"Amor Profundo", de Terence Davis.
Muitos filmes que chegam às locadoras e lojas que vendem cópias
em DVD não alcançam os nossos cinemas comerciais (e muitas vezes nem as salas
extras). Esta semana assisti a um titulo que recebeu muitos prêmios e elogios,
mas que eu desconhecia inteiramente: “Amor Profundo”(Deep Blue Sea/UK, 2012),
dirigido por Terence Davis de um texto de Terence Rattingan.
O enfoque é de uma mulher de família modesta (Raquel Weisz)
casada com um juiz muito influente (Simon Russel) muito mais velho que ela, que mora com o marido e a sogra, em
Londres. O recorte temporal é o inicio dos anos 1950. Ao conhecer um
ex-combatente da 2ª Guerra (Tom Hiddleston) a jovem esposa inicia um romance
com ele, mas confessa ao marido. O divorcio é negado e ela, desesperada, tenta
o suicídio. A atitude extrema da jovem e uma carta que escreve ao namorado são
tomados como uma afronta e ele se mostra violento. O marido, que havia sido
abandonado e muda de ideia com relação ao divorcio, reaparece e tenta a
reconciliação. Mas o novo amor, mesmo com a atitude de enamorado, leva a
personagem a um drama pontuado pela solidão.
Rachel Weisz, que atuou com o diretor brasileiro Fernando
Meirelles em filmes como “O Jardineiro Fiel”(The Constant Gardner/ 2005)
ganhando prêmios dos críticos de Nova York e Toronto, com o filme chegando a
candidato ao Globo de Ouro, tem um grande desempenho. Com narrativa pausada, o
diretor de “Vozes Distantes” (1988) e “Memórias”(1995) segue de perto o texto do autor
de “Nunca Te Amei” e “O Príncipe Encantado”. Mas sempre exibindo cinema, ou
seja, sem se deixar escravizar pelo poder da palavra que existe em falas muito
substanciosas. Vale a pena
conferir.
"Diaz: Política e Violência". Imperdível!
Nesta época de movimentos populares o lançamento de “Diaz,
Política e Violência” (Diaz, Itália, 2010) pode ser considerado oportuno. O
filme trata do protesto de estudantes em Gênova quando de uma reunião de cúpula
de governantes de muitos países. A polícia reprime com extrema violência
matando muita gente. O filme dirigido por Daniele Vicari segue uma linha
documental, lembrando, no estilo, o clássico “4 Dias de Rebelião” (Le Quattro
Giornate di Napoli, Itália,1962) de Nanni Loy. Ha inclusive sequencias com
cenas reais extraídas de cinejornais da época. O filme foi candidato aos Oscar
de melhor roteiro e melhor obra estrangeira. Outro exemplar inédito entre nós.
“Uma Historia de Amor e Fúria” (Brasil, 2012) é uma animação de
Luiz Bolognesi contando de modo bastante particular a história do Brasil desde
a época do descobrimento, passando por rebeliões como a perseguição a escravos
que fugiam e se organizavam em quilombos, indo ao fim do império, à ditadura
militar de 1964-86, adentrando o futuro com a lua pela água que passa
a ser uma riqueza de difícil acesso. O veiculo dessa viagem no tempo
é um índio imortal e a sua companheira Janaina que renasce nas diversas épocas.
Experiência interessante que se discute na liberdade tomada com fatos
históricos divergindo do que se aprende na escola. Vencedor do Prêmio Annecy.
Dois seriados de TV surgem agora em DVD em compactos: “A Vida de
Galileu” (Galileo, UK 1975), de Joseph Losey e “Ressurreição” (Ressureisssione,
Italia, 2001) dos irmãos Paolo e Vittorio Taviani. Raridades que o
telespectador local não conhece. Os discos guardam todos os episódios
produzidos e ainda trazem bônus com detalhes das realizações.
Com essa programação extra que aqui exponho, o cinéfilo se
pergunta por que, com tanta produção que pode sanear a exibição comercial, o
circuito cinematográfico se prende a somente um estilo de filme e castiga
aquele espectador mais interessado em títulos diversos. A exibição pública
desse material seria mais um meio pedagógico de formar plateias, mas, ao que
consta, ficam os privilegiados a assisti-los porque não há interesse nesse uso
do cinema e há proibição de exibição pública de DVDs. No caso, seria então uma
atividade para a ACCPA exibir aos seus associados, pois, essa seria uma maneira
de os colegas conhecerem na prática certo cinema que não chega ao público. Fica
a dica.