MAZZAROPI”

Amácio Mazzaropi nasceu em São Paulo, SP, em 09 de abril de 1912. Aos dezesseis anos foge de casa para ser assistente do faquir Ferri. Em 1940, monta o Circo Teatro Mazzaropi e cria a Companhia Teatro de Emergência. Em 1948 vai para a Rádio Tupi, onde estréia o programa Rancho Alegre. Em 1950, inaugura a televisão no Brasil e para lá leva seu programa, com estrondoso sucesso. Abílio Pereira de Almeida, então produtor e diretor da Vera Cruz, procura um tipo diferente e curioso para estrelar uma comédia. Quando vê Mazzaropi na televisão, não tem dúvida e contrata-o para atuar em SAI DA FRENTE (52). O sucesso popular é tanto que Mazzaropi acaba se dedicando praticamente ao cinema. Participa de oito filmes como ator contratado e, em 1958, funda a Pam Filmes, Produções Amacio Mazzaropi. A partir daí, passa a produzir e dirigir seus filmes, sendo sua primeira produção CHOFER DE PRAÇA, em que ele emprega todas as suas economias. Com o filme pronto, falta dinheiro para fazer as cópias. Pega seu carro e sai pelo interior a fora fazendo shows até conseguir arrecadar a quantia necessária. O filme estréia e faz muito sucesso. O pano de fundo de quase todos os seus filmes é sempre uma fazenda, primeiro emprestada e depois a sua própria, chamada Fazenda da Santa, onde monta seus estúdios. Ali atravessa sua mais fértil fase e produz seus melhores filmes como TRISTEZA DO JECA (61) e MEU JAPÃO BRASILEIRO (64). Com o tipo "JECA", o caipira de fala arrastada, tímido, mas cheio de malícia, arrasta multidões aos cinemas. Lança um filme por ano e sempre em 25 de janeiro, aniversário de São Paulo, e no cine Art-Palácio, que ele adota para lançamento das películas, pois o dono do cinema foi o que mais lhe apoiara no início da carreira de produtor. Fica milionário e paralelamente produz leite também, sendo um dos maiores fornecedores da empresa Leites Paulista. No início dos anos 70 constrói novos estúdios e um hotel, também em Taubaté. Artista nato e empresário com muito tino comercial, é também desconfiado e solitário. Nunca se casa, mas tem um filho adotivo, Péricles, que o ajuda na produção dos filmes. Morre em 13 de junho de 1981, aos 69 anos de idade, vítima de câncer na medula, logo após iniciar sua 332 produção, JECA E A MARIA TROMBA HOMEM. Mazzaropi é sem dúvida o maior comediante do Cinema Brasileiro. Seu nome é sinônimo de sucesso e respeitado por todos, inclusive os críticos, que não gostam de seus filmes, mas se rendem ao seu talento. Construiu um estilo que será sempre imitado mais jamais superado. Como disse Paulo Emílio Salles Gomes, "O melhor dos filmes de Mazzaropi é ele mesmo". (Fonte: "Astros e Estrelas do Cinema Brasileiro", de Antônio Leão da Silva Neto).

Filmes da Mostra:

“SAI DA FRENTE” – De 17 à 19/01/2012

Diretor: Abílio Pereira de Almeida/Elenco: Mazzaropi, Ludy Veloso, Leila Parisi

Ano: 1952/Gênero: Comédia

Sinopse : Ao fazer uma mudança de São Paulo para Santos, dono de um caminhão velho se envolve em contínuas e inúmeras confusões com burocratas, policiais, motoristas de carro e até mesmo uma partner de circo com quem sonha.

“CANDINHO”- De 20 à 22/01/2012

Diretor: Abílio Pereira de Almeida/Elenco: Mazzaropi, Ruth de Souza, Adoniram Barbosa

Ano: 1954/Gênero: Comédia

Sinopse:Um pobre caipira, apaixonado pela irmã de criação, abandona a fazenda do pai adotivo e tenta sobreviver em São Paulo, onde casualmente a encontra em uma boate suspeita. Ao lado de um companheiro de desventuras e de um velho mestre, retorna ao local de origem em busca de um tesouro que sua verdadeira mãe lhe deixara.

“JECA TATU” – De 24 à 26/01/2012

Diretor: Milton Amaral/Elenco: Mazzaropi, Geny Prado, Roberto Duval, Marlene França

Ano: 1959/Genêro : Comédia

Sinopse: Jeca é um roceiro que tem sua propriedade ameaçada pela ganância de um latifundiário.


“PORTUGAL..MINHA SAUDADE” – De 27 à 29/01/2012

Diretor: Mazzaropi/Elenco: Mazzaropi, Pepita Rodrigues, Fausto Rocha Jr.

Ano: 1973/Genêro : Comédia/Drama

Sinopse : Sabino, português de nascimento, radicado no Brasil desde criança, tem um irmão gêmeo residente em Lisboa, que escreve convidando-o a ir a Portugal. Sabino, muito pobre, vive na casa de um filho casado, de favor, mas esconde essa situação do irmão e vai levando sua vidinha em companhia da mulher, vendendo frutas em um carrinho nas ruas de São Paulo.

(ACCPA)

sábado, 14 de janeiro de 2012

MORTAIS COMBATES


A pesquisa sobre a forma de o cinema ter capturado a mitologia grega é uma aventura, haja vista adentrar em labirintos que podem ser mais fechados do que os de Creta. Mas, certamente, vai chegar a algo, embora perca a chance de ganhar um novo fio de lã salvador como o de Ariadne. Por que esse preâmbulo? Após assistir a um desses filmes cujo tema enreda a mitologia, sente-se vontade de mostrar a que isso veio, num cinema em 3D, no século XXI.
“Imortais”(Imortals/EUA, 2011) é mais uma contrafação em nome de deuses e heróis da Grécia antiga. O roteiro de Charles e Vlas Parlapanides (descendentes de gregos) é de uma ingenuidade que passa por sinônimo de pobreza. Detém-se na luta de Teseu (Henri Cavill) com o rei Hyperion (Mickey Rourke). O que mais se conhece do herói, a luta contra o minotauro, está em segundo (ou mais atrás) plano. Tampouco se trata da família de Teseu, de suas mulheres, de seus filhos, chegando a se dizer que ele era bastardo (e não filho de um rei). Mas qualquer aproximação mais séria com a riqueza do mito grego é mesmo “mera coincidência” (a lembrar àquelas vinhetas dos filmes usadas antigamente para livrar do real as idéias ficcionadas de quem escrevia as histórias).
Mas o cinema não tem, é verdade, obrigação de ser sempre fiel aos temas que aborda. Fosse assim e o abismo que o separa da literatura engoliria excelentes cineastas e obras que mereceram o titulo de clássicos. Esse, aliás, é um dos itens a que Julio Plaza (au tratar de arte-interatividade) se deteve para mostrar que qualquer adaptação de uma obra literária para um filme, consequentemente, se torna uma outra obra. Mas, quando tratado nesse escopo, diz-se que se quer é uma realização competente. E isto não se vê em “Imortais”. Quase todo filmado em CGI (recurso às imagens digitais geradas por computador) a narrativa é uma refém dos efeitos especiais. E o diretor indiano, Tarsem Dhandwar Singh, não quer se livrar dos computadores, mesmo quando o que enfoca é, por exemplo, a relação do herói com Phaedra (Frieda Pinto) ou a libertação dos titãs ou, ainda, a interferência dos deuses do Olimpo, estes relutantes em se intrometer em assuntos humanos até que a situação implique em ausência de tensão.
O modo de contar os fatos é tão relapso que se torna confuso. Os que ainda não leram a mitologia grega (ao menos algumas partes desta) e desconhecem quem foi Teseu (ou não leram, ao menos, o nosso escritor Monteiro Lobato que escreveu para as crianças “Os 12 Trabalhos de Hercules”) se perde na trama em que o herói grego exibe máscaras de torturado deprimentes para quem deixou muito a contar no rico veio mitológico do berço da civilização.
O melhor do filme, a meu ver, é o final quando se dá uma licença poética, vendo-se os guerreiros ascendendo no espaço com suas armas em punho. Por este quadro percebe-se que o cineasta tentou algumas vezes usar pinturas famosas para o seu “décor”, ou quis impregnar seu trabalho de certa pretensão estilista que supera a morosidade da ação como não é de praxe nos filmes comerciais do nível. Mas pode ser que se queira ver demais. Há filmes que nascem para um determinado publico e a observação de mudança de direção para outro tipo de público deve ser considerada um acidente (ou uma tendência de critica). Na verdade “Imortais” deve ser consumido como um blockbuster que usa a 3D para vender melhor. E a venda é a sua meta, ou o seu“fio de Ariadne”. Qualquer desvio dessa opção é acidental, ou produto da incapacidade da realização como material de venda fácil.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

OS MELHORES FILMES DOS LEITORES


Os leitores de Panorama (O Liberal) enviaram suas listas de filmes de 2011. Na contagem dos pontos, a relação final apresenta os 10 melhores. Na foto, Javier Barden, em "Biutiful", filme de Iñuarritu incluido na lista geral e que não esteve na lista dos críticos da ACCPA. Outro também nessa qualificação foi "Além da Vida".

Relação Geral
1.A Árvore da Vida - 83 pts.
2.Cisne Negro , e
Meia Noite em Paris –77 pts.
3.Melancolia –69 pts.
4 . A Pele Que Habito – 46 pts
5. O Discurso do Rei – 50 pts
6. Biutiful – 28 pts
7. Além da Vida – 27 pts
8. A Fita Branca – 23 pts.
9. Inverno na Alma – 22 pts.
(houve empate no 2º lugar) 

Alessandro Baia
1.A Árvore da Vida
2.Cisne Negro
3.Melancolia
4 -A Pele Que Habito
5.O Palhaço
6.Meia Noite em Paris
7.Em Um Mundo Melhor e Rango
8.Amor a Toda Prova
9.A Fita Branca
10.O Vencedor e Bravura Indômita

Alex Barata da Silva
1.  Árvore da Vida
2. O Vencedor
3. Cisne Negro
4. Meia- noite em Paris
5.Um Lugar Qualquer
6. Inverno da Alma
7. O Palhaço
8. Bravura Indomita
9. A pele que habito
10. Super-8


Maurício Borba
1. Meia Noite em Paris
2. Além da Vida
3. A Árvore da Vida
4. Melancholia
5. A Fita Branca
6. Bravura Indômita
7 Cisne Negro
8. O Discurso do Rei
9. Cópia Fiel
10. Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos

Nelson Alexandre Johnston
1.A Árvore Da Vida;
2. Cisne Negro;
3. Melancholia;
4. Meia-Noite Em Paris;
5. A Pele Que Habito
6. Em Um Mundo Melhor;
7.O Discurso Do Rei
8
Tio Boomee, Que Pode Recordar Suas Vidas Passadas
9 .A Fita Branca
10. Minhas Mães e Meu Pai


Jeison Texican Castro Guimarães
1. A Árvore Da Vida;
2 .Cisne Negro
3 .O Discurso Do Rei;
4 .Biutiful;
5 .Meia-Noite Em Paris;
6 .Harry Potter E As Relíquias Da Morte - Parte 2
7 .Melancholia;
8
.A Pele Que Habito;
9 .Além Da Vida;
10. O Vencedor.

Edyr Falcão
1.Melancholia
2.Meia Noite em Paris
3.A Árvore da Vida
4.Cisne Negro
5.A Pele que Habito
6.A Fita Branca
7.Bravura Indômita
8.Biutiful
9.Cópia Fiel
10.Homens e Deuses

Ricardo Secco

1. Meia-noite em Paris
2. O Discurso do Rei
3. Cisne Negro
4. Além da vida
5. Rio
6. Melancholia
7. O garoto de Liverpool
8. A pele em que habito
9. O Palhaço
10. Bravura Indômita

Margarida Maria Da Cruz Xerfan
1.A Árvore da Vida
2."A Pele que Habito
3.Melancolia
4.Meia-Noite em Paris
5.A Fita Branca
6.Cisne Negro
7.O Discurso do Rei
8- Reencontrando A Felicidade
9.Inverno na Alma
10.Minhas Tardes com Margueritte * (só em DVD)

Francisca Valeska B. Falcão
1.A Pele que Habito
2.Melancholia
3.Biutiful
4.A Árvore da Vida
5.Homens e Deuses
6.Planeta dos macacos: A origem
7.Cisne Negro
8.O Discurso do Rei
9.Rango
10.Bravura Indômita

Orlando Sérgio F. de Campos

1. Melancholia
2. O Discurso do Rei
3. Um Lugar Qualquer
4. Biutiful
5. Cisne Negro
6. Namorados para sempre
7. Inverno da Alma
8. Em um mundo melhor
9. A Arvore da Vida
10. Rango

Edna Maria Do Couto Assis
1- 127 Horas
2- Inverno da Alma
3- Rango
4- Bravura Indomita
5- A Arvore da Vida
6- Copia Fiel
7- Homens e Deuses
8- Contra o Tempo
9- A Fita Branca
10- A Minha Versão do Amor

Arthur Dos Reis Costa
1.Meia Noite em Paris
2.Além da Vida
3.O Discurso do Rei
4.O Vencedor
5.Inverno da Alma
6.O Mágico
7.Em Um Mundo Melhor
8.Biautiful
9.A Arvore da Vida
1. 0- Cisne Negro

João Henrique Da Silva Souza
1.O Turista
2.Minhas Mães e Meu Pai
3.Amor à Toda Prova
4.Cisne Negro
5. Meia Noite em Paris
6.Super 8
7.O Preço do Amanhã
8.Contágio
9.O Discurso do Rei
10.127 Horas