segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM DVD












Os cinemas de Belém não exibiram “Pelos Meus Olhos” (Te Doy Mis Ojos/Espanha, 2003) filme de Iciar Bollain, multipremiado (sete estatuetas Goya), lançado no ano passado em várias salas de outras regiões brasileiras. Não fossem as cópias em DVD, os cinéfilos de Belém do Pará estavam de fora de um circuito novo de filmes de várias cinematografias principalmente a européia. O filme chega às locadoras e vale como um circunstanciado enfoque sobre a violência doméstica contra as mulheres.
Num roteiro muito bem estruturado pela diretora e por Alicia Luna há dimensionamento do drama de Pilar (Laia Marull), jovem esposa de um homem que não sabe controlar os seus impulsos violentos, sempre levando à agressão física seu relacionamento com ela. O filme começa com Pilar deixando apressadamente sua casa, no meio da noite e levando o único filho. Desesperada procura a irmã Ana (Candela Peña), jovem restauradora de arte, que namora um escocês e vive aparentemente bem na parte histórica de Toledo. Apesar de a casa ser pequena a guarida é tranqüila. Enquanto isso, Antonio (Luis Tosar), o marido, aparentemente consciente de sua instabilidade, passa a freqüentar uma clinica de psicoterapia e procura mudar de comportamento. Com assédio constante à Pilar que já conseguira emprego mantendo novos relacionamentos com suas colegas, intenta o retorno da esposa, e aos poucos isso acaba surtindo efeito para desgosto de Ana que não vê a recuperação de cunhado e o tão sonhado final feliz no casamento da irmã. A deliberação em retornar à companhia do marido provoca ruptura na relação com a irmã e realmente não trazem a mudança prometida no reatamento familiar. As lições do psicólogo que atende a Antonio também não surtem efeito e as agressões à esposa ficam mais violentas. Chega a um ponto extremo de saturação.
Com narrativa linear, o filme alcança qualquer público. E os desempenhos marcantes de todo o elenco levam o drama aos níveis de realismo reconhecendo-se as fases do ciclo de violência doméstica que o público, apesar de ouvir falar considera uma atitude “natural” ou banal de um cidadão. Serve para ilustração de palestras sobre o tema, tão rotineiro e atual. A cineasta me era desconhecida e mesmo os atores. Impressionei-me com a eficiência de todos. Imprescindível alugar o DVD.
Devido a um lançamento meteórico numa sala do shopping Castanheira, deixei de ver e vi agora na telinha “Tempo de Paz”, a versão de Daniel Filho da peça “Novas Diretrizes em Tempo de Paz”, de Bosco Brasil. É teatro filmado, mas comunica através de excelentes interpretações, em especial de Dan Stulbach como Clausewistz, o ator imigrante vindo da Polônia no final da 2ª Guerra Mundial que aceita ser lavrador no Brasil desde que se livre do cenário trágico em que viveu. A ação pousa na entrevista dele com o policial alfandegário Segismundo (Tony Ramos). Trocam-se informações sobre violência. E o polonês fica sabendo que no Brasil da era Vargas também havia tortura e morte. Um filme com menos de hora e meia, mas forte. Parece um hiato da produtora (Globo Filmes) entre as comédias ligeiras, especialmente as mais rentáveis dirigidas pelo próprio Daniel Filho.
Causou-me boa impressão também “A Garota do Parque” (The Girl in the Park/EUA, 2008). Sigourney Weaver protagoniza uma cantora de sucesso, casada, com um casal de filhos, que vê a filha de 3 anos sumir no Central Park (NY) quando as duas aproveitavam uma manhã de primavera. O fato muda radicalmente a vida de Julia, a personagem vivida por Sigourney. O casamento termina, o filho cresce e se forma em arquitetura, torna-se mais ligado à nova família construída pelo pai, enquanto a rotina da mãe traumatizada é sempre ferida pela lembrança de Maggie, a criança desaparecida. As coisas estão neste ângulo quando surge Louise (Kate Bosworth), uma garota instável que Julia conhece roubando óculos de um supermercado. Com a idade que teria então Maggie, Louise passa a cativar a mulher desenvolvendo outras identidades que se afinam à busca de objetivos de Julia. Elas passam a morar juntas, mas os familiares desta não aceitam a nova personalidade da mãe e ex-mulher e o drama ganha novo impulso.
O roteiro do diretor David Alburg rasteia o melodrama sem jamais cair em armadilhas. Surpreende quando fecha a história sem conceder benesses a uma platéia que prefere comédias românticas. É um exemplo feliz de jovens talentos (direção, roteiro, interprete). Também não foi cogitado para os nossos cinemas. Viva o DVD.


DVDs MAIS LOCADOS (FOXVIDEO)

1. G. I. Joe – A Origem de Cobra
2. Inimigos Públicos Nº 1 – parte 2
3. Os Piratas do Rock
4. A Batalha de Passchendaele
5. Uma Prova de Amor
6. Anticristo
7. Jogando com Prazer
8. Os Normais 2 - A Noite Mais Maluca de Todas
9. Bruno
10. Força G

Um comentário:

  1. Olá, estou com muita vontade de assistir ao filme citado. Fiz um post no meu blog sobre violência doméstica, dá uma espiadinha lá! Abraços...espero que goste!

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