A verdadeira Marilyn, numa cena de “The Prince and the Show Girl”
Em 1957,
Marilyn Monroe (1926-1962) estava disposta a enfrentar o dilema de ser vista
apenas pela sensualidade e mostrar que era mais do que um símbolo sexual: era
também uma atriz. Casada com o escritor Arthur Miller, assustou a comunidade
cinematográfica quando decidiu filmar na Inglaterra, com o aclamado Sir
Laurence Olivier (1907-1989), a versão da peça de Terence Rattigan (1911-1977)
“The Prince and the Show Girl”. Seria fácil para ela fazer uma caricatura de si
mesma e, com isso, mostrar ao maior interprete de Shakespeare que tinha talento
(ou melhor, era uma pessoa culta). O filme ganhou no Brasil o titulo “O Príncipe
Encantado” e a direção coube ao próprio Olivier que, segundo a crítica de
então, fez o seu pior trabalho em cinema.
A
história dessa filmagem constitui a trama de “Sete Dias com Marilyn” (My Week
with Marily/UK 2011) filme de Simon Curtis, que deu à atriz Michelle Williams
uma candidatura ao Oscar deste ano , perdendo a estatueta para Meryl Streep em
“A Dama de Ferro”. É interessante observar que tanto Michelle como Meryl
trataram de personalidades na Inglaterra, mesmo considerando que Marilyn era
norte-americana. Mas o que poderia ser, como disse um critico, um “Discurso do
Rei posterior” (atentando para a influência britânica no cenário) revelou-se
uma comédia bem fraca, a mim nem somando a simpática interpretação de Kenneth
Branagh protagonizando Olivier, o ator & cineasta que ele certamente
admirou quando começou a representar e a filmar peças de Shakespeare.
O roteiro
baseia-se no diário de Colin Clark (Eddie Redmayne), assistente de filmagem de
“O Principe...”. Com a chance de ficar sozinho com Marilyn, conseguiu, nos
bastidores, uma aproximação afetiva com a atriz, ou seja, garantiu um flerte
com ela supondo, alguns observadores, que o par chegou ao climax do namoro, ou
seja, chegaram à intimidade sexual. Na verdade, Colin ficou muito impressionado
com o este “affaire” e resolveu registrar os mínimos detalhes dos incidentes,
sendo incentivado pelo irmão a publicá-lo. O roteiro do filme é de Adrian
Hodges com mais experiência em TV. E o diretor Curtis é novato no ramo
apresentando no currículo algumas produções de especiais e séries para a
televisão britânica.
O filme
não passa ao espectador nada de um breve romance entre o jovem de 23 anos e a
atriz de 30. Nem mesmo um resultado satisfatório de um relacionamento
exclusivamente erótico. No máximo são observadas as dificuldades da produção, o
estresse causado a Olivier (Kenneth Branagh é um bom intérprete sempre) e
certamente como isso tinha a ver com a estrela norte-americana. Mas não há
comédia na demonstração. Nem um resquício de lirismo que poderia advir de temas
semelhantes tratados por diretores como David Lean. Há evidências da rotina de
trabalho na produção, interesse da atriz em conhecer melhor o ambiente onde se
encontrava e jogar charme por sua popularidade.
Dessa forma, “Sete Dias com Marilyn” ficou à
maneira de uma curiosidade em torno de cinema como aquelas que alimentavam
revistas dedicadas ao chamado “star system”. O problema é que hoje poucos
espectadores acostumados aos blockbuster e comédias picantes sabem do mito do
calendário, da jovem sensual que expôs essa qualidade em dramas como “Torrentes
de Paixão”(Niagara) que a meu ver é um filme muito interessante e Marilyn teve
melhor chance de mostrar talento. O público jovem, quando muito, sabe, pela
insistência com que se exibe na TV, o desempenho da atriz em “Quanto Mais
Quente Melhor” (Some Like it Hot, EUA, 1959) de Billy Wilder, filme produzido
depois de “O Príncipe Encantado” e o melhor de Marilyn, embora o diretor tenha
dito que em algumas horas perdeu a paciência com o modo como a atriz tratava um
trabalho (a começar com seus atrasos para filmar). Mas tudo isso já era
resultado da fama e do estrelato que a faziam viciada em pílulas para dormir e
para acordar, como a muitos de seus colegas.
O que
fica deste filme, então? Não uma referência mais aprofundada sobre a atriz ou
sobre o seu romance, mas um pequeno detalhe de sua vida que embora transformado
em filme não deu a chance de conhecê-la melhor.
Fiquei
entre os que declararam não gostar do que viram nessa nova Marilyn. Vamos a
outra?
Na verdade, era muito difícil para Marilyn libertar-se de condição de símbolo sexual. Por outro lado, sua história no cinema jamais será esquecida, ela fez grandes atuações, principalmente sob a direção de Billy Wilder. Esse filme nada acrescentou à história do grande mito. "Quanto mais quente melhor" é um filme que não perdeu o brilho e as novas gerações ainda devem assistir, como também "O pecado mora ao lado".
ResponderExcluirOi. Luiza!
ResponderExcluirEste filme sobre Marilyn é sério candidato a um dos piores do ano. Horrível, constrangedor. Nem a Michelle Williams, tão linda, salva o resultado, pois oferece uma interpretação medíocre. Protagonizar uma "estrela" me parece bem mais difícil do que protagonizar uma atriz. Quem entende bem disso é Meryl Streep, esta sim, uma grande intérprete.
R.Secco
Esse filme é sério candidato a um dos piores do ano. Nem Michelle Williamns, tão linda, segura a história, pois tem um desempenho bem aquém de seu talento. Uma pena, pois vai decepcionar os fãs da inesquecível estrela.
ResponderExcluirR.Secco