segunda-feira, 26 de novembro de 2012

DA CAIXA À POSSESSÃO


Natasha Calis é Emmy em "Possessão"
No filme “A Caixa”(The Box/EUA, 2009), com roteiro do diretor Richard Kelly tendo por base uma história do pródigo Richard Mathenson, uma caixa chega pelo correio e quem a abrir recebe um inusitado convite: um milhão de dólares para matar quem desconhece. Recusar o convite é se tornar vulnerável a um mau espírito matador. Pois bem, este “Possessão”(Possession/EUA, 2012) baseado no artigo “Jinx in a box” de Leslie Gornstein (escritora free-lancer de Los Angelles), em exibição há três semanas em salas da periferia da cidade, tem pontos semelhantes. No enredo, uma caixa chega às mãos de uma menina e com o tipo de “assistência” solta um fantasma maligno. A diferença começa com os “pródromos”da possessão. A garota ao tocar a caixa fica com o dedo escuro como se tivesse apertado em algum lugar. A espécie de gangrena vai ganhando o corpo dela. Com a irmã, mora com o pai, um treinador de basquete que está em vias de se separar da mãe e sempre se mostra preocupado com as filhas, embora não pareça dar importância ao que acontece com o dedo da mais nova. A trama só ganha terreno médico quando a menina vai a um exame de cintilografia e aparece um espírito“parasitando”o seu corpo.
A sequência inicial mostra uma anciã aproximando-se da tal caixa, sendo jogada para trás como se estivesse fazendo ginástica circense, coreografia díspar de pessoas de sua idade. Não interessa quem é. Logo as imagens apresentam o Sr.Clyde (Jeffrey Morgan) treinando um time de basquete. Dali sequencia as cenas da casa da família, apresentação das personagens, destaque para a menina Emmy (Natasha Calis) e, naturalmente, a tal caixa (sempre focalizada no escuro).

Os/as espectadores/as acostumados a assitir aos filmes de terror reconhecem de imediato o final da história supondo uma cena de exorcismo. Entretanto, isso não ocorre. Por mais que o exorcista consiga arrancar o fantasma do corpo de Emmy e leve a caixa com ele, em seu carro, um acidente deixa em aberto uma sequência para o próximo ano (dependendo, é claro, da bilheteria que este “Possessão” vai garantir).
Produzido por Sam Raimi, que tem experiência no gênero e fez uma excelente paródia dele em “Noite Alucinante”(Evil Devil 2), com direção do dinamarquês Ole Boredal, o que parece cuidado narrativo são alguns enquadramentos. Um rosto no canto do quadro em primeiríssimo plano com ação no fundo não é rotina. Mas esse capricho formal, ajudado por uma iluminação econômica, não salva um roteiro bobo, um “déja vu”, além de “A Caixa” apresentar lembranças de diversos outros filmes inclusive de “O Exorcista”(e a personagem tende a associar certa máscara da atriz adolescente Linda Blair).

Infelizmente há publico para esse tipo de programa. Quem assiste reconhece outros filmes bastante parecidos já vistos. E até por isso, diluindo os possíveis sustos, diverte-se com a trama. E o mais sério é conhecer opiniões críticas que veem além das aparências. É aquela sentença de que achar qualidades em uma obra depende muitas vezes da boa vontade de quem procura. “Possessão”é um filme bastante ruim, contudo, é possivel que suas qualidades estejam em maior vantagem do que o novo blockbuster “Amanhecer Parte 2”. O que impulsiona neste que deve ser o último capitulo de uma série sobre vampiros românticos a provocar a memória de Bram Stoker (autor de “Dracula”) é o que o público pode esperar do casal vampiro que vê seu rebento perseguido pelos rivais devoradores de sangue. Os tipos imaginados pela escritora Stephanie Meyer também dão licença ao lobisomem, lançado no cinema em 1941, pelo novelista e roteirista Curt Siodmak (1902-2000), irmão do diretor de filmes “noir”, Robert Siodmak. É uma salada cultural com tempero sensacionalista. Os curiosos que se habiltem.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário