Leonardo di Caprio , melhor ator para a Academia de Artes e Ciências de Hollyood
Há mais de 40, ou seja,
desde que a tecnologia visual conseguiu colocar nas TVs mundiais a premiação do
Oscar, pela Academia de Ciências e Artes do Hollywood, assisto a esse evento.
Antes, ou seja, há 55 anos (tempo de casada com o maior cinéfilo que conheço)
eu me informava sobre esse evento por meio dos jornais e do material que as
distribuidoras de filmes encaminhavam para os jornalistas. Assim, quero dizer,
houve fases em que eu convivi com essa festa da indústria acreditando que essa
premiação em tempo de cinema não expressava apenas o gosto dos técnicos norte
americanos, mas a estética de quem votava nas várias categorias registradas
para evidenciar melhores desempenhos cuja cultura própria era racista,
homofóbica ou seja, ideológica.
Como na academia universitária
que somente agora toma consciência das suas várias responsabilidades em termos
da diversidade social e racial e de onde lideranças começam a se juntar aos
movimentos de ativistas que marcham em nome da igualdade e, em seguida (foi um
processo cf. movimento feminista), em nome da igualdade de oportunidades, a
Academia de Hollywood também foi recebendo as pressões políticas para tornar
mais evidente a forma de escolhas, os meios de criar/lançar filmes –
mercadorias artísticas e culturais cujo polo central era o mais conhecido – no
mundo. Diversificando todo o seu cabedal emblemático de discriminação cultural
com base racial, de gênero, de pessoas com deficiência, de pessoas
homossexuais, através da triagem temática que se insurgia contra realizadores e
roteiristas que optavam por criar enredos onde esses assuntos estavam à mostra,
a exemplo, alguns episódios mais conhecidos: o código Hays (considerando o que
era moralmente aceitável), o macarthismo (prática de acusar alguém de subversão
ou de traição), os espectadores foram conhecendo outras faces desse centro
industrial de cinema que ainda hoje trabalha com a perspectiva imperialista.
Ainda mantém essa indústria extremamente produtiva e usando meios de
distribuição que obedeçam as normas do sistema capitalista.
Como disse acima, sou
dessas épocas pretéritas e convivo com as fases desse evento. E ontem, 28/02,
assisti a mais uma premiação.
Como o povo cinéfilo ou
não das mais diversas partes do mundo, eu também tinha meus preferidos entre os
filmes indicados e demais categorias cinematográficas que estavam no jogo. Mas
aprendi, quando fiz minha “lição de casa” da pós-graduação nas barras da teoria
marxista, no NAEA, com o Prof. Carlos Alberto Ferreira Lima (hein Lamarão,
Arbage e os demais colegas), como se estruturava o sistema capitalista, teorias
que demonstram as fases dos sistemas culturais, econômicos e políticos que se
expressam na sociedade. E essa situação da arte, no caso específico do cinema,
passou a ser um tema que me fascinou (escrevi até um artigo sobre cinema e as
correntes ideológicas apresentado na disciplina Teoria Sociológica).
Esse aprendizado me
deixou mais realista e cética e meio esquiva quando alguém me solicita uma
previsão sobre quem vai ganhar a estatueta. Não gosto de expressar “fórmulas”.
Não tenho publicado nada sobre os filmes que assisti ultimamente nem sobre quem
é quem no Oscar, devido a vários fatores, mas estou atualizada sobre todo esse
arsenal de produções que estão circulando alguns indicados este ano E há textos
escritos. Outros afazeres têm me pressionado mais fortemente.
Mas eis-nos diante da
festa norte-americana que deixou mais de 80 milhões de pessoas até as duas da
manhã deste domingo na expectativa
de seus preferidos.
Uma celebração muito
interessante, diga-se, porque quebrou regras. De apresentação, de apresentador,
de custos na ansiedade de quem estava preferindo um e não outro ganhador da
estatueta.
Minhas preferências
eram: Melhor filme: “O Regresso”; diretor Alejandro Iñarritu; ator: Leonardo di
Caprio; atriz: Brie Larson; atriz coadjuvante: Rooney Mara (embora encantada
com o desempenho de Kate Winslet (Steve Jobs); ator coadjuvante: Mark Rylance
(mas eu daria para o garoto de “O quarto de Jack”, Jacob Tremblay); filme
estrangeiro : “Cinco Graças” (França); animação: “Divertidamente”; roteiro
original: “Divertidamente”; roteiro adaptado : “Carol”; montagem: Mad Max;
efeitos visuais: “Mad Max” (embora, ao assistir a “Ex-Machina” achei que estava
perdida nessa opção); documentário : “Amy”.
Bem há outras
categorias que ao assistir aos filmes se tornaram meu preferidos.
Levei um choque (como
muitos na plateia do evento) quando o envelope de melhores filmes indicou
“Spotlight – Segredos Revelados”. Mas no segundo momento considerei de extrema
importância a premiação de um filme cujo assunto está tão presente nestes
tempos contemporâneos – a denúncia a uma imprensa que deixou de pesquisar um
fato ao qual ela já conhecia há quase 20 anos, e o próprio fato em si: a
pedofilia de membros nobres ou não da igreja católica. Foi demais. Me recompus
do susto e estou agora na escrita deste texto, sem que este seja apenas um
reprodutor do que a imprensa já postou sobre o evento em todas as tecnologias
da informação.
Prometo a mim mesma,
quando passar esta fase de pressões do meu trabalho acadêmico (aposentada? Não)
a publicar minha opinião sobre os filmes do Oscar.
Gostei da cerimonia esse ano, querida Luzia, também me surpreendi por Spotlihgt, ter ganho melhor filme, mas vale pela denuncia que o filme tras importante na atualidade
ResponderExcluirHá não posso deixar e falar da Gloria Pires, mereceu um framboesa de pior comentarista
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