segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

FILMES & ÉPOCAS









Graças ao DVD estou conhecendo os primeiros trabalhos de John Ford (1895-1973) mais conhecido por memoráveis westerns como “No Tempo das Diligencias” (Stagecoach), “Rastros do Ódio” (The Searchers) e “Paixão dos Fortes”(My Darling Clementine). A carreira desse diretor se inicia ainda no período do cinema mudo e, desta fase, assisti recentemente “4 Filhos” (Four Sons/1928), uma produção inspirada nos clássicos europeus, especialmente alemães. Em linguagem linear e com o melhor aproveitamento possível da imagem, deixando pouco espaço para legendas explicativas, aborda o drama de Bavária, mãe de 4 jovens, que vê todos saírem de casa: dois engajados no exército alemão e mortos na 1ª Grande Guerra, outro residente nos EUA que é convocado para servir com os soldados norte-americanos na mesma guerra, e o caçula, que vivia com ela, sendo arrastado para o campo de batalha.
Extremamente sentimental, o filme deve ter feito sucesso entre nossos antepassados quando lançado nos cinemas. Há um momento em que o combatente aliado vê o irmão do lado inimigo morrendo em uma trincheira. E a odisséia da mãe, uma interpretação desafiadora de Margaret Mann, termina quando, ao embarcar para a América, com o objetivo de morar com o filho que lhe resta, é barrada na imigração, fugido e ganhando a rua que desconhece.
Outro filme de John Ford, já do período sonoro é “Rio Acima” (Up the River/1933). Estréia do veterano ator Spencer Tracy e mostrando Humphrey Bogart em início de carreira, muito jovem protagonizando um prisioneiro de boa índole que namora uma colega de prisão, fazendo tudo para protegê-la. O filme não chega ao esquema melodramático nem é uma critica ao sistema penitenciário da época. Trata-se de um modelo do “filme de gangster” anterior à fase que surgiria na Warner Bros. pouco tempo depois, espelhando o resultado dramático da “lei seca” e a crise econômica. Aos que se interessam pela história do cinema é titulo a ser visto.
Circulando em cópia DVD (um dos meus programas da semana), “Pasqualino Sete Belezas”(Paqualino Settebelezze/Itália,1975), talvez o melhor filme de Lina Wertmuller (concorre com “Mimi, O Matelúrgico”). Giancarlo Gianini interpreta um “bom vivant” na Itália fascista que entra em confusão devido a prostituição da irmã, sendo enviado para um campo de concentração na Alemanha. Ao chegar, consegue ser um “kapo” (chefe de pavilhão) e, como tal, é obrigado a matar conterrâneos. O painel da guerra, com a estupidez contrastada pela mediocridade da rotina do personagem é muito bem analisado. E muito se deve ao ator. O close final de Giannini (premiado pelo desempenho) é excelente.
“As Corças”(Les Biches/França, Itália, 1968) não está entre os melhores trabalhos de Claude Chabrol um dos precursores da “nouvelle vague”. A meta é definir o temperamento doentio de uma jovem desenhista descoberta por uma rica herdeira. Ao se apresentar pintando o chão de uma ponte. A amizade advinda desse encontro ganha contornos lésbicos, mas também aponta para a bissexualidade da jovem ao se relacionar com um conhecido de sua benfeitora. Surge não um triangulo amoroso padrão, mas uma espécie de “Jules et Jim” (o filme Truffaut), entre um homem (Jean Louis Trintignant) e duas mulheres (Stephane Audran e Jacqueline Sassard). Nesse quadro há reflexão sobre o sentido de posse, o ciúme e o que isso acarreta quando um dos ângulos desastabiliza a relação. Mas a profundidade da narrativa não ganha o objetivo, restando as imagens de cor pastel como um cenário de instabilidade. Muito pouco.
Outro programa que assisti em DVD é um exemplo de comédia romântica dos anos 30: “Confissões de Mulher” (True Confessions). Carole Lombard interpreta uma mulher que se dedica ao marido (Fred McMurray) para que este cresça como advogado. Para isso, inventa um crime onde ela surge como suspeita de autoria. Tudo muito exagerado, tentando aplicar hilaridade nessa diluição dramática. Deve ter tido o seu público no ano de lançamento, 1937, mas a mim não sensibilizou. Direção de Wesleu Ruggles.

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