terça-feira, 21 de dezembro de 2010

DEMÔNIO




Recortes em versões cinematográficas sobre a figura do demônio são imensuráveis. O mito se disfarça sob várias situações e sempre elaborado por mãos de cineastas que ou tem na ideologia do mito sua peça fundante na maneira de enfrentá-lo pelas idéias críticas sobre ele ou aqueles que pretendem usar o artificio para chamar público para as salas de exibição. É possivel achar outras motivações, pois, não se deve absolutizar as opções humanas por este ou aquele modo de ser ou fazer coisas.

O mais recente filme sobre o tema, “Demôno” (Demom-EUA,2010), tem base em uma história do conhecido cineasta M. Night Shyamalan e dirigida por John Erick Dowdle. A situação explorada na perspectiva de suspense capta um grupo de pessoas entre si desconhecidas, no interior do elevador de um edificio onde circulam diariamente milhares de indivíduos. Em dado momento, o ascensor pára e o grupo supõe ser alguma anomalia da máquina e que esta será consertada logo que os responsáveis pelo maquinário fossem acionados. Isto se faz, mas há outras situações tendentes a demonstrar, tanto para os que se acham naquela circunstância de impotência em acionar os botões como para os técnicos que devem resolver o problema efetivo que este não se trata de um plano de fácil definição, pois outros componentes passam a ser atrelados ao cenário interno e externo do episódio. Contando mais com a tecnologia a mão para desmontar a ocorrência, policiais, bombeiros e especialistas se desdobram na mais árdua batalha para sanar o defeito da máquina e tirar do “inferno” as cinco pessoas que se acham presas no elevador. O cenário, visto através das câmeras internas de video, tem outra explicação para um dos vigilantes do edifício, um latino, que reproduz histórias de sua mãe sobre a presença do demônio naquela fatídico caso. Sim, porque a cada apagar das luzes no interior do elevador, uma pessoa aparece morta. Quem é o assassino? Quem agregou-as e montou o sinistro espaço para realizar um acerto de contas entre elas?

Apoiada nas análises de Gaudreault & Jost (2009) que tratam da narrativa cinematográfica sob a ótica de vários téoricos, em especial de Christian Metz (vários estudos e datas) é possivel observar que “Demônio” “põe em jogo duas temporalidades: por um lado, aquela da coisa narrada; por outro, a temporalidade da narração propriamante dita” (p. 33). Isso quer dizer que há um sequência mais ou menos cronólogica dos acontecimentos, e outra que tem a ver com o significante, deslocado para o espectador ao percorrer o “tempo da visão” para o que está observando no filme. Trata-se de um discurso (toda a narrativa é um) que argumenta, demonstra e ensina, entre outras coisas, as situações que são vivenciadas nas tomadas captadas no interior do elevador. Até mesmo o “ser imaterial” detectado pelo vigilante latino, opinião não considerada pelos seus colegas e pela polícia – como relevante e nem real – faz parte do que é suposto como emblemático para a relação fantástica dos episódios agressivos e mortais plasmada entre a escuridão e a luz e processados nesse cenário.

No aspecto narrativo, os acontecimentos que se expressam à vista do grupo fechado e se deslocam para o espectador se tornam a “unidade fundamental” visto que para este grupo convergem as ações que constróem os fatos e também o olhar apreensivo do público. Tornam-se enunciados (imagens e não palavras) que definem a narrativa e legitimam uma análise estrutural. O que está ocorrendo naquele microcosmo tem aspectos concretos – mortes, sofrimento, estresses dos que estão diretamente expostos – mas aos poucos se deslocam para captar o aspecto de fatos sobrenaturais como os supostos débitos/culpa de cada um dos circunstantes que se agregaram no elevador (mesmo que a situação evidencie a aleatoriedade do agrupamento) como vítimas, e também aos que são chamados para dar suporte a resoluçao do caso.

A análise mais profunda de um filme não se resume ao que o público supõe do cronista contar a história e deixar suas noções artificiais do que motivou a ação ou ao pódio da criação artistica pd. Deve ser visto como um elemento didático para mostrar que a teoria do filme não se faz apenas de análise de “obras de arte”, mas também do filme comercial comum que no dia-a-dia invade os lares e as opções do público. Esse é o meio edicativo do cinema, a meu ver.

“Demônio” tem as dificuldades dos filmes que exploram as tipificações e, ao criar o suspense, prescreve o resultado das opiniões do/a espectador/a. Essa seria a lâmina que corta o esboço de uma obra mais de cinema pq como já realizou sobre o tema( O Olho do Diabo, 1960), para ficar só nele, Ingmar Bergman.



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