segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

GATO MANHOSO


A série “Shrek” da empresa DreamWorks, lançou o gato manhoso que derivava de outra lenda, desta vez escrita por Charles Perrault e conhecida das crianças brasileiras no passado. O “Gato de Botas” (Puss in Boots) era um tipo até que divertido quando surgiu no mundo do ogro apaixonado e depois pai de familia. Agora a empresa deu a ele o papel principal de uma produção que leva o seu nome.
Dirigido por Chris Miller de um roteiro de Wiliam Davies e mais 3 colaboradores (citando Perrault) o filme decepciona quando quer estruturar o tipo como um conquistador latino, com passado na policia e, em seguida, guinado a perseguir um ladrão de feijões mágicos. No original, Miller usou a voz de Antonio Banderas para estimular o sotaque espanhol do herói. Não se pode desfazer o esforço do dublador, mas da caricatura anglo-americana para um sotaque que força a compreensão em português vai um bom caminho.
Confesso que não aturei o gato com pendores eróticos. Achei forçado como achei as imagens pesadas na penumbra que o roteiro passou a exigir. Para uma animação que atrai especialmente crianças, o resultado foi frustrante. Mais uma vez a DreamWorks perde para a PIXAR, concorrente que usa não só de técnica nos seus “cartoons” como de temas sensíveis (a exceção de “Carros 1 e 2”, imposição de John Lasseter, diretor do estúdio, ex-chefe do grupo de animadores da Disney, obcecado por automóveis- e afinal o ultimo filme foi o maior fracasso de público da produtora).
De minha parte espero ver “O Gato de Botas” em DVD supondo que as vozes originais melhorem o resultado. Do que vi pouco tenho a dizer. Mesmo porque a tecnologia na animação moderna, toda amparada por recursos digitais, goza de uma hegemonia saudável.
Quanto à primeira estréia do ano, “Imortais”, do indiano Tarsem Dhandawar Singh é uma aventura mitológica que brinca com os deuses e heróis gregos enfocando batalhas passadas na Idade de Bronze. Nada a ver com o cinema para a crítica (ou para festivais). O objetivo de divertir adolescentes pode ser saudável desde que os incite a procurar informações pertinentes sobre a Mitologia Grega. Lembro que na minha infância Monteiro Lobato fez publicar a série “Os 12 Trabalhos de Hercules” e por ele a garotada aprendeu quem era quem no Olimpo (o monte onde moravam os deuses). Pode ser que esse tipo de filme, agora popular, faça o mesmo efeito. Mas a postura está evidenciando muito mais a violência do que a gênese dos mitos. Com os avanços técnicos é muito mais barato filmar hoje as aventuras dos titãs do que numa época em que os produtores precisavam de artistas como Ray Harryhausen para elaborar “stop motion” ou designavam centenas de extras para determinadas seqüências épicas. Por isso se realizam muitas aventuras pseudo históricas. E a expectativa de lucro não é tão grande (posto que a garotada de videogame quer sempre mais alguma coisa). Mas em breve devo estar tratando do filme. Sem arriscar recomendação.
Um outro assunto, uma vez que este espaço mantém a sua promoção de trinta anos, é a recepção das listas de melhores filmes do ano dos leitores deste espaço e/ou os do meu blog. A importância da participação, para mim, revela-se não para medição do número de leitores/as, mas em função do comparativo que se faz em torno do que foi importante para o público assistir em tela grande e o que foi escolhido pelos membros da crítica. Por mais que seja exposta a relação destes ultimos, nem sempre o leitor ou leitora deste espaço sintoniza com alguns títulos. E essa diversidade é boa, haja vista demonstrar o acúmulo diferenciado sobre cinema das várias platéias. Diga-se isso até mesmo entre os membros da ACCPA cujas listas já foram aqui publicadas, mostrando essa diversidade. O filme de Pedro Almodóvar, “A Pele que Habito”, por exemplo, embora conste da relação final, muitos não gostaram do enfoque. O mesmo de “Film Socialism”, de Godard que graças a Deus se manteve entre os melhores.
Assim, convoco os leitores a mandarem suas listas pelo email ou para a portaria deste jornal até o próximo dia 10. Fico na espera.

Nenhum comentário:

Postar um comentário