segunda-feira, 22 de abril de 2013

TUDO O QUE DESEJAMOS


"Tudo o que Desejamos", belissimo filme francês.

Penso que os cinéfilos desejam bons filmes para assistir nos cinemas e/ou em casa. Mas há um filme inédito na tela grande, em DVD: “Tudo o que Desejamos”(Toutes nos Envies, França, 2011), que assume no titulo esta expectativa. Trata-se de drama sobre uma situação vivida por uma juíza da Vara de Pequenas Causas, de Lyon (França), que se defronta com um caso sensibilizante: uma mulher tem dívidas a pagar a muitos devedores e não tem meios para isso, daí estar candidata a morar na rua. A juiza é penalizada pelo superior por considerá-la comprometida na ocorrência, haja vista que a mulher é mãe de uma colega de sua filha. Ao mesmo tempo em que julga essa causa considerando alguns pontos legais que analisa no contrato dela, a juíza descobre, por exames clínicos, um tumor maligno no cérebro. Outro juiz recebe o caso e ela acompanha com ele os pontos que foram deixados de lado pelo Tribunal e que valorizam mais o contratante. Recorrem da sentença no juizado europeu e vão somando os ganhos da causa. Paralelo, abriga a mulher em sua própria casa, moldando uma situação para quando morrer. Uma lenta análise de missão de vida, de coragem e de caridade, sem fugir às regras legais de seu cargo. O filme é dirigido por Philippe Lioret e inspirado livremente no romance de Emmanuel Carrère,“D’autres vies que le mienne”, e deu à Marie Gillain o Cesar de melhor atriz, grande premio do cinema francês, em 2012. Exemplo de um melodrama em potencial que foge das amarras do gênero para ganhar corpo numa exposição realista e terna, ao mesmo tempo. Assistam o DVD.

“À Beira do Caminho”(Brasil, 2012) foi exibido nos cinemas comerciais sem muito alarde. Dirigido pelo mesmo cineasta de “Gonzaga, de pai para filho”, Bruno Silveira, focaliza um caminhoneiro que em uma viagem pelo nordeste é abordado por um menino que se diz órfão de mãe e procura o pai de quem tem um retrato e jamais viu, pois abandonou a mulher/mãe quando grávida, vivendo então em São Paulo. Uma primeira repulsa é suplantada pela simpatia ao garoto e o fato de o caminhoneiro perceber que se abandoná-lo no caminho é entregá-lo à marginalidade. Quatro canções de Roberto Carlos pontuam a história. E saltam os desempenhos excelentes de João Miguel (o caminhoneiro João) e Duda (o estreante Vinicius Nascimento).
Um antigo sucesso comercial na área do melodrama é “O Amanhã é Eterno”(Tomorrow is Forever, EUA, 1946) de Irving Pichel, com Orson Welles, Claudette Colbert e George Brent. Welles protagoniza o marido de Claudette que vai para a guerra (a Primeira Mundial) e é dado como morto. Ela, gestante, casa com um antigo apaixonado (Brent). Mas ele não morreu embora tenha sido desfigurado por uma explosão. Depois de passar por cirurgia plástica ganha outra vida e uma filha (Natalie Wood estreando). O reencontro com a esposa que deixou passa primeiro sem que ela o reconheça, mas logo a realidade assume o quadro embora o roteiro minimize o potencial melodramático mostrando que as coisas não voltarão a ser como antes. Quem escreve o roteiro é Leonore G. Coffee sobre um romance de Gwen Bristow.
Alberto Sordi é “Um Americano em Roma”(Itália, 1952) de Steno, parceiro de Mario Monicelli em muitas comédias. O tipo vivido por Soordi é de um maníaco que participou da 2ª guerra e se torna apaixonado pelos EUA, pretendendo a todo custo viajar para lá. Chega a tentar o suicídio ameaçando se jogar do alto do Coliseu, na verdade para chamar a atenção. Por azar, o embaixador norte-americano é uma das pessoas que ele atendeu como guia turístico e provocou um acidente. Sordi está exagerado, mas o filme ainda tem momentos hilarios. Quem não conheceu esta fase do cinema italiano agora está descobrindo-a com muitos títulos da época editados em DVD e distribuídos por firmas brasileiras como a Versatil. Ao assistir a esses fílmes o cinéfilo questiona: onde anda o cinema italiano pós-Berlusconi? No cenário comemrcial há um vazio dessa que foi uma das grandes escolas do cinema mundial.



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