segunda-feira, 8 de outubro de 2012

LOOPER

Bruce Willis e Joseph Gordon-Levitt em "Looper, Assassinos do Futuro"
      A idéia de que no futuro a viagem no tempo está disponível apenas no mercado negro e os criminosos serão enviados para o passado onde/quando serão eliminados é um meio de imaginar o mundo entre a realdade concreta e a virtual. Nesse caso, é uma forma de inviabilizar os crimes cometidos posto que os criminosos seriam excluidos antes de seus atos. No enredo do filme “Looper: Assassinos do Futuro” (EUA/2012), ora em cartaz, um dos policiais do tempo presente (no caso o ano de 2044, em Kansas City) é um dos assassinos que aluga seus serviços à máfia, visto que esta acha complicado livrar-se dos corpos no futuro. Essa organização usa os Loopers para seus serviçoes e Joe (Joseph Gordon Levitt, de "50/50" e "A Origem") faz parte dela. Certo dia recebe do futuro um personagem que descobre ser este a versão  mais velha de si próprio (Bruce Willis) deslocado no tempo por se constituir, no futuro, uma ameaça à máfia. Este “outro eu” será seu adversário e lutará para tentar sobreviver. É uma questão de vida ou morte.

A trama, criada pelo cineasta de 38 anos Rian Johnson, gera uma ficção cientifica imaginosa que não se perde nos detalhes delicados que podem leva-la a indefensáveis “furos”. Ao deslocar a viagem ao futuro ao mercado negro e ao uso desta e da organização dos Loopers, também foge à crítica de que é um filme fascista, pois não é o Estado que elimina os criminosos, mas o próprio crime que se precavém de acusações à sua maneira de tratar os ditos “traidores”.

A narrativa acompanha Joe quando ele resolve fugir de Megan City, a cidade onde trabalha, seguindo para o Oriente. Uma legenda pontua os anos que vão passando. Quando surge o “velho Joe” a seqüencia é interrompida. Este fora casado com uma oriental que morrera na hora em que o seu apartamento é invadido pelos asseclas do “chefão" da máfia. Perseguido no tempo por Joe jovem, ele tem clareza de que se conseguir eliminar o algoz, a sua esposa, por quem é apaixonado, voltará à vida.

O diretor não esmiúça detalhes das viagens no tempo nem se detém nas personalidades que focaliza. Se esse enredo fosse da lavra de um cineasta como Alain Resnais (que ainda vive e é considerado um dos autores de cinema que fez do tempo uma de suas “personagens”) tudo seria diferente. Mas Rian Johnson quer fazer filme comercial mesmo que exija um nível acima do que está sendo produzido hoje na linha “blockbuster”. Por isso, a narrativa é dedicada à narração da trama. Pouco se diz do cenário que é o mundo de mais de 30 anos a nossa frente. Até por conta dos limites da produção que quase sempre se exime dos recursos de CGI, tratando as sequencias com o realismo possível.

É interessante que o dècor não está preocupado, com o processo desintegrado desse futuro mostrado como tantos filmes já o fizeram. A cidade é captada com algumas alterações, e o interior das casas, também. O senso asseptico passa pelo despojamento de uma decoração estética futurista, embora seja possivel reconhecer que o apartamento de Joe, por exemplo, quarda certa mudança em seus arranjos.

São muitos os filmes que tratam de viagens no tempo. Clássicos como “Daqui a Cem Anos” (Things to Come/UK, 1936), “A Maquina do Tempo” (The Time Machine/EUA,1960) ou “De Volta Para o Futuro” (Back to the Future/EUA,1985) em suas três versões, são sempre lembrados até por suas falhas (o primeiro, por exemplo, só previa uma viagem à lua em 2036). Mesmo esses títulos preferem muito mais o meio fácil de comunicação, passando o tema sem aprofundá-lo, achando melhor brincar com o que se chama “paradoxo temporal”, ou seja, a idéia de que qualquer mudança efetuada num determinado momento pode mudar todo o futuro que se conte a partir daí. O trabalho de agora procura eximir-se de falhas e mantém a atenção do espectador com as suas divagações cientificas. Para alguns pode ser um programa de difícil acompanhamento, mas está acima da média ofertada pelos cinemas comerciais atualmente.
“Looper” chega a surpreender. Estreou semana passada desde Los Angeles depois de sessões especiais em diversos países como a Inglaterra. Isto demonstra confiança dos produtores ao trabalho do diretor-roteirista de currículo minúsculo (apenas mais dois filmes para o cinema).

 

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