quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O REI DAS SELVAS


John Weissmuller como Tarzan e Jane, Boy e Cheeta, a família ecológica.

Sou da geração em que os heróis de diversas aventuras em diversos cenários já eram, em sua maioria, criações norte-americanas. Era o domínio desse mercado cultural sobre a América Latina. Quando criança, meus irmãos, primos e eu líamos as historias de cowboys, especialmente as que surgiam em quadrinhos como “Pequeno Xerife” e, também, os romances de capa-e-espada e de Tarzan, histórias da preferência tanto de meninas quanto de meninos. Na pré-adolescência, as meninas ainda abriam espaço para autores como M. Delly (pseudônimo dos irmãos franceses Fréderic Henri Pettijean de la Rosiére e Jeanne Marie Henriette Pettijean de la Rosiére), Max Du Veuzit (pseudônimo de Mme Alphonsine Vavasseur-Archer Simonete), escritores publicados na Coleçao Azul da Cia Editora Nacional. Hoje, Tarzan é lembrado, ao comemorar cem anos da criação pelo escritor Edgar Rice Burroughs(1875-1950). Em 1912 ele escreveu também “Princesa de Marte” uma das muitas historias de ficção cientifica que imaginou para as tirinhas de jornal e que depois lançaria em livros.
O cinema ajudou a imortalizar a figura de Tarzan. O primeiro livro em que surgiu, “Tarzan, O Homem Macaco”(Tarzan the Ape Man) foi filmado em 1932, por W.S. Van Dyke, protagonizado pelo campeão olímpico de natação Johnny Weissmuller (1904-1984) que estreava nessenpersonagem (havia atuado antes em filmes de menor importância). Teria inicio, então, uma série que levou gerações ao cinema. E é um pouco desta série que vai ser revisto agora, em Belém, no Cine Olympia, a partir da próxima terça feira ( 16/10), com ingresso franqueado.

Não lembro quantos filmes de Tarzan assisti. Mas era interessante observar como os produtores conseguiam reproduzir as aventuras desse tipo com a tecnologia e o orçamento disponiveis. Segundo informações da época, apenas um filme da série produzido anos 1930 a 50 teve como locação o continente africano. O comum era desenhar uma “selva” e construí-la no estúdio, com intercessões de cenas compostas por animais correndo ou crocodilos. A “casa” de Tarzan era bem construída numa árvore improvisada e a macaquinha Xita (Cheeta) nem sempre era interpretada pelo mesmo animal (a mais frequente morreu há 2 anos).
Os pré-adolescentes e jovens se entusiasmavam pelas peripécias que se repetiam em cada filme e, muito antes das hoje “politicamente corretas” campanhas ecológicas anotava-se a luta de Tarzan pela conservação do meio ambiente, libertando animais aprisionados por caçadores inescrupulosos e evitando o desmatamento. Ficou célebre o grito do herói para chamar seus amigos da selva, especialmente o elefante Tantor. Weissmuller faleceu depois de meses com o Mal de Alzheimmer e em seus anos de doença gritava como nos filmes em seu devaneio. Após terminar seu contrato com o produtor Sol Lesser, esse ator faria de uma série com base nos quadrinhos desenhados por Alex Raymond, seguindo historias de Don Moore: “Jim das Selvas”. Sem sucesso. O publico o elegeu “o melhor Tarzan”e isso ficou.

Os filmes que serão exibidos na próxima semana, pela ordem de exibição:

“Tarzan o Homem Macaco”(Tarzan the Ape Man/1932), “A Companheira de Tarzan”(Tarzan and his Mate/1934), “A Fuga de Tarzan” (Tarzan’s Escape/1936),“O Filho de Tarzan”(Tarzan Finds a Son/1939), “O Tesouro de Tarzan”(Trazan’s Secret Treasure/1941) e “Tarzan Contra o Mundo”(Tarzan’s New York Adventure/1942). Todos interpretados por Weissmuller com a atriz Maureen O’Sullivan protagonizando Jane e Johnny Sheffield como “Boy” o garoto achado num avião que se acidenta na selva, sendo criado pelo casal, em sua casa-árvore.

As aventuras cinematográficas de Tarzan começaram a ser produzidas na empresa Metro e depois foram assumidas pela RKO. A saída de Weissmuller da séria deixou Lex Barker para o papel. Houve uma queda nos lançamentos dos filmes , sendo o tipo assumido pelo ator Gordon Scott. Mas a série  já estava sem atrativos apesar do uso da cor. Em 1984, os ingleses realizaram “Greystoke, a Lenda de Tarzan”(Greystoke,the Legend of Tarzan Lord of the Apes) dirigido por Hugh Hudson com Christopher Lambert no papel-título.O filme foi candidato a Oscar de ator coadjuvante (Sir Ralph Richardson), roteiro e maquilagem.E ganhou o Bafta de maquilagem além de ser candidato no Festival de Veneza e no César(prêmio francês). Esse exemplar não tinha a ingenuidade dos antigos sucessos, mas seria até uma homenagem às origens do “rei das selvas”.

 

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