terça-feira, 16 de julho de 2013

REVENDO GARBO E O CINEMA


A eterna Garbo em tempo de Mostra: cine Olympia.

Greta Garbo, ou Greta Lovisa Gustafsson(1905-1990), foi mais do que uma simples estrela, foi uma lenda do cinema mundial. Nascida em Estocolmo ( Suécia), perdeu o pai quando tinha 14 anos, empregou-se numa loja, fez um filme curto para uma casa de modas e esse episódio chamou a atenção de pessoas ligadas ao cinema chegando ao diretor Mauritz Stiller que a convidou para atuar no seu filme “A Saga de Gosta Berling”(1924). Este filme, que em Belém foi exibido pelo Cine Clube Os Espectadores (1955) cuja coordenação estava a cargo do saudoso Prof. Orlando Teixeira da Costa, impulsionou a carreira da jovem sueca que, ao lado do seu diretor se mudaria para os EUA onde, em 1926 estaria filmando “Laranjais em Flor”(Torrent). Daí em diante assumiria dois aspectos: o de uma atriz talentosa que soube passar da fase muda para a fase sonora do cinema sem perder o conceito de excelete intérprete; e de mulher reclusa, sem casamento, sem espaço na rede de fofocas relacionada a casos românticos, ganhando ainda mais mistério em torno de si depois de ter deixado as câmeras, insatisfeita com a idéia de os produtores a lançarem em comédias, depois de ter atuado em “Ninotchka”(1939), e  “Duas Vezes Meu” (Two Faced Woman, 1941).
Garbo foi contratada pelos estudios da Metro Goldywn Mayer onde atuou, a maioria das vezes, em filmes norte-americanos. Seu prestigio era excepcional a ponto de exigir a contratação de John Gilbert, ator do cinema mudo em decadência depois da chegada do som, para contracenar com ela e ser o galã em “Rainha Cristina”(Queen Christine, 1931). O ator não conseguiu convencer os executivos do estúdio, tendo sido esse filme praticamente a sua despedida das telas. Gilbert ainda atuou em apenas um papel secundário em “O Capitão Odeia o Mar”(The Capitain Hates the Sea, 1934) do diretor Lewis Milestone (1895-1980).
Hoje, o espectador local tem a chance de assistir a alguns dos filmes mais marcantes de “La Garbo” em exibição no Cine Olympia. Nesta terça feira, 16, estará “Ana Karenina”(1937), de Clarence Brown (1890-1987); amanhã, 17, será a vez de  “A Dama das Camelias”(Camille, 1936) de George Cukor (1899-1983); e na 5ª feira “Ninotchka”(1939), de Ernst Lubitsch (1892-1947), com roteiro de Billy Wilder (1906-2002). Como se vê, trata-se de diretores consagrados que fizeram de Miss Garbo uma estrela de sucesso.
É interessante ver, por exemplo, duas versões de “Ana Karenina”, romance de Leon Tolstoy. A outra versão  mais recente está no cine Estaçaõ (a partir de 5ª feira). Se na de Clarence Brown a narrativa clássica traduz o livro de forma linear, no texto  recente, de 2012, assinado pelo inglês Joe Wright, o delírio formal passa pelo teatro e realiza uma espécie de balé moderno subsumindo o cenário antigo. São estilos que dizem das mudanças estruturais do cinema, mas a certeza é que a interpretação de Greta Garbo é mais afeita ao tipo descrito pelo escritor russo. Um close dela deixando aparecer as lágrimas motivada pela sua exclusão do convívio com o único filho, mesmo que o fato tenha se dado por sua própria vontade em trocar o marido por um homem mais novo, é um exemplo do que a sueca sabia demonstrar numa arte que ela viu crescer.
Rever Garbo é conhecer uma parte da história do cinema. Este é o objetivo da ACCPA ao programar mostras de filmes antigos. Como não há filmes de outras escolas que seja possivel exibir nesses eventos, o sentido é criar a expectativa ao público que frequenta as salas do cinema extra de como esses exemplares trouxeram a sistematização e a solidificação de “modos de fazer cinema”e de uma linguagem que tem circulado ainda hoje.
Depois do ciclo Greta Garbo está sendo organizado o de comédias, com exemplares que alinham filmes de Charles Chaplin a Harold Lloyd, alcançando-se, também, o cinema argentino moderno, ressaltando uma variedade de gêneros e desempenhos marcantes de atores.
Um informe importante é que este mês, a Sessão Cinemateca que se realiza aos domingos a tarde na nossa sala centenária foi suspensa. Mas ela retorna a partir de agosto. E certamente vai ajudar a quem está estudando a arte cinematográfica, em especial, a história dessa arte. Seria a base para se adentrar pela cinematografia amazônica, ou seja, qual o formato do cinema que se faz nesta região. Enquanto isso, vamos aplaudir Miss Garbo.



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