Sou da
geração em que os heróis de diversas aventuras em diversos cenários já eram, em
sua maioria, criações norte-americanas. Era o domínio desse mercado cultural
sobre a América Latina. Quando criança, meus irmãos, primos e eu líamos as
historias de cowboys, especialmente as que surgiam em quadrinhos como “Pequeno
Xerife” e, também, os romances de capa-e-espada e de Tarzan, histórias da
preferência tanto de meninas quanto de meninos. Na pré-adolescência, as meninas
ainda abriam espaço para autores como M. Delly (pseudônimo dos irmãos franceses
Fréderic Henri Pettijean de la Rosiére e Jeanne Marie Henriette Pettijean de la
Rosiére), Max Du Veuzit (pseudônimo de Mme Alphonsine Vavasseur-Archer
Simonete), escritores publicados na Coleçao Azul da Cia Editora Nacional. Hoje,
Tarzan é lembrado, ao comemorar cem anos da criação pelo escritor Edgar Rice
Burroughs(1875-1950). Em 1912 ele escreveu também “Princesa de Marte” uma das
muitas historias de ficção cientifica que imaginou para as tirinhas de jornal e
que depois lançaria em livros.
O cinema ajudou a imortalizar a
figura de Tarzan. O primeiro livro em que surgiu, “Tarzan, O Homem
Macaco”(Tarzan the Ape Man) foi filmado em 1932, por W.S. Van Dyke, protagonizado
pelo campeão olímpico de natação Johnny Weissmuller (1904-1984) que estreava
nessenpersonagem (havia atuado antes em filmes de menor importância). Teria
inicio, então, uma série que levou gerações ao cinema. E é um pouco desta série
que vai ser revisto agora, em Belém, no Cine Olympia, a partir da próxima terça
feira ( 16/10), com ingresso franqueado.
Não lembro quantos filmes de
Tarzan assisti. Mas era interessante observar como os produtores conseguiam reproduzir
as aventuras desse tipo com a tecnologia e o orçamento disponiveis. Segundo informações
da época, apenas um filme da série produzido anos 1930 a 50 teve como locação o
continente africano. O comum era desenhar uma “selva” e construí-la no estúdio,
com intercessões de cenas compostas por animais correndo ou crocodilos. A
“casa” de Tarzan era bem construída numa árvore improvisada e a macaquinha Xita
(Cheeta) nem sempre era interpretada pelo mesmo animal (a mais frequente morreu
há 2 anos).
Os pré-adolescentes e jovens se
entusiasmavam pelas peripécias que se repetiam em cada filme e, muito antes das
hoje “politicamente corretas” campanhas ecológicas anotava-se a luta de Tarzan
pela conservação do meio ambiente, libertando animais aprisionados por
caçadores inescrupulosos e evitando o desmatamento. Ficou célebre o grito do
herói para chamar seus amigos da selva, especialmente o elefante Tantor.
Weissmuller faleceu depois de meses com o Mal de Alzheimmer e em seus anos de
doença gritava como nos filmes em seu devaneio. Após terminar seu contrato com
o produtor Sol Lesser, esse ator faria de uma série com base nos quadrinhos
desenhados por Alex Raymond, seguindo historias de Don Moore: “Jim das Selvas”.
Sem sucesso. O publico o elegeu “o melhor Tarzan”e isso ficou.Os filmes que serão exibidos na próxima semana, pela ordem de exibição:
“Tarzan o Homem Macaco”(Tarzan the Ape Man/1932), “A Companheira de Tarzan”(Tarzan and his Mate/1934), “A Fuga de Tarzan” (Tarzan’s Escape/1936),“O Filho de Tarzan”(Tarzan Finds a Son/1939), “O Tesouro de Tarzan”(Trazan’s Secret Treasure/1941) e “Tarzan Contra o Mundo”(Tarzan’s New York Adventure/1942). Todos interpretados por Weissmuller com a atriz Maureen O’Sullivan protagonizando Jane e Johnny Sheffield como “Boy” o garoto achado num avião que se acidenta na selva, sendo criado pelo casal, em sua casa-árvore.
As aventuras cinematográficas de Tarzan começaram a ser produzidas na empresa Metro e depois foram assumidas pela RKO. A saída de Weissmuller da séria deixou Lex Barker para o papel. Houve uma queda nos lançamentos dos filmes , sendo o tipo assumido pelo ator Gordon Scott. Mas a série já estava sem atrativos apesar do uso da cor. Em 1984, os ingleses realizaram “Greystoke, a Lenda de Tarzan”(Greystoke,the Legend of Tarzan Lord of the Apes) dirigido por Hugh Hudson com Christopher Lambert no papel-título.O filme foi candidato a Oscar de ator coadjuvante (Sir Ralph Richardson), roteiro e maquilagem.E ganhou o Bafta de maquilagem além de ser candidato no Festival de Veneza e no César(prêmio francês). Esse exemplar não tinha a ingenuidade dos antigos sucessos, mas seria até uma homenagem às origens do “rei das selvas”.
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