Charles Boyer e Bette Davis em "Tudo Isto e o Céu Também"
Raro experimento de Roman
Polanski na área do teatro, “O Deus da Carnificina” (Carnage/UK, EUA,2011) foi
adaptado de uma peça da francesa Yasmina Rez, lançada em Londres. Focaliza duas
famílias discutindo em uma sala o desentendimento entre seus filhos. O que pode
se restringir a uma conversa civilizada que apare arestas acaba se
transformando numa espécie de “campo de batalha” onde as pessoas deixam vazar
sua violência interior. O filme foi premiado nos EUA (Boston), Espanha, França
e Veneza, além de ter sido candidato a 11 outros prêmios. Salientam-se as
atrizes Jodie Foster e Kate Winslet, mães que se digladiam por seus filhos e
que acabam por expor simpatias que nunca haviam exteriorizado. No elenco,
ainda, Christoph Waltz e John C. Relly. Interessante é como Polanski mantém a
unidade de lugar (tudo se passa entre quatro paredes) e, mesmo assim, faz
cinema com a movimentação intensa de câmera e oportunidade dos cortes. Ao que
se sabe, a realização se deu em pouco tempo, como se o diretor filmasse a peça do
modo como foi encenada. Só que usou várias câmeras. Filme inédito nos cinemas
locais.
Filmes que recentemente estiveram
nos cinemas comerciais chegam às locadoras de DVD. Entre outros: “Branca de
Neve e o Caçador”, “Prometheus”, “A Era do Gelo 4”, “Sombras da Noite”, e
“Battleship, A Batalha dos Mares”. Todos comentados aqui na coluna quando de
seus lançamentos em tela grande. Nada de excepcional.
Outro exemplar em DVD que ainda
prende a atenção depois de 72 anos de editado é “Tudo Isto e o Céu Também”(All
This and Heaven Too/EUA, 1940). A super-atriz Bette Davis, longe da imagem de
megera que deixou em títulos como “A Malvada” (1950), “Pérfida”( 1941), “O Que
Terá Acontecido á Baby Jane”(1962), neste filme representa uma jovem que na
Paris do século XIX se emprega como governanta de um duque (Charles Boyer),
incitando o ciúme doentio da esposa deste (Barabara O”Neil). O relacionamento
acaba em tragédia e a historia é contada em “flash-back” pela principal
personagem feminina quando professora nos EUA. Narrando os acontecimentos que a
vitimaram consegue dissipar a antipatia das alunas moldada no que a mídia
registrou do conflito passado. Uma direção segura de Anatole Litvak (“A Noite
dos Generais”, ”Anastácia”) mantém o melodrama potencial em um plano que vence
os cacoetes comuns no gênero e na época da produção.
“Anjo da Rua”(Street Angel/EUA,
1928) é um dos últimos filmes de sucesso da fase silenciosa. Janet Gaynor,
atriz de “Aurora”(de Murnau) chegou a morar no Brasil por um tempo. Protagoniza
uma jovem pobre que necessita de dinheiro para comprar remédio para a mãe
doente e não hesita em roubar para isso. É presa, foge, mete-se num circo,
ganha a simpatia de um pintor, mas um acidente leva-a às ruas e com muito
sacrifício consegue reverter um quadro doloroso. Direção de Frank Bozarge,
cineasta que se tornou famoso no gênero deste “Anjo...”.Outro filme de décadas passadas que teve seu momento de gloria é “Duas Semanas de Prazer” (Holiday Inn/EUA, 1942) de Mark Sandrich (“O Picolino”). Fred Astaire e Bing Crosby revezam romances e números musicais de Irving Berlin. Foi o filme que lançou a canção “White Christmas”, premiada com o Oscar.
Este espaço tem propiciado a referência somente a filmes que são lançados nas locadoras. Mas em casas que comemrcializam DVDs acompanho e tenho adquirido cópias de produções importantes como “Para Sempre Mozart” (1996) de Jean-Luc Godard, filme que faz parte das nove obras que ele chamou de Histórias do Cinema realizadas entre 1996-1998; “O Livro de Cabeceira” (1996), de Peter Greneway; “Segredos do Poder” (1998), de Mike Nichols sobre campanhas eleitorais norte-americanas. Na próxima segunda feira vou tratar deles, haja vista que estão a disposição dos que têm sua sala particular de cinema.
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