segunda-feira, 2 de abril de 2012

O DIA ANTES DO FIM


Nova circulação de DVDs inéditos na cidade, em especial, da FOXVIDEO. Acompanho esses lançamentos principalmente porque gosto de assistir a filmes novos e, mesmo sem serem dessa safra, os antigos que não chegam por aqui para a tela grande, merecem ser avaliados e, as vezes, “curtidos” porque quase sempre são bons. Esta semana alguns mereceram minha audiência no atual “Bandeirante”(antigo cineminha do PV e atualmente implantado numa tela digital, widescreen 42 polegadas).
       “Marginal Call, O Dia Antes do Fim”(Marginal Call/EUA,2011) focaliza uma grande empresa em crise econômica. Quem descobre isso é um funcionário antigo em vias de demissão. Ele não tem tempo de esmiuçar no computador o problema financeiro existente e por isso é chamado quando o substituto, muito mais jovem, percebe que a grande corporação está praticamente falida.

O longa de estreia do jovem J.C. Chandor, graduado pelo College of Wooster de Ohio em 1996, analisa a crise econômica que ainda persiste nos EUA. Dá idéia, pela demissão de funcionários para “enxugar a folha” – o recente “Amor sem Escalas”(Up In Air/2009) de Jason Reitman. No caso do roteiro atual, escrito pelo diretor do filme, interessa não apenas o que acontece com os funcionários de um gigante capitalista: interessa, sobretudo, a demonstração de fragilidade, de como pode perder o controle do que acha que está sempre certo e, de repente, percebe que pode figurar como um castelo de cartas adiante do vento.

A narrativa acompanha dois personagens: Sam Rogers(Kevin Spacey), diretor do departamento financeiro, e Eric Dale (Stanley Tucci), o descobridor do problema que ameaça a firma. Também apresenta a atuação do chefe de tudo, John Tuld (excelente atuação de Jeremy Irons). Essas pessoas experimentam o gosto da falência, mas a lição tirada da crise é que o capitalismo se alimenta disso, que pode ressurgir como uma fênix desde que saiba manobrar pelas vielas que o levam a uma luz exterior. Mas quem perde são os mais trabalham nas engrenagens para manter o castelo sempre erguido. É a exploração do sistema que desmente a asserção de que esse é o melhor sistema.

Um dos melhores filmes que eu vi sobre o assunto. Bem escrito, bem dirigido, não abre a menor concessão ao espetáculo ou “divertissement”. Creio que por isso não chegou aos cinemas (pelo menos os nossos). Está nas locadoras o DVD. Procurem.

Outro DVD de filme que passou ao largo das telas grandes foi “Esses Amores” (Ces Amor-là/França,2010) de Claude Lelouch. Aqui o cineasta de “Um Homem, Uma Mulher” faz uma homenagem a si mesmo. Ele escreve, no inicio ,que está louvando os seus 7 filhos, chamando assim os preferidos dos 53 filmes que dirigiu e 45 que escreveu (há mais esperando lançamento).A citação de obras passadas inclui cenas de “Toda Uma Vida”(Toute une vie/1974), logo na abertura, justamente na sequencia em que o cinegrafista dos primeiros aparelhos Lumiére está documentando um fato e uma jovem que passa (e que seria a esposa dele) pergunta“o que é aquilo”e ele responde: “a máquina de registrar a vida”. Daí Lellouch abre para a fórmula que o consagrou: várias histórias, vários tipos, e música romântica(no caso a emblemática “Que reste-e-t-il de nos amours?”).

        Quem gostou do citado “Toda Uma Vida” e, também, de “Retratos da Vida” (Les Unas et lês Autres-Bolero/1981) com certeza vai gostar. No elenco, há veteranos como Anouk Aimée e Charles Denner, ao lado de jovens como Audrey Dana e Dominique Pinon.

Também nas locadoras, dois filmes de guerra, um deles inédito nos cinemas locais: “Ases do Espaço” e “Bastardos Inglórios”.Este último chamou-se, nos cinemas brasileiros “O Expresso Blindado da SS Nazista”(Quel maledetto treno blindato/Italia 1978) e ganhou o nome brasileiro agora por puro oportunismo, pegando carona no filme de Quentin Tarantino. O outro filme, no original, “Aces High”, é inglês, de 1976, e foi candidato ao Bafta. É uma interessante abordagem na aviação britânica durante a I Guerra Mundial.Malcom McDowell comanda o elenco.


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