quarta-feira, 8 de agosto de 2012

AINDA A LISTA DA “SIGHT & SOUND”

Jean-Luc Godard e Brigitte Bardot em uma cena de "Le Mepris", entre os 5o melhores.

O tema dos melhores filmes de todos os tempos segundo a revista inglesa “Sight & Sound” prossegue neste espaço. As mudanças nas indicações desta lista atenderam aos critérios que pautaram essa escolha.

Dizem os editores da revista que desde 1952 esta seleção é realizada a cada dez anos. E 60 anos após, houve uma reorganização do cânone sem dúvida devido a outro momento de interação com os votantes. Há um ano a equipe de “Sight & Sound” reunida estabeleceu os parâmetros da pesquisa. Dizem: “Dada a predominância da mídia eletrônica que se tornou imediatamente evidente teriamos que abandonar a exclusividade um pouco elitista das escolhas no passado e chegar a um grupo internacional muito mais amplo de comentadores”. Foram incluidos, então, muitos críticos com carreira online ao invés dos que se mantinham somente na mídia impressa. Participaram mais de 1.000 críticos, programadores, acadêmicos, distribuidores, escritores e cinéfilos, recebendo (no prazo) 846 listas com dez menções cada, num total de 2.045 filmes. A carta-convite declarava se tratar de uma escolha pessoal dos dez filmes mais importantes para história do cinema, ou dez que representavam alta estética de realização, ou mesmo os dez filmes que tiveram o maior impacto sobre o ponto de vista pessoal em torno do cinema. Foi contado um voto para cada filme mencionado, sendo que “O Poderoso Chefão” e “O Poderoso Chefão II” não foram aceitos como uma única opção, uma vez que eles haviam sido realizados como dois filmes separados. O restante das 50 indicações foram estes:

21- Desprezo (Le Mépris) de Godard-(1963); 22- O Poderoso Chefão (The Godfather) de Coppola(1972); 23- Ordet- de Carl Dreyer(1955); 24- In the Mood for Love, de Wong Kar-Wai (2000); 25- Rashomon, de Akira Kurosawa(1950); 26 Andrei Roublev, de Trakovsky (1966); 27-Cidade dos Sonhos (Mullholland Dr), de David Lynch (2010; 28- Stalker, de Tarkovsky (1979); 29-Shoah, de Claude Lanzmann (1985); 30-O Poderoso Chefão Parte 2, de Coppola (1974); 31- Taxi Driver, de Scorsese (1976); 32-Ladrões de Bicicletas(Ladri di Biciclette), de Vittorio De Sica(1948); 33-A General (The General) de Buster Keaton, 1936; 34- Metropolis, de Fritz Lang(1927); 35-Psicose (Psycho) de Hitchcock, 1960; 36-Jeanne Dielman 3 quai du Commence 1080 Bruxelles, de Chantal Akerman (1975); 37-Sátántangó de Béla Tarr (1959); 38-Os Incompreendidos (Les 400 Coups), de François Truffaut (1959); 39-A Doce Vida(La Dolce Vita) de Fellini (1960); 40- Viagem à Itália (Viaggio in Italia) de Roberto Rosselini; 41- Pather Panchali, de S. Ray (1955); 42- Quanto Mais Quente Melhor”(Some Like it Hot)de Billy Wilder(1959); 43- Gertrud, de Carl Dreyer (1964); 44- O Demonio das 11 Horas(Pierrot le Fou) de Godard(1965); 45- Play Time, de Jacques Tati (1967); 46- Close-Up, de Abbas Kierostami (1990); 47- A Batalha de Argel (La Bataglia di Argel) de Gillo Pontecorvo1966); 48- Historia do Cinema (HIstoire du Cinéma) de Godard (1988); 49- Luzes da Cidade (Citylight) de Charles Chaplin (1931); 50- Contos da Lua Vaga(Ligetsu Monogatari) de Mizoguchi (1952); e ainda neste posto “La Jetée” de Chris Marker (1962).

Alguns filmes citados não chegaram por aqui (nem em DVD ou mesmo VHS). Mas o cinéfilo vai avaliar um outro mercado de filme que tem uma visão diferente de história do cinema porque consegue ter em mãos novos títulos os quais desconhecemos. Avalio a pobreza de só ser citado um Chaplin e figurar no fim da fila. Na área da comédia “Mon Oncle”(Meu tio) dá vez para “Play Time”, de Jacques Tati, ficando de fora: os Irmãos Marx, Woody Allen, David Lean, René Clair, Buñuel, autores de muitos títulos que poderiam figurar nessa lista. “Tempos Modernos”, por exemplo, foi considerado “o filme do século XX” para os críticos ingleses (da mesma terra dos editores da revista). E agora deixou de figurar.

Minha explicação para essa inovação de filmes dessa lista deve-se à inclusão de votantes de uma geração nova, circulando na web que se tem ao seu alcance um considerável mercado filmográfico (sabe-se da valorização do cinema pela cultura européia), não deve ter assistido ainda aqueles exemplares da história do cinema que construiram uma estrutura da linguagem. Por outro lado, deve-se conceber os novos valores sobre cinema & narrativa que se estabelecem na contemporaneidade. Se entre nós há esse diferencial avalie-se por ai afora onde há cursos de cinema em pós-graduação e pesquisas sobre o chamado “primeiro cinema”? As entonações certamente são novas e não podem se manter como queremos sempre. Valores pessoais, estéticas novas, filmes de fora do olhar dos latinoamericanos sem dúvida estão na vez. O que sentimos é uma exclusão sobre o cinema de outras culturas como os da América Latina.

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