quarta-feira, 27 de novembro de 2013

NOVOS JOGOS VORAZES



“Jogos Vorazes – Em Chamas” (The Hunger Games: Catching Fire, EUA, 2013)

Duas escritoras ganharam a opinião publica a partir dos EUA: Stephanie Meyer com “Crepúsculo”(Twilighty) e Suzanne Collins com “Jogos Vorazes”(The Hunger Games). Ambas ganharam o caminho do cinema por natural continuidade. Afinal, Hollywood sempre prestigiou a literatura popular e, ultimamente, constatou mina de ouro em obras como a da inglesa J.K. Rowlins  e o seu “Harry Potter”, além do também inglês J. R. R. Tolkien com “O Senhor dos Anéis”.
Os filmes de Stephanie Meyer foram irremediavelmente medíocres, mas deram fama a atores como Robert Pattinson. Os de Suzanne Collins ganham sua segunda versão e a estreia norte-americana já ostentou um recorde de mês, enquanto no Brasil, o filme ocupa muitas salas de cada circuito exibidor (só aqui em Belém a média de 5 salas em casa shopping).
O enredo de “Jogos Vorazes – Em Chamas” (The Hunger Games: Catching Fire, EUA, 2013) cobre o que aconteceu depois do 74° jogo quando o premio ficou com o casal do Distrito 12, Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) e Peeta Mellark (Josh Hutcherson). E celebra os jogos que completam 75 anos sendo realizado o terceiro Massacre Quaternário, editando a luta na arena com regras ainda mais duras ocorrentes a cada 25 anos. Temendo um insidioso clima de revolta, o presidente Snow (Donald Sutherland), agora assessorado por Plutarch Heavensbee (Phlip Seymour Hoffman), planeja atrações para os novos jogos. Uma delas é o casamento dos campeões, embora eles pensem mesmo que o ideal será Katniss morrer em luta e, com isso, abrandar o espírito de revolta que se instala na população. As situações e ocorrências ganham mais força quando é sabido que a jovem campeã dos jogos ainda é fiel ao romance com seu conterrâneo Gale (Hemsworth) e sofre ao vê-lo espancado por um funcionário do governo de Capital”, a cidade propriamente dita e o lugar urbano onde há as contendas.
A trilogia publicada exibe uma critica ao poder político onde a evidência é para o autoritarismo dos governantes da Capital, do papel da mídia na manipulação da opinião pública, da atração pelo bizarro, exemplo que vem do circo romano (e chega até a aparecer uma biga no estilo do tempo dos gladiadores). Trata-se de uma crítica social interessante, procurando refletir sobre a sociedade atual promovendo ainda nuances sobre o culto à personalidade (cf. a figura de Snow marcado pelas máscaras que usa em planos diferentes evidenciando a situação de opressão, além de explorar a superficialidade dos realities shows).
Pode-se observar que o enredo de “Jogos Vorazes” não é vazio como os vampiros românticos da saga Crepúsculo. Mas também se observa que o conteúdo, pelo menos no cinema (não conheço os livros) passa pelo crivo dos blockbuster e tudo se transforma de elementos de aventuras com heróis e vilões devidamente padronizados, deixando a intriga política entre Capital & distritos como um fator da tendência do gênero aventura.
O diretor do primeiro filme, Gary Ross, autor dos bons “A Vida em Preto e Branco”(1998)e “Seabsicuit, Alma de Herói”(2003) deixou a vaga para o colega Francis Lawrence, de “Constantine” (2005) “Eu Sou a Lenda”(2007) e “Agua Para Elefantes”(2011). E não se pode dizer que a nova direção não cumpriu sua tarefa. A narrativa é ágil e aproveita uma boa direção de arte, e o que parece irrelevante cabe ao roteiro, que muita vezes não traduz como personagens passam por lugares que seriam vedados a eles como se viu no primeiro filme (basta a visita da personagem de Jeniffer Lawrence ao seu distrito e encontro com o velho namorado, ele sendo preso e açoitado, ela vendo tudo com pouca ação para tirá-lo do suplicio). Aliás, é muito difícil julgar o que escreveu a dupla Simon Beaufoy e Michael Arndt sem saber da escritura de Suzanne Collins.
A defesa de “Jogos Vorazes 2: Em Chamas” está no que é básico, na amostragem de uma ditadura e a reação a ela. Claro que não é nada de novo, valendo apenas a maquilagem futurista. Mas é bem melhor em termos de filme-espetáculo do que a média que chega às telas mundiais.


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