segunda-feira, 19 de agosto de 2013

MARATONA DA MORTE

 Jane Fonda e Michael Sarrazin em "A Noite dos Desesperados"(1969)
  
Emprestei o titulo da coluna de hoje de um filme dirigido por John Schlesinger em 1976 (no original “Maraton Man”) para tratar de “A noite dos Desesperados”(They Kill Horsesm D’Ont They?/EUA 1969) dirigido por Sidney Pollack de um roteiro de James Poe e Robert Thompson, baseado em um livro de Horace McCoy. Nele se vê um concurso de dança na época da grande depressão (1929/30) quando se oferecia US$1.500 a quem conseguisse se manter de pé, dançando, por horas e horas até seus concorrentes cansarem.
Dos tipos focalizados chamam a atenção a jovem Gloria (Jane Fonda), disposta a ganhar pelo dinheiro oferecido, a atriz emergente Alice (Susanah York), um marinheiro aposentado (Red Buttons) e um fazendeiro que havia chegado do rancho onde morava com a família, Robert (Michael Sarrazin). Dirige a porfia Rocky (Gig Young). E entre os poucos intervalos a dança corre por horas e horas desafiando físicos que já sentiam a falta de uma boa alimentação na época.
A sequencia inicial é emblemática: o garoto Robert vê matarem um cavalo doente. No correr da narrativa há espaços para ele depondo em juízo. Não se sabe o que fez. E acompanha-se o seu relacionamento com Gloria e também com Alice, esta depois de ter sido roubada pelo próprio organizador da maratona que não achava “comercial” ela se apresentar com vestidos usados no cinema “como se estivesse em um hotel de luxo”(a ideia era justamente apresentar pessoas sofridas com a depressão).
A morte do cavalo rima com a de outra personagem. A frase-título do livro e filme no original é o argumento que um dos tipos dá a um policial que investiga um crime cometido nos bastidores da porfia. O enredo não deve ser desfiado em todos os seus aspectos, mas deve ser econhecido que a realização de Sidney Pollack mostra sua força a cada sequencia, ajudada por uma excelente montagem.
O filme ganhou o Oscar para a categoria de ator coadjuvante dado a Gig Young e o Bafta (Prêmio inglês) para Susanah York. Foi sucesso na sua estreia e se mantém pouco envelhecido visto hoje. Foi copiado agora em DVD e está circulando no Brasil.
“ Barbara”(Alemanha 2012) é o mais novo filme de Christian Petzold, o diretor de “Yella” e “Segurança Interna”, exibidos recentemente no cine Olympia de Belém. Trata de uma jovem médica que sai da prisão em caráter condicional e vai clinicar num hospital ligado ao sistema penitenciário ajudando um colega. Os problemas da personagem-título não são esclarecidos logo para o espectador. Acompanha-se a trajetoria de Barbara entre os casos de doenças e suas resoluções. A linguagem é pausada e com economia de palavras, procurando sempre tirar proveito da capacidade de expressão da atriz Nina Hoss vencedora de vários prêmios europeus. O resultado pode não contentar a todos, evidenciando-se, em outra escala, a análise psicológica e o enfoque de uma situação dramática. Mas não resta duvida de que é mais um título que promove o diretor a um posto expressivo dentro do cinema alemão de hoje.
Quem assistiu aos westerns de Sergio Leone(1929-1989) em seu tempo de estreia aprendeu a separar o chamado “faroeste espaguete” de obras mais densas dentro do gênero. Leone era um perfeccionista, e seus enquadramentos são espantosos. Uma trilogia de seus trabalhos foi agora lançada no mercado brasileiro de DVD: “Por um Punhado de Dólares”(Per um Pugno di Dollari, 1963), “Por Uns Dolares a Mais”( Per Qualche Dolari in Piu, 1965) e “3 Homens em Conflito” (l Buono, Il Brutto i Il Cattivo, 1966). Todos interpretados por Clint Eastwood. Bons exemplos de plasticidade num gênero que se via como  norte-americano por excelência. Os estudiosos cinéfilos deveriam assistir e avaliar essa narrativa que tem um domínio de linguagem na introspecção do protagonista. Gestual e ausencia de diálogos dá o tom do cinema em que a imagem predomina.

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