sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O NATAL NO CINEMA



Está novamente em cartaz, em Belém, o clássico de Frank Capra (1897-1904) “A Felicidade Não Se Compra”(It’s a Wonderful Life/EUA,1946, foto). Há certo consenso de que se trata de um dos filmes mais adequados a abordar o Natal. O lançamento dessa produção deu-se no período natalino e Capra, juntamente com o ator James Stewart, fizeram a publicidade do mesmo circulando através do território norte-americano em monomotor que deafiava as tempestades de neve, para “vender” o filme.

Creio que a maioria dos leitores já assistiu ou ouviu comentários sobre o enredo desse filme, onde pontua a história de George Bailley (Stewart), gerente de uma imobiliária, na pequena e fictícia cidade Bedford Falls que embora tenha conseguido criar uma família ideal, casando-se com a namorada de infância, Mary (Donna Reed), não conseguiu amolecer o coração do banqueiro Henry Potter(Lionell Barrymore). A ambição deste era comandar o comércio do lugar (como já mandava no meio bancário) e, para isso, tudo fazia para prejudicar o concorrente, culminando com a ocultação de uma soma que o tio de George (Thomas Mitchell) iria depositar na conta da firma e que, no meio do caminho, ao encontrar-se com o velho sovina, dizendo-lhes impropérios, esqueceu de tirar a quantia que havia embrulhado em um jornal pertencente ao próprio Potter. Na noite de Natal, George tenta o suicídio quando vê falhar as ações para conseguir o dinheiro e manter limpo o nome da família, mas as preces da mulher, filhos e amigos é atendida por Deus que remete à Terra o anjo da guarda (Henry Travers) do personagem, um tipo simpático que atendendo a um desejo do quase-suicida faz com que ele perceba como poderia estar a comunidade se ele não tivesse nascido.

A fábula, concebida por Philip Van Doren Stern, comoveu gerações. Principalmente na forma exemplar dada por Capra, um mestre na linguagem cinematográfica tradicional.
A trama apresenta muitos sub-temas, inclusive, alguns que sugerem as discussões sobre o processo econômico da época, a situação de guerra “vendendo” armas e construindo heróis. Mas, acima de tudo, favorece a perspetiva dramática de uma pessoa que se sacrifica sempre pelos outros afogando seus desejos profissionais para garantir a solidariedade humana.

O filme, desta vez, ocupa o cinema Olympia em sessão de 18h30 até o próximo dia 30 (exceto no dia 26).

Há outros filmes que trataram do Natal e que podem ser vistos ou revistos em casa através do DVD.

“Feliz Natal” é um titulo que gerou 2 filmes: o franco-alemão de Christian Carion, recém-reexibido por aqui, e o de Selton Melo que focaliza uma família desasjustada. Já “Um Conto de Natal” é outro dessa época, de Arnaud Desplechin, com Catherine Deneuve. Os dois exemplos foram sombrios na abordagem de microcosmos sofridos. Só o primeiro traz o recado bem natalino de confraternização, ao focalizar um hiato na Primeira Guerra quando as tropas em conflito se uniram numa cerimônia religiosa.

Uma comédia, “Papai Noel às Avessas”(Bad Santa/2003) chega aos bons sentimentos através de um autentico vilão travestido de Papai Noel e trabalhando em lojas, sem acreditar no seu próprio trabalho. Um garotinho que acreditava no velhinho amolece (em parte)o coração do amargurado profissional. Filme interessante(e nada piegas) de Terry Zwigoff.

Em “Simplesmente Amor”(Love Actually) varias histórias convergem na época natalina. Em “Milagre na Rua 34”(Miracle inn 34th Street), em duas versões (a melhor é a dos anos 40 aqui chamada de “De Ilusão Também se Vive”), Papai Noel visita uma cidade norte-americana. As animações “Expresso Polar”, “O Estranho Mundo de Jack” e, agora, “Operação Presente” focalizam mais o mito do “bom velhinho”, e o “Christmas Carrol” de Charles Dickens mereceu muitas versões sendo as melhores a de 1938 de Edwin L.Marin e a musical de 1970 (“Adorável Avarento/Scrooge) de Ronald Neame.

Penso o Natal de uma forma bem racional como algumas pessoas me dizem. Acredito que nesse tempo há possibilidade de rever e refletir sobre os acúmulos de ações que realizamos durante o ano, mas não deve se resumir nessa única data para a solidariedade e o afeto aos que estão na nossa convivência. De qualquer maneira deve ser uma época em que possamos sentir que de alguma maneira fizemos algo de bom. Pensar em nós proprios é também uma forma de amor no Natal.

Aos meus leitores e leitoras um Feliz Natal com o melhor do cinema para esse tempo.

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