terça-feira, 11 de maio de 2010

A VOLTA DE FREDDY KRUEGER





















A pergunta que fica no ar: quem tem medo de Freddy Krueger ?
Em 1982, Wes Craven concebeu o primeiro filme do que seria uma série em que o principal personagem, um “serial killer” conhecido como Freddie Krueger. O ator para esse papel foi o então desconhecido Robert Englud. O artesanato de Craven previa a aparição do tipo em locais escuros com um acorde da trilha sonora enfatizando esta aparição. O roteiro, do próprio Craven, enfocava a figura de um tipo emergindo de um pesadelo concretizado. Ou seja, Krueger praticamente saia dos sonhos de suas vitimas. O espectador que certamente já tivera um pesadelo ao longo de sua vida achava o efeito mimético pretendido pelo realizador. E o gênero terror ganhava um ícone.

“A Hora do Pesadelo”(Nightmare on Elm Street) gerou 8 filmes além de série de TV. Chegou a surgir “Freddy contra Caça Fantasmas”, “Freddy Vs Ghostbusters/2004) depois de se ter visto “Freddy’s Dead, The Final Nightmare” com direção de Rachel Talalay roteirista ao lado de Craven.
Este ano, Samuel Bayer foi convocado para dirigir uma espécie de reciclagem da franquia, a exemplo do que se fez com outras como “Jornada nas Estrelas”. O ator também mudou: passou a ser Jackie Earl Haley, que antes já desempenhara o personagem de Walter Kovacs, em “Watchmen”(2009). A produção ficou com Michael Bay, diretor de “Armagedom”, além de produtor de “Transformers” e da nova versão de outra franquia de horror “Sexta Feira 13”(Friday the 13th/2009). E o roteiro passou a ser escrito por Wesley Strick, com alguma experiência no gênero (“Arachnophobia”) e Eric Heisserer, autor de apenas um episódio da série de TV “Stranger Adventure”.
Se o filme evidencia uma emoção, pergunta-se: o que é o medo? A definição mais encontrada é a de que “é uma reação em cadeia no cérebro que tem início com um estímulo de estresse e termina com a liberação de compostos químicos que causam aumento da freqüência cardíaca e aceleração na respiração, energizando os músculos”. Os autores dão exemplo de um ruído na sala quando a pessoa está só e no escuro. Ela pensa que alguém está entrando no recinto e teme por sua vida. Neste caso, o medo é sinônimo de terror e não apenas o receio de andar de avião, de estar viajando num carro em alta velocidade ou de saltar de um trampolim.

O terror do desconhecido é explorado pelo cinema desde os seus primórdios, ou seja, desde a fase muda. O expressionismo chegou aos filmes alemães dos anos 20 (começando em 1919 com “O Gabinete do Dr Caligari” de Robert Wiene) até como um quadro da situação política do país, saído de uma guerra, sofrendo uma hiperinflação, e assediado pelas correntes opostas: o comunismo e o nazismo. No filme de Wiene o medo vinha da ação de um sonâmbulo, Cesare, que atacava de noite as pessoas que andassem pelas ruas próximas de um circo. As ruas tortuosas indicavam um clima de pesadelo. E no fim do filme tudo era mesmo um pesadelo: uma história contada por um louco a outro louco em um hospício.

Filmes como “A Hora do Pesadelo”, “Sexta Feira 13” e “Halloween” trouxeram para as telas monstros assassinos chamados respectivamente Fredy Krueger, Jason e Michael Myers. Estas figuras têm povoado o imaginário dos cinéfilos em três décadas. Os filmes (vários) procuravam mudar situações, mas, basicamente, consistiam em pessoas atormentadas pelas figuras diabólicas que surgiam das trevas e as ameaçavam de morte. Seriam arquétipos do medo se os autores se preocupassem mais com a psicologia do que com uma dramaturgia sensacionalista. Hoje só Meyers ainda não ganhou a sua reciclagem. Mas é uma questão de tempo. Estreado semana passada nos EUA “A Hora do Pesadelo” reciclada encabeçou as bilheterias da semana. Há quem observe que esse tipo de filme prospera quando o ambiente que os recebe vive crises. Presentemente, nesse país, os produtores aproveitam-se da conjuntura econômica de 2009. Mas sabem que os jovens, principalmente, estão reagindo de forma diferente às propostas do gênero. Ou seja, vêem como comédias e riem das cenas mais dantescas.

Estudar esse comportamento é mais interessante do que assistir aos filmes, invariavelmente, medíocres.

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