domingo, 4 de novembro de 2012

OPERAÇÃO SKYFALL


Daniel Craig , o novo James Bond em "Operação Skyfall"
 
O novo filme do agente secreto 007 inicia de forma diferente dos outros. Ao invés do prólogo que mostra James Bond atirando para dentro de um olho, no caso, a visão do plano através de um orifício que simula o olhar de alguém, não essa exposição nem a cor vermelha resultante do que seria o sangue do atingido. Esse prólogo dos primórdios justificava a sigla 00 que significa a “permissão de matar”. O agente de S. Majestade Britanica é da classe especial que pode eliminar o adversário ao Invés de simplesmente prendê-lo.

A figura de James (007) Bond surgiu em um livro do escritor Ian Fleming no final dos anos 50. A fama veio com a declarada preferência do texto pelo então presidente dos EUA, John Kennedy. E o primeiro filme não tardou. Os produtores Albert R. Broccoli e Harry Saltzman levaram o projeto aos estúdios de Hollywood e só conseguiram aprovação da United Artists. Em 1961 foi realizado “O Satanico Dr. No” (Dr No), primeiro exemplar de uma série que hoje comemora 50 anos e mostra uma jovialidade comercial muito rara, só comparada em termos de “filmes de herói” ao Tarzan de Edgar Rice Burroughs.

Em tão longo espaço de tempo, o agente 007 já apresntou diversas caras. Começou com a do escocês Sean Connery, que atuou em 6 filmes. Depois, com George Lazenby (1), seguindo-se Roger Moore(7), Timothy Dalton (2), Pierce Brosnan (4) e agora, com Daniel Craig, em seu segundo desempenho.

A nova aventura do agente inglês, “007 Operação Skyfall”( EUA/UK, 2012) inicia com uma perseguição de grande efeito. Não é só uma corrida de carros, mas também a pé, por sobre telhados. Nesse caso, como nos melhores filmes de ação, quem é mais evidente é a montagem (edição). Há planos que duram pouco mais de dois segundos na tela. Cortes rápidos ajudam no ritmo que por sua vez é auxiliado pelos efeitos de CGI. Uma série de perigos corre Bond que persegue um homem com uma lista não revelada ao espectador. Sabe-se apenas que é uma ordem da chefe M (Judi Dench) e que “deve ser cumprida de qualquer maneira”. Essa vontade irremovível da todo poderosa orientadora dos agentes secretos britânicos ameaça até mesmo a vida de seu agente mais fiel e famoso. Numa hora ele está brigando com o antagonista no teto de um trem e adiante vê-se uma comparsa com um rifle. Informando a M sobre a ação em curso, esta não hesita e exige: ”Atire”. Mas é impossível desviar a bala do agente que luta. Bond é atingido e cai no rio sendo o corpo levado pela correnteza para uma queda d’agua. Para todos os efeitos este morreu. Há, inclusive, um ato fúnebre dedicado a ele. Mas nenhum mocinho morre em inicio de aventura e ainda mais um ícone de um gênero. Bond sobrevive e não deixa por muito tempo de voltar a obedecer M e continuar perseguindo o homem da lista. 

Os produtores de “Skyfall” pediram que não se revelasse o enredo do filme. E têm razão. Apesar de se saber que herói como 007 não se entrega, o que acontece é colocado no rol de surpresas. Certo que essas são relativas. A fórmula desse tipo de filme é a mesma em todos os tempos. O que muda são os vilões e seus motivos. O novo vilão (Javier Bardem) pode exibir recursos que só cabem aos heróis. Numa entrevista M diz :”O inimigo agora não é mais uma nação; pode ser um conhecido que está a seu lado”. A frase dá ao filme um toque mais sério, uma demonstração de que o mundo mudou e na época do terrorismo internacional, a segurança, por mais cuidada que seja, pode não ser assim tão segura.

O filme dirigido por Sam Mendes (de “Beleza Americana”) é competente. Realiza o que propõe. Dizendo assim, qualquer critica fundamentada no conteúdo é tão supérfluo quanto ver lógica nas peripécias onde um perseguido muda de roupa na rua sem que se diga como ou quando. O importante é o ritmo, agora minado por uma realidade política. Nesse tom, “Skyfall” se realiza e vale como espetáculo.

 

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