quinta-feira, 19 de novembro de 2015

007 CONTRA SPECTRE

Daniel Craig é o novo James Bond, criação de Ian Fleming

A primeira sequencia de “007 Contra Spectre” (Spectre, EUA, 2015) segue o padrão da série inspirada no personagem criado por Ian Fleming (1908-1984), com o agente britânico 007 perseguindo um criminoso na cidade do México durante a festa que se faz por lá no Dia de Finados - Dia de los Muertos. São cerca de 10 minutos de uma exposição inicial situando o cenário, sabendo-se que o agente passa férias por lá, mas se vê coagido a manter o processo ativo de sua carreira como um dos funcionários do MI-6 e M – embora sem grande entusiasmo dos mesmos por ele, no momento – investindo em identificação imediata de um de seus adversários, circulando em meio àqueles mascarados e saltando de prédios e telhados e até tomando um helicóptero. Tal como fez outras vezes no mesmo intuito de prólogo. Agora há uma síntese simbólica clássica: trata-se de morte, vida, fracasso, sucesso, desempenho em nome de destruir a verdade maléfica dos adversários. Com a descoberta de um anel de prata com um polvo esculpido representando uma organização secreta terrorista segue a pista para a cidade de Roma onde ele supõe estarem as demais linhas de envolvimento do maléfico Franz Oberhauser (Christophe Waltz) , seu antagonista da hora.
O escritor Ian Fleming fez parte do serviço de espionagem britânico depois da  2aGuerra Mundial e chegou a visitar Moscou quando se esboçava a chamada “guerra fria”. Morando numa casa na Jamaica passou a escrever historias de espionagem com um tipo que chamou de James Bond. Morreu de um segundo ataque cardíaco, mas os direitos de seu herói passaram para os produtores de cinema, como Harry Saltzman e Albert Broccoli. Eles começaram a filmar os trabalhos de Fleming com “O Satânico dr. No” em 1962, driblando o financiamento muito caro. Daí em diante foram cerca de 19 títulos, ficando depois de sua morte à responsabilidade de sua filha Barbara já com 14 filmes em pauta.
A série Bond tem certa harmonia temática. Agora a diferença é que a chefe do serviço de Inteligência inglês, morrera (vivida por Judi Dench). O novo dirigente segue um assessor que não gosta de Bond por motivos que se vão revelar. Fica 007 como um autônomo, perseguindo um vilão que se sabe comandar uma entidade terrorista chamada Spectre. O fato de o personagem estar só deve aumentar o suspense no roteiro de John Logan, Neal Purvis e Robert Wade. Na direção, Sam Mendes tenta repetir o sucesso comercial de seu trabalho anterior no gênero: ”007 Operação Skyfall”(2012), recorde de bilheteria.
Dizer que a produção não poupa recursos – e mesmo com o uso de efeitos digitais destrói carros e mais alguma coisa – não é novidade. Tampouco evidenciar esmero fotográfico, com a iluminação pontuando cenas e tipos de forma a reforçar situações, como elogiar a edição que na verdade é a mola do sucesso, dando o ritmo que a aventura pede. O que se vê de novo, por exemplo, é a pouca exibição do caráter sedutor do agente inglês  e seu namoro fixo com a filha de um homem ligado a Spectre, Madeleine (Lea Seydoux).  Tambem o vilão é um ator de recursos, Christoph Waltz (de “Bastardos Inglórios”), embora a sua atuação seja mínima, intensa. Por outro lado, o chamado “non sense” alça voo em absoluto divorcio da realidade. Mas quem quiser achar mais absurdos vê, por exemplo, como Madeleine troca de roupa em sequencias ligadas às suas viagens com 007, praticamente uma fuga. O fato de alguns tipos molhados se mostrarem enxutos em planos seguintes é o de menos. Não se busque a realidade num processo fantasioso. O que se quer é o suspense. E apesar de mesmice ele pode ser achado.
“Spectre” não decepciona os adeptos das aventuras de James Bond. Desde que não compare o filme com os melhores do tipo. E são muitos a derrotar o esforço atual de Daniel Craig, afinal construindo uma boa máscara.
Aos amantes das fantasias que o cinema cria este “007- contra Spectre” não foge a regra. Sigam em frente.


Nenhum comentário:

Postar um comentário