terça-feira, 15 de dezembro de 2009

RETROSPECTIVA 2009- V







Prosseguindo a revisão dos filmes exibidos na cidade neste ano preste a terminar, relaciono mais alguns e as sínteses para lembrança dos leitores que elaboram suas listas.
“Valsa com Bashir” seguiu a linha adotada por “Persepolis”, no ano anterior, usando a animação para tratar de tema político. Aqui sobre a invasão do Líbano por Israel em 1982. A técnica parece usar a rotoscopia para os desenhos, mas os animadores trabalharam mais livremente do que copiar imagens de atores para uma impressão realista. O desenho ganhou muitos prêmios internacionais.
Em termos de animação o ano ofereceu ainda dois títulos importantes: “A Era do Gelo 3” está entre as raras seqüências que com seguem manter ou superar o nível das matrizes. Dirigida pelo brasileiro Carlos Saldanha conseguiu ser criativa e espirituosa, capitalizando a preferência do público (foi um dos filmes mais rentáveis no Brasil este ano). O outro cartaz do gênero é quase uma obra-prima: “Up, Altas Aventuras”. A equipe dos estúdios PIXAR, no caso, os diretores Peter Doc e Bob Peterson, viram o envelhecimento em ritmo de poesia sem esquecer a aventura. O velho Carl Friedrickson (desde já um dos tipos mais interessantes do gênero) casa-se com uma amiga de infância alimentando o sonho de conhecer uma floresta tropical. Após a morte da companheira, planeja realizar este sonho, mas de forma inusitada: fabricante de balões de gás, ele amarra milhares desses artefatos na sua casa e alça vôo rumo ao espaço geográfico desejado. Ao mesmo tempo em que foge da espoliação urbana que quer expulsá-lo de casa. A odisséia ganha uma platéia maior com a inclusão do menino Russel, que se alia a Carl na decolagem ao solicitar-lhe auxilio para uma campanha cívica. Com este filme, o pessoal da PIXAR ganha um tri-campeonato, seguindo “Ratatouille” e “Wall E”.
O “filme de gangster” deixou marca na história do cinema, do norte-americano em particular, não só configurado em gênero especifico como ajudou a criar outro, o chamado “film noir”. Nos anos 1930-40, particularmente a Warner Bros, produziu muitos exemplares desse tipo de filme e nele lançou intérpretes como Humphrey Bogary, James Cagney e outros. “Inimigos Públicos”, do diretor Michael Mann acompanha o “fora da lei” Johnny Dillinger (antes protagonizado por Tierney agora por Johnny Depp). A cinebiografia atual é uma superprodução, recriando bem o tempo em que viveu o gangster, indo além do aspecto romântico do passado. Cita o filme que Dillinger assistia quando o cinema onde estava foi cercado pela policia (exibia-se “Vencido Pela Lei”/ Manhattan Melodrama, de W. S. Van Dyke). Impressionou.
“Rio Congelado” representou bem a produção independente dos EUA. Filmado na fronteira do Canadá focalizou uma mulher abandonada pelo marido que ameniza as suas dificuldades financeiras aceitando transportar clandestinamente imigrantes de diversas nacionalidades para o território norte-americano. A atriz Melissa Leo foi candidata ao Oscar. O filme dirigido por Courtney Hunt ultrapassou a linha policial para focalizar bem o drama da esposa-mãe chefe de família, diante de uma situação que se agrega ao mundo contemporâneo e define a linha de pobreza das mulheres.
Uma surpresa foi a comédia “Se Beber Não Case”, grande sucesso de publico. Talvez por ser uma rara oportunidade de integrar o tragicômico no surrealismo. Trata de amigos farristas que não lembram o que fizeram depois da farra e encontram uma galinha, um tigre e uma criança no seu apartamento. O tigre pertence ao lutador Mike Tyson, a criança é revelada como filha de uma pessoa próxima que um deles conheceu quando embriagado, mas a presença da galinha fica inexplicada, como muitas outras coisas. O resultado, apesar de não ferir a fórmula da comédia romântica atual, abre espaço para alguma novidade no gênero.
A história do menino de QI elevado que sofre por isso resultou em um simpático filme alemão: “Vitus”, que só encontra no avô a compreensão necessária. Ao morrer o avô o garoto fica no dilema entre assumir a genialidade e ser simples e tentar deixar de lado o seu potencial, seguindo uma linha de comportamento compatível com a sua idade.
Amanhã encerro a retrospectiva.

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