segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O PROCESSO DE ORCAR WILDE


Peter Finch como Oscar Wilde, num desempenho muito bom
 
Um dos bons lançamentos em DVD é “Os Crimes de Oscar Wilde”(The Trials of Oscar Wilde"/UK 1960) de Ken Hughes com Peter Finch no papel do famoso poeta e teatrólogo. Também vale a pena procurar por “O Pirata” (The Pirate/EUA, 1948) musical da Metro com Gene Kelly e Judy Garland. E dentre os clássicos está a coletânea“As Bruxas”(Les Streghe/Itália, 1967), com episódios dirigidos por “monstros sagrados”do cinema italiano: Luchino Visconti, Mauro Bolognini, Franco Rosi, Pier Paolo Pasolini e Vittorio De Sica.

“O Crimes de Oscar Wilde” tem roteiro do diretor Ken Hughes baseado na peça de John Furnell, por sua vez inspirada no livro de Montgomery Hyde. O ator Peter Finch protagoniza o célebre escritor de “O Retrato de Dorian Gray”, acusado de homossexualismo, um crime, na época da Rainha Vitória. O filme considera, em especial, o relacionamento de Wilde com o jovem Lord Alfred Douglas (John Fraser), filho do Marquês de Queensberry (Lionel Jeffries). O caso é levado a júri pelo próprio Wilde como motivo de ofensa. Mas o promotor Sir Edward Carson (James Mason) consegue colocar a questão em posição inversa e o acusador passa a ser o réu. Uma boa reconstituição de época, uma narrativa dinâmica que afasta a ideia da origem teatral e, especialmente, um elenco bem entrosado nas personagens, fazem do filme um excelente programa. Um filme que trata do que hoje conhecemos como diversidade sexual sendo, esta, desrepeitada. “Os Crimes....” se achava meio esquecido mesmo considerando a filmografia do diretor, o mesmo de “Servidão Humana”(1964) e“Cromwell”(1970).

“O Pirata” agrega os melhores nomes do metromusical: Arthur Freed produtor, Albert Hackett e Frances Goodrich roteiristas (os mesmos de “A Felicidade não se Compra”), Gene Kelly (como coreografo e principal intérprete), Judy Garland, e a musica de Cole Porter (marcante o número “Be a Clown” que seria incluído com Donald O’Connor em “Cantando na Chuva”). A fraqueza do filme está no argumento, que trata de uma jovem hispana apaixonada pelas aventuras de um famoso pirata e que a mãe quer que case com o prefeito de sua cidade. Sabe-se, depois, que ele é o pirata, embora a jovem vá conhecer e se apaixonar por um ator/saltimbanco.
 

Em “As Bruxas”, Dino di Laurentis homenageia a sua esposa Silvana Mangano, com 5 histórias, cada uma dirigida por um nome famoso na indústria do cinema. Luchino Visconti dirige “A Bruxa Queimada Viva” (La Strega Bruciata Viva); Mauro Bolognini dirige“Senso Civico”, com Alberto Sordi. Franco Rosi foi responsável por “La Siciliana”; Pier Paolo Pasolini trata de “A Terra Vista da Lua”(La Terra Vista de la Luna), com Totó, e Vittorio de Sica dirige “Um Dia como Outro” (Uma Sera comme le Altre), com Clint Eastwood. O episódio de Visconti é o que mais desnorteia do tom de comédia que preside os outros. E é o mais longo. Os de Bolognini e Rosi são curtíssimos, especialmente o de Rosi, uma glosa à fama de violento que se dá ao siciliano. Mas o que me pareceu mais substancial foi o de Vittorio De Sica, acompanhado de seu roteirista predileto Cezare Zavatini. Mangano e Eastwood protagonizam marido e mulher com anos de casados que enfrentam uma rotina sufocante em relação às expectativas da mulher. Entre devaneios e realidade vê-se o casal em um tempo e espaço. O filme chegou a ser exibido em um cinema de Belém, mas não marcou época.

“Em Busca da Fé”(Higher Ground/EUA 2011) é o primeiro filme dirigido pela atriz Vera Farmiga. Com roteiro de Carolyn Briggs e Tim Metcalf narra a historia de uma jovem pertencente a uma congregação religiosa que passa a ter dúvidas de sua fé. O original é o livro de memórias da roterista Carolyn, de título “The Dark World”. Bons atores não conseguem fazer uma reflexão sobre o tema e o resultado parece insuficiente. A própria diretora assume o papel principal. Mesmo com suas notórias deficiências, o filme foi candidato a 5 prêmios de entidades norte-americanas inclusive do Festival de Sundance, dedicado ao cinema independente.

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