Chris Hemsworth e Daniel Bruhl como Hunt e Lauda
Não é preciso ser um aficionado em
corridas para gostar de “Rush-No Limite da Emoção”(Rush, EUA,2013) ora em
cartaz nos cinemas comerciais brasileiros (e, diga-se, com um péssimo
lançamento em Belém, apenas uma sala menor no centro e uma na periferia e esta,
assim mesmo, dublada).
O diretor Ron Howard que já foi ator
(“Loucuras de Verão“, American Graffiti, 1973) reporta uma situação:
especialmente a rivalidade entre o piloto austríaco Niki Lauda e o inglês James
Hunt. E passa rápido pelo tempo em que eles estreiam na profissão, pilotando
carros da Formula 3, para chegar ao ano de 1976, com apenas uma breve citação
de como os dois rapazes subiram de posto, Lauda pagando para correr e rompendo
com o pai que não queria o filho nessa profissão e, depois, ambos conseguindo
financiadores para as escuderias em que passaram a atuar.
Seguindo o roteiro de Peter Morgan, o
ano focalizado, 1976, é um dos mais significativos desse esporte. Na época, a
corrida de carros era considerada um perigo. A morte rondava as pistas. E se o
filme mostra apenas de relance alguns acidentes, ganha corpo com imagens reais
das porfias, montando muito bem os planos com os atores (a técnica é usar
imagens reais de fundo com a ficção entrando na cena de modo a se pensar que
tudo é parte da realidade). Disse Howard: “Às vezes usamos o truque “Forest
Gump”: filmamos nossos carros com a tela verde e depois aplicamos uma imagem da
época”. É assim que se vê com o máximo realismo o desastre que vitimou Niki
Lauda de forma cruel. O austríaco sofreu queimaduras graves e chegou a fazer
uma limpeza cirúrgica nos pulmões.Além de enxerto de pele, de suas coxas no
rosto perdendo parte de uma orelha.
Bem, o filme não é só corrida, embora
impressione sobremodo nas sequencias do perigoso esporte. Os atores Chris
Hemsworth e Daniel Bruhl, respectivamente Hunt e Lauda, são vistos desde que se
encontram pela primeira vez e conseguem, em seus bons desempenhos, passar para
o público o germe da rivalidade. No filme, Lauda é um homem irritado e
irritável, e Hunt é um playboy, mulherengo, brincalhão e audacioso. Na história
contada no estilo de Ron Howard, ou seja, de forma direta, sem arroubos formais
para dimensionar com mais profundidade as personagens, Hunt casa-se, mas a
esposa acaba não suportando o seu modo de vida, saindo de casa para morar em
Nova York. Depois se sabe pelos jornais que ela teve um caso com o ator Richard
Burton que na época era marido de Elizabeth Taylor.
A corrida de autos tem muitos
exemplares na história do cinema. Os mais notáveis são “Grand Prix” (1966), de
John Frankenheimmer, “500 Milhas” (Winning, 1969) de James Goldstone, com Paul
Newman que de fato era corredor, “Dias de Trovão”(Days of Thunder, 1990) de
Tony Scott com Tom Cruise, e “24 Horas de Le Mans”(Le Mans, 1971) de Lee
H.Katzin com Steve McQueen. Não assisti a todos, mas dos que eu vi “Rush” sai na
frente. Esta pole-position, do filme de Ron Howard deve-se especialmente ao
cuidado que ele teve em imprimir um ritmo compatível da ação dramática com a
romântica. Mesmo quem não acompanha esse tipo de esporte deve apreciar o filme.
O que não dá é colocar “Carros” (Cars), a animação de John Lesseter (produtor
e, na verdade, o “piloto” do filme e sua sequencia) entre os bons exemplares do
gênero. Não há espaço para carros falantes nas pistas perigosas onde o som é
dos motores e do atrito em asfalto ou passagem por poças d’agua.
“Rush” é um bom programa. Procurem
ver.
James Hunt antes de ir para a Mclaren (substituindo Emerson Fittipaldi que foi para o seu próprio time) correu na equipe Hesketh de Fórmula 1. O dono dessa equipe me parece ser descendente direto de John Hesketh, vice-consul britânico no Pará ao tempo da Cabanagem. Uma pequena cultura inutil....
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