segunda-feira, 2 de setembro de 2013

ALMODÓVAR EM VÔO BAIXO


 Almodóvar e seus atores em "Os Amantes Passageiros"
O filme “Os Amantes Passageiros”(Los Amantes Pasajeros, Espanha 2013), de Pedro Almodóvar que chegou a ser exibido recentemente em cinemas do sudeste e nordeste, anunciado no site da Cinépolis, não foi exibido em Belém. Mas já está disponível para download na internet e quem pode acessar supre a falta. Uma falta que, diga-se de passagem, só se constrói pelo nome do cineasta. O filme decepciona. Almodóvar quis criticar os problemas atuais de seu país (o caos econômico com as consequências sociais infalíveis) e procurou a linha de comédia que fazia no inicio de sua carreira, apelando ainda mais para o chulo, perfazendo o que entre nós ficou conhecido como pornochanchada.
Toda a ação se passa dentro de um avião que percorre a linha Madrid-México. Tripulantes e passageiros (dos poucos focalizados, pois, a maioria dorme a peso de soníferos administrados para todos nas bebidas ingeridas para não sentirem o perido iminente) são extremamente caricatos. Um grupo gay atinge comandante, copiloto e comissários. Uma passageira invade a cabine de comando e diz que planeja perder a virgindade de qualquer maneira, pois pressente desastres. Outra passageira revela um passado promiscuo embora tenha ficado milionária a partir de seus relacionamentos sexuais com milionários. Outro é um matador profissional que se diz “a serviço”. Outro é um político de renome que foge da lei quando são descobertas as suas “maracutaias”. O grupo tem vez em sequencias que tentam criar hilaridade. Mas o grosseiro do tratamento esvazia tudo. E até a exposição dos homossexuais revela um tom preconceituoso.
Custa a acreditar que o diretor de “Fale com Ela”(2002) e “A Pele que eu Habito”(2011) tenha escrito roteiro e dirigido este “Amantes Passageiros” que na verdade devia passar mais depressa ou, como aconteceu aqui, longe de nossos cinemas.
Não creio que a proposta de critica ao momento em que a Espanha vive esteja no âmago dessa aventura tragicômica. Nomes famosos e amigos do diretor como Antonio Banderas e Penelope Cruz cruzam o cenário só em um momento, logo no inicio do filme, chegando os pneus do avião. Justamente é o trem de aterrissagem que dá problemas quando em voo e o suspense pretendido é de os viajantes chegarem a uma pista que possa ser usada nessa situação. Como tudo é caricato o detalhe é colocado de forma abrupta e nem chega a sacudir a plateia sonolenta por tanta mediocridade. Vale “passar ao largo”, mas o filme deve ser visto para receber as opiniões de cada um.
Tratando ainda de cinema, a boa noticia é que o novo filme de Woody Allen, “Blue Jasmine” está sendo o novo campeão de bilheteria do grupo “indie” (independente) nos EUA. Arrecadou US$ 4,3 milhões num final de semana e já está ganhando circuito maior de exibição. Até agora o filme já tem US 14,8 milhões nas bilheterias domesticas (norte-americanas). A estreia brasileira deve acontecer neste segundo semestre do ano, mas não se sabe se Belém estará no circuito. Vamos vibrar para que isso ocorra.


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