quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

FILHA DO MAL


Produção de baixo-orçamento “Filha do Mal”(Devil Inside/EUA,2012 ) foi filmado há aproximadamente um ano entre Roma e Bucareste. Recorrendo ao estilo documentário, foi tratado pelos estúdios da Paramount, com as qualidades de “Atividade Paranormal”(1, 2 e 3) um deles já recebeu prêmios (Melhor performance Amedrontadora para Kate Featherstob, em 2010). Foi financiado por esse estudio através da Insurge Pictures, divisão criada para produções de baixo custo.
No enredo de “Filha do Mal”, em 1989, a jovem Maria Rossi (Susan Crowley) telefona para a polícia e diz que acabou de matar 3 pessoas: uma freira e dois padres. A mulher é presa, mas escapa de uma sentença por crime doloso, posto ser considerada insana. Vai para uma casa psiquiátrica e em seguida para um asilo em Roma (o fato aconteceu nos EUA). Vinte anos depois sua filha (interpretada pela paulista Fernanda Andrade) resolve fazer um documentário sobre a mãe. E viaja a seu encontro, sabendo que na Itália a mulher fora “diagnosticada” como possessa- embora a Igreja tivesse recusado um exorcismo. É a filha quem vai solicitar a dois padres que tratem da mãe.

Para o público que assiste ao filme este é mais um arremedo de “cinema verdade” na linha de “A Bruxa de Blair” e da série “Atividade Paranormal”. Um modo fácil e de baixo custo de atrair dólares no cinema. Fácil porque exige pouca estrutura narrativa, e barato porque os custos de produção são irrisórios. Em tese, o que se vê é o filme que se faz, este com uma câmera pequena, manual, sem muito cuidado na iluminação, aumentando o tremor natural do cinegrafista (que no caso é tudo, por suposto, de diretor a técnico das gravações e imagem e som).

O erro comum em todos esses exemplares do gênero (ou subgênero) é muito fácil de perceber. Em dado momento do filme dentro do filme a pessoa que devia estar filmando aparece em cena. Nesse momento, quem filma? E mesmo quando o “cameraman” não aparece, alguns detalhes devem estar ocultos da objetiva (se realmente ela fosse pesquisadora).

Mas não é só isso. Observa-se que tudo foi feito ás pressas. Há um momento em que se vê o gráfico dos batimentos cardíacos da “paciente” funcionando quando ela, numa fase do exorcismo, sai da mesa e ataca as pessoas que tentam manipulá-la. São cochilos que se agrupam e até que seriam perdoados se o propósito de assustar para faturar não fosse tão flagrante.

No correr da narrativa a jovem produtora do “documentário” focado na mãe possuída por vários demônios também se torna alvo desses seres. E um dos padres exorcistas igualmente vira alvo das possessões. Gritos, contorcionismos e caretas tomam conta da tela. O som ajuda no cenário de horror. Há um momento em que se ouve um baque forte na lateral do cinema (apesar de a produção ser aparentemente primária o sistema sonoro é estereofônico). Nessa hora os espectadores se assustam. Na sessão em que estive uma jovem deixou a sala.

A forma de cinema amador ajuda no conjunto. Atualmente já não se gastam milhões de dólares em filmes como “O Exorcista”. Basta simular uma realidade e jogar nesta simulação os elementos tradicionais dos exemplares “de terror”. A fórmula é lucrativa. “Filha do Mal” esteve por mais de uma semana entre as maiores bilheterias nos EUA. O recente “Atividade Paranormal 3” também chegou ao ápice do “box office”. E há pessoas de fora da grande indústria aproveitando a moda. O também recente “Apolo 18” (2011) é um exemplo, assim como “A Casa” (filme uruguaio, 2010). Qualquer um pode se aventurar nessas fantasmagorias. O pitoresco é ver nelas uma autocrítica. O mau cinema se veste de documento dele próprio. E quem paga ingresso para assistir é quem quer tomar susto como num brinquedo de parque de diversões. Mas há, também, o espectador primário. Percebi isso num diálogo, no elevador do Shopping, com a surpresa da garota em assistir um “filme péssimo” como disse, por não conhecer a sinopse. Foi alertada pelo amigo para não entrar num cinema sem conhecer o enredo. O que demonstra a importância deste elemento na escolha de programas.

2 comentários:

  1. Poxa professora, eu achei que o filme merecia um prêmio de melhor filme de comédia! um filme super engraçado. tão mal feito que eu tive que rir!

    Raoni

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    1. É isso, Raoni, cada um com sua interpretação e humor. Eu não tenho mais essa visão da comédia, como ele mesmo não quer ser.

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