sábado, 17 de dezembro de 2011

OPERAÇÃO PRESENTE


O comércio, no final do ano, aposta nas vendas efetuadas em época de Natal. E a figura do Papai Noel é um veiculo para estimular essas vendas. O personagem foi inspirado em S. Nicolau Taumaturgo, arcebispo de Mira (Turquia), conhecido por ajudar anonimamente os necessitados, levando sacos de moedas de ouro que eram atiradas pelas chaminés das casas. Canonizado, virou simbolo do Natal primeiramente na Alemanha. Mas há quem afirme que a sua popularidade no continente norte-americano deve-se a Clemente Moore, professor de grego em Nova Iorque que escreveu o poema “Uma Visita de S. Nicolau” em 1822, dedicando-o a seus filhos. Também se credita a divulgação do “bom velhinho” a um logotipo da Coca Cola. O certo é que as crianças do século XX esperaram Papai Noel com grande expectativa. Mas“teriam que ser boazinhas”para ganhar presente. E neste século, arrancam os seus desejos pelas botas e barbas do velhinho.
Não sei se o leitor já refletiu, mas muitos meninos e meninas já devem ter pensado em como o velhinho gorducho, vestido de vermelho, conseguia viajar de sua casa, no Polo Norte, visitando todas as crianças do mundo na noite de Natal e qual era a fórmula para entrar nas casas pelas chaminés, sendo gordo. Esta indagação serviu de base ao roteiro de “Operação Presente”(Arthur Christmas/EUA,Ingl/2011) animação ora em cartaz nacional.
No roteiro de Peter Bayham e Sarah Smith, Noel dirige uma corporação de centenas de funcionários equipada com o que há de moderno em termos de informática. Ele sabe quem pediu presente, quem merece, quem deve ganhar na noite de 24 de dezembro. E os elfos são encarregados de postar as encomendas. Vale dizer que trenó e renas são coisas do passado, reliquias que só interessam ao avô Noel, ainda vivo e ativo, e quem vai ajudar o jovem Arthur, uma espécie de chefe de turno da corporação, para entregar a tempo um brinquedo que caiu da prateleira de entrega e poderia deixar uma garotinha inglesa sem o seu presente (e ela que pediu em carta , e até com desenho, a Noel).
A aventura consiste na viagem do antigo Noel e Arthur por quase todos os continentes e mares até chegar à aldeia onde mora a menina que poderia passar como esquecida.
O filme, dirigido por Barry Cook e pela roteirista Sarah Smith, dá a sua lição de que não se deve decepcionar uma criança que tem fé, não se deve desprezar os mais velhos, e não se deve usurpar funções como acontece com o filho mais velho de Noel que se arvora a saber tudo e por isso é contra uma grande tarefa para entregar um simples presente à uma criança cheia de esperança .
Em termos técnicos, a animação atual apoia-se na feição digital e faz prodígios. Este processo, agora aliado à 3D, aposentou os desenhos Disney, antes uma espécie de monopólio do gênero. Mas o que poderia ser bem melhor em “Operação, Presente”é o próprio roteiro. O filme apoia-se muito mais na viagem do velho avô Noel e Arthur, o esforçado filho mais jovem de Noel que leva o presente esquecido, do que o próprio mito, o apego mundial à lenda, ou de como esta lenda surgiu acoplada às comemorações do nascimento de Jesus, fato, aliás, que se omite no trabalho em exibição. Aliás, o Natal do consumo vem sendo um culto a Papai Noel, mesmo sem se ater a S. Nicolau, desprezando-se o que a data representa para a cristandade. De qualquer forma é um raro exemplo de “programa oportuno”.Hoje um filme é lançado em Los Angeles e no Brasil no mesmo dia. Pelo menos para esta atualização de programa a pirataria serviu, pois a indústria teme concorrência.

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