quinta-feira, 23 de junho de 2016

INVOCAÇÃO DO MAL 2


 Janet Hodgson (Madison Wolfe) é a paranormal de "Invocação do Mal 2

James Wan, 39, de origem malasiana, diretor, roteirista e produtor australiano de cinema não está na relação de minhas preferências, mesmo gostando de temas de terror e suspense. Conheci a expertise dele no filme “Jogos Mortais” (2004) que aponta a figura de Jigsaw (Tobin Bell) como o “serial killer” e os horrores cometidos pelo tipo contra os estranhos que perderam a lembrança de como chegaram ao quarto de horrores onde se acham submetendo-se a atos violentos para saírem da trama diabólica. Aliás, esse foi o único que assisti prometendo não ver nenhum outro dessa série. Jigsaw passou a ser minha referência ao pior tipo usado em filme violento.
Este preâmbulo expressa minha posição em relação ao que até agora foi produzido pelo malasiano e inauguro uma outra expectativa para simpatizar com o cinema dele. Parto do seu novo filme, em cartaz, e que me foi indicado por meu neto Francisco Guzzo Neto, “Invocação do Mal 2”.
Na primeira sequência, The Conjuring 2 (EUA, 2016, 133 min.) apresenta o casal Lorraine e Ed Warren (Vera Farmiga e Patrick Wilson) que investigam atividades paranormais desde o início da década de 1950, com mais de 4.000 casos, incluindo o conhecido caso de Amityville, sendo, inclusive reconhecidos como os primeiros investigadores que participaram da verificação do caso. Em aproximadamente 15 minutos há revisão do episódio através de uma mesa mediúnica, com Lorraine, em transe, reconhecendo a situação em que vários fenômenos paranormais se inscreveram em uma odisseia marcada por uma categoria de metapsiquismo onde a mediunidade de efeitos físicos e a de efeitos inteligentes de uma pessoa apresentou consequências traumáticas e desordem material no ambiente. Esse evento levou o casal a predeterminar sua ajuda através de palestras e debates aos casos que oferecessem semelhanças.
Há um corte narrativo e o foco seguinte ambienta-se em uma pequena cidade inglesa, com a trama baseando-se no caso Enfield Poltergeist, introduzindo o drama dos Hodgson, apresentando a história de Peggy Hodgson (Frances O’Connor), mãe que luta sozinha para criar suas 5 filhas – haja vista a ausência do pai. Em meio a miséria em que vivem, iniciam-se as cenas de metapsiquismo de uma das filhas, Janet Hodgson (Madison Wolfe), com manifestações que alcançam a produção de fenômenos mecânicos e psicológicos como se uma força inteligente fosse incorporada pela garota fazendo-a agir a exaustão de forma desconectada com a energia que possui destruindo objetos e prejudicando sua própria integridade física. Alguns crentes locais desses fenômenos capturam as imagens dos eventos.
No terceiro ato, a presença do casal Lorraine e Ed Warren é convocada pela igreja norte americana para averiguar a ocorrência na Inglaterra. Relutantes aceitam, entretanto, a incumbência e seguem para o lugar dos fenômenos. Embora se defrontem com as inúmeras situações promovidas pela adolescente não se convencem do misterioso envolvimento familiar e tendem a considerar esses fatos produzidos para chamar a atenção. Mas em determinado momento, ao lembrarem do misterioso espírito de Valak do caso Amityville aceitam o desafio.
Quem está acostumado com esse gênero de filme não tem muito com o que se tensionar, posto que ao construir as crises fenomênicas da adolescente o roteiro cria movimentos de câmera que obedecem ao clima recorrente de outros exemplares, com o movimento alcançando sentidos diversos. A câmera obedece a enquadramentos que tendem a repercutir o significado da ação pretendida, como planos-sequência, câmera parada (pessoas e objetos se movimentando no momento em que peças voam pela sala e portas e armários se espedaçam) captando o rosto da jovem em transe, alguns takes distanciado outros aproximados. Esse enquadramento às vezes está mais aberto, num plano médio ou mais fechado, em close da figura que está em evidencia, tanto frontal quanto lateralmente.
Da panorâmica aos travellings observa-se um continuo eixo de capturas, devendo-se ao enfoque dos fenômenos que tendem a ser apresentados num demonstrativo de que aquele ambiente não se conjuga num processo de normalidade.
Nesse ir e vir da câmera se consubstancia o interesse de Wan em dar consistência à narrativa sobre um invasor anímico corporificado em Janet. O segundo ato do filme opera nas circunstancias de apresentar à exaustão o que se passa naquela casa de mulheres e onde a miséria se instala pela força da ausência dos meios de sobrevivência. Utiliza um ritmo opressivo demonstrativo do susto e como este causa a sensação de medo no público.
No terceiro ato que agrega a primeira e a segunda parte, o clímax se desdobra inicialmente na incredulidade aos fenômenos assistidos, mas manipulados pelos próprios entes sobrenaturais que circulam e as imagens mais convergentes para as sombras e para os vultos surgidos em impacto envolvendo um ou todos os personagens diretamente comprometidos com a ação que se agudiza. Neste aspecto, já houve o envolvimento do público com os personagens inscrevendo-se a preocupação com o que irá acontecer. Um exemplo é a odisseia de Ed Warren e a mãe de Janet no sótão do subsolo enquanto a água em enxurrada enche o local e fora da casa, Lorraine e um amigo da família intentam abrir uma passagem para tirá-los dali.
Se alguns sustos são óbvios outros nem tanto e a música nem sempre obedece ao clássico momento que explode para criar mais impacto. Trata-se de uma trilha sonora original que favorece mais o suspense do que o terror.
Os atores têm bons desempenhos, como Frances O’Connor interpretando Peggy Hodgson, e a garota Madison Wolfe como Janet Hodgson.

Vi em “Invocação do Mal 2” uma possibilidade de um encontro com James Wan. Vamos ver seus próximos trabalhos...

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