“Neste Mundo e no Outro”(A Matter of Life and Death/UK 1946) é um dos mais elogiados filmes da dupla Michael Powell & Emeric Pressburger (de “Os Sapatinhos Vermelhos”). Conta a história de um piloto a RAF que nos últimos dias da 2ªGuerra Mundial comunica-se com a base mais próxima de seu avião afirmando que vai morrer que o aparelho está em chamas, seus colegas já são cadáveres e ele, com para quedas furado, pretende atirar-se ao mar. Quem atende ao chamado é uma jovem americana de nome June(Kim Hunter). O piloto (David Niven) pede apenas que transmitam à sua mãe uma mensagem de amor. E não mais se vê o que acontece. O plano seguinte de um filme colorido é em preto e branco e mostra o “outro mundo”, com os espíritos dos pilotos aguardando a chegada do colega. Como este não chega, constatam que houve uma falha no sistema, que uma pessoa com data marcada para encerrar a sua vida na terra continuara viva. Para sanar o ato falho, as entidades espirituais designam um emissário (Marius Goring) para buscá-lo. O problema é que o piloto encontrou June e começou um romance com ela. O amor passou a ser o argumento para continuar vivendo.
O filme é, além de uma fantasia exposta em um trabalhado tecnicolor supervisionado pela mulher do criador do sistema, Natalie Kalmus, uma sátira inteligente em que entram em cena os valores nacionais da Inglaterra e dos EUA no após-guerra. O emissário do além foi guilhotinado e representa os valores da burguesia francesa em sua época, o “advogado” que vai acusar o piloto no julgamento espiritual é um norte-americano histórico (papel bem desempenhado por Raymond Massey), o defensor é o médico do acusado(Roger Livesey), que morre atropelado quando diagnostica que seu cliente tem um fragmento de granada na cabeça e precisa retirá-lo numa cirurgia, e na platéia do anfiteatro onde se dá o julgamento estão soldados que morreram em diversas guerras, tanto pelos EUA, como pelo Reino Unido. Há uma demonstração da moda em época moderna através de um programa da BBC e uma escolha de jurados hilária com base em conceitos das duas nações em épocas distintas.
Esse filme motivou o cineasta Martin Scorsese a remasterizar os títulos da Archer, empresa de Powell e Pressburger. Pode ter envelhecido um pouco na dinâmica narrativa, mas ainda é um programa inteligente.
Inédito nos cinemas brasileiros é “Um Burguês Muito Pequeno”(Um Bughese Piccolo Piccolo/Itália, 1977) de Mario Monicelli. Alberto Sordi interpreta um velho contabilista que deseja empregar o filho único, recém-formado, arranjando um modo de ele passar em um concurso de muitos postulantes. Acontece que o rapaz é morto num assalto a um banco quando, acompanhado dom pai, ia prestar exame. A tragédia repercute na mulher-mãe (Shelley Winters) que fica paraplégica e logo vem a falecer. Aposentado e só, o viúvo acaba entre os aposentados solitários que passam o tempo lendo jornal num banco de praça.
Monicelli criava comédias (como “O Incrível Exercito Brancaleone”), mas sabia como poucos retratar a classe média de seu país, ampliando as conquistas da escola neo-realista. Este filme, um dos últimos de excelente qualidade, é contundente. Ganhou muitos prêmios e pode-se dizer com segurança que é uma obra-prima.
“Sedução da Carne”(Senso/Itália, 1954) é um filme de Luchino Visconti que retrata, através de um livro de Camillo Botto, um episódio da luta pela unificação da Itália. Em foco o romance de uma condessa veneziana com um tenente austríaco, justamente um dos dominantes de seu país. O recentemente falecido Farley Granger contracena com Alida Valli. Não é dos melhores filmes do diretor, mas há elementos dignos de nota como a cenografia alicerçando o aspecto plástico que bem traduz o momento em que se dá a ação.
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