“Dose Dupla”(2 Guns, EUA, 2013)
Com roteiro de Blake Masters (de 22
episódios da serie “Law & Order”, da TV fechada) e baseado nos
quadrinhos de Steve Grant, “Dose
Dupla”(2 Guns, EUA, 2013) tem direção do islandês Baltasar
Kormákur responsável por mais quatro filmes. No filme Bobby
Trench (Denzel Washington) e Michael “Stig” Stigman (Mark Wahlberg) são agentes
da lei sem um conhecer o grau do outro. O primeiro é empregado no Departamento
de Narcóticos e o segundo nas Forças Armadas (especificamente na Marinha). Os
dois assaltam um banco na fronteira mexicana onde está depositado o dinheiro
dos traficantes de drogas na região. Mas depois de constatarem que os cofres
possuem mais dinheiro do que o previsto, ficam sabendo que o depósito que é
feito regularmente nesse banco tem interesses de outros, inclusive de membros
da CIA que no fim das contas fomenta o tráfico chegando a remeter drogas para
outros estados e países em helicópteros e aviões. Na trama em que se envolvem
descobrem suas qualificações policiais e tentam lutar contra seus próprios
“patrões” para livrar a pele dos “figurões” dos dois lados da historia (traficantes
e militares, pois, até um comandante naval é simpático ao grupo de
contraventores).
Desconheço se no original a crítica
aos órgãos de governo existe. Mas o que está no filme é diluído em termos de
comédia. O absurdo das situações é tão grande que a plateia ri. E o diretor
Kormákur tem prática no gênero policial como se viu em “A Fraude” (A Little
Trip to Heaen, 2005), “Tráfico de Orgãos”(Inhale, 2010) e
“Contrabando”(Contraband, 2012). O ponto diferente neste novo trabalho é o
aproveitamento da inverossimilhança do enredo para diluir a ação com a
comicidade. Seria grotesco ver a aventura dos dois personagens (ou vilões,
dependendo de como possam ser vistos) sem a amostragem de peripécias dignas de
figuras dos gibis. Isto é um adendo para que seja percebido que a trama deriva
dos “comics”. E a dupla de atores cumpre a sua missão. Denzel e Mark estão
excelentes como os mocinhos com a vez de bandidos, numa história em que eles
passam de caçadores a caças.
“Dose Dupla” caricatura os chefões da
máfia das drogas a partir do veterano Edward Everett Holmes como Papi Greco.
Ele parece ser não só o mandante do tráfico como o único dono do dinheiro que
está depositado no banco especifico que a dupla de agentes disfarçados vai ( e
consegue ) assaltar. Logo se sabe que por trás dele estão os graúdos da agência
de espionagem e das forças armadas. E a posição crítica desses galardões passa
bem com o apoio do original de quadrinho onde se pode brincar com o que poderia
parecer ofensivo. A brincadeira lembra, no seu aspecto crítico, os filmes onde
os norte-americanos parecem se penitenciar de males diversos. E não se deve ir
longe: no filme “Ataque”, de Roland Emmerich, o vilão principal trabalha para a
indústria de armas e não hesita em derrubar o presidente dos EUA para que surja
uma nova guerra e a referida indústria saia do vermelho (ou simplesmente aumente
a sua capacidade de lucro).
Os atores principais parece se
divertir tanto ou mais do que a platéia que assiste ao filme. Até mesmo durante
um conflito pessoal quando um atira no outro, a razão disso ganha um tom de
farsa. Não há perigo de um desses protagonistas sair de cena por morte ou
invalidez. Podem até ressurgir em outro filme, a julgar pela bilheteria de “2
Guns”. É a melhor das impressões de que o filme em cartaz foge da mesmice pelo
caminho da comédia.
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