Jane Fonda e Michael Sarrazin em "A Noite dos Desesperados"(1969)
Emprestei o titulo da coluna de hoje de um filme dirigido
por John Schlesinger em 1976 (no original “Maraton Man”) para tratar de “A
noite dos Desesperados”(They Kill Horsesm D’Ont They?/EUA 1969) dirigido por
Sidney Pollack de um roteiro de James Poe e Robert Thompson, baseado em um
livro de Horace McCoy. Nele se vê um concurso de dança na época da grande
depressão (1929/30) quando se oferecia US$1.500 a quem conseguisse se manter de
pé, dançando, por horas e horas até seus concorrentes cansarem.
Dos tipos focalizados chamam a atenção a jovem Gloria (Jane
Fonda), disposta a ganhar pelo dinheiro oferecido, a atriz emergente Alice (Susanah
York), um marinheiro aposentado (Red Buttons) e um fazendeiro que havia chegado
do rancho onde morava com a família, Robert (Michael Sarrazin). Dirige a porfia
Rocky (Gig Young). E entre os poucos intervalos a dança corre por horas e horas
desafiando físicos que já sentiam a falta de uma boa alimentação na época.
A sequencia inicial é emblemática: o garoto Robert vê
matarem um cavalo doente. No correr da narrativa há espaços para ele depondo em
juízo. Não se sabe o que fez. E acompanha-se o seu relacionamento com Gloria e
também com Alice, esta depois de ter sido roubada pelo próprio organizador da
maratona que não achava “comercial” ela se apresentar com vestidos usados no
cinema “como se estivesse em um hotel de luxo”(a ideia era justamente
apresentar pessoas sofridas com a depressão).
A morte do cavalo rima com a de outra personagem. A frase-título
do livro e filme no original é o argumento que um dos tipos dá a um policial
que investiga um crime cometido nos bastidores da porfia. O enredo não deve ser
desfiado em todos os seus aspectos, mas deve ser econhecido que a realização de
Sidney Pollack mostra sua força a cada sequencia, ajudada por uma excelente
montagem.
O filme ganhou o Oscar para a categoria de ator coadjuvante dado
a Gig Young e o Bafta (Prêmio inglês) para Susanah York. Foi sucesso na sua
estreia e se mantém pouco envelhecido visto hoje. Foi copiado agora em DVD e
está circulando no Brasil.
“ Barbara”(Alemanha 2012) é o mais novo filme de Christian
Petzold, o diretor de “Yella” e “Segurança Interna”, exibidos recentemente no
cine Olympia de Belém. Trata de uma jovem médica que sai da prisão em caráter
condicional e vai clinicar num hospital ligado ao sistema penitenciário
ajudando um colega. Os problemas da personagem-título não são esclarecidos logo
para o espectador. Acompanha-se a trajetoria de Barbara entre os casos de
doenças e suas resoluções. A linguagem é pausada e com economia de palavras,
procurando sempre tirar proveito da capacidade de expressão da atriz Nina Hoss
vencedora de vários prêmios europeus. O resultado pode não contentar a todos,
evidenciando-se, em outra escala, a análise psicológica e o enfoque de uma
situação dramática. Mas não resta duvida de que é mais um título que promove o
diretor a um posto expressivo dentro do cinema alemão de hoje.
Quem
assistiu aos westerns de Sergio Leone(1929-1989) em seu tempo de estreia
aprendeu a separar o chamado “faroeste espaguete” de obras mais densas dentro
do gênero. Leone era um perfeccionista, e seus enquadramentos são espantosos.
Uma trilogia de seus trabalhos foi agora lançada no mercado brasileiro de DVD:
“Por um Punhado de Dólares”(Per um Pugno di Dollari, 1963), “Por Uns Dolares a
Mais”( Per Qualche Dolari in Piu, 1965) e “3 Homens em Conflito” (l Buono,
Il Brutto i Il Cattivo, 1966). Todos interpretados por Clint Eastwood. Bons
exemplos de plasticidade num gênero que se via como norte-americano por excelência. Os estudiosos
cinéfilos deveriam assistir e avaliar essa narrativa que tem um domínio de
linguagem na introspecção do protagonista. Gestual e ausencia de diálogos dá o
tom do cinema em que a imagem predomina.
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