Daniel Craig é o novo James Bond, criação de Ian Fleming
A primeira
sequencia de “007 Contra Spectre” (Spectre, EUA, 2015) segue o padrão da série
inspirada no personagem criado por Ian Fleming (1908-1984), com o agente
britânico 007 perseguindo um criminoso na cidade do México durante a festa que
se faz por lá no Dia de Finados - Dia de
los Muertos. São cerca de 10 minutos de uma exposição inicial situando o
cenário, sabendo-se que o agente passa férias por lá, mas se vê coagido a
manter o processo ativo de sua carreira como um dos funcionários do MI-6 e M –
embora sem grande entusiasmo dos mesmos por ele, no momento – investindo em
identificação imediata de um de seus adversários, circulando em meio àqueles
mascarados e saltando de prédios e telhados e até tomando um helicóptero. Tal
como fez outras vezes no mesmo intuito de prólogo. Agora há uma síntese
simbólica clássica: trata-se de morte, vida, fracasso, sucesso, desempenho em
nome de destruir a verdade maléfica dos adversários. Com a descoberta de um
anel de prata com um polvo esculpido representando uma organização secreta
terrorista segue a pista para a cidade de Roma onde ele supõe estarem as demais
linhas de envolvimento do maléfico Franz Oberhauser (Christophe Waltz) , seu
antagonista da hora.
O escritor
Ian Fleming fez parte do serviço de espionagem britânico depois da 2aGuerra Mundial e chegou a visitar Moscou
quando se esboçava a chamada “guerra fria”. Morando numa casa na Jamaica passou
a escrever historias de espionagem com um tipo que chamou de James Bond. Morreu
de um segundo ataque cardíaco, mas os direitos de seu herói passaram para os
produtores de cinema, como Harry Saltzman e Albert Broccoli. Eles começaram a
filmar os trabalhos de Fleming com “O Satânico dr. No” em 1962, driblando o
financiamento muito caro. Daí em diante foram cerca de 19 títulos, ficando
depois de sua morte à responsabilidade de sua filha Barbara já com 14 filmes em
pauta.
A série
Bond tem certa harmonia temática. Agora a diferença é que a chefe do serviço de
Inteligência inglês, morrera (vivida por Judi Dench). O novo dirigente segue um
assessor que não gosta de Bond por motivos que se vão revelar. Fica 007 como um
autônomo, perseguindo um vilão que se sabe comandar uma entidade terrorista
chamada Spectre. O fato de o personagem estar só deve aumentar o suspense no
roteiro de John Logan, Neal Purvis e Robert Wade. Na direção, Sam Mendes tenta
repetir o sucesso comercial de seu trabalho anterior no gênero: ”007 Operação
Skyfall”(2012), recorde de bilheteria.
Dizer que a
produção não poupa recursos – e mesmo com o uso de efeitos digitais destrói
carros e mais alguma coisa – não é novidade. Tampouco evidenciar esmero
fotográfico, com a iluminação pontuando cenas e tipos de forma a reforçar situações,
como elogiar a edição que na verdade é a mola do sucesso, dando o ritmo que a
aventura pede. O que se vê de novo, por exemplo, é a pouca exibição do caráter
sedutor do agente inglês e
seu namoro fixo com a filha de um homem ligado a Spectre, Madeleine (Lea
Seydoux). Tambem o vilão é
um ator de recursos, Christoph Waltz (de “Bastardos Inglórios”), embora a sua
atuação seja mínima, intensa. Por outro lado, o chamado “non sense” alça voo em
absoluto divorcio da realidade. Mas quem quiser achar mais absurdos vê, por
exemplo, como Madeleine troca de roupa em sequencias ligadas às suas viagens
com 007, praticamente uma fuga. O fato de alguns tipos molhados se mostrarem
enxutos em planos seguintes é o de menos. Não se busque a realidade num
processo fantasioso. O que se quer é o suspense. E apesar de mesmice ele pode
ser achado.
“Spectre” não decepciona os adeptos das
aventuras de James Bond. Desde que não compare o filme com os melhores do tipo.
E são muitos a derrotar o esforço atual de Daniel Craig, afinal construindo uma
boa máscara.
Aos amantes das fantasias que o cinema
cria este “007- contra Spectre” não foge a regra. Sigam em frente.
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