quinta-feira, 11 de abril de 2013

MAMA



"Mama" , filme para esquecer.

A ilustre assinatura do mexicano Guillermo del Toro (“O Labirinto do Fauno”) na produção instigou meu interesse em assistir a “Mama”(EUA, 2013), do diretor e co-roteirista Andres Muschetti, amigo dele e estreante no longa-metragem (tendo filmado a mesma historia, de autoria de sua esposa Barbara, em um curta de 2008).
Pode-se contar a trama em poucas palavras: um homem atônito chega em casa, carrega as duas filhas menores e foge para a floresta, num zig-zag louco pela estrada cheia de neve, derrapa, sai do carro e acampa numa casa abandonada. O que acontece com ele não se define, mas vê-se uma decisão mortal em suas mãos: um revolver, enquanto uma sombra disforme cobre-o. Nesse momento, a câmera desloca-se para sua residência onde policiais e socorristas conversam sobre a atitude desconexa dele ao matar o melhor amigo e a mãe das crianças, sua esposa. Passam-se 5 anos e as meninas são encontradas vivas e sadias. Quem cuidou delas seria uma personagem a que chamam de mãe (mama). Um tio quer adotá-las e conta com a ajuda da esposa que faz parte de uma banda de rock. Exibindo comportamento estranho, sem chegar aos tipos criados na selva como o “Enfant Sauvage” de Truffaut e o Gaspar Hauser de Herzog, elas continuam vendo a “mama”. E as situações se precipitam ajudadas por um breve relato sobre uma mulher caída num abismo com o filho recém-nascido nos braços.
A história é inconsistente. Se a personagem fantasmagórica deseja as meninas órfãs de mãe devia tê-las levado com ela para o outro mundo imediatamente. Deixa para depois. E quais os motivos que cercam a figura maquilada como um monstro “padrão” de filme do gênero ?
Tudo poderia se encaixar até em comédia se o humor transparecesse. Mas o humor, em “Mama”, é consequência do ridículo em todas as sequencias. Além de inconsistente, o enredo é sublinhado pelos chavões de acordes musicais súbitos quando surge em cena uma personagem. Tudo gratuito, tentando assustar ou arrastar para a cena de suposto suspense, o público que pagou para isso já que o filme em si não opta por uma narrativa simples e coesa. E como se não bastasse a insistência de lugares-comuns há “furos” que denunciam um artesanato apressado sem uma consultoria de direção. Exemplo: Victoria, a menina mais velha, usa óculos. Na primeira sequencia, fugindo com o pai, quebra uma lente. Nos planos de cinco anos depois a lente aparece inteira. Como o milagre se deu? Ninguém tem ânimo de rir diante de um quadro paulatinamente pior à medida que se aproxima um final apoetótico como que coroando o ridículo permanente. A realidade (o comportamento das meninas agregadas à nova vida com os tios) e a fantasmagoria ( as figuras invisíveis a quem elas reverenciam e chamam de mama) se tornam peças de um mesmo tom e poderiam aquilatar-se ao que del Toro conseguiu em “Labirinto do Fauno”, mas aqui não funciona, pelo menos no que constatei.
Os cinemas, agora, exibem traillers compatíveis com o filme projetado. No caso de um exemplar rotulado como “terror”, projetam cenas da produção que deve chegar nos próximos dias ou meses. Dificilmente esse tipo de cinema comercial consegue atingir a ironia com que Sam Raimi tratou em “Evil Dead”(A Morte do Demônio/1981) e sua sequencia “Uma Noite Alucinante”(Evil Dead 2/1987). Raimi compreendia que o horror gótico fabricado às pressas pode gerar um efeito cômico. O seu “travelling” acelerado e amplo e os seus zumbis caricatos faziam uma festa em que o mau gosto era elemento de linguagem. Essa técnica passa ao largo dos que criam  exemplares do tipo “Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado”. (I Know what you did Last Summer/1987) e sequência. O que importa aos comerciantes do ramo é constatar os gritos de espectadores na sala escura. Não importa se é de protesto, importa que seja visto e se pague por isso. Infelizmente uma prática que prossegue posto que o novo “A Morte do Demonio”(Evil Dead/2013) dirigido por Fede Alvarez, é a maior bilheteria da semana nos EUA , arrecadando cerca de US$ 26 milhões.
            É possivel que alguém goste de “Mama”. Eu “passo”.

2 comentários:

  1. E eu, diante dos trechos bombardeados na Tv, me assanhava para ver Mama... Depois desse tua crítica só percebo que é mais do mesmo. Vou assistir, é claro, mas sem a pressa que me movia.

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  2. Caro Tanto, é bom você assistir sem pressa, mas que o filme é ruim, mesmo, lá isso é. É possivel até que alguém vá achar "preciosidades" nele, devido o nome do Guillermo Del Toro na produção. Mas, como informei, "eu passo". Abço.

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